Você já parou para pensar no tanto que usamos nossa coluna? Durante o dia fazemos entre 2000 e 3000 movimentos de flexão da coluna.
Agora imagina quantas vezes fazemos o movimento de extensão e o de rotação.
Em todas as atividades diárias estamos movimentando nossa coluna, até mesmo enquanto dormimos.
Estrutura da Coluna Vertebral
A Coluna Vertebral divide-se em quatro segmentos:
Coluna Cervical – com 7 vértebras
Coluna Torácica – com 12 vértebras
Coluna Lombar – com 5 vértebras
Sacro – mais 5 vértebras que são fundidas
A estrutura da coluna vertebral é muito complexa, uma vez que permite a sustentação e a movimentação do corpo sem comprometer a medula espinhal.
Aqui podemos dividir a coluna em 4 peças fundamentais!
Vértebras
São os ossos que formam a coluna, encontram-se alinhadas uma sobre as outras formando um canal por onde passa a medula espinhal (conexão nervosa entre o cérebro e o corpo).
São flexíveis e firmes.
Toda vértebra possui um corpo vertebral que é muito compacto, um processo espinhoso, um processo transverso, pedículo, arco vertebral, faceta articular e canal vertebral.
Discos Intervertebrais
É um disco sinovial, que se localiza entre as vértebras, age como um “amortecedor”, sendo responsável pelo amortecimento da carga que exercemos na coluna, assim como pelos movimentos da mesma.
É composto por um núcleo pulposo, que possui capacidade de reter água e mantém as vértebras distante uma das outras através da pressão que produz.
Tal núcleo fica no centro e em sua volta tem um anel de tecido fibroso, que mantém o núcleo na posição central.
O grande problema é que o disco intervertebral, ao sofrer pressão entra em um processo de desidratação, uma vez que o líquido extravasa do interior para o exterior.
Ligamentos
Unem as vértebras, estabiliza a coluna e protege as estruturas subjacentes.
São extremamente inervados.
Musculatura
Localizada ao redor da coluna vertebral, produz e controla todos os movimentos vertebrais e sustenta o tronco.
Hérnia de Disco
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 80% da população mundial sofrem ou já sofreram com dores na coluna. Desses, de 30% a 40% apresentam o diagnóstico de hérnia ou protusão discal.
A maior parte atinge indivíduos entre 30 e 60 anos, sendo na maioria homens.
Nos dias atuais, com o grande avanço tecnológico, esses números estão crescendo. Basta observarmos as posturas utilizadas no uso de celular, tablets, notebook, videogame e computador, e em sua maioria as pessoas adotam posições inadequadas o que aumenta a incidência da doença.
Além do avanço tecnológico, temos o sedentarismo, obesidade, transporte de cargas muito pesadas e má conduta em atividades físicas que podem também causar a hérnia.
Quando há um grande desgaste do disco intervertebral pode ocorrer a ruptura do anel fibroso, o que ocasiona o deslocamento do núcleo pulposo para fora, e geralmente o fragmento do disco que escapa acaba comprimindo alguma raiz nervosa.
Ou seja, a hérnia de disco é um processo de deslocamento da parte interna do disco intervertebral para fora do seu lugar.
Mais comum nas regiões cervical e lombar: cervical por apresentar grande mobilidade e a lombar por suportar grande sobrecarga.
Os sintomas mais comuns da hérnia de disco são:
- Irradiação
- Formigamento
- Parestesia
- Perda de Força Muscular
- Sentidos em Membros Inferiores – quando a Hérnia é na Lombar
- Sentidos em Membros Superiores – quando a Hérnia encontra-se na Cervical
A gravidade dos sintomas depende da compressão dos tecidos adjacentes e quanto maior os sintomas, maior é a gravidade do problema, sendo necessária, algumas vezes, a cirurgia.
Tratamentos
Os tratamentos conservadores são os mais procurados.
Seus objetivos são a analgesia (alívio da dor), aumento da capacidade funcional e o retardamento da progressão da doença.
Inicialmente pode ser indicado repouso absoluto nas duas primeiras semanas junto com o aumento da mobilização assim como um programa progressivo de exercícios, que deve incluir flexibilidade e alongamento.
A realização de exercícios é uma ótima opção para o tratamento da hérnia, uma vez que melhora a mobilidade e estabiliza a coluna vertebral, assim como aumenta a força muscular, melhora coordenação motora e condicionamento aeróbico geral.
O processo cirúrgico é a outra opção para o tratamento de hérnia discal, mas sua indicação ocorre apenas quando não há melhora com o tratamento conservador.
Método Pilates Aplicado à Hérnia de Disco
Cada vez mais os médicos ortopedistas estão indicando o Método Pilates aplicado à Hérnia de Disco para o alívio das dores.
A melhora dos sintomas inicia-se a partir do princípio de estabilização da coluna por meio da respiração associada à contração do powerhouse (músculos profundos do abdômen e de toda a região do quadril, responsáveis pelo suporte da coluna lombar).
Acontece assim um realinhamento da postura, redistribuição adequada da carga no corpo, e desta forma o reequilíbrio muscular.
Durante o tratamento com o método Pilates aplicado à hérnia de disco, ocorre melhora na mobilidade da coluna, fazendo com que as articulações movimentem-se e desta forma mantenham-se saudáveis.
O fortalecimento e alongamento promovidos pela prática do Pilates aumenta a proteção dos discos intervertebrais e o alinhamento postural.
Desta forma os sintomas melhoram, e assim com a diminuição da dor o indivíduo retorna a pratica das AVD’S, assim como atividades físicas e profissionais de uma forma segura.
Os músculos abdominais, principalmente os transversos e os oblíquos, são responsáveis pela pressão intra-abdominal a qual age sob o diafragma servindo como um mecanismo de atenuação das cargas compressivas sobre os discos intervertebrais.
Os exercícios de fortalecimento desta musculatura no Pilates aplicado à Hérnia de Disco melhoram a nutrição do disco, pois aumentam a difusão passiva de oxigênio e diminuem a concentração de hidrogênio.
Uma vez que os exercícios promovem o afastamento das vértebras, devido aos movimentos de alongamento crânio-caudal e a estimulação da correção postural, o Método Pilates aplicado à Hérnia de Disco tornou-se uma das técnicas mais utilizadas para a reabilitação de problemas ortopédicos, principalmente a coluna vertebral e sua estabilização.
Exercícios Indicados para a Hérnia de Disco
A grande maioria dos exercícios do Método Pilates aplicado à Hérnia de Disco, utilizam e movimentam a coluna de alguma maneira e possuem o objetivo de estabilizar um determinado segmento, criando mobilidade em outra parte do corpo, ou mesmo para a mobilidade do próprio tronco.
Sua base na precisão dos movimentos, postura e alinhamento, é o que permite a cada praticante do Método encontrar a sua forma.
Ou seja, a reação equilibrada do corpo com o objetivo de organizá-lo de uma maneira que a coluna permaneça estável, a musculatura abdominal ativada, os membros ativados e suportados, os pés vivos e a respiração seja consciente, uniforme e regular.
Os exercícios do Pilates aplicado à hérnia de disco para o tratamento, devem ser realizados respeitando o alinhamento postural, a fluidez e a precisão do movimento, promovendo assim o conhecimento e a consciência corporal.
Cabe ao instrutor, assim como em qualquer outra atividade, analisar a sobrecarga do exercício para a coluna, sempre respeitando a individualidade de cada praticante.
A seguir, citarei alguns exercícios para a reabilitação de hérnia discal:
- Mobilização da Coluna
- Alongamento Axial com a Bola na Parede
- Mermaid
- Ponte no Solo (podendo ser realizada em três tempos)
- Tower (podendo ser realizado com variação de running – com o objetivo de alongar a cadeia posterior e mobilizar o tracto neural)
- Leg Circle na Meia Lua (trabalho abdominal)
- The Cat em conjunto com o Horse Back
- Alongamento da Cadeia Posterior, Anterior e Adutores (no Cadillac)
- Hamstring com variações
- Pump One Leg com variações
- Uso do Neck Corrector (para crescimento axial e afastamento das vertebras cervicais)
- The Hundred
- Spine Stretch com variações
- Entre outros…
Relato Real
Como fisioterapeuta e instrutora de Pilates, já tratei muitos casos de hérnias discais, tanto cervical como lombar.
Um caso que me marcou, foi a de um senhor de 57 anos que chegou até a clínica que eu trabalho com dor intensa em região lombar, diagnóstico clinico de hérnia discal L5-S1 e com indicação cirúrgica.
Durante a anamnese notei que ele estava sem esperanças no tratamento conservador, uma vez que o médico tinha dito que a chance de cirurgia era de 70%.
A amplitude de movimento estava diminuída, uma vez que flexão e extensão de coluna eram realizadas com dor, assim como flexão, rotação e extensão de MMII. Relatava dor irradiada até a sola dos pés.
Foi então que sugeri o tratamento dentro do Pilates aplicado à hérnia de disco, e ele topou.
Inicialmente eram realizados exercícios de alongamento da cadeia posterior e mobilização da coluna, e então o uso de eletroestimulação para analgesia. Conforme as dores iam diminuindo o programa de exercícios aumentava.
Foram em torno de 60 sessões e então ele retornou ao médico, que realizou novamente os testes físicos e os exames necessários.
Ao retornar para o Pilates aplicado à hérnia de disco, ele me contou que houve uma mudança no quadro clinico, a cirurgia já não seria necessária, não sentia mais dores, já tinha retornado a sua atividade física (ele jogava peteca).
Nesse caso foi quando eu tive a certeza dos benefícios do Método Pilates em pacientes com hérnias discais.
Concluindo…
Para evitar a hérnia de disco deve-se manter o peso ideal e uma rotina de exercícios.
A prática do Método Pilates aplicado à Hérnia de Disco é eficaz, pois promove inúmeros benefícios.
Entre eles reestabelecendo os espaços intervertebrais através do fortalecimento e alongamento, realizando também a dissociação de membros, melhorando a capacidade funcional e o crescimento axial, protegendo o disco intervertebral e gerando a estabilidade da coluna, o que proporciona um maior suporte e assim previne lesões.
Com a prática do Método, o aluno aprende a ter consciência corporal, aprendendo a realizar a contração da musculatura estabilizadora de coluna e obtendo uma melhor postura, pois o Pilates aplicado à Hérnia de Disco promove o alinhamento da postura adequada, desta forma evitando uma crise de dor.
A prática do Método deve ser contínua para que não ocorram crises, mantendo assim a qualidade de vida, sem dor e sem limitação de movimentos.
Movimente-se, ter dor na coluna não significa CIRURGIA, existe uma variedade de tratamentos não invasivos para ajudar na melhora, PILATES é um deles.
Tenho fibromialgia é ermia de disco tenho muitas dores na lombar