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A Capsulite Adesiva (CA), também chamada de ombro congelado, é uma patologia que acomete esta articulação com uma frequência entre 3% a 5% da população geral.

Apresenta uma incidência de 10% a 20% em diabéticos, sendo que a proporção aumenta para 36% em insulino-dependentes. É descrita como uma rigidez do ombro e dor, geralmente de longa duração. Didaticamente é dividida em três fases:

  1. Fase de Congelamento ou Hiperálgica
  2. Estado Congelado ou Rígido
  3. Descongelamento

A literatura afirma que a doença tem uma evolução benigna, com uma duração média de 2 anos.

Por ter uma maior prevalência na população do sexo feminino e o Pilates ser uma atividade física que atinge mais o público feminino, não é raro que chegue ao seu estúdio um grande número de mulheres apresentando sintomatologia característica ou até mesmo com o diagnóstico fechado para capsulite adesiva.

No artigo de hoje iremos abordar a fisiopatologia da doença e o trabalho do Pilates no tratamento da capsulite adesiva de ombro.

Por meio dele esperamos que você sinta-se mais a vontade ao tratar os pacientes acometidos por esta afecção.

Vamos lá?

Entendendo a Capsulite Adesiva do Ombro

O nosso ombro é composto por três articulações sinoviais, sendo elas a esterno-clavicular, a acrômio-clavicular e a glenoumeral. Também é formado por uma articulação fisiológica: a articulação escapulo-torácica.

Os movimentos combinados destas articulações, somados aos músculos e demais estruturas periarticulares envolvidas, permitem a funcionalidade adequada de nosso membro superior, resultando em uma amplitude de movimento triplanar, bem significativa em relação a qualquer outra articulação corporal.

A capsulite adesiva é uma afecção que pode ser idiopática, resultante ou associada a outra condição de saúde. Afeta principalmente pacientes de idade igual ou superior a 50 anos.

É caracterizada pela ocorrência de alterações histológicas inflamatórias e fibrosas na cápsula articular e no revestimento sinovial, que geram retrações da cápsula e rigidez articular.

Tais alterações limitam a movimentação passiva e ativa (o que auxilia no diagnóstico diferencial para outras patologias do ombro), sendo descrita na literatura com um curso de dois ou três anos.

Como surge a Capsulite Adesiva do Ombro?

O surgimento da doença ainda é pouco esclarecido, e mesmo em casos classificados como capsulite adesiva secundária, conforme iremos explicar posteriormente, há apenas associação com uma patologia primária não havendo uma causa específica.

Seu início é insidioso, não havendo presença de sintomas. Mas que com o passar do tempo, evolui para dor no ombro que se agrava com movimentos. Leva o indivíduo a perda da movimentação adequada da articulação devido a dor. Podendo também ser acompanhada de sudorese axilar e palmar.

Mais de 90% dos pacientes relatam dor antes da rigidez.

Após o início do quadro álgico há aumento progressivo da dor e evolução para a rigidez, sendo ainda a dor o sintoma principal desta fase de transição.

A dor torna-se tão incapacitante que está presente mesmo no repouso, podendo se estender até o cotovelo; atrapalha o sono e impede o paciente de se deitar sobre o lado afetado. Alguns pacientes chegam a procurar a assistência médica devido às alterações no sono causadas pela dor.

Fases da Capsulite Adesiva do Ombro

A capsulite é dividida em três fases: aguda ou hiperálgica, fase de rigidez ou congelamento e fase de descongelamento. A seguir detalharemos cada uma dessas fases.

Na fase aguda há reação inflamatória sinovial, o paciente sente fortes dores, que podem até mesmo causar alterações de humor e de sono.

Na fase de rigidez há presença de sinovite adesiva aguda, sinovite proliferativa e princípio do colabamento das paredes capsulares e consequente aderência da cápsula na cabeça do úmero.

Na terceira fase ou fase de descongelamento, há o que chamamos de maturação, acontece a regressão da sinovite e discreto colabamento do recesso axilar.

Há casos em que ocorre a evolução para um quarto estágio, chamado de crônico. Neste caso, as aderências tornam-se mais retraídas e restringem mais fortemente os movimentos da cabeça do úmero em relação ao lábio glenoidal.

Predominantemente nos estágios II, III e IV os espaços entre a superfície da articulação glenoumeral estão significativamente reduzidos, assim como o espaço entre o tendão do bíceps e a cabeça do úmero.

Diagnóstico e Principais Causas

O diagnóstico se dá por exame clínico associado aos exames de imagem.

Existe restrição notável de movimento na avaliação, principalmente na abdução, flexão e rotação externa do ombro. A literatura aponta que a presença de restrição de movimento passivo da abdução, da flexão e da rotação externa do ombro é a chave para que o diagnóstico da Capsulite Adesiva seja fechado.

Mesmo que a radiografia tenha poucas informações em relação à CA propriamente dita, caso seja realizada com as incidências e a técnica apropriadas, também irá auxiliar no fechamento do diagnóstico. Pois através dela são descartadas lesões ou alterações ósseas que poderiam levar a perda de mobilidade do ombro.

A radiografia poderá apresentar também a diminuição do espaço articular entre a glenóide e a cabeça do úmero, resultante da retração capsular.

Mas o padrão ouro para o diagnóstico é a artrografia, que é um procedimento considerado doloroso, mas que avalia a integridade do manguito rotador e o volume articular. Ele é mais indicado de ser realizado na segunda fase de evolução da doença.

A Capsulite Adesiva primária, ou idiopática, ocorre quando não há causa aparente ou associação com outras patologias. Já a secundária é associada a uma possível causa local ou com outras doenças.

Ainda nesta classificação secundária há também a subclassificação intrínseca, quando ela é desencadeada por lesão no próprio ombro (tendinites do manguito dos rotadores, tenossinovite da cabeça longa do bíceps, bursite, artrose acromioclavicular).

Extrínseca, quando é associada a alterações de estruturas afastadas da articulação do ombro, tais como fraturas do punho e mão, infecções, doenças do sistema nervoso central e periférico lesões da coluna cervical.

E sistêmica, quando há associação com doenças como a diabetes.

Sintomas da Capsulite Adesiva do Ombro

A sintomatologia da capsulite adesiva é dependente de sua fase de evolução.

A fase aguda é caracterizada pelo aparecimento gradual de dor difusa no ombro e que dura em torno de um a dois meses. Na primeira fase da doença pode haver reação inflamatória da cápsula, que resulta em espessamento, contratura e aderência capsular, principalmente na prega axilar.

A fase de congelamento é caracterizada pela perda progressiva do movimento que pode durar vários meses. A evolução para a segunda fase leva a fixação da cápsula e estruturas intra-articulares, diminuição do movimento articular e da função do membro superior acometido, devido à fixação e rigidez.

Na fase de descongelamento, os sintomas começam a aliviar, há diminuição da dor e consequentemente melhora da amplitude de movimento. Essa fase pode durar vários meses ou anos, uma vez que a melhora acontece gradualmente.

No geral, os pacientes com capsulite adesiva apresentam elevação da escápula no membro afetado antes dos 60º de abdução.

Esta ação é devido à compensação resultante da falta de extensibilidade da cápsula articular e pela alteração adaptativa do padrão motor no sistema nervoso central, reforçando a alteração na amplitude de movimento (ADM), principalmente dos movimentos de flexão, abdução e rotação externa e interna do ombro.

Formas de Tratamento da Capsulite Adesiva do Ombro

As principais formas de tratamento são por meio de medicação anti-inflamatória não esteroidal ou opióide, fisioterapia (cinesioterapia, manipulação, termoterapia e analgesia), distensão hidráulica, bloqueios seriados do nervo supraescapular, acupuntura e procedimento cirúrgico, quando o tratamento conservador não apresenta sucesso.

Esta diversidade de tratamentos para a capsulite adesiva do ombro se dá pela ausência de estudos científicos que comprovem a superioridade e uma intervenção em relação à outra.

O tratamento deve ser focado na prevenção da progressão da incapacidade.

A fisioterapia se baseia em alongamentos, atividades pendulares para o ombro, recursos de analgesia na fase hiperálgica, como a bolsa quente para diminuir a rigidez articular e espasmos musculares e no ganho progressivo de força muscular.

Na fase de maior rigidez capsular os exercícios devem ser voltados para a manutenção qualitativa da função do membro acometido, por meio do ganho de ADM e força muscular.

O tratamento cirúrgico é indicado principalmente quando o tratamento clínico não se mostra eficaz.

Como o Método Pilates pode auxiliar no Tratamento

A literatura dá um suporte extenso para o tratamento cinesioterápico da capsulite adesiva de ombro, sendo assim, o Pilates, por ser um método baseado principalmente no movimento humano, torna-se uma escolha eficaz e segura para o tratamento desta patologia.

O instrutor poderá basear seu tratamento principalmente no ganho das amplitudes de movimento que são mais comprometidas na evolução da doença (flexão, abdução e rotação externa do ombro).

Assim como na manutenção de força do membro superior acometido, visto que devido à dor e à diminuição da amplitude de movimento, a força e função do membro poderão se comprometer.

Mas o ganho de força e ADM não deve ultrapassar o limiar de dor do paciente. É essencial respeitar a dor do cliente, pois em casos de dor muito intensa ele pode chegar a abandonar o tratamento. E não é isso que queremos!

Devido a gama de exercícios que o Método nos proporciona, o fisioterapeuta poderá manter seus atendimentos mais diversificados, sem perder o foco principal do tratamento. Os aparelhos, o solo e os acessórios podem ser amplamente utilizados durante os atendimentos, respeitando a individualidade do paciente e de sua evolução.

E, por ser um método que trabalha o corpo como um todo, os exercícios não precisam e nem devem ser focados apenas para os membros superiores.

O trabalho corporal global auxilia o instrutor a retirar o foco do paciente para a sua incapacidade no ombro e trabalha outras demandas posturais que precisem ser melhoradas.

Atingindo, assim, o componente psicológico do paciente, visto que o mesmo poderá perceber que, mesmo apresentando uma disfunção temporária articular, ainda consegue se manter ativo.

Um outro diferencial do Pilates para o tratamento na CA é a presença das molas nos aparelhos, que poderão atuar como resistência quando o objetivo do exercício for o fortalecimento muscular; mas poderão atuar também como auxilio, caso a direção do exercício de ganho de mobilidade seja a favor do repouso das molas.

Este tipo de auxílio poderá ser utilizado para o ganho de ADM de forma passiva, visto que a ADM passiva também está comprometida na doença.

Restrições de Exercícios para Pacientes com Capsulite Adesiva

A literatura nos descreve que a CA pode ter uma origem inflamatória.

Devido a esse fato é importante respeitar a dor do paciente para que os movimentos realizados durante o tratamento não sejam uma demanda além da sua capacidade, pois nesses casos o processo inflamatório pode ser exacerbado.

A primeira fase onde temos a dor como sintoma predominante deve ser assistida com cautela, indicando exercícios prioritariamente ativo assistidos para que a sobrecarga da atividade seja divida entre o membro afetado e o não afetado.

Pois, em casos de importante aumento da dor durante o tratamento, o paciente poderá abandonar o tratamento.

Ou seja, o segredo é a dosagem, sempre!

Concluindo…

Por fim, é importante ressaltar o papel da cinesioterapia durante a reabilitação da capsulite adesiva de ombro, pois a dor leva a diminuição de mobilidade e a imobilidade gera dor, tornando assim um ciclo vicioso.

Sendo assim, o Pilates como meio de cinesioterapia visa quebrar este ciclo e recuperar a funcionalidade do membro da forma mais breve possível.

Reiteramos aqui a importância da dosagem dos exercícios de acordo com a dor do seu paciente, pois em caso de dor elevada, o paciente poderá abandonar o tratamento devido a crença de que poderá “piorar” seu ombro.

Desta forma, baseados na literatura e na essência do método, o Pilates torna-se um tratamento seguro e eficaz para o tratamento da capsulite adesiva do ombro.

E você? Já teve algum paciente que sofria de capsulite adesiva? Como foi seu tratamento através do Pilates? Conta para a gente!

 

Referências Bibliográficas
  • MATOS, Tayla Freire. Tratamento fisioterapêutico na capsulite adesiva de ombro. 2014. 14 f. Artigo (Pós-graduação em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual) – Faculdade Cambury. Goiânia, Goiás.
  • FERREIRA FILHO, Arnaldo Amado. Capsulite adesiva. Rev Bras Ortop. 2005., São Paulo, v. 40, n. 10, p. 565-74. 2005.
  • ARAUJO, Alisson Guimbala dos Santos; MEURER, Thayna Lais. Protocolos de tratamento da capsulite adesiva: Metanálise. Cinergis. 2012. Joinville, Santa Catarina. vol 13, n. 3, p. 9-15. Jul, 2012.
  • Cronemberger, Sabrina Rodrigues, Sousa Júnior, Irineu de. Intervenção fisioterapêutica em pacientes com capsulite adesiva de ombro em clínicas particulares de Floriano-PI. VII CONNEPI. 2012. Palmas, Tocantis.
  • Miyazaki, Alberto N.; et al. Avaliação do resultado do tratamento da capsulite adesiva de ombro com bloqueios seriados do nervo supraescapular. Moreira Jr. São Paulo, São Paulo. 1999.
  • Hanchard, N. et. al. (2011) Evidence-based clinical guidelines for the diagnosis, assessment and physiotherapy management of contracted (frozen) shoulder. V.1.7, ‘Standard’ physiotherapy. Endorsed by the Chartered Society of Physiotherapy.


























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