Hoje quero dividir com vocês uma das minhas reflexões ao longo de sete anos de trabalho. Reflexões que resultam do amor pela Educação Física, pelo Pilates, por Garuda® e, acima de tudo, pela oportunidade de conduzir as pessoas à melhora da qualidade de vida através do movimento.
Quem nunca teve aquele aluno dedicado, que estuda o Método, lê o livro do Joseph, conhece os exercícios pelo nome, tem poucas dificuldades e restrições e, acima de tudo, desenvolve o amor ao Pilates? Esses clientes se superam todos os dias, conhecem profundamente seus corpos e desenvolveram uma boa consciência corporal. Mas também, passam pelos Studios aqueles que encontram no Pilates uma oportunidade de mover-se, de melhorar suas dores, tornando-se ativos respeitando suas restrições. Para esse público, o instrutor utiliza todo seu conhecimento de base para adaptar o repertório e fazer com o que o Pilates seja acessível a todos.
Para esse último perfil de cliente o Pilates Contemporâneo se encaixa muito bem. Ele permite adaptações e regressões, olhando primeiro para o objetivo do cliente e depois como o exercício pode se encaixar para atender aquelas necessidades. Isso é incrível! Isso torna o Pilates universal.
Ao mesmo tempo, isso pode tomar uma proporção que afaste o cliente do verdadeiro Método Pilates, de sua origem, de sua essência, de sua metodologia. O ambiente do Studio de Pilates não deve ser utilizado apenas para viabilizar movimentos específicos de acordo com as necessidades individuais. Dosar o quanto o ambiente do Pilates está para o indivíduo e quanto o indivíduo está no Pilates é a grande questão.
Esse é um questionamento que por muitas vezes passou pela minha cabeça durante as discussões em equipe sobre estratégias de trabalho. Quantos clientes de Studio realmente fazem Pilates dentro do Studio?
Pense num idoso, cliente da 3ª idade, que precisa muito mais do que apenas adaptações do repertório. Ele precisa de estímulos de equilíbrio em ambientes não familiares, propriocepção, fortalecimento muscular para marcha e atividades de vida diária, etc.
Muitas vezes, esse cliente tem condições de realizar uma boa parte do repertório do Método. Mas, sabendo de suas necessidades, e estando no ambiente do Studio com tantas ferramentas de trabalho, por que não proporcionar experiências motoras que saem do clássico Pilates visando à promoção da saúde?
Por outro lado, acredito na importância de inserir o cliente no produto que ele adquiriu. Devemos ensinar a filosofia, os princípios, os movimentos, os nomes dos exercícios, mantendo-o próximo da essência do trabalho: O PILATES.
E este é o grande ponto! Não afastar o cliente do Método Pilates, mas também não deixar de cumprir com os objetivos da nossa profissão: promoção da saúde integral.
Gostaria de ouvir de vocês, colegas de profissão, como trabalham esse equilíbrio com seus clientes.
Como manter o cliente praticando Pilates e, ao mesmo tempo, atender eventuais necessidades que podem ser atendidas por outras estratégias de movimento?
Eu adoraria ouvir suas experiências.
Olá Viviane! Lí seu texto com muita atenção e gostei muito da sua abordagem. Mas gostaria de pontuar algumas coisas.
Minha pergunta é: porque não adaptar os exercícios do clássico? Quase todos os exercícios básicos/intermediário do Mat e do Reformer são adaptáveis, alguns que não se encaixam com o perfil do cliente/aluno/paciente podemos excluir, pois temos um grande número de exercícios que podemos escolher em outros equipamentos (cadillac, barris, cadeiras) e acessórios (foot corrector, neck stretch, toe stretch, magic circle, etc). Alguns são específicos para trabalhar as dificuldades de forma segura. Se engana quem pensa que o Método Clássico não se adapta a necessidade do praticante! Ao longo de quase 20 anos trabalhando com Pilates (sempre com a linha Clássica) tive e tenho vários alunos idosos, com problemas de coluna, problemas de joelhos, artroses avançadas, amputados, etc e nunca senti necessidade de fazer algo fora do método clássico.
Concordo quando você diz: “Mas, sabendo de suas necessidades, e estando no ambiente do Studio com tantas ferramentas de trabalho, por que não proporcionar experiências motoras que saem do clássico Pilates visando à promoção da saúde?” Não vejo problema nenhum em fazer isso, inclusive utilizando de outras técnicas (que não seja Pilates) mas devemos ter a responsabilidade de explicar para o nosso cliente/aluno/paciente que isso não é Pilates, mas que pode fazer muito bem a ele.
Dentro do método contemporâneo temos trabalhos incríveis, mas alguns se afastaram muito da essência do método original e tornaram -se completamente diferentes. Veja bem, estou dizendo “DIFERENTE” não pior, apenas diferente! Na minha opinião, poderiam ter outro nome, somente isto!
Um grande abraço!
Adriana
Oi Adriana! Obrigada por compartilhar suas ideias comigo.
De acordo com o que você escreveu, percebo que pensamos muito parecido, talvez com nomenclaturas diferentes.
Sim, acredito muito na eficácia de adaptação dos movimentos para todos os públicos. É com isso que sempre trabalhei, visando inclusive um processo didático para fazer o cliente chegar com segurança ao movimento completo. Meus questionamentos são em relação àqueles momentos onde sinto que poderia fazer algo a mais por eles, em prol efetivamente da saúde. Sabe aquele soltura escapular na barra torre do Cadillac? Tem nome clássico pra isso? Mas quem nunca fez? Muitos clientes, precisam de mais momentos como esse dentro do studio.
Como diria uma amiga minha, o Pilates hoje em dia é usado como sufixo para várias outras invenções. Realmente tem muitas técnicas usando o nome como muleta. Não há necessidade de criar nada que exponha o cliente. O método é tão rico por si só.
O repertório, as sequências, a história…sabemos de cor e salteado. O grande desafio é tornar isso acessível de forma segura e respeitosa para cada corpo que vamos mover.
Abraço pra você também!
Só discordo de um ponto: a maioria não conhece o repertório e as sequências, muito menos decor e salteado! Um grande beijo!
Oi Adriana! Tem razão, infelizmente muitos conhecem o método com que trabalham de forma superficial. Mas ainda bem que tem muitos como nós, que trabalham com comprometimento por um Pilates melhor no Brasil.
Obrigada mais uma vez por expor sua opinião.
Abraços!!!
Oi Vivi! Muito bem colocado.
Acredito que alguns anos de prática, nos levam a questionamentos mais profundos como este. Eu “bato na tecla” da essência. O professor que conhece a essência do Pilates, mesmo quando se vê nesta situação (do idoso por exemplo), mesmo fragmentando ou adaptando OS EXERCÍCIOS ORIGINAIS temos condição de ensiná-los com Contrologia. Acredito que o objetivo seja esse: Se movimentar de forma integral, sendo fluido e respirando durante o movimento, pensando em todo conceito de caixa ou power house…Vejo problema quando estes exercícios não existem, é quando o método não foi ensinado ou quando o aluno não sabe o porquê de realizar algum movimento. Ficam movimentos sem sentido e sem razão.
Beijos!
Oi Barbara, obrigada por escrever!
É assim que eu penso. Se você modifica em prol da saúde, de um benefício a se conquistar para que se siga em frente, perfeito! Mas nada de inventar com objetivos meramente ilusórios.
Beijo grande!