*Este conteúdo é científico e pode ser utilizado para pesquisas*
Estamos na época do ano de maior incidência de doenças respiratórias juntamente com a preocupação do coronavírus, faz com os pacientes acumulem enfermidades, principalmente as complicações pulmonares impactando significativamente na diminuição da capacidade pulmonar.
Determinada pelo equilíbrio entre a força dos músculos inspiratórios em expandir o sistema pulmão-parede torácica e a força/resistência elástica geradas pelo sistema em altos volumes (SERGIO; BARRETO, 2002).
Com o isolamento social assim como os outros músculos do corpo (sistema músculo esquelético), os músculos respiratórios sofrerão a repercussão da diminuição dos estímulos.
No momento, de acordo com o ministério de saúde, o recomendado é a tomada de medidas para que a possamos diminuir a transmissão do vírus e evitar sobrecarga aos sistemas de saúde com consequente falta de atendimento suficiente à população.
Contudo, temos que nos atentar em proporcionar um atendimento adequado e específico para aqueles que foram infectados e precisam desenvolver uma melhora na capacidade pulmonar (WHO, 2020).
Como alternativa para se manter íntegra a função muscular respiratória preconiza-se a realização de exercícios físicos (GOYA et al., 2009), com isso o Método Pilates na capacidade pulmonar é capaz de proporcionar alterações dos músculos envolvidos na respiração e, consequentemente, mudanças na força muscular respiratória, melhorando a função pulmonar, principalmente dos pacientes recuperados.
Quer saber mais sobre como o Pilates na Capacidade Pulmonar pode auxiliar na recuperação de pacientes pós-coronavírus? Então continue lendo e confira!
Coronavírus e o Sistema Pulmonar
Sabe-se que o sistema respiratório é o órgão mais afetado. O espectro da apresentação clínica da doença é amplo, desde assintomáticos até pacientes com doença crítica com necessidade da intubação orotraqueal (WHO, 2020; WU; MCGOOGAN, 2020).
Os danos são tão graves que o paciente precisa do máximo de suporte respiratório para enfrentar a doença e são descritas, especialmente em idosos e indivíduos com comorbidades, podendo cursar com dispneia, hipoxemia, grande envolvimento pulmonar nos estudos por imagem, insuficiência respiratória, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.
Com a recuperação, eles precisam ainda lidar com as sequelas que o processo infeccioso (inflamação que dificulta a função dos alvéolos, a de fornecer oxigenação adequada e acabando entrando em colapso) proporcionará ao pulmão, como a fibrose pulmonar, que ocorre quando o tecido pulmonar é danificado formando cicatrizes, prejudicando a elasticidade e distensibilidade pulmonar, dificultando a respiração.
A fibrose pulmonar é caracterizada por progressiva deterioração da função pulmonar, troca gasosa prejudicada, hipoxemia e intolerância ao exercício, deixando os pacientes menos ativos fisicamente, gerando impacto negativo sobre a capacidade funcional e qualidade de vida desses indivíduos (VAINSHELBOIM et al., 2014).
Um alerta aos fumantes, o tabagismo, por si só, já causa um processo inflamatório nos pulmões, tanto para aqueles que ainda não possuem alterações do pulmonares importantes quanto para aqueles que já possuem a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC – enfisema pulmonar e bronquite crônica), deixando-os mais predispostos a gravidade da doença e as complicações pós-recuperação do coronavírus, sendo imprescindível a sua instituição em programas de exercícios físicos como o Pilates.
Método Pilates na Capacidade Pulmonar
O Método Pilates surge como forma de condicionamento físico que proporcionará um bem-estar ao indivíduo e diversos benefícios tanto para mente quanto para o corpo, uma vez que sugere proporcionar alterações nos músculos envolvidos na respiração.
Consequentemente, melhora da coordenação respiratória e fortalecimento intenso da musculatura abdominal e dos demais músculos inseridos no tronco, ocorrendo mudanças satisfatórias na função respiratória (PANELLI; DE MARCO, 2009).
Os exercícios realizados pelo Método visam enfatizar a respiração no início do movimento, fornecendo organização do tronco e favorecendo os músculos inspiratórios e cervicais, de forma sincronizada com a ação muscular, favorecendo a ventilação pulmonar e a melhora da oxigenação tecidual (JESUS; BALTIERI; OLIVEIRA, 2015).
A respiração promovida pelo Pilates na capacidade pulmonar contribui para o reequilíbrio da função, mobilidade tócacoabdominal, aumento do volume pulmonar, aumento da saturação periférica de oxigênio (SpO2) e modificação do padrão respiratório (SOUSA et al, 2017; MAGALHÃES et al. 2018; TORRI et al., 2017).
Os músculos respiratórios apresentam maior fluxo sanguíneo, densidade capilar aumentada, tornando-se mais resistentes à fadiga do que outros músculos esqueléticos.
Portanto, o treinamento da força dos músculos respiratórios ocasionado pelo Método pode melhorar a mecânica ventilatória, com o aumento da complacência e diminuição na resistência das vias aéreas proporcionando uma melhora na qualidade vida dos pacientes pós-coronavírus (MAGALHÃES; FIGUEIREDO, 2018).
Conclusão
Diante disso, pensando em todas alterações que o vírus causará no sistema pulmonar dos pacientes recuperados, ressalto a importância dos exercícios promovidos pelo Pilates na Capacidade Pulmonar.
O Método pode colaborar para restabelecer demanda ventilatória, a expansão do tórax durante exercícios de respiração profunda e alongamento dos músculos torácicos resultando em um padrão respiratório mais eficiente, melhorando a força dos músculos respiratórios, elasticidade pulmonar e diminuição da dispneia.
Referências
GOYA, K.M.; SIQUEIRA, L.T.; COSTA, R.A.; GALLINARO, A.L.; GONÇALVES, C.R.; CARVALHO, J.F. Atividade física regular preserva a função pulmonar em pacientes com espondilite anquilosante sem doença pulmonar prévia. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 49, n.2, p.132-139, 2009.
JESUS L. T., BALTIERI L., OLIVEIRA L. G., et al. Efeitos do método Pilates sobre a função pulmonar, a mobilidade toracoabdominal e a força muscular respiratória: ensaio clínico não randomizado, placebo-controlado. Rev Fisioterapia e Pesquisa. v.22, n.3, 2015.
MAGALHÃES Á. A. S., FIGUEIREDO C. M. M. Método Pilates na reabilitação pulmonar e condicionamento físico em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Rev Brasileira de Fisiologia do Exercício, v.17, n.1, p.9 – 51. 2018.
PANELLI, C.; DE MARCO, A. Método Pilates de condicionamento do corpo: um programa para toda vida. 2.ed. São Paulo: Phorte, 2009.
SOUSA M. E., MARTINS D. J. N., GONZAGA D. B. Influência do Método Pilates na função cardiorrespiratória de idosos. Revista Expressão Católica Saúde. v.2, n1, 2017.
TORRI B. G., BARROS R. J., OLIVEIRA A. Q., et al. O Método Pilates melhora a função pulmonar e a mobilidade torácica de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Revista Fisioterapia Brasil. v.18, p.56-62, 2017.
VAINSHELBOIM B., et al. Exercise Training-Based Pulmonary Rehabilitation Program Is Clinically Beneficial for Idiopathic Pulmonary Fibrosis. Respiração. v.88, n.5, p.378-88, 2014.
SÉRGIO, S.; BARRETO, M. Volumes pulmonares. J Pneumol., v.28, n.3, outubro de 2002.
WORLD HEALTH ORGANIZATION [homepage on the Internet]. Geneva: WHO; c2020 [updated 2020 Jan 21; cited 2020 Mar 16]. Novel Coronavirus – Republic of Korea (ex-China) [about 4 screens]. Available from: https://www.who.int/csr/don/21-january-2020-novel-coronavirus-republic-of-korea-ex-china/en/
WU, Z.; MCGOOGAN, J. M. Characteristics of and Important Lessons From the Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Outbreak in China: Summary of a Report of 72 314 Cases From the Chinese Center for Disease Control and Prevention [published online ahead of print, 2020 Feb 24]. JAMA. 2020;10.1001/jama.2020.2648. https://doi.org/10.1001/jama.2020.2648
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