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Ao pensar no próximo assunto que eu dividiria com vocês como profissional, pensei em algo que agregasse tanto a vocês como a mim: Paralisia Cerebral

Todos nós sabemos o que fazer nesses casos, mas que ao misturar o olhar terapêutico e o método Pilates, iremos conseguir o mesmo retorno que um tratamento conservador.

Falar sobre a reabilitação neurológica e o método Pilates, requer muito cuidado, uma que temos que pensar no método em si e de que forma adaptar as necessidades do cliente/paciente/aluno afinal ele vem em busca do método.

É um assunto muito amplo, e não existe “receita de bolo”, cada ser é único, cada déficit é único, e não existe estímulo nem exercício padrão quando se trata de exercício associado a estímulos e outros.

Sobre o estudo

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Quando falamos em neurologia, falamos em um assunto extenso de patologias, detalhes, características, sintomas e cada ser é único dentro dessa gama. Então aqui vamos abordar apenas alguns casos mais presentes no estúdio de Pilates.

Neste estudo falaremos sobre a Paralisia Cerebral, o que é e como podemos organizar nossa forma de atendimento.

O tema será abordado através da visão da área da fisioterapia e o método Pilates. Entrando na área da reabilitação neurológica com o uso do método. Quando um paciente procura o método, em alguns casos é para usar como forma de reabilitação, promoção e prevenção da saúde.

O que é Reabilitação?

Reabilitação é processo de consolidação de objetivos terapêuticos não caracterizando área de exclusividade profissional e sim uma proposta de atuação multiprofissional e interdisciplinar.

É composto por um conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências ou prestes a adquirir deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal (física, sensorial, intelectual, psicológica e social) na interação com seu ambiente, fornecendo as ferramentas que necessitam para atingir a independência e a autodeterminação.

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O que é Neurologia?

Neurologia é o ramo da medicina especializado no estudo do sistema nervoso (central e periféricos). Também estuda as doenças do sistema nervoso e suas relações com as outras partes do corpo humano.

Encefalopatia Crônica da Infância ou Paralisia Cerebral 

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A Encefalopatia Crônica da Infância (ECI) ou Paralisia Cerebral (PC) tem sido definida como “sequela” de uma agressão encefálica que se caracteriza, primordialmente, por um transtorno persistente, mas não invariável, do tônus, da postura e do movimento.

Aparece na primeira infância, sendo diretamente secundária à lesão não evolutiva do encéfalo, com influência direta na maturação neurológica.

  • É de difícil diagnóstico nos recém nascidos, porque o lactente em desenvolvimento muda com rapidez.
  • Os problemas motores transitórios podem ocorrer e se resolver sem deixar efeitos permanentes.
  • A incidência da PC é semelhante em muitos países em desenvolvimento, cerca de 2:1000 nascidos vivos e países em desenvolvimento estima-se 7:1000 nascidos a termo e para RN de baixo peso, devidos aos cuidados em UTIN, o nº pode chegar de 25 a 31 vezes mais que nos RN a termo.
  • No Brasil não existem pesquisas, mas estima-se o surgimento de 17.000 novos casos por ano

Etiologia

  • 85% dos casos: lesão durante o período gestacional ou durante o processo de parto.
  • 15% dos casos: “déficit adquirido” – lesões pós natais, durante o processo de desenvolvimento cerebral.

Os principais fatores etiológicos no Pré-natal

  • Fatores predisponentes à gravidez de risco: gestações múltiplas, gravidez precoce (< de 16 anos), gemelaridade
  • Fatores metabólicos, nutricionais e orgânicos maternos como subnutrição, anemia grave, hipotensão arterial grave, eclâmpsia, hemorragias etc.
  • Genéticas
  • Vírus
  • Herpes
  • Citomegalovírus
  • Rubéola
  • Infecções
  • Toxoplasmose
  • Fármacos e drogas
  • Drogas ilícitas
  • Álcool
  • Fármacos, prescritos ou não, com efeitos teratogênicos

Os principais fatores etiológicos nos Perinatais

  • Prematuridade
  • Baixo peso ao nascimento
  • Icterícia grave
  • Desnutrição
  • Asfixia
  • Trabalho de parto prolongado
  • Apresentação de nádegas
  • Prolapso de cordão umbilical
  • Utilização inadequada de fórceps
  • Sinais de sofrimento fetal (mecônio, bolsa rota por tempo demasiado, bradicardia fetal, etc)
  • Sobrecarga de anestésicos
  • Qualquer intercorrência que leve à alteração da oferta de O2 para o feto

Os principais fatores etiológicos nos Pós-Natais

  • Infecção
  • Trauma
  • Acidente de automóvel
  • Espancamento infantil
  • Síndrome do bebê sacudido
  • Asfixia
  • Traumatismo craniano
  • Quase afogamento
  • Parada cardíaca
  • Acidente vascular cerebral
  • Tumor cerebral
  • Exposição ao chumbo
  • Trombose
  • Anemia falciforme

Definição de Encefalopatia Crônica ou PC

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Paralisia Cerebral pode ser definida como uma desordem de movimento e postura, causada por uma lesão cerebral não progressiva, que ocorre no período pré, peri e pós-natal e que se manifesta através de deficiências de coordenações de ações musculares e da sensação.

Bobath, 1994

Classificação

A classificação é baseada tanto na qualidade quanto na distribuição do tônus postural. São quatro os grupos principais, segundo o conceito Bobath (1993):

1.Espasticidade:

a) Severa

b) Moderada

2.Hipotonia

3. Atetose

a) Atetose pura

b) Coreoatetose

c) Atetose com espasmos distônicos

d) Atetose com espasticidade

4.Ataxia 

Distribuição Usual

  • Diplegia: todo corpo é afetado, mas os MsIs são mais afetados que os MsSs.
  • Quadriplegia: Todo corpo é afetado.

Nas quadriplegias atetóides, os MsSs e o tronco são mais afetados que os MsIs. Nas quadri espásticas os MsIs podem estar comprometidos no mesmo grau que o MsSs. Pode haver diferença no comprometimento dos 2 lados do corpo da criança.

  • Hemiplegia: somente um dos lados do corpo está comprometido
  • Monoplegia: Somente um braço ou menos freqüentemente a perna está

Distúrbios Associados

  • Retardo mental
  • Deficiência auditiva
  • Deficiência visual
  • Deficiência de fala
  • Distúrbios viso-motor e de percepção
  • Distúrbios de comportamento
  • Distúrbios ortopédicos
  • Distúrbios respiratórios

Quadriplegia Espástica Severa

  • MsIs tão comprometidos quanto os MsSs
  • Casos graves não se movimentam
  • Movimentos repetitivos, estereotipados e em pouca quantidade àcontraturas e deformidades.

Quadriplegia Espástica Moderada

  • A maioria das quadriplegias é moderada
  • Distribuição assimétrica
  • Primeiros sinais surgem aos 3, 4 meses de idade.

Diplegia Espástica

  • Causa mais freqüente = PMT
  • Princípio: tônus normal
  • DNPM anormal

Deformidades

  • Cifose dorsal
  • Lordose lombar
  • Subluxação do quadril
  • Contraturas em flexão de quadril e joelhos
  • Contraturas em adução e RI dos MsIs
  • Deformidades nos pés

Hemiplegia Espástica

  • É identificada precocemente em razão da assimetria da postura e movimentos da criança.
  • Percebe-se quando não conseguem sentar ou usam apenas uma das mãos para manipular os objetos.

Padrões Compensatórios e Deformidades

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  • A flexão e pronação do braço afetado, com retração de ombro e fechamento da mão reforça com as reações associadas.
  • Com a dificuldade de estender o cotovelo o interesse da criança está na mão não afetada, portanto mantém a cabeça girada para este lado, negligenciando o lado afetado.
  • Déficits sensoriais.
  • Não gostam de ser tocadas = alteração de imagem corporal.
  • Perdem o estágio bilateral normal de usar as mãos na linha média.
  • O padrão flexor do braço é combinado com a flexão lateral do pescoço e tronco no lado afetado, puxando a cintura escapular para baixo e a pelve para cima, aparentando o encurtamento de todo o lado afetado.

Atetose

  • É o grupo mais misto
  • Resulta de danos nos Gânglios da Base responsável pelo controle dos movimentos e programação motora (preparação). Obs: o planejamento motor é realizado pelo córtex cerebral.
  • Lesão afeta a qualidade da execução do movimento.
  • 10 a 15% dos PC’s
  • Distribuição: usualmente quadriplegia
  • Tônus flutuante

Grupos

Baseado na característica predominante de tônus e no tipo de movimento involuntário:

  • Atetose pura
  • Coreoatetose
  • Atetose com espasmos distais (padrão flexor/extensor) – distonia
  • Atetose com espasticidade

Características e Problemas Associados

Estabilidade proximal inadequada e instabilidade postural:

  • Tônus flutuante
  • Mobilidade sem estabilidade
  • Manter, sustentar, recuperar a postura contra a gravidade
  • Dificuldade em liberar braço e cabeça em prono

Padrões de postura e movimento:

  • Pobre controle de cabeça
  • Assimetria/RTCA
  • Falta alinhamento
  • Primitivos, imaturos
  • Não faz rotação
  • Falta ou pobre graduação de movimentos
  • Grandes amplitudes de movimentos
  • Reações de Balance presente, mas não confiáveis (falta de rotação impossibilita usar retificação, equilíbrio e principalmente proteção).

Problemas Associados:

  • Fala e respiração
  • Audição
  • Visão
  • Alimentação

Características da Personalidade:

  • Sensível
  • Pobre concentração
  • Cognitivo bom

Ataxia

Papel do cerebelo no controle motor:

  • Coordenação, execução do movimento e aprendizado motor
  • Comparar a atividade motora corrente (junto com núcleos da Base) com a atividade motora intencionada.

Classificação:

  • Pura: rara
  • Progressiva: Síndrome de Friedriechs
  • Não progressiva: Ataxia cerebelar, Síndrome do desequilíbrio, Diplegia atáxica.

Incidência e etiologia

  • 10 a 15% das PC’s
  • Genética (associada com síndromes)
  • Tendência familiar
  • Pré-natal
  • Adquirida
  • Desconhecida

Distribuição e Características Gerais

  • Normalmente quadriplegia
  • Tônus postural: hipotonia
  • Ataxia com espasticidade: espasticidade leve à moderada, presente principalmente ao esforço
  • Ataxia com Atetose
  • Ataxia mais proximal: mov. oscilatórios de tronco
  • Ataxia mais distal: mov. Invol. de pés, dedos e mãos
  • Falta de co-contração proximal: dificuldade em sustentar posturas contra a gravidade e dar estabilidade para o movimento.
  • Dificuldade em graduação/ritmo/exatidão dos movimentos
  • Dificuldade em movimentos seletivos, sem qualidade 

Hipotonia

  • A maioria dos PC’s iniciam como bebês flácidos (PMT)
  • Geralmente transitória – espasticidade, atetose…

Classificação:

SNC

  • Danos Cerebrais
  • Doenças degenerativas do SNC
  • Doenças cerebelares
  • Síndromes

Doenças Motoras

  • Doença de Wernig-Hoffman
  • Polineurites
  • Distrofias Musculares
  • Miastenia Gravis
  • Hipotonia Benigna da Infância

Características

  • Hiporesposta aos estímulos
  • Baixo nível de excitação
  • Não parece sentir dor, desconforto
  • Não apresenta resistência ao alongamento muscular
  • Não consegue endireitar-se: fica na posição que colocamos.

Pilates na Encefalopatia Crônica da Infância ou Paralisia Cerebral

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Pilates é um método que une o alongamento e exercício físico, onde utiliza o peso do próprio corpo na sua execução.

É uma técnica de reeducação do movimento, que é composto por exercícios profundamente alicerçados na anatomia humana, capaz de restabelecer e aumentar a flexibilidade e força muscular, melhorar a respiração, corrigir e alinhar a postura, melhorar a concentração, estimular a mente e prevenir lesões.

O objetivo principal é que o praticante chegue com a sua coluna o mais perto das curvas naturais da mesma.

Após essa breve revisão que cita detalhes da Paralisia Cerebral desde o nascimento, agora entraremos em outro assunto. O atendimento e o uso do método na criança, no adolescente e no adulto.

Como citado anteriormente, não existe receita de “bolo” cada ser é único, principalmente se tratando de deficiências. O seu aluno/paciente/cliente precisa passar por uma anamnese para identificar qual o tipo de paralisia, e quais déficits deverão ser tratados dentro da aula de Pilates.

Como não existe padrão para tais achados na anamnese por isso não entraremos a fundo nos exercícios. E sim o que devemos enfatizar para depois podermos nos guiar em quais serão os melhores exercícios.

Importante enfatizar, reforço das musculaturas específicas que necessitam atenção essas encontradas na anamnese, alongamento, estabilidade pélvica, estabilidade de cintura escapular e movimento da mesma.

Melhorar a marcha(caminhada), e treino de movimentos funcionais. Muito importante, trabalhar através do método as ações de retificação, equilíbrio e proteção e as trocas de decúbito.

Exercícios de Pilates para Encefalopatia Crônica ou Paralisia Cerebral

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Não estamos falando de idade ou de algum achado específico e sim de forma geral, sempre retomando que tudo depende do encontrado na anamnese, tais exemplos poderão ser aplicados apenas se possível de acordo com a necessidade da pessoa.

Exercícios como One leg circles para fortalecimento das pernas, estabilização pélvica, alongamento e centralização. Cuidado com pessoas que tem problemas de subluxação ou outros de quadril. Lembrando que cada pessoa é uma e a anamnese também.

Outro exercício que é muito completo por ativar musculaturas de pernas, braços, trabalhar respiração, melhorar o alinhamento da coluna, reforça musculatura postural e trabalha alongamento. É o exercício Spine Stretch Forward, que é muito completo e muito bom principalmente para escolioses que são muito presentes no PC.

Pode-se ser usado estímulos que ajudam a melhorar o equilíbrio estático e dinâmico (parado e em movimento).

Como exercícios de equilíbrio em pé com flexão de quadril e também com o uso de acessórios que aumentam a instabilidade como a bola, bosu, disco proprioceptivo associado a movimentos de isometria ou a algum movimento específico, e também com o uso dos aparelhos.

O exercício Saw (Serra) é muito indicado para alinhamento da coluna, alongamento de pernas, braços e coluna, rotações, estabilizações e ativações musculares de membros superiores e inferiores e coluna.

Um outro ótimo exercício é o quatro apoios que tem como indicação estabilização de cintura escapular, trabalhar descarga de peso e alinhamento, fortalecendo musculaturas importantes que ajudarão na melhora do equilíbrio e da marcha como glúteos, fortalecimento de membros superiores e membros inferiores.

Assim como reabilitação, o método Pilates vem como promoção e prevenção da saúde, abraçando todas as necessidades da pessoa com Paralisia Cerebral, desde a física como a mental.

Pelo método usar estímulos mentais, torna o exercício mais completo assim ajudando ainda mais em caso de pessoas com PC que precisam de estímulos de concentração e controle.

Concluindo…

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Por isso o método Pilates acaba sendo completo contemplando e trazendo muitos benefícios as necessidades da pessoa com Paralisia Cerebral e auxiliando em toda necessidades sendo ela física e mental, além de melhorar talvez o mais importante que é a saúde como um todo, melhorando assim a qualidade de vida.

É muito importante que a pessoa sempre seja avaliada antes do início de suas aulas para identificação de suas reais necessidades. Para aplicação de qualquer técnica, é necessário que o corpo e suas limitações sejam respeitados fazendo um trabalho gradual.

E para que ela obtenha um acompanhamento adequado é necessário um profissional especializado e com formação em Pilates.

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Bibliogafia:
  • Porto e Porto Semiologia Médica

 


























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