O Footwork é um exercício clássico do Pilates e bastante utilizado, mas não se engane, por trás de sua aparente simplicidade podemos fazer um excelente trabalho com idosos durante sua execução.
A baixa complexidade pode facilitar a estimulação da consciência corporal, ativação do Power house e o treino de dupla tarefa, o que na minha opinião são grandes diferenciais para os profissionais do Pilates.
Esse estimulo é o que permite uma melhor qualidade durante o movimento e logo, nas tarefas do dia a dia. Além disso, os três posicionamentos dos pés utilizados no Footwork estimulam e permitem o fortalecimento de todos os grandes grupos musculares dos membros inferiores.
Por esses, e outros, motivos acredito ser uma ótima alternativa no trabalho com idosos. Ok…ok… para os Pilateiros avançados também podemos utilizar, inclusive turbinando com molas mais pesadas.
Footwork no Pilates
O exercício agrada a gregos e troianos sim, afinal, foi o próprio gênio quem criou, então merece nosso respeito e bom senso para utilizá-lo adequadamente em cada grupo.
Ele é feito em decúbito dorsal no Reformer, originalmente possui 3 posições e contemporaneamente falando, infinitas possibilidades. Depois de uma boa execução do exercício clássico podemos utilizar acessórios e a combinação de outros movimentos e tarefas.
Como o próprio nome do exercício já diz, esse trabalho com os pés é um grande triunfo durante o trabalho com idosos na aula de Pilates.
Sabe porquê?
Um dos pontos massantemente falados quando estudamos o envelhecimento é sobre a marcha, certo? O declínio durante a execução dessa tarefa é originado por diversos fatores e o potencial de impulsão é um deles.
O pé, assim como todo o corpo do idoso, sofre o desgaste das suas estruturas, existe perda de massa óssea e muscular, o arco plantar tende a se tornar plano, e ocorre um processo degenerativo de forma geral.
Esses e outros fatores tornam as articulações mais rígidas, mais frágeis e menos eficiente e o desalinhamento e falta de proteção pode provocar dores e claro, diminuição da função.
Sendo assim, o deslocamento do corpo para a frente durante a marcha fica comprometido assim como a estabilidade da base de apoio. Pois é, esse clássico além de fortalecer os MMII facilita a mobilização articular do pé, preservando as estruturas íntegras e facilita o aumento da amplitude de movimento e equilíbrio da base podal.
Posicionamentos Originais do Footwork
Agora vamos entender melhor os posicionamentos originais do Footwork.
Os posicionamentos são:
Posicionamento #1: Toes
Apoia-se a ponta dos pés na barra, com base Pilates.
A base Pilates é feita com uma suave rotação externa dos pés garantindo assim uma ativação maior dos glúteos e sempre mantendo a ativação de power house e da musculatura interna de coxa. Faz parte do comando ressaltar isso ao nosso aluno.
Podemos inclusive utilizar bolinhas, com ou sem peso, para estimular o feedback da musculatura adutora.
Posicionamento #2: Arches
Apoia-se o meio dos pés na barra, com dedos em garra.
Nessa base os pés ficam em paralelo, mas o comando contração da musculatura adutora deve ser mantido, até porque no trabalho com idosos de uma forma geral, apresentam grande propensão a fraqueza nessa região e à incontinências urinarias.
Esse posicionamento é bastante associado a dorse e plate flexão dos pés fazendo um trabalho focado no tríceps sural.
Posicionamento #3: Heels
Apoia a barra sobre os calcanhares, com os pés em dorse-flexao, também com os pés em paralelo mantendo o comando de força adutora.
Esse posicionamento atua de forma mais intensa na região anterior da coxa e através da dorse ele induz ao alongamento da região posterior dos MMII.
Uma das principais dificuldades citadas pelos alunos iniciantes, é conciliar a respiração ao movimento.
O Footwork além de ser uma excelente alternativa para isso, permite ao instrutor visualizar facilmente as compensações, principalmente, as de cintura pélvica e posicioná-las com coxins ou manualmente, possibilitando ao aluno, a experiência de perceber seu corpo gerando movimento em “perfeito” alinhamento.
Assim fica mais viável o conhecimento corporal para nosso aluno e a manutenção da coluna em posição neutra.
Os Benefícios do Footwork no Trabalho com Idosos
O Footwork é um exercício com baixo nível de dificuldade, que fortalece os MMII, facilita o alinhamento corporal, e pode ser feito associado a uma dupla tarefa. Ele não oferece impacto as articulações por ser um exercício de cadeia cinética fechada e estimula mais aos mecanoreceptores articulares.
O idoso ganha força para a musculatura que ele mais utiliza em sua locomoção e avds, ganha experiência de ter seu corpo alinhado sem nenhuma sobrecarga, e recebe estimulo articular que poderá proteger sua articulação de possíveis lesões ou quedas.
Além de tudo, pode fazer associado a dupla tarefa que é uma das dificuldades mais frequentes e uma das causas, mais prevalentes, de quedas.
Dupla Tarefa
A dupla tarefa pode ser motora ou cognitiva.
Pois é, podemos associar tarefas como contar de trás pra frente, contar apenas números impares, falar determinado grupo de palavras enquanto realiza o exercício.
Ou então podemos abusar de nossos acessórios executando uma segunda tarefa motora como por exemplo o fortalecimento dos MMSS com theraband, giroflex ou gymbal. O importante é estimular nossos alunos de forma lúdica e satisfatória.
Concluindo…
Então, e você? Concorda que o Footwork é uma excelente alternativa para o treino de Pilates no trabalho com idosos?
Eu concordo, mas é claro que ele não deve ser usado de forma repetitiva em todas as aulas, idosos gostam de tarefas que eles sejam capazes de cumprir, de forma correta e prazerosa, mas não algo basal e monótono.
Pilates é “executar os exercícios com o máximo de prazer”. Solte sua criatividade, observe cada compensação e descubra outros clássicos e contemporâneos que farão a diferença durante a sua aula para os idosos.
Busque a excelência, mesmo em corpos assimétricos.
Interessante.