Nos últimos anos, ocorreu uma profunda evolução no Método Pilates e sabemos que todo crescimento tem seu preço e a indústria do Pilates não é exceção. Para isso esse texto irá explicar como diversificar suas aulas de Pilates e garantir seus clientes.
A formação acelerada, que muitas vezes ocorre em casos de crescimentos rápido, certamente tem sido empregada também na área de Pilates. A expansão do método levou a uma infinidade de resultados positivos, como a introdução do Pilates em novas arenas, como: academias de ginástica, clubes, programa de treinamento de atletas, entre outros.
Mas, independente de onde o método é aplicado, e independente do número de alunos que estão na aula, o método precisa ser muito bem empregado senão perde suas características e deixa de ser o método criado por Joseph.
Por isso, antes de falar sobre a diversificação das aulas de Pilates, abordo os princípios fundamentais método. Sei que você já os conhece bem mas vamos relembrá-los.
Princípios Fundamentais do Método Pilates
Os princípios fundamentais são essenciais não só para caracterizar o método, mas também para aprimorar a qualidade das aulas de Pilates e melhorar a qualidade de movimento de cada exercício, aproveitando assim todos os benefícios que o método proporciona.
Respiração
A respiração vai além do seu papel fundamental e determinante no funcionamento do sistema respiratório.
Ela pode ser descrita como o combustível do powerhouse, que é o motor que impulsiona o método Pilates. A respiração pode ser vista como sendo do corpo, da mente e do espírito, assim como Joseph a considerava.
Ou seja, a respiração pode servir como um fio que atravessa todos os princípios fundamentais, no sentindo de uni-los.
Concentração
A concentração pode ser definida como o direcionamento da atenção para um objeto único, nesse caso, o domínio de um determinado exercício. O praticante das aulas de Pilates deve realizar o exercício tão corretamente quanto seu nível de habilidade permitir.
Para que isso ocorra é preciso concentração.
Centro
O centro pode ter vários níveis de significado, mas vamos relacioná-los com o core (núcleo) e com os músculos do core. No método Pilates é conhecido como powerhouse.
Ele pode ser descrito como a área entre a parte inferior da caixa torácica até uma linha que liga as articulações do quadril anteriormente à base das nádegas posteriormente.
Joseph colocou grande ênfase no powerhouse, considerando-o um centro físico do corpo a partir do qual todos os movimentos de Pilates devem originar-se. Muitos exercícios do método Pilates são projetados para fortalecer o powerhouse e mantê-lo funcionando de forma consciente ao longo de um exercício.
Controle
O controle é a regulamentação da realização de uma determinada ação. Refinar o controle é inerente a dominar uma habilidade.
Ao realizar um exercício pela primeira vez, a pessoa precisa usar o controle, mas, conforme a habilidade aumenta, esse controle será mais refinado durantes as aulas de Pilates.
Precisão
É a maneira exata que uma ação é executada.
Muitas vezes o que difere um exercício de Pilates de outros é a forma como ele é executado. Quanto maior a precisão, maior é a probabilidade de que o objetivo seja atingido e maior é o benefício de fazer o movimento.
Por isso a importância do instrutor ter bons conhecimentos de anatomia.
Fluxo
O fluxo é uma continuidade suave e ininterrupta de movimento. O fluxo exige uma profunda compreensão do movimento e incorpora a ativação e o controle do tempo.
Para Romana Kryzanowska, Pilates é o “movimento que flui a partir de um centro forte”. Como a proficiência do movimento se desenvolve a partir de uma extensa prática, cada movimento e cada sessão das aulas de Pilates devem manter um fluxo.
Como Diversificar as Aulas de Pilates sem perder a Essência do Método?
Fique calmo! A resposta não é tão difícil assim. E, para mim, está dentro do próprio método.
A primeira observação que faço é para que você pare de procurar cursos, vídeos e fotos que simplesmente aumentam o seu repertório de exercícios dentro das aulas de Pilates.
É claro que é muito importante aprender movimentos novos. Mas, mais importante que isso é entender a essência do método Pilates para poder diversificar e, aí sim, criar um repertório de exercícios que condiz com o método em si.
Por isso sugiro cursos que fazem com que o instrutor entenda os benefícios dos movimentos, estude a musculatura trabalhada e com isso crie aulas mais dinâmicas e diversificadas.
Mostro a seguir algumas maneiras que uso para diversificar minhas aulas de Pilates. Vamos lá?!
Diversificando o MAT Pilates
Para iniciar vamos pensar em um aluno intermediário. Ou seja, ele já sabe alguns movimentos e precisa evoluir para exercícios mais avançados. Para isso vou desconstruir alguns exercícios do repertório dos 34 clássicos criados por Joseph.
1) Push Up
O exercício push up, além de exigir um pouco mais de força e controle, é um exercício longo. Então, fica fácil desmembrá-lo. Ou seja, vamos fazendo cada parte do exercício como se fosse um exercício único. Depois juntamos tudo e construímos o exercício completo.
Parte 1: Rolamento em Pé e Caminhada para Prancha
- A posição inicial do exercício é em pé, como o original
- A execução começa com rolamento para frente até que as mãos toquem o solo.
- A seguir, caminhe com as mãos para frente até atingir a posição de prancha.
- Volte caminhando para trás e desenrolando até voltar à posição inicial.
- Repita esse movimento algumas vezes.
Parte 2: Prancha
- Para treinar o controle e fortalecer ainda mais o core, é preciso treinar prancha.
- Coloque o aluno na posição de prancha para que você possa fazer possíveis correções posturais.
- Após as correções marque alguns segundos nessa posição.
- Repita algumas vezes até que o aluno consiga executar sozinho na posição correta.
Parte 3: Flexão
- A flexão é um movimento que exige além do controle, muita força de braço.
- Lembrando que originalmente, no exercício push up, a flexão é com o cotovelo fechado.
- Ou seja, acionando a musculatura do tríceps.
- Se seu aluno não consegue executar a flexão corretamente, comece fazendo o movimento com os joelhos no chão.
- Depois vá evoluindo.
Parte 4: Elefante
- O elefante é um exercício muito conhecido em vários métodos.
- Na ioga, por exemplo, seu nome é cachorro.
- Dentro do Pilates já vi vários nomes para o mesmo movimento.
- Mas, aqui vou usar elefante.
- Partindo da posição de prancha, eleve o quadril em direção ao teto, alongue as costas forçando para os calcanhares tocarem o chão.
- Repita varias vezes esse movimento.
Veja só, com um único movimento, conseguimos realizar quatro exercícios diferentes. Se você avaliar que seu aluno está apto para o movimento completo. Você tem cinco exercícios diferentes, partindo de um.
Parte 5: Push up Completo
Pensando em um aluno avançado. Proponho uma sequencia de movimentos.
Sequência de Exercícios:
- Leg Pull Front
- Elefante
- Side Kick Kneeling
- Side Bend
- Prancha
Repete para outro lado. Ficaria assim:
- Quanto ao número de repetições, sugiro três repetições de cada movimento. E cinco repetições da sequência completa.
Diversificando nos Aparelhos de Pilates
Para diversificar suas aulas de aparelhos, proponho alguns exercícios e sequências de movimentos.
Cadilac
Para o cadilac escolhi um exercício que trabalha membros superiores e pode ser um educativo para uma posterior flexão na barra.
Posição Inicial: Aluno sentado na barra torre (presa por duas molas fortes), sem tocar os pés no chão.
Execução: subir a barra realizando flexão dos cotovelos. Segurar o movimento na volta e não tocar os pés no final do exercício.
Para sequência de movimentos nesse aparelho, continuei usando a barra torre e molas pesadas.
Sequência: Ponte, extensão dos joelhos em ponte, flexão dos joelhos voltando para posição de prancha, flexão e extensão do quadril mantendo a ponte e o joelho da perna de base estendido, bicicleta mantendo a ponte e o joelho da perna de base estendido.
Defina o número de repetições ideal de cada movimento e da sequência completa para seu aluno. Eu sugiro, uma repetição de cada movimento e cinco vezes a sequência toda.
Reformer
Para o Reformer adaptei a famosa flexão de Braço em cima do aparelho. A intensidade das molas irá determinar se o aparelho vai auxiliar seu aluno ou desafiá-lo um pouco mais. Escolha a opção que você acha melhor.
Posição Inicial: Em pé, com as mãos apoiadas na barra, os pés apoiados no apoio de ombros emburrando o carrinho para longe sem perder a posição neutra da coluna.
Execução: Flexionar os cotovelos trazendo o carrinho para frente.
Para a sequência de movimentos proponho Jack Knife, Tesoura com a pelve elevada e Teaser. Novamente a intensidade das molas depende do que você optar para seu aluno. O número de repetições também. Eu proponho um movimento de cada e cinco vezes a sequência completa.
Barrel
Para o Barrel escolhi uma sequência de movimentos para trabalhar as extensões da coluna, os membros superiores e dissociação de membros.
São eles: Flexão de cotovelo, Dissociação em decúbito ventral e Extensão do quadril em decúbito ventral. Para essa sequência eu proponho cinco repetições de cada movimento e três vezes a sequencia toda.
Spine Corrector
Não são todos os alunos que gostam desse aparelho. Mas também tenho uma sequência para ele. Flexão tríceps, Leg Pull Front, The Hip Twist e Leg Pull. Assim como no barrel, também faço a sugestão de cinco repetições para cada movimento e três vezes toda sequência.
Chair
Para a Chair, proponho um exercício similar ao afundo realizado no treinamento funcional. A intensidade das molas vai depender do condicionamento físico do seu aluno, quanto menor a intensidade, mais difícil fica o exercício.
Posição inicial: Em pé em cima do aparelho, de costas para as barras, um pé apoiado na cadeira e outro no degrau. Uma das mãos à frente do tronco e a outra apoiada na barra.
Execução: descer o degrau sem tocar o chão, voltar resistindo ao movimento e sem ajuda do braço que está na barra. Se o aluno conseguir, realizar o movimento sem apoio do braço na barra.
Sequência de exercícios para ativação de glúteos e estabilização da pelve.
Para a sequência na chair usei o exercício de pulsão do degrau em decúbito dorsal, com as plantas dos pés unidas e os joelhos separados (a famosa borboleta).
Normalmente faço três movimentos nessa posição, em seguida mantenho o degrau baixo, acionando ainda mais o trabalho dos glúteos e realizo três extensões do joelho para o lado e depois com o outro. Retorno e repito essa sequência cinco vezes.
Concluindo…
Sabemos que não é fácil diversificar as aulas de Pilates. Mas usando a criatividade baseando-se nos fundamentos de Pilates, conseguimos diversificar nossas aulas.
Meu objetivo nesse artigo é dar algumas sugestões de exercícios que eu uso aqui e despertar sua criatividade para criar os seus preferidos.
Lembre-se de treinar os exercícios antes de passar para seu aluno.
Maravilhoso!!!
Com certeza esse conteúdo ajudará muito 😍👏
Que bom que você gostou dessa matéria Andréa! Continue acompanhando o blog para ficar ligada nas melhores dicas sobre Pilates!