A COPCORD (Community Oriented Program for Control of Rheumatic) classifica a fibromialgia como uma doença músculo-esquelética, em condição crônica caracterizada por dor disseminada por mais de 3 meses.
Sua natureza é generalizada e difusa, com dores migratórias e aumento da sensibilidade a vários estímulos.
Podemos denominar a fibromialgia como uma palavra derivada do latim fibro (tecido fibroso, presente em ligamentos, tendões e fáscias), e do grego mio (tecido muscular), algos (dor) e ia (condição).
Proposta inicialmente por Yunus e cols. em 1981, com o intuito de substituir o termo fibrosite. Que tal saber mais sobre essa patologia? Acompanhe o restante do texto!
Fatores de Desenvolvimento da Fibromialgia
Considera-se que os seguintes fatores contribuem para o desenvolvimento da síndrome. Porém, seu surgimento está associado a alguns fatores:
- Genética: Em pessoas da mesma família é comum encontrar outros portadores da doença;
- Indivíduos portadores de lúpus, artrite reumatoide ou espondilite anquilosante estão susceptíveis a ter fibromialgia.
- Fatores como sedentarismo, situações de estresse e eventos traumáticos, também são associados à Fibromialgia.
- Alterações na atividade neuronal no sistema nervoso central;
- Metabolismo anormal de aminas biogênicas;
- Distúrbios imunológicos.
Prevalência
Considerada uma das condições clínicas reumatológicas mais frequentes, a fibromialgia apresenta dados epidemiológicos variáveis.
Em estudos feitos nos EUA e na Europa a prevalência encontrada foi de até 5% na população geral, ultrapassou 10% dos atendimentos em clínicas reumatológicas.
No Brasil, está presente em até 2,5% da população geral, predomina no sexo feminino, principalmente entre os 35 e 44 anos.
Diagnóstico da Fibromialgia
O diagnóstico da fibromialgia utiliza-se da exclusão, sendo subjetivos os sintomas.
A dor crônica difusa predominante em mulheres e a falta de dados em exames laboratoriais e de imagem são características que podem gerar confusão diagnóstica, uma vez que os sintomas estão presentes em outras doenças.
Os indivíduos com reumatismo apresentam pontos endurecidos em seus músculos, os quais são dolorosos à pressão. Enfatizando a sensibilidade à pressão sobre esses locais dolorosos, observa-se que não há inflamação na região nem reações sistêmicas.
Relacionando, como parte do quadro, fadiga com subsequente diminuição da tolerância aos exercícios e distúrbio do sono. Segundo Smythe e Moldofky, insônia (Distúrbio da fase IV do sono), possivelmente relacionada com os sintomas de dor muscular com sono não reparador e rigidez matinal.
Estudos remotos sobre Fibromialgia
Acreditava se que a fibromialgia poderia afetar as articulações e gerar deformidades. Neste caso ela está classificada dentro do grupo de “reumatismo de partes moles”, isto é, que não afeta as articulações.
Em 1970, Smythe e Moldofky observaram certas localizações anatômicas eram mais frequentemente dolorosas em portadores de fibromialgia do que em controles, sendo, denominadas de pontos sensíveis (tender points).
Identificaram ainda, que muitos desses pontos sensíveis são encontrados em outras doenças entre os reumatismos de partes moles, como:
- Epicondilite lateral;
- Periartrite do quadril;
- Junções esternocostais;
- Síndromes dolorosas da coluna cervical.
Segundo Helfenstein M. 1997, importante apontar que por vezes encontramos indivíduos fibromiálgicos diagnosticados erroneamente como portadores de LER/DORT (lesão por esforço repetitivo/distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho).
Diagnósticos errôneos
Em estudo realizado na disciplina de Reumatologia da Escola Paulista de Medicina, foram pesquisados 103 pacientes, com diagnóstico inicial de lesão por esforço repetitivo (LER) ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), todos envolvidos em litígio trabalhista.
Entre esses 103 pacientes foi constatado que 73 preenchiam os critérios diagnósticos para a FM e não possuíam evidência de lesão tecidual.
Embora se devam examinar os 18 tender points que o Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu, é relevante considerar que:
- Muitos pacientes com fibromialgia apresentam múltiplos pontos dolorosos em outras localizações;
- Alguns portadores da enfermidade em sua forma típica apresentam menos de 11 pontos dolorosos;
- Esta doença multissistêmica e de natureza caracteristicamente multidisciplinar tem seu diagnóstico realizado de forma muito simplista, ou seja, contando-se pontos dolorosos;
- Os critérios estabelecidos pelo Colégio Brasileiro de Reumatologia são de classificação e não de diagnóstico.
Sintomas da Fibromialgia
Os sintomas mais comuns na fibromialgia são as dores difusas e a hipersensibilidade ao toque em 11 ou mais entre os pontos gatilhos citados acima. A frequência, o grau e a localização da podem variar de um dia para o outro.
Além destes existe outros sintomas e aspectos que afetam o dia a dia do indivíduo portador de fibromialgia:
- Fadiga;
- Distúrbio do Sono – Sono Superficial e/ou interrompido, Apneia do sono;
- Cefaleia;
- Ansiedade;
- Tontura;
- Mudanças de Humor;
- Depressão;
- Dificuldade para raciocinar e memorizar;
- Síndrome das pernas inquietas;
- Cólon Irritado (Diarreia e/ou Prisões de Ventre);
- Rigidez Matinal;
- Contratura Muscular;
- Formigamento e Dormência na face, braços, mãos, pernas e nos pés;
- Déficit de equilíbrio.
Da mesma forma, há muitos relatos do surgimento ou manifestação deste quadro após situações de traumas ou estresse intenso, por exemplo.
Papel dos Neurotrânsmissores
Tem sido aceito um modelo de fisiopatologia, que integra muitas das ideias publicadas. Elas sugerem que o distúrbio primário na fibromialgia seria uma alteração em algum mecanismo central de controle da dor, o qual poderia resultar de uma disfunção de neurotransmissores.
Tal disfunção neuro-hormonal incluiria uma deficiência de neurotransmissores inibitórios em níveis espinhais ou supraespinhais (serotonina, encefalina, norepinefrina e outros).
Ou, até mesmo. uma hiperatividade de neurotransmissores excitatórios (substância P, glutamato, bradicinina e outros peptídeos). Possivelmente, ainda, ambas as condições poderiam estar presentes.
Tais disfunções poderiam ser geneticamente predeterminadas e desencadeadas por algum estresse não específico como, por exemplo, uma infecção viral, estresse psicológico ou trauma físico.
Relações entre a Fibromialgia e a Dor Miofascial
A fibromialgia e a síndrome de dor miofascial são síndromes de dor crônica que, com frequência são confundidas e usadas como sinônimos. Cada uma tem uma etiologia proposta distinta.
Indivíduos com fibromialgia processam os sinais nociceptivos de modo diferentes daquelas sem a doença, e indivíduos com dor miofascial têm alterações localizadas nos músculos.
Elas estão resumidas na tabela a seguir:
Tratamentos para a Fibromialgia
O tratamento da fibromialgia é complexo e de longo prazo, sendo que as pesquisas recentes apoiam o uso dos exercícios para reduzir a maioria dos sintomas comuns associados á fibromialgia.
Em que os exercícios resistidos como o Pilates Aplicado a Fibromialgia e os exercícios aeróbicos são benéficos na redução dos sintomas e na melhora da capacidade para o exercício.
O Ottawa Panel Evidence-Based Clinical Practice Guidelines também relata a importância do uso dos exercícios aeróbicos e de fortalecimento para melhora dos sintomas.
A falta de conhecimento sobre a etiopatogenia da fibromialgia impossibilita que tenhamos até o momento um tratamento totalmente efetivo.
O acompanhamento multidisciplinar é de suma importância para a eficácia do tratamento sendo que os tratamentos propostos incluem:
- Medicamentos com prescrição;
- Exercícios progressivos e lentos regulares;
- Exercícios aeróbicos;
- Terapia cognitivo-comportamental;
- Evitar fatores de estresse;
- Diminuir o consumo de álcool e cafeína;
- Dieta com prescrição e acompanhamento profissional.
Indicações
Como parte inicial do tratamento, devem ser fornecidas aos pacientes informações básicas sobre a doença e suas opções de tratamento, orientando-os sobre controle da dor e programas de autocontrole.
O tratamento farmacológico, além do controle da dor, tem como objetivos induzir um sono de melhor qualidade e tratar os sintomas associados como, por exemplo, a depressão e a ansiedade.
Os distúrbios psiquiátricos nesta patologia ainda são motivo de controvérsia na literatura.
Embora vários estudos mostrem que há frequência elevada de diagnósticos psiquiátricos, em especial, depressão e ansiedade, outros autores contestam essa afirmação.
A fibromialgia é um dos muitos problemas comuns que levam a procura do Pilates como alternativa para recuperação e tratamento, Os portadores da doença se beneficiam com a realização de exercícios.
Benefícios do Pilates Aplicado à Fibromialgia
A liberação de hormônios e neurotransmissores é estimulada e, ao término da aula de Pilates Aplicado à Fibromialgia, o indivíduo se sente revigorado, com uma sensação de bem-estar.
E ainda observa melhoras no sono, possibilitando uma diminuição da dosagem dos medicamentos.
- O aumento dos níveis de serotonina e de outros neurotransmissores inibitórios; aumento da produção de GH (hormônio do crescimento) e IGF-1;
- Regulação do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal e do sistema nervoso autônomo; aumento da densidade capilar; aumento da quantidade de mioglobina;
- Aumento da atividade mitocondrial.
Todas estas mudanças contribuem para a melhora:
- Dor;
- Qualidade do sono;
- Fadiga;
- Ansiedade e dos outros sintomas.
Acredita se que o fato de haver uma socialização em atividades em grupos reduzidos, dependendo de circunstâncias e influencias positivas de alguns aspectos psicológicos.
Os exercícios do Método Pilates Aplicado à Fibromialgia têm representado a intervenção não medicamentosa empregada e estudada nos portadores de fibromialgia. Isso com intuito de melhora do quadro álgico, funcional e da melhora da qualidade de vida.
Pilates como Exercício Físico
O Pilates Aplicado à Fibromialgia consiste em exercícios físicos que utilizam recursos – como a gravidade sobre o próprio corpo e a resistência das molas projetadas para os próprios aparelhos do Método -, que servem tanto para resistir ou assistir na execução de um movimento.
Ao contrário do que exercícios de resistência tradicionais baseados em treinar os músculos de forma isolada, os exercícios de Pilates Aplicado à Fibromialgia tem uma abordagem de reagrupamento muscular total, que exige a ativação e coordenação de vários grupos musculares ao mesmo tempo.
O Método Pilates Aplicado à Fibromialgia estimula a circulação, melhora o condicionamento físico, a flexibilidade, o alongamento e o alinhamento postural, além de proporcionar melhoras nos níveis de consciência corporal e da coordenação motora.
Tais benefícios do Pilates Aplicado à Fibromialgia ajudam a prevenir lesões e proporcionar um alívio de dores crônicas.
Porém os mesmos dependem da execução de seus exercícios respeitando todos os 6 princípios básicos do método (concentração e consciência, controle, respiração, movimento fluido, precisão).
O Pilates Aplicado à Fibromialgia tem todos os requisitos necessários para o tratamento da fibromialgia, utiliza e dispõe de recursos e técnicas para um plano de tratamento adequado.
Uma característica que difere de outras atividades é que no Método
Pilates Aplicado à Fibromialgia o paciente não sofre grandes impactos nas articulações, o que é um ponto positivo para optar na hora de escolher uma atividade física como tratamento.
Concluindo…
Vários estudos propõem avaliar as anormalidades estruturais ou funcionais que refletem na fisiopatologia da fibromialgia, mas não é possível estabelecer um padrão claro destas alterações.
As alterações apresentadas pelos pacientes com fibromialgia estão relacionadas às limitações de movimento impostos pelos sintomas da fibromialgia.
Apesar da patologia não possuir causa especifica e sim causa multifatorial, ela apresenta vários métodos para essa afecção, com o Pilates Aplicado à Fibromialgia imposto ao plano de tratamento podemos evidenciar uma melhora na qualidade de vida e em alguns casos obter excelentes resultados.
Faz-se necessária a adição de exercício dentre eles o Método
Pilates Aplicado à Fibromialgia e tratamento multidisciplinar.