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Que a ansiedade é considerada o mal do século acho que já estamos saturados de saber, mas acredito que a importância de direcionarmos nossa atenção para as medidas preventivas deste problema ficaram ainda mais evidentes no período de pandemia. 

O cenário atual é carregado de incertezas nas mais diversas áreas de nossa vida: qual será a dimensão do que estamos vivendo? Meus familiares e eu estamos seguros? Como fica meu emprego? Quando será que irá acabar? Vou poder voltar à minha rotina normal? E assim por diante.

Desta forma, até mesmo as pessoas que possuem um bom histórico de inteligência emocional podem encontrar dificuldades na tratativa destas situações. Imagine então aqueles que já apresentam os quadros típicos de ansiedade sejam eles pontuais ou contínuos.

Você sabia que o Pilates no controle da ansiedade pode ser um ótimo aliado? Então continue lendo esta matéria e confira! 

Pilates X Yoga

Em meu contato com os alunos tenho recebido diversos relatos de crises de ansiedade traduzidas também em desconfortos musculares. Neste contexto, a pergunta que mais ouço é: devo procurar outra prática como o yoga para me auxiliar neste momento?

Vejam bem, a Yoga é uma prática amplamente difundida e que vem ganhando cada vez mais notoriedade devido seus efeitos benéficos no controle de emoções e sensações. 

No entanto, não devemos esquecer que além do Método possuir raízes que o tornam intimamente ligados a Yoga  (dado que esta foi uma das filosofias utilizadas para o desenvolvimento da rotina de exercícios de Joseph), ele ainda possui efeitos específicos no sistema músculo esquelético dado seu caráter funcional e terapêutico. Portanto, não há dúvidas de que o Pilates no controle da ansiedade pode colaborar com o tratamento dos pacientes. 

Assim, aconselho que, caso seu aluno precise de ajuda especializada, não exite em encaminhá-lo, contudo, perceba se este não é o seu momento de oferecer maior contribuição através da compreensão mais íntima da dor por ele apresentada.

Vamos entender o mecanismo da ansiedade?

A ansiedade decorre usualmente da identificação de um perigo que pode ser real ou imaginário e que desperta reações em nossa amígdala que responde então com nossa resposta primitiva de preparo para luta ou fuga. 

Este processo é acompanhado da excreção de hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol que colocam então nosso organismo em estado de alerta. Esse sistema de preparo gera uma série de repercussões físicas sendo, as mais comuns, listadas a seguir:

  • Aumento do ritmo respiratório;
  • Aumento do batimento cardíaco (com o intuito de oferecer maior aporte sanguíneo à musculatura envolvida no sistema de resposta);
  • Aumento da pressão arterial;
  • Aumento da tensão muscular (preparo do sistema musculoesquelético para as respostas de enfrentar ou fugir).

A longo prazo, este processo pode gerar ainda dores físicas pontuais ou difusas, quadro inflamatório e sensação de fraqueza ou cansaço (afinal seu corpo está realizando uma série de ajustes bruscos de forma constante). 

Além disso, é bastante comum observamos a existência de um ciclo vicioso no qual ansiedade gera tensão, que por sua vez gera dores e, devido à dor o indivíduo recorre a um quadro de sedentarismo sendo que, este retroalimenta o sistema de ansiedade, dor e tensão.

Como posso observar estes sinais em meu aluno?

O quadro doloroso gerado pelas crises de ansiedade nem sempre são de fácil diagnóstico dado que assemelha-se muito aos sintomas observados em demais acometimentos, como a fibromialgia e quadros extremos de estresse, como o burnout, por exemplo.

Por isso, antes de estabelecer o diagnóstico, é importante descartar previamente acometimentos essencialmente físicos/músculo esqueléticos. 

Na ausência de sinais que justifiquem o quadro doloroso, pode-se realizar uma investigação mais criteriosa através da anamnese e até mesmo utilização de checklists de auxiliem na caracterização do desconforto, qualidade de vida ou ainda avaliação de carga cognitiva empregadas nas atividades de trabalho e vida diária (checklists amplamente aplicados na área de ergonomia como LIPP, Rosa, Job Stress Control, WHOQOL).

O aluno também deve participar ativamente deste processo sendo inserido nos processos de caracterização das respostas fisiológicas à ansiedade, assim, pode-se solicitar  que:

  • Evite a automedicação sobretudo de relaxantes musculares que podem descaracterizar o quadro doloroso prejudicando assim o diagnóstico;
  • Busque ajuda especializada, caso seja necessário;
  • Observe os sinais oferecidos pelo corpo: caso haja crises, solicite que o aluno perceba a frequência das mesmas, os gatilhos para que elas ocorram e quais a as respostas do corpo a estes momentos. Solicite que ele observe e anote em um caderninho para que seja discutido e avaliado posteriormente.

Pilates no controle da ansiedade

Como o Pilates no controle da ansiedade pode ajudar meu aluno que sofre de crises?

Após a realização de um bom processo de diagnóstico torna-se importante o alinhamento claro com o aluno a respeito dos objetivos de seu atendimento. 

Acredito que o diálogo seja fundamental para o estabelecimento de uma relação de confiança entre profissional e paciente a fim de evitar que as expectativas do atendimento sejam nova fonte criadora de ansiedade.

A contribuição do Pilates no controle da ansiedade se dá sobretudo à utilização de:

  • Técnicas de respiração que trazem a atenção do aluno ao momento presente além de auxiliar na modulação das respostas fisiológicas do corpo ao exercício físico. Pode-se inclusive incorporar às aulas momentos exclusivos de atenção à respiração associando-os à técnicas de escaneamento corporal, por exemplo, que auxiliem assim na percepção também do corpo durante a prática;
  • Liberação de endorfina e serotonina durante a realização dos exercícios em intensidade moderada/alta;
  • Relaxamento muscular das estruturas corporais sobrecarregadas durantes as crises ou picos de estresse. Recomenda-se neste casos, a finalização das aulas com uma boa sequência de alongamento e mobilização de todos os segmentos corporais a fim de garantir a sensação de relaxamento a todos as articulações;

Além disso, o Método apresenta ainda ganhos secundários relacionados aos efeitos psicológicos do exercício, pode-se citar: o conforto da aquisição de uma nova rede de apoio/relacionamento; mudança do foco de atenção; melhora da auto imagem e satisfação relativa ao autodesafio.

Conclusão

Recomenda-se por fim que o Pilates no controle da ansiedade evite a criação de ambientes eufóricos durante estas práticas. 

Portanto, para que o treino seja ainda mais positivo, aconselha-se a organização do ambiente do aula (algumas pessoas são extremamente visuais e a desorganização pode ser um gatilho para a ansiedade); a utilização de músicas em ritmos e volumes adequados e a execução dos exercícios de acordo com as diretrizes do Método, de forma clara e fluida.

Desejo que você tenha boa sorte no atendimento destes pacientes e que, seu Studio seja sempre referência de calmaria e bem estar para todos que por ali passem.


























Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

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