Você sabe porque o comando verbal é muito importante no Pilates Clássico?
O comando de voz é uma das principais ferramentas do professor de Pilates Clássico, e deve ser utilizada com 100% de sua capacidade – sempre clara e motivante, com troca de tons, para manter a atenção do aluno durante a aula.
Mas o sucesso do comando verbal não depende só da voz pois, antes de aplicar essa ferramenta, o professor deve entender o exercício através da leitura corporal incorporada através da prática constante do Método Pilates no próprio corpo.
O Pilates Clássico
Existem algumas diferenças da abordagem do Pilates Contemporâneo em relação ao Pilates Clássico.
O comando verbal pode ser utilizado em ambas vertentes, mas é no Pilates Clássico que ele é praticado em praticamente todos os exercícios.
Isso porque na escola Clássica o instrutor não demonstra o exercício, ele apenas conduz a aula com o comando verbal.
Entretanto, esta habilidade se desenvolve com a experiência do instrutor, e principalmente baseada na própria experiência prática dele com os exercícios.
Segundo Shari Berkowitz, o Método Clássico é definido como:
“Um método que trabalha com os exercícios que Joseph Pilates utilizava na mesma ordem para o Reformer e o Mat, e com a mesma finalidade.”
Os exercícios que compõem o Pilates Clássico são aqueles que foram aprovados ou criados por Joseph Pilates. Quando alguém se denomina instrutor de Pilates Clássico, ele automaticamente diz que só ensina os exercícios clássicos e abstêm das variações do Pilates Contemporâneo.
Um professor de Pilates Clássico pode até criar uma modificação para auxiliar no treinamento um cliente, porém futuramente ele poderá passar a versão ideal do exercício. O diferencial é que esse instrutor nunca irá afirmar que este é um exercício criado por Pilates.
Agora que já entendemos a escola Clássica vamos refletir:
Por que alguns professores conhecem exercícios de Pilates Clássico enquanto outros dominam. Qual é a diferença?
Conhecer o exercício
O instrutor já viu ou praticou algumas vezes, mas não tem certeza se aplica o movimento totalmente certo.
Ele pode até seguir os passos e seguir todos os princípios do Método mas não sente a segurança de ensinar para seus alunos o exercício, já que não o realiza com maestria.
Dominar o exercício
O instrutor já praticou muitas vezes e conhece o exercício de trás para frente, com informações técnicas precisas e incorporadas.
Nesse caso, ele terá a solução para qualquer possível dúvida sobre o movimento e, portanto, se sente confiante para ensinar o Pilates Clássico para seus clientes, sabendo inclusive diferenciar as duas escolas.
Romana Kryzanowska e o comando verbal
Romana Kryzanowska foi uma grande bailarina que após uma lesão, encontrou no método desenvolvido por Joseph o tratamento. Após sua reabilitação, Romana começou a instruir os ensinamentos do Pilates para outras pessoas.
Romana já dizia em seus cursos que um professor está preparado para ensinar após realizar 100 vezes o exercício.
Compreendendo o pensamento da maestra, um bom professor do Método Pilates entende que, para aplicar corretamente o comando verbal, o profissional deve ter praticado muito os exercícios que se propõe a ensinar.
O comando verbal foi criado para orientar e direcionar a atenção dos alunos do Método Pilates nos pontos e imagens mais importantes e para a execução técnica dos exercícios, evitando a demonstração.
Assim, usufruímos dos benefícios da Contrologia, aprofundando a técnica na mente e no corpo do praticante. Embora o profissional pratique quase diariamente o Método Pilates, ele não deve demonstrar exercícios para os alunos.
Mas, podemos fazer o exercício juntamente com os alunos?
Alguns professores sustentam a tese que a maior parte dos praticantes é visual, ou seja, tem mais facilidade para aprender através da demonstração.
E é fato que, até hoje, não foi apresentado outras formas eficazes de entender um exercício se não a cópia dele.
Então o Método Pilates, juntamente com o comando verbal, chegou para quebrar paradigmas em relação a forma de aplicar o exercício.
Um bom professor de Pilates pode aplicar o repertório de exercícios que Joseph Pilates criou numa aula personalizada ou em grupo sem demostrar sequer um exercício.
Podemos ilustrar o comando verbal com um exemplo muito simples:
Exercício
Sentar corretamente na cadeira onde você se encontra agora:
Posição Inicial
Una as pernas (joelhos e tornozelos) e apoie as plantas dos pés no solo, mantendo a coluna ereta na posição vertical;
Ação
1 – Pressione os pés contra o solo com a ideia de se levantar (mas não se levante) e sinta que os ísquios se aproximam, então sente-se sobre eles.
2 – Direcione o ápice de sua cabeça contra o teto aumentando o espaçamento entre as vertebras gerando assim o alongamento axial.
Nesse momento estaremos ativando nosso assoalho pélvico e estimulando o Power House com a ativação do transverso abdominal.
3 – Procure sentir quais músculos trabalham para manter essa posição.
Vejam a riqueza em detalhes que é utilizada para que o praticante realmente sinta o que está fazendo.
Também percebemos a eficácia incrível desta ferramenta, com o papel de direcionar o praticante ao posicionamento desenhado acima – isso mesmo, desenhado!
Concluindo…
O professor de Pilates é considerado um artista, e desenha uma obra diferente em cada aula com alunos diferentes. Para alguns alunos ele utiliza mais o verde, para outros muda o pincel e usa um pouco mais de vermelho e assim por diante.
É normal que o cliente tenha se acostumado a aprender olhando o exemplo do instrutor, mas existem situações que essa interação pode ser prejudicial para o aprendizado do aluno.
Ao demonstrar um exercício, o instrutor pode cometer falhas na execução, de maneira inconsciente, fazendo com que o aluno copiador entenda essa falha como parte do exercício.
Ensinar Pilates nunca ficou tão fácil e eficaz através dos comandos verbais. Tente aplicar essa abordagem e nos conte aqui suas experiências!