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Oi gente, hoje quero falar um pouco sobre as alterações corporais, focando no POWER HOUSE DA PUÉRPERA.

Para começa o que é mesmo Power House? Ele é importante para o Pilates? E para o Baby Pilates?

Power House, Centro de Força, Core dentre outros nomes são utilizados para se referir ao conjunto de músculos que estabilizam o tronco. Os principais músculos que compõe o Power House são:

  • Transverso do Abdome (TRA)
  • Multífidos
  • Assoalho pélvico
  • Diafragma

E há também os músculos mais superficiais, que são os oblíquos internos e externos, glúteo e quadrado lombar.

Importância do Power House

Aqui vou citar uma parte do texto do Paulo Fucci sobre Power House:

“Para o criador do método, Joseph Pilates, a importância do Power House é clara, ele é o centro de força que existe no corpo humano, ponto de origem de todos os nossos movimentos, a fonte de energia para os outros movimentos.

Durante uma aula de Pilates esse centro deve permanecer em contração isométrica durante a execução dos exercícios, gerando um equilíbrio entre a musculatura anterior e posterior do tronco, coordenando as contrações musculares com a parte respiratória durante a execução dos exercícios.

O idealizador do método acreditava que deveria haver uma completa coordenação da mecânica respiratória do diafragma com a sinergia dos músculos abdominais principalmente do transverso abdominal, multífidos e períneo, fazendo assim que a estabilização da coluna seja mais eficiente.”

Power House para o Baby Pilates

Como vocês viram, a ativação do power house está diretamente relacionada para que os benefícios do Pilates sejam eficazes para o corpo,  sendo necessário que haja a estabilização vertebral correta, associada a respiração, e ativando os quatros pontos principais deste Centro de Força.

Durante o Puerpério, todo esse centro esta desorganizado devido a todas as alterações quer ocorrem no ciclo gravídico-puerperal, precisando de um direcionamento para se reorganizarem.

Então vamos detalhar alguns pontos destes músculos que o formam e sustentam a coluna, os órgãos internos e a postura.

Alterações Posturais

Englobando da região cervical até a cintura pélvica, detalharemos essas alterações por compartimentos iniciando da base da coluna.

Coluna Lombar e Cintura Pélvica

Duas áreas de apoio na base da coluna, correspondendo às estruturas ósseas articulares que sustentam toda sobrecarga contida no tronco, representado pelo Power House.

É muito comum dores na cintura pélvica que pode ser explicada pela sobrecarga dos órgãos pélvicos apoiados sobre esta região, pela biomecânica do parto.

Podem persistir até 3 meses após o parto em 55% das mulheres e até 1 ano após o parto em 13% das mulheres (TURGUT; TURGUT; CETIN, 1998). Esses sintomas são ainda mais comuns em mulheres com sobrepeso, multiparidade e idade avançada.

Uma queixa ainda maior é de dor na região lombar durante a gestação, que pode ser explicada devido a alteração do centro de gravidade, compensações posturais, e pelo peso aumentado das mamas e abdômen.

Além disso durante a gestação há uma diminuição dos espaços intervertebrais devido a sobrecarga nessa região, que vão se restabelecendo neste pós-parto.

Coluna Torácica e Cintura Escapular

São comuns alterações nessas regiões, principalmente na cadeia anterior do tórax.

A amamentação, os pesos das mamas, a flacidez da musculatura abdominal, os inúmeros casos de diástase, a fraqueza dos interescapulares e paravertebrais são fatores que se somam para um padrão postural de hipercifose torácica, além dos próprios padrões posturais adotados par a amamentação que também favorecem ao encurtamento dos músculos peitorais e rotadores internos do ombro.

O aparecimento de dores nas costas ‘na linha do sutiã’, e as tensões na musculatura do trapézio são comuns, assim como a sensação de peso sob os ombros.

Coluna Cervical

É muito comum a presença de cervicalgias devido a má postura, especialmente durante a amamentação que a lactante tende a ficar observando o bebê no peito. Sendo necessárias condutas e orientações adequadas para manipular e realizar os cuidados com o lactante sem gerar compensações ou sobrecargas na região.

Diafragma

Fonte: www.mdsaude.com

Músculo em forma de cúpula que está sendo comprimido durante a gestação, e reassume seu formato de cúpula durante o pós-parto.

É o principal responsável pela respiração, se contraindo durante o processo de inspiração, diminuindo a pressão intratorácica e comprimindo as vísceras abdominais. Deste modo, o ar tende a entrar nos pulmões. Quando relaxa o ar presente nos pulmões é expulso.

Esse movimento funciona como uma massagem nas viceras abdominais, auxiliando na circulação sanguínea na veia cava inferior e promovendo uma pressão no trato gastrointestinal, sendo importante tambem no processo de digestão dos alimentos.

É um músculo responsável por diversas funções no corpo da puérpera, e precisa ser trabalhado de forma especializada e bem direcionada.

Alterações Abdominais

A parede abdominal após o parto tende a ficar em estado de relaxamento muscular, uma flacidez, que podem gerar déficits de condicionamento e de funcionalidade.

Esse aspecto é relatado por algumas mulheres como uma sensação de que tudo ficou “solto” dentro da cavidade abdominal, sendo explicado pela involução uterina, que acontece gradativamente até voltar ao seu tamanho normal.

Antes os órgãos abdominais estavam afastados para dar espaço ao útero aumentado, agora que o útero ocupa um espaço menor dentro da cavidade os demais órgãos retornam ao seu lugar de origem.

O mesmo acontece com a parede muscular, a pele e os anexos que tinham sido distendidas durante a gestação, e no pós-parto retornam ao seu estado original. Esses processos podem demorar até 6 semanas.

É comum algumas complicações mesmo após esse período, podendo encontrar aspectos de flacidez, fraquezas, aumento do volume abdominal e ainda a diástase dos músculos retos abdominais (DMRA).

Diástase Abdominal

Durante a progressão da gravidez, com o aumento do útero, ocorrem adaptações na musculatura abdominal podendo haver a chamada diástase dos músculos retos do abdômen, que significa o aumento da DIR, ou seja, o afastamento das faixas musculares inter-retos.

Essa separação pode ocorrer em diferentes pontos ao longo da linha alba e podem ter como causa principal a perda de fixação dos músculos retos do abdome em suas respectivas bainhas.

Além desses possíveis fatores biomecânicos, a etiologia da DMRA ainda não está totalmente elucidada. As modificações hormonais influenciadas pela Relaxina e Progesterona podem ser um fator causador também.

Repercussão da DMRA podem afetar diferentes sistemas pois a parede abdominal é formada por uma parte muscular e por outra de tecido conjuntivo e desempenha papel importante em numerosas atividades fisiológicas do corpo como:

  • Movimentos
  • Estabilização do Tronco
  • Marcha
  • Tosse
  • Mecanismo do Vômito
  • Parto
  • Sistema Digestório e sua Função de Eliminação
  • Sistema Respiratório
  • Muitos Outros

Pode ser também um fator desencadeante de dores e pontos de gatilho na região. Sendo inclusive mostrado por um estudo que entre as gestantes com queixa de dor lombar, 74,4% apresentaram DMRA (PAKER; MILLAR; DUKAN, 2008).

Além disso a associação de DMRA e disfunções do assoalho pélvico foi mostrado em um estudo em que 66% das mulheres avaliadas que apresentavam diástase tinham também pelo menos uma disfunção, como as incontinências urinarias, fecais ou os prolapsos dos órgãos pélvicos (SPITZAGLE; LEONG; VAN DILLEN, 2007).

É possível evitar essas complicações quando realizamos exercícios preventivos de estabilização do tronco durante a gestação junto com isométricos enfatizando a musculatura do transverso abdominal.

De modo geral, a prática de atividade física antes da gestação também se mostrou como um fato protetor contra o desenvolvimento da diástase, além de sua prática no pós-parto como uma forma de tratamento para as mesmas.

São poucos estudos que comprovem a função do músculo transverso abdominal na recuperação de diástase abdominal mas podemos citar alguns que estão no capítulo 19 do livro Fisioterapia Obstétrica Baseada em evidência de Andrea Lemos:

“Em um estudo de caso, uma paciente com 6cm de diástase 2 anos após o parto foi tratada durante 16 semanas, com exercícios que envolviam o transverso abdominal, resultando em uma separação final de 0,7cm.”

Em um estudo caso-controle foi relatado que o nível de atividade física realizado antes e durante a gestação promoveriam uma resolução mais rápida de DMRA menor que 2,5cm.” (LEMOS, 2014).

Assoalho Pélvico

O assoalho pélvico é um conjunto de partes moles que fecham a pelve, sendo formado por músculos, ligamentos e fáscias. Suas funções são de sustentar e suspender os órgãos pélvicos e abdominais, mantendo as continências urinária e fecal. (OLIVEIRA & LOPES, 2006. SAMPAIO, FAVORITO & RODRIGUES, 1999).

Os músculos do assoalho pélvico são constituídos de 70% de fibras do tipo I (fibras de contração lenta) e 30% de fibras do tipo II (fibras de contração rápida).

Assim as fibras do tipo I são responsáveis pela ação antigravitacional dos músculos do assoalho pélvico, mantendo o tônus constante e também na manutenção da continência no repouso.

E as do tipo II são recrutadas durante aumento súbito da pressão abdominal contribuindo assim para o aumento da pressão de fechamento uretral (CAMARRÃO et al., 2003; ZANATTA & FRARE, 2003; OLIVEIRA & LOPES, 2006).

As adaptações fisiológicas decorrentes da gestação e do parto são suficientes para repercutir no assoalho pélvico da mulher, e podem desencadear sinais e sintomas durante a gestação e no período puerperal.

As alterações podem ser explicadas por diversas alterações genitais, como o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico pelo aumento da concentração do hormônio relaxina, e o da musculatura lisa pelos níveis aumentados da progesterona (MARTINS et al.,2010).

Além das questões biomecânicas, como a sobrecarga em suas fibras pelo peso do útero, bebê, líquido, placenta e anexos, à pressão que o útero e a cabeça do feto exercem sobre a bexiga, e todas as alterações músculos articulares alteradas na região.

As incontinências urinárias, ou incapacidade de controlar voluntariamente a função da bexiga, que pode surgir nesse período, apresenta uma prevalência alta, atingindo até 64% das gestantes (WESNE et al.,2009).

Sendo um processo muito comum durante a gestação. Um estudo realizado em Fortaleza mostrou inclusive que as gestantes consideravam a perda urinária um fator natural, como se fizesse parte do processo gestacional, já que familiares e conhecidas tinham passado por quadro semelhante (PIRES, 2009.)

Esta comprovado que por meio de um programa especializado e bem supervisionado é possível manter uma atividade funcional dos MAPs, favorecendo o mecanismo fisiológico dessas estruturas.

O fisioterapeuta é o profissional capacitado para desenvolver técnicas e métodos preventivos ou terapêuticos de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico (MAPs), cabendo a estes profissionais divulgarem resultados baseados em evidências para a implementação de um programa de reeducação do assoalho pélvico no pós-parto, como já existe na França e em outros países desenvolvidos, para a saúde publica do brasil.

Concluindo…

Por fim, mesmo sendo um número elevado, as mulheres devem aceitar como “normal”, e sim terem conhecimento dos programas de treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), que podem ser trabalhadas de forma indireta nas aulas de BABYPILATES abordando as terapias comportamentais e a cinesioterapia.

Joseph Pilates descreveu a ação do Assoalho Pélvico como essencial durante a execução de seus exercícios.

Ele ensinava que o Power House deveria ser ativado principalmente durante uma contração abdominal extrema, já que uma contração extrema pode causar uma pressão excessiva sobre o assoalho pélvico podendo, em alguns casos, provocar o surgimento de incontinência urinária por esforço pela sua sobrecarga (SAPSFORD, 2001).

Por isso é necessário atenção para que todos os exercícios sejam feitos de maneira adequada, para que os beneficios do BabyPilates sejam alcançados.  O método aplicado de maneira inadequado pode agravar negativamente as alterações corporais, a sobrecarga perineal e o quadro de dores e compensações posturais.

Base principal do texto: Livro Fisioterapia Obstétrica Baseada em Evidências da autora Andrea Lemos.

Se você tem interesse em saber mais, estou fazendo algumas lives sobre o assunto. De 15 em 15 dias, de quinta-feira na página do Blog Pilates no Facebook. Que tal nos encontrarmos lá?

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