Dia 29 de Outubro de 2016 vai ficar para sempre marcado na minha memória. Acredito que na memória de todos aqueles que se encontravam presentes na sala de exibição montada na PMA Conference, que aconteceu em Phoenix, na cidade do Arizona. Esse foi o dia escolhido para a Première Mundial do documentário “Tribute to Joseph Pilates”.
Realizar a estreia do filme nesse evento se deu por conta de uma séria de razões. Grande parte dos entrevistados estariam presentes nesse dia e, convenhamos, a PMA Conference é o maior evento de Pilates no Mundo – você consegue imaginar outro evento no qual faria mais sentido fazer a Première Mundial?
Eu não consigo.
Para quem ainda não sabe, esse filme foi idealizado pelo Grupo VOLL. Quando aceitei o convite de Rafael Juliano e Henrique Wolf para coproduzir esse documentário, eu realmente não tinha ideia do impacto que iria provocar dentro do mundo do Pilates uma vez que o filme estivesse pronto. Acho que nem eles tinham ideia, também.
Durante esse tempo de preparação do filme já dei entrevistas para revistas da Ucrânia, Holanda, Alemanha e até escrevi um artigo para a Newsletter da PMA.
Mas, até hoje, não havia conseguido escrever para o Blog Pilates. Eu simplesmente tinha bloqueio. Talvez até eu ter certeza da reação das pessoas ao assistir ao filme, eu não queria escrever nada que pudesse gerar uma falsa expectativa aqui, no Brasil.
Mas chegou a hora de mostrarmos nosso projeto em nosso país, e eu queria dividir com vocês como foi esse grande dia lá fora.
Para assistir o documentário na íntegra, assine a nova plataforma VOLL+.
Os primeiros passos
Esse projeto não nasceu ontem. Foram mais de 18 meses de trabalho, entre pesquisa histórica, seleção de entrevistados, seleção de locais, pedido de permissão para que pudéssemos não só filmar, mas também entrevistar profissionais dentro da PMA Conference (que aconteceu em Denver no ano de 2015), dentre vários outros detalhes logísticos.
Desde o princípio tive carta branca de toda equipe da VOLL para conduzir o documentário da forma com que achasse necessário. Nós tínhamos apenas um acordo: não produzir um filme para realizar marketing de nenhuma marca, ou profissional em específico.
O filme era para ser sobre Joseph Pilates e claro, inevitavelmente sobre o Método Pilates.
Não poderíamos, então, aceitar patrocínios de espécie alguma, nem mesmo de empresas de fora do mundo do Pilates. Tudo isso para mantermos a imparcialidade de toda produção.
Durante meus anos morando fora do país, realizei cursos/formações e frequentei aulas em Studios de todas as abordagens imagináveis. Tive ótimas experiências, e outras não tão boas assim. Tive a sorte de fazer grandes amigos, que foram chaves para que pudéssemos realizar esse projeto.
Com a ajuda de mentores e amigos como Lolita San Miguel, Kevin Bowen, Kathy Corey e Kristi Cooper – as primeiras pessoas com as quais falei sobre o projeto. Os mesmos nem hesitaram em me dar total apoio.
Tudo começou e terminou de forma muito tranquila, com apenas algumas lombadas no meio do caminho. Mas qual motivação que teríamos para darmos o melhor se não fossem essas dificuldades que surgiram no meio do caminho?
Empresa brasileira, documentário mundial
Acreditem, por mais abertura que eu tivesse no mercado internacional, levar a ideia que uma empresa brasileira, a qual poucos ainda tinham ouvido falar, tinha o interesse de fazer um documentário sobre a vida de Joseph Pilates, era visto como loucura, como provocação, e até como arrogância.
A primeira pergunta que me faziam era: “Por que vocês querem fazer esse documentário? ”.
Essa foi, inclusive, a primeira pergunta que fiz ao Rafael, então vou começar com a resposta dele:
“Porque quero deixar um legado para meus filhos e, quem sabe, para os profissionais do mundo do Pilates”.
Essa foi a primeira razão que me fez aceitar este projeto, seguido de uma sequência de outras tão importantes quanto.
Primeiro, por nunca ter sido feito algo do tipo (grandes desafios e projetos inéditos me motivam mais do que tudo);
Segundo, porque sou completamente enlouquecida pela História de vida de Joseph Pilates. Li e reli suas duas biografias, sempre fiz pesquisas esporádicas sobre ele.
Inclusive tenho um diário (pode rir à vontade), com todas as frases e histórias que já ouvi de cada um dos Elders que já tive a oportunidade de estudar e conhecer. Esse diário tem 14 anos de idade e, claro, muitas dessas histórias contadas não condizem com os fatos encontrados. Joseph Pilates era um “dar uma enfeitada na história” vamos assim dizer.
Tributo à Joseph Pilates – O Filme
Enfim, convites feitos um a um, passagens marcadas e, ao todo, 3 viagens para fora do Brasil.
Na primeira viagem fomos de costa a costa nos EUA. Na segunda, durante o inverno de 2016, refizemos os passos de Joseph Pilates em sua cidade natal e na Inglaterra. E em nossa última viagem, refizemos o território americano.
Foram 14, 15, 16 horas de trabalho diárias. Nosso documentário começou a tomar forma e, aos poucos, foi ficando exatamente como queríamos. Quanto mais entrevistas fazíamos, mais pessoas iam acreditando em nosso projeto e nos ajudando para que tudo desse certo.
Preciso fazer um breve comentário aqui, pois fomos e sei que ainda seremos muito questionados por não termos entrevistados profissionais do Brasil.
É preciso lembrar que o filme Tribute to Joseph Pilates é sobre Joseph Pilates, e não sobre o Método Pilates no Brasil, e infelizmente o Método chegou aqui décadas depois de sua morte.
O Método Pilates no Brasil, é um capítulo à parte nessa jornada do Método. Joseph não estava mais conosco quando esse capítulo começou.
Première: Tributo a Joseph Pilates – PMA 2016
Apenas ao chegar em Phoenix, no dia 25 de outubro, é que comecei a dimensionar o papel desse filme dentro da comunidade de Pilates.
Os congressistas e palestrantes só falavam sobre isso. Nos paravam para perguntar sobre o filme. Mal consegui circular pois, cada tentativa minha de caminhar sossegada, era interrompida com alguém me perguntando sobre o filme.
Para o Grupo VOLL, de repente aquela empresa que poucos conheciam ano passado, hoje era uma das mais reconhecidas dentro da PMA. Isso nos deixou ainda mais apreensivos para a estreia. Por “apreensivos” leiam absurdamente nervosos.
Além dos entrevistados que já sabíamos que estariam presentes por fazerem parte da programação da Conferência, vários outros viajaram de diversas partes do país somente para a noite de estreia do filme.
Ou seja: teríamos um time de peso que participou do projeto, ali, assistindo pela primeira vez. O nervosismo só aumentava.
O grande dia chegou, e tínhamos quase 700 pessoas na sala de exibição onde 2 telões foram disponibilizados. Um grupo de brasileiros subindo no palco dessa grande conferência falando diretamente com essa quantidade de profissionais já é algo surreal de se imaginar.
Agora, subir no palco para apresentar um documentário até então inédito, e ver em cada pessoa a ansiedade em assistir o que passamos os últimos 18 meses trabalhando, realmente foi mais do que um desafio.
Essa noite, sem dúvida, foi uma das mais difíceis e mais brilhantes de toda minha vida profissional, e acredito que para toda equipe do Grupo VOLL também.
Hoje, consigo escrever e deixar um pouco de lado a modéstia.
Uma noite para se lembrar
Foi, sim, uma “noite histórica”, e coloco esse termo entre aspas, porque ele não foi descrito por nenhum de nós, mas pelas centenas de pessoas que estavam lá naquela noite, e nas outras centenas de mensagens que recebemos após a Première.
Estávamos sentados na primeira fileira: Vinicius, Henrique, Rafael e eu, ao lado de Kathy Corey e Mary Bowen. Logo atrás de mim, Lolita San Miguel, Chuck Rapoport e todos os outros grandes nomes.
A cada frase marcante, ouvíamos aplausos, em outras cenas muitas risadas.
Me emocionei diversas vezes durante as entrevistas.
Me emocionei outra mil vezes fazendo os cortes e edições do filme Tribute to Joseph Pilates.
E principalmente, me emocionei de forma descontrolada dentro de um aeroporto, na escala para Phoenix ao ver o filme concluído pela primeira vez.
Mal sabia que a emoção de verdade mesmo viria ao me levantar e ver todas aquelas pessoas aplaudindo de pé, com sorriso no rosto e lágrimas nos olhos. Principalmente, ao ver que aqueles “caras” que eu mal conhecia 1 ano e meio atrás, e que hoje tinham se tornado meus amigos, e também estavam completamente emocionados e entregues naquele momento tão especial.
Por fim…
O meu “muito obrigada”
De tudo que passei durante a realização desse projeto, eu só tenho a agradecer.
Primeiramente ao universo, por ter me colocado no lugar certo, e ter colocado as pessoas certas no meu caminho.
Se isso acontecesse 10 anos atrás teria sido um desastre, mas “hoje “ eu estava pronta para encarar esse projeto com maturidade (tirando a choradeira constante) e estrada suficiente para não deixar a vaidade e o ego atrapalharem o resultado final.
Mas o mais importante disso tudo. Ganhei de presente grandes amizades nessa jornada, que tenho certeza, levarei para a vida inteira.
Quando conheci Rafael e Henrique, e mais tarde Vinicius e Keyner, tinha tantas pessoas plantando desconfiança dentro desse projeto e entre nós. Mas posso dizer que sobrevivemos a todos os testes, e hoje tenho certeza que saímos diferentes do dia que começamos esse projeto.
Por isso, digo e repito: foi e está sendo uma honra absoluta ter sido convidada para participar desse grande sonho.
Muitos falam de ideias e planos, mas somente poucos vão lá e fazem acontecer de verdade.
E eu? Agradeço a confiança, a carta branca e paciência para os meus “choros” de desespero e para os de emoção, também.
Desejo a vocês muito sucesso nessa jornada, e contem comigo para o que der e vier!
Para assistir o documentário Tribute to Joseph Pilates na íntegra, assine a nova plataforma VOLL+.
Gláu… Que texto lindo! Todos nós somos diferentes após esse tributo! Estar disponível sempre muda tudo e é assim que recebemos esse presente e nos deixamos ser transformados! Posso apenas imaginar o quanto vocês estiveram disponíveis para as trocas privilegiadas entre vocês e também com os entrevistados… o que de fato faz do projeto um legado real.
Meu muito obrigada a você, ao Rafael, Henrique, Vinícius e Keyner e todos que compuseram a equipe!
Vida longa à Contrologia… E a tudo que Joe proporcionou a nós (humanidade)!
Que sorte a do Brasil termos profissionais como você que se entregou de corpo e ALMA a tudo isso e nos permitiu possível vivências essa experiência. Ontem, assistindo o filme com legenda, fiquei conversando com o preto sobre quantas vezes você deve ter se emocionado demais e como deve ter sido para você mexer e revirar em todos esse assuntos e esses documentos. Todo mundo fica mais preocupado em querer ver o resultado final e talvez nunca ninguém tenha se atentado em querer saber como que você se sentiu com toda essa pesquisa, com todo o vaivém, com as horas longe de casa, da sua família, com as noites insones, com os erros, com os acertos!! O olhar sobre esse filme é de uma sensibilidade incrível. A edição (sim, Agora você também é editora!) nos levou para outro lugar, uma viagem no tempo…já agradeci bastante, mas esse tipo de trabalho, que nos permite ter acesso a fatos tão importantes e históricos, e de se agradecer pro resto da vida. Vocês fizeram
História. Obrigada Glaucia, minha guru pilateira, amiga e soul sister. Obrigada Rafa, Vinicius, Henrique e Keyner por esse projeto/sonho que deu SUPER certo!
Tenho uma admiração enorme por você! E desejo que Sua alma inquieta continue a construir história, nós (comunidade de pilates) agradecemos!!!! Abraço de uma grande fã