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O Pilates é uma filosofia com pilares fortes e já bem estabelecidos. Por este motivo, e juntamente com toda gama de benefícios proporcionados, vem atraindo cada vez mais adeptos, com os mais diferentes distúrbios neurológicos, condições musculoesqueléticas e objetivos a se alcançar.

‏Dentre os diferentes tipos de populações que têm procurado esta modalidade de atividade, posso destacar, pela minha rotina de trabalho e por atuar com Pilates há mais de 5 anos, as pessoas com distúrbios neurológicas e consequentes disfunções neuromusculares provenientes delas.

‏Mas será que realmente é possível melhorarmos algum aspecto deste paciente através do Método Pilates?

‏Entendendo os distúrbios neurológicos

Primeiramente, precisamos entender bem como funciona a fisiopatologia em questão e as possíveis anormalidades do tônus muscular e do movimento que a disfunção pode acarretar.

Precisamos definir com clareza os objetivos almejados, tanto para o paciente quanto para nós, profissionais. Além de entender e aceitar que existem objetivos viáveis e possíveis de serem alcançados e outros que são difíceis e mais distantes, com base no que encontramos na literatura.

Dentro do grupo de patologias neurológicas existentes, podemos citar os acidentes vasculares encefálicos, os traumatismos cranianos, as lesões medulares, as lesões nos nervos periféricos, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson, as doenças do neurônio motor, polineuropatias e distúrbios musculares.

Todas essas patologias apresentam as mais diversas alterações neuromusculares.

Apesar de cada uma ter sua especificidade, podemos encontrar alterações comuns, como mudanças de tônus muscular, diminuição de força e flexibilidade, déficit do controle motor, alterações no equilíbrio (estático e dinâmico), desequilíbrios musculares acarretando alterações posturais e de movimento.

E não só isso, além de tais modificações, também pode existir problemas cognitivos como déficit de atenção, memória, percepção, linguagem e funções executivas.

Todas as mudanças citadas, tanto na mente quanto no corpo, e independente da intensidade com que elas se manifestam, levam à diminuição da qualidade de vida da pessoa acometida, em função do medo e da diminuição da independência física desta nova condição.

‏Não irei discorrer sobre cada patologia e sintoma que possa existir, mas acredito em alguns pormenores importantes para conseguirmos atender um paciente com esses distúrbios neurológicos utilizando o Método Pilates.

Pilates e distúrbios neurológicos: comunicação é essencial

Quando falamos em processo de recuperação funcional, não podemos esquecer que o mesmo depende da capacidade do paciente de compreender as instruções recebidas e da habilidade do instrutor de se fazer entender de forma clara e didática.

Precisamos conseguir estabelecer uma forma eficiente de comunicação. Para isso, a linguagem do aluno/paciente – como capacidade de compreender, elaborar e emitir recursos, mesmo que de maneira não tão apurada, deve estar preservada.

Avaliação e postura

Sabemos que no Método Pilates não existe um padrão de avaliação adotado. Mas isso não significa que a mesma não deva ser feita, muito pelo contrário.

Defendo a ideia de que a avaliação ajuda a verificar os objetivos para aquele aluno ou paciente e a nortear nossa rotina de aula/atendimento.

Para este tipo de pessoa com distúrbios neurológicos que busca o Pilates como forma de reabilitação ou manutenção da qualidade de vida, dentro de suas reais condições, devemos utilizar testes específicos para quantificar e qualificar nossa análise inicial.

Quando fazemos um exame físico geral deste paciente, devemos olha-lo como um todo, e não somente a uma estrutura afetada por uma determinada lesão que manifesta uma incapacidade, como uma hemiplegia, por exemplo.

Nestes casos, como em tantos outros, a Avaliação Postural deve ser realizada. Por definição, “postura é o modo como o indivíduo se apresenta no espaço e é determinada pelo equilíbrio dinâmico do sistema neuromusculoesquelético.”2

Uma boa postura se apresenta quando temos um melhor rendimento funcional com um menor gasto energético. Qualquer coisa diferente disto é considerado alteração postural.

Posso afirmar que a maioria desse perfil de paciente, se não suas totalidades, apresentam alterações posturais, mais leves ou graves e podem se beneficiar da prática do Método para reduzir os danos e/ou diminuir a velocidade da degeneração proveniente da patologia.

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Posso afirmar que a maioria desse perfil de paciente com distúrbios neurológicos, se não suas totalidades, apresentam alterações posturais, mais leves ou graves.

Estimulando o paciente com distúrbios neurológicos com Pilates

Por mais que exista uma lesão encefálica pré-estabelecida, os estímulos são importantes para o processo de reabilitação, porém esses estímulos devem vir de forma correta.

O Pilates, com todos os seus princípios e a busca por um alongamento axial constante e a ativação de musculaturas muitas vezes “adormecidas”, faz com que esse perfil de paciente se beneficie com sua prática.

“O Método Pilates ajuda a restaurar a boa postura, alinhamento vertical do corpo, corrigindo os desequilíbrios musculares, melhorando a flexibilidade e fortalecendo os músculos posturais”

E não falo somente da parte motora, mas a questão da alteração cognitiva também. Embora não exista um consenso na literatura, diversos estudos mostram que o exercício físico melhora e protege a função cerebral.

Concluindo…

O princípio da concentração, tão solicitado no Pilates e tão difícil de ser mantido pelos alunos de uma maneira geral, vem dos ensinamentos de Platão – o mesmo destacava em seus escritos a importância do exercício físico para reforçar trabalho mental.

Para elucidar melhor este artigo, em minha próxima publicação trarei por aqui um estudo de caso de um paciente/aluno que teve um acidente vascular encefálico, apresentando uma hemiparesia a esquerda como sequela motora.

Não percam!

 Referências bibliográficas
  1. Stokes, Maria Neurologia para Fisioterapeutas, ed Premier, 2000.
  2. Lianza, Sérgio Medicina de Reabilitação. Ed. Guanabara Koogan, 2007
  3. Aparício E, Perez J. O autêntico método Pilates. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005.
  4. Junior, Paulo Cesar Nunes; Teixeira, Ana Luiza Menezes; Gonçalves, Cíntia Rodrigues; Monnerat, Eduardo; Pereira, João Santos. O efeito do método Pilates no alinhamento postural: estudo piloto . Fisioterapia Ser. Vol.3 no4, 2008
  5. Hanna K.M. Antunes; Ruth F. Santos; Ricardo Cassilhas; Ronaldo V.T. Santos; Orlando F.A. Bueno; Marco Túlio de Mello. Exercício Físico e função cognitiva: uma revisão Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, Nº 2 – Mar/Abr, 2006
  6. Juliano, Rafael de Arruda, Bernardes, Rodrigo A teoria do Método Pilates: Da história à Biomecânica. 1aEd. Ideo Graf, Porto Alegre, 2014.


























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