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Para explicar o tratamento da capsulite adesiva do ombro, é necessário antes, explicar o que é tal patologia, qual seu quadro clínico e diagnóstico.

“Capsulite adesiva, também chamada de ombro congelado, é uma condição dolorosa que leva a uma severa perda de movimento do ombro. Pode ocorrer após uma lesão, um trauma, uma cirurgia de ombro ou surgir gradualmente sem lesões ou outros fatores conhecidos.”

Entendendo a PatologiaTratamento-da-Capsulite-Adesiva-1

Entende-se por capsulite adesiva um período que gera dor e rigidez da articulação aos movimentos realizados passivamente. A capsulite adesiva pode ser denominada como ombro congelado, ombro rígido e capsulite retrátil.

Na capsulite adesiva ou “ombro congelado”, ocorre um processo inflamatório dentro da articulação levando a uma diminuição progressiva do fundo do saco axilar, o que gera um encurtamento de todos os ligamentos, resultando na formação de aderências e a um aumento da espessura da cápsula, a qual perde a sua distensibilidade.

São estes fatos que levam à principal característica desta doença que é a limitação da mobilidade passiva, sobretudo da rotação externa, por isso, a importância do tratamento da capsulite adesiva.

A dor referida é sentida na inserção do deltoide e se irradia pela superfície externa do braço, até a região posterior do antebraço e da mão. Aumenta de intensidade de maneira progressiva e muitas vezes impede que o paciente durma sobre o lado afetado.

Podemos dividir esta patologia em três fases, cada uma delas pode durar de quatro a oito meses ou mais, sendo elas:

  1. Dor e Rigidez Progressivas
  2. Diminuição da Dor com Rigidez Persistente
  3. Retorno Indolor de Movimento

As três fases desta patologia nem sempre são bem delimitadas umas das outras:

  • Fase Congelante e Dolorosa (10-36 semanas) – Existe um aumento gradual da dor no ombro ao repouso, com a presença de dor aguda nos extremos de movimento.
  • Fase Adesiva (4-12 meses) – A dor começa a ceder, porém inicia-se uma progressiva perda de flexão da gleno-umeral, abdução, rotação interna e rotação externa.
  • Fase de Resolução (12-42 meses) – É caracterizada por uma melhora progressiva na ADM funcional do ombro.

Anatomia e Biomecânica do Ombro

Tratamento-da-Capsulite-Adesiva

Esta articulação é constituída por três ossos: a escápula, o úmero (osso da parte superior do braço) e a clavícula.

O ombro é constituído por três articulações sinoviais, sendo elas: esterno-clavicular, acrômioclavicular e glenoumeral e uma articulação fisiológica: a escapulo-torácica.

A combinação dos movimentos coordenados das quatro articulações, envolvendo os músculos e as estruturas periarticulares permitem que o braço e a mão sejam posicionados no espaço para uma ampla variedade de funções, resultando em uma articulação hipermóvel diferente das demais articulações do corpo.

A articulação esternoclavicular é a única articulação que conecta o complexo do ombro ao tórax. Trata-se de uma articulação sinovial com três graus de liberdade.

A clavícula é conectada à escápula pela articulação acromioclavicular. Essa articulação é classificada como uma articulação sinovial plana que permite o movimento da escápula em três direções. Os movimentos que ocorrem na articulação esternoclavicular são opostos aos movimentos na articulação acromioclavicular para elevação, depressão, protração e retração.

Isso não é válido para a rotação, já que a clavícula irá girar na mesma direção ao longo de seu comprimento. A última articulação sinovial do complexo do ombro é a articulação glenoumeral.

É considerada a mais móvel e a menos estável de todas as articulações do corpo humano e formada pela grande cabeça do úmero e pela rasa fossa glenóide. Os movimentos permitidos nessa articulação são flexão e extensão, abdução e adução, abdução e adução horizontal, rotação interna e rotação externa.

A cápsula articular é um saco viscoelástico que engloba a articulação do ombro que além da função de estabilizar, contém um fluído (líquido sinovial) que banha e lubrifica a articulação.

As paredes da cápsula articular são constituídas de ligamentos. Ligamentos são tecidos conectivos macios que conectam os ossos uns aos outros. A cápsula articular contém bastante tecido frouxo que permite que o ombro possa ser movimentado numa grande amplitude de movimento.

No ombro congelado a inflamação da articulação faz com que partes geralmente frouxas da cápsula articular fiquem grudadas, juntas. Isso limita seriamente a habilidade do ombro em se mover e causa o congelamento das estruturas, provando mais uma vez a importância do tratamento da capsulite adesiva.

Ligamentos

Diante dos vários ligamentos presentes nessa articulação, destaca-se o ligamento glenoumeral anterior o qual consiste de três segmentos: superior, médio e inferior. Esses ligamentos formam um Z sobre a cápsula articular.

Cada porção fica tensa e constitui um freio para certos movimentos do úmero, com todas as porções ficando tensas no movimento de rotação externa.

Os demais ligamentos dessa articulação são:

Coracoumeral – o qual basicamente age limitando a rotação externa abaixo de 60° de abdução.

Ligamento Coracoacromial – que forma um arco sobre a cabeça do úmero, atuando como um bloco para a translação superior.

Ligamento Umeral Transverso – que forma um teto sobre o sulco bicipital para manter o tendão da cabeça longa do bíceps no interior do sulco.

A força dos músculos do manguito rotador é o elemento principal para a estabilidade glenoumeral dinâmica. A função primária dos músculos estabilizadores consiste em comprimir a cabeça umeral dentro da cavidade glenoide e neutralizar as grandes forças de cisalhamento geradas pelos motores primários.

Além desses músculos é necessário destacar também as ações da cabeça longa do bíceps e determinadas porções do deltoide na estabilização dessa articulação.

Quadro ClínicoTratamento-da-Capsulite-Adesiva 2

A causa do ombro congelado ainda é um mistério.

O quadro clinico caracteriza-se por dor mal localizada no ombro de inicio espontâneo, sem qualquer historia de trauma, fazendo com que o paciente perca rapidamente o movimento do ombro. Mesmo em repouso, essa dor encontra-se muito intensa, principalmente à noite.

A mobilidade torna-se rapidamente limitada, e em todos os movimentos do ombro ocorre um processo inflamatório dentro da articulação levando ao encurtamento de todos os ligamentos, a formação de aderências e ao aumento na espessura da cápsula.

O ombro congelado também pode ocorrer após cirurgias não relacionadas ao ombro ou mesmo após a recuperação de um infarto do coração.

Outras patologias do ombro como bursite, lesão do manguito rotador, síndrome do impacto podem terminar com ombro congelado.

Alguns médicos acreditam que condições subclínicas podem desencadear inflamação crônica e dor, que levam ao menor uso do ombro desencadeando um ombro congelado.

Independente do surgimento da patologia, é muito importante começar logo o tratamento da capsulite adesiva, para que o quadro não avance.

Sintomatologia

Inicialmente surge a dor e uma grande redução na amplitude de movimento da articulação. A mobilidade do ombro é semelhante ativa ou passiva, ou seja, é igual quando você mexe ou quando alguém tenta movimentar o seu ombro para você.

Existe um ponto em cada direção de movimento, em que o movimento simplesmente para, como se houvesse algo bloqueando o seu progresso. Nesse ponto o ombro geralmente dói.

O ombro também pode ser muito dolorido a noite. A redução da mobilidade pode dificultar atividades rotineiras como vestir-se, pentear-se ou comer.

Portanto, deve-se iniciar o tratamento da capsulite adesiva o mais rápido possível.

DiagnósticoTratamento-da-Capsulite-Adesiva-4

O diagnóstico é feito através da história clínica e do exame físico. Um ponto chave que diferencia um ombro congelado de uma lesão de manguito rotador é a maneira como o ombro se move.

No ombro congelado a mobilidade do ombro está reduzida quando o médico ou o paciente tentam movimentar o ombro.

Já na lesão de manguito o paciente não consegue movimentar o ombro, mas quando o médico levanta o seu braço, este pode ser movido quase normalmente.

Os exames radiológicos disponíveis para confirmar a presença de capsulite adesiva são:

Raio-X

Normalmente apresenta-se normal no paciente acometido, podendo ser percebido apenas uma diminuição do espaço articular entre a cavidade glenoide e a cabeça do úmero na incidência ântero-posterior e a presença de osteoporose ou osteopenia causada pelo desuso.

Ressonância Magnética

É um exame de imagem especial que usa ondas magnéticas para criar imagens que mostram os tecidos do ombro em fatias. A ressonância magnética mostra os tendões, ligamentos e outros tipos de tecidos bem como os ossos e é o exame de escolha para confirmar o diagnóstico.

Método Pilates e Tratamento da Capsulite AdesivaTratamento-da-Capsulite-Adesiv 3

O Método Pilates permite a restauração do movimento de qualquer parte do corpo, auxiliando no tratamento da capsulite adesiva.

Todos os exercícios devem ser realizados respeitando os princípios e conceitos do método, respiração, centralização, concentração, precisão, fluidez, crescimento axial, organizações posturais e também respeitando o limite de cada paciente.

Em caso de dor podemos usar a crioterapia antecedendo o exercício. É um recurso fácil que não precisa de aparelhagem podendo ser facilmente aplicado no ambiente de Pilates.

O controle da dor é de extrema importância antes dos exercícios para se conseguir o mais próximo possível da biomecânica normal articular.

Devemos realizar mobilizações ativo-assistido com auxilio das molas no Cadillac, trabalhar sempre bilateral, com o ombro saudável de espelho para o acometido, para auxiliar no tratamento da capsulite adesiva.

Movimentos:

  • Organizar as Escápulas e Abrir o Peito
  • Elevação e Depressão
  • Protração e Retração
  • Circundução para Frente e para Trás
  • Flexão e Extensão
  • Abdução e Adução (diversos ângulos)
  • Rotação Interna e Externa
  • Soma de Movimentos – Diagonais de Kabat

Todos os movimentos realizados de forma ativa-assistida devem ser realizados de forma ativa e com resistência visando o fortalecimento da musculatura. Não podemos esquecer também que estes músculos devem ser trabalhados com exercícios que envolvam a propriocepção e alongamentos.

Exercícios para a Fase de Fortalecimento

1º Exercício
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Estabilização da cintura escapular, realizando isometria em ângulos diferenciados, e mantendo a organização das escápulas, usando cargas ou não durante as variações. Podendo realizar ou não rotação de tronco.

2º Exercício
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Protração e retração das escápulas, podendo variar em base estável ou base instável o apoio de membros superiores, o apoio da prancha pode iniciar com o apoio de antebraço e evoluir gradativamente.

3º Exercício
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Movimentos de abdução e adução do ombro em diversos ângulos e com variação de carga, podendo realizar este exercício no reformer, cadilac (com molas) e com faixa elástica.

4º Exercício

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Movimentos de flexão e extensão do ombro, podendo variar na carga e nas posturas sentado, deitado, semi ajoelhado entre outras.

5º Exercício
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Exercícios de rotação Interna e externa do ombro, com bastão ou com resistência no reformer.


























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