Cada vez mais é frequente o diagnóstico de hérnia cervical entre as pessoas, tal como a presença dessa patologia entre alunos que procuram Studios de Pilates.
Com a segmentação de tarefas no mercado de trabalho com movimentos repetitivos e uso excessivo de tecnologias, os indivíduos têm desenvolvido cada vez mais alterações posturais.
Sabemos que fatores como o posicionamento da cabeça, deficiência da função das articulações, padrões de movimento alterados, excesso de peso corporal, execução de movimentos com carga na posição inadequada da coluna vertebral – tudo isso influencia diretamente na carga exercida sobre a coluna vertebral.
Isto irá gerar também um desequilíbrio muscular entre a musculatura superficial (mobilizadora) e profunda (estabilizadora).
Como profissionais que trabalham com o Método Pilates, é nossa função saber exatamente como tratar desta patologia quando um paciente se queixa – saber lidar com o problema dentro e fora do Studio, também.
Mas como fazer uma aula impecável que irá não só tratar o aluno como fidelizar aquele cliente da melhor maneira possível?
Anatomia da coluna cervical
Para traçar um plano de tratamento de Pilates para Hérnia Cervical, é importante considerar, antes de mais nada, a anatomia da coluna cervical e sua funcionalidade.
A coluna cervical é composta por 7 vértebras cervicais e discos intervertebrais entre elas. As vértebras têm função de proteger o sistema nervoso central (medula espinal), e o disco tem a função de absorção de forças de impacto sobre a coluna.
Entre os processos transversos das vértebras, passa a artéria vertebral, sendo responsável por alguns sintomas de vertigem.
Entre os forames intervertebrais, passam as raízes nervosas que vão dar origem ao plexo braquial e, em uma situação de hérnia de disco, pode haver a compressão dessas raízes, por isso alguns sintomas nos membros superiores são comuns nestes casos.
Entre as vértebras, encontraremos ligamentos que irão estabilizar a coluna na posição neutra e durante os movimentos da coluna cervical.
Além disso, na coluna cervical encontraremos músculos profundos (estabilizadores e mobilizadores) e músculos superficiais (mobilizadores) com função de manter a cabeça em posição neutra, e permitir movimentos de flexão, extensão, inclinação e rotação, além de promover força e flexibilidade.
Para traçar um protocolo de tratamento, é importante considerar se ocorreu protusão, extrusão ou sequestro da hérnia, se é posterior, anterior, lateral, póstero-lateral.
Em seguida, o instrutor precisa considerar as alterações posturais, funcionais e padrões de movimento.
A partir de então é importante traçar um plano de tratamento visando restaurar a funcionalidade das articulações e os padrões de movimento.
Hoje já não pensamos mais em limitar os movimentos de nossos alunos/pacientes, mas sim permitir movimentos com qualidade e funcionalidade.
Pilates na hérnia cervical: estratégias de tratamento
Já que sabemos que nos casos de hérnia cervical a musculatura profunda estará fraca e a musculatura superficial estará tensa, o primeiro passo a realizar, independente do tipo de hérnia, é o trabalho de estabilização da coluna cervical e inibição da musculatura superficial.
Para isso devemos realizar os movimentos em pequena amplitude, ativando a musculatura profunda.
Lembrando, durante o tratamento inicial devemos considerar todas as alterações funcionais presentes, buscando a reeducação postural, flexibilidade, força e estabilização global além de restaurar a função de todas as articulações e os padrões de movimento.
O indivíduo é um ser integrado e não apenas uma articulação doente.
A seguir iremos descrever 2 casos comuns nos quadros de hérnia cervical:
Caso 1: (hérnia + hipomobilidade da coluna cervical)
Após o tratamento inicial, estabilização da lesão e ausência de sintomatologias, iniciamos movimentos da coluna cervical buscando amplitudes funcionais, enfatizando maior mobilidade da coluna cervical, ombro e coluna torácica já que nestes casos normalmente iremos encontrar hipomobilidade do quadrante superior do tronco.
Devemos também atentar para melhorar o ritmo escapulo umeral que estará alterado.
Além disso, é preciso integrar padrões de movimento desde o início do tratamento visando a estabilização da lesão e prevenção de recidiva do quadro agudo.
Caso 2: (hérnia + hipermobilidade da coluna cervical)
Após o tratamento inicial, estabilização da lesão e ausência de sintomatologias, iniciamos com maior foco na estabilização da coluna cervical, cintura escapular e mobilidade da coluna torácica já que nestes casos normalmente a hipermobilidade da coluna cervical irá gerar hipomobilidade da coluna torácica.
Além disso, é preciso integrar padrões de movimento desde o início do tratamento visando estabilização da lesão e prevenção de recidiva do quadro agudo.
Concluindo…
O tratamento de hérnia cervical vai muito além apenas do diagnóstico, é preciso levar em consideração o corpo como um todo, um corpo que representa sua rotina, seus hábitos, sua personalidade, ou seja, um corpo que fala e expressa seu ser.
É ótimo o texto, só senti falta de exemplos de exx de pilates para essa patologia. Ficaria mais claro para entender…