A DPOC ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ganhou grande destaque nos últimos anos, devido à conscientização do tamanho de sua importância como fator de morbidade e mortalidade.
Aqui no Brasil esta patologia ocupa o quinto lugar no ranking em causas de morte e 290 mil internações.
Mas o que é Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica?
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma enfermidade que leva a obstrução crônica do fluxo aéreo de forma progressiva, de uma forma mais simples, o pulmão perde a elasticidade e a inspiração torna-se mais difícil.
É uma patologia que pode ser prevenida e tratada, mas não totalmente reversível. A obstrução deste fluxo aéreo está associada à inalação de partículas ou gases tóxicos que levam a inflamação anormal dos pulmões.
Segundo o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica está incluso no quadro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, Enfisema Pulmonar e Bronquite Crônica, excluindo Asma, bonquiectasias, bronquiolites, pneumoconiose ou qualquer doença parenquimatosa.
Sintomas e Consequências
As atividades de vidas diárias de pacientes com DPOC apresentam consequências agravantes, reduzindo a qualidade de vida, capacidade funcional respiratória e o condicionamento físico.
Os Sintomas Envolvem:
- Tosse
- Produção de Expectoração
- Mudança na Cor do Muco
- Dispnéia ao Esforço
- Dispnéia sem Esforço
- Aperto no Peito
- Confusão
- Sonolência Excessiva
- Lábios e Unhas Azulados
- Perda de Peso
O Individuo que sofre com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica apresenta maior risco para:
- Infarto do Miocárdio
- Angina
- Osteoporose
- Infecções Respiratórias
- Fraturas
- Depressão
- Diabetes
- Anemia
- Glaucoma
- Distúrbios Relacionados ao Sono
Fatores de Risco para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
O fator de risco mais importante hoje que causa a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é a fumaça do tabaco, sendo cigarro, cachimbo, ou qualquer outro meio popular de uso do tabaco em outros países.
O fato de não ser fumante, não livra você de ser um individuo portador de DPOC, pois a exposição passiva a fumaça do cigarro, já é o suficiente para a contribuição de sintomas respiratórios e para a própria DPOC.
Assim também como Poeira ocupacional, produtos químicos ocupacionais (em casos de exposições intensas ou prolongadas); fumaça a lenha, infecções respiratórias grave na infância e condições socioeconômicas.
Diagnóstico
O diagnóstico se inicia pela anamnese realizada com o paciente, na qual o mesmo apresenta os sintomas e relata contato com os fatores de risco, principalmente a fumaça do cigarro.
Sendo assim, devemos avaliar se a tosse ocorre de forma intermitente ou todos os dias; com frequência ao longo do dia; ou raramente apenas noturna.
Qualquer forma crônica de produção de expectoração é um indicativo de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; episódios recidivos de bronquite aguda e analisar se a dispneia é progressiva, persistente e se piora com os exercícios.
Independente da anamnese o diagnóstico deve ser confirmado por meio da expirometria, na qual são avaliados os valores de Capacidade Vital Forçada e Volume expiratório forçado no primeiro segundo.
A diminuição do valor de volume expiratório forçado caracteriza o paciente com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, e o grau de anormalidades espirométricas caracteriza a gravidade da mesma.
O Método Pilates e a Respiração
O Método Pilates é uma excelente ferramenta de reabilitação nas mãos de um Fisioterapeuta, seus benefícios são diversos e as contraindicações são quase nulas (e ainda assim estas não impedem a aplicação do método, apenas exigem alguns cuidados a serem tomados).
Como já sabemos, temos como vantagem dentro do Método a estimulação da circulação e oxigenação do sangue, aumento da capacidade cardiorrespiratória, e ganho de flexibilidade.
Assim como diminuição das tensões, o alinhamento postural, melhora do condicionamento físico e coordenação além do aumento da conscientização corporal envolvendo equilíbrio e propriocepção.
Segundo Joseph Pilates, os benefícios gerados pela técnica, estão totalmente relacionados à forma com a qual os exercícios são executados.
O fator primordial no início do movimento de cada exercício é a respiração, e a mesma fornece à coluna o alinhamento adequado e o recrutamento dos músculos estabilizadores profundos da coluna na sustentação pélvica.
O objetivo do Método é fazer com que o indivíduo execute os exercícios ativando o Powerhouse (que envolve musculatura do assoalho pélvico, flexores e extensores da coluna e diafragma) juntamente com a força e flexibilidade para a realização dos movimentos e ainda coordenando a respiração como uma forma de “marcação” de tempo.
Para Joseph Pilates, o powerhouse (“Casa” ou “Centro” de força) nada mais é do que a capacidade de coordenar a mecânica respiratória com a sinergia dos músculos abdominais (que ele acreditava ser a fonte de energia muscular para todo nosso corpo), multífidos e períneo.
Partindo do princípio que o Método Pilates utiliza um padrão respiratório durante cada exercício, e que este padrão preconiza a expansão da caixa torácica evitando assim a expansão do abdômen, podemos afirmar que existe um aumento do espaço intercostal, favorecendo a expansão pulmonar e por consequência os volumes pulmonares.
Podemos pensar desta forma, uma vez que o exercício exige uma inspiração profunda e uma expiração máxima.
Durante a execução dos exercícios realizamos o movimento de retroversão da pelve, e este por sua vez, realiza o alongamento do principal músculo inspiratório: o Diafragma, este alongamento se dá pela localização de sua inserção.
Afirma-se que o alongamento resulta de força muscular em casos específicos, então podemos afirmar que existe um aumento de força do músculo diafragma.
Logo, partimos da hipótese que o uso do Método Pilates proporciona mobilidade toracoabdominal, força muscular respiratória, melhorando a função pulmonar.
Método Pilates e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Como dizia Joseph Pilates:
“Mesmo que você não siga nenhuma das outras instruções, aprenda a respirar corretamente”
Pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, geralmente são resistentes aos exercícios devido à fadiga nos membros inferiores diminuído assim o desempenho em suas atividades.
A atividade física de qualquer origem tem um grande impacto na vida de pessoas com problemas respiratórios, melhorando a função cardiovascular, o sistema ventilatório, o aumento de resistência e força muscular.
Um estudo da Revista Fisioterapia Brasil afirma que os pacientes com doenças pulmonares crônicas possuem menor risco de internações hospitalares e mortalidade se realizarem, de forma regular, algum tipo de atividade física.
O instrutor de Pilates deve orientar e conscientizar seu paciente ao respeito do padrão respiratório ser o ponto chave de seus atendimentos, uma vez que o objetivo seria o fortalecimento da musculatura respiratória e a melhora do padrão respiratório.
A respiração proposta pelo Método Pilates deve ocorrer da seguinte maneira: Uma inspiração profunda torácica, expiração do tórax, tórax inferior e abdômen.
Este ciclo respiratório deve ser coordenado junto à execução muscular, favorecendo a oxigenação tecidual e a ventilação pulmonar.
O Método Pilates pode ser uma ferramentas eficaz para o fisioterapeuta na reabilitação de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, quando aplicado de forma correta baseando-se nos seus princípios e respeitando os limites dos pacientes.
Exercícios do Método Pilates para DPOC
Antes de iniciar os exercícios, devemos trabalhar a conscientização corporal deste individuo, para que a respiração ocorra de forma correta.
Solicite ao paciente que deite em decúbito dorsal, coloque as mãos na barriga, e peça para que ele inspire pelo nariz de forma que o abdômen não sofra expansão, somente o tórax.
Ao realizar a expiração o paciente deve iniciar o processo de cima para baixo, como se houvesse uma “onda” que sai do peito em direção à barriga. A inspiração deve ser profunda e a expiração de forma lenta e controlada.
Em casos de dificuldade de compreensão, podemos colocar o individuo em frente ao espelho, posicionando uma faixa elástica ao redor do abdômen de modo a realizar determinada resistência, e solicitar que o mesmo realize a inspiração de forma profunda, assim percebendo a resistência em seu abdômen.
Após algumas repetições desta “conscientização da respiração”, podemos passar ao individuo os exercícios, mas sempre respeitando as limitações de cada individuo, e realizando adaptações quando necessário.
Segue alguns exemplos de exercícios da serie clássica do Método Pilates:
Bridge
Em decúbito dorsal, com quadril e joelhos flexionados e alinhados, voltando a palma da mão para cima favorecendo a rotação externa dos ombros para “abrir” o peito.
Realizar a extensão do quadril ao inspirar, e realizar o retorno durante a expiração vértebra por vértebra, sendo o glúteo o ultimo a retornar.
Roll Up
Em decúbito dorsal, pelve e coluna neutra, membros alinhados, realize uma inspiração enquanto eleva os braços.
Durante a expiração realize a flexão da coluna passando pelo “imprint”.
Inspire com a coluna flexionada, expire rolando o tronco para trás vértebra por vértebra, estendendo a coluna até retornar à posição inicial.
Swan
Em decúbito ventral, apoiar as palmas das mãos no chão na direção dos ombros com os cotovelos fechados.
Alinhar os membros inferiores unidos, e os calcanhares devem permanecer unidos.
Durante a inspiração, inicie uma leve extensão da coluna empurrando o chão.
Expire enquanto retorna à posição inicial.
The saw
Sentado com a coluna ereta, pelve neutra e ombros abduzidos, realize uma inspiração enquanto realiza a rotação da coluna, mantendo a pelve fixa.
Durante a expiração leve a mão em direção ao quinto dedo do pé contralateral como se fosse serrar-lo realizando a flexão da coluna.
Durante a nova inspiração retorne à posição inicial e realize do outro lado.
Spine Stretch
Sentado com a coluna ereta, membros superiores à frente do corpo e joelhos estendidos.
Durante a inspiração “crescer” como se fosse alcançar o teto com o topo da cabeça.
Durante a expiração realizar um “c” com a coluna, flexionando-a, levando o queixo em direção ao peito (realizar expiração completa).
Ao inspirar novamente desenrole a coluna voltando na posição inicial.
Concluindo…
“Respirar é o primeiro e ultimo ato da vida. Nossa vida depende disso. Visto que não podemos viver sem respirar, é tragicamente deplorável contemplar os milhões e milhões que nunca aprenderam a dominar a arte de respirar corretamente…”
Joseph Pilates