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*Este conteúdo é científico e pode ser utilizado para pesquisas*

Em dezembro de 2019, o mundo foi acometido por uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a Covid-19, que pode acarretar desde um quadro clínico infeccioso assintomático a quadros graves. 

Segundo o site do Ministério da Saúde, cerca de 80% dos pacientes com a Covid-19 podem ser assintomáticos ou com poucos sintomas, aproximadamente 20% requerem atendimento hospitalar.

Até a data da realização desse artigo (fevereiro de 2021), mais de 100 milhões de pessoas já foram infectadas pela Covid-19 por todo o mundo, segundo dados da ONU – Organização das Nações Unidas. 

Só no Brasil temos mais 9 milhões de casos confirmados, destes, mais de 8 milhões estão recuperados. Recuperados, mas não quer dizer sem sequelas! 

Por se tratar de uma doença nova e por mais que tenhamos até hoje inúmeros estudos realizados e/ou sendo feitos, ainda falta muita informação para concluir as questões clínicas sobre pós-Covid-19.

O que podemos afirmar, é que se trata de uma doença que não atinge somente o sistema respiratório e cada vez mais aparecem pessoas com sequelas em diferentes partes do organismo, e isso requer um olhar cada vez mais atento ao nosso aluno.

Por isso, preparei esta matéria para te mostrar a importância do Pilates pós-Covid-19 e apresentar algumas dicas e exercícios para você trabalhar com seu aluno recuperado. Vamos lá?

Qual a importância das atividades físicas para o sistema imunológico? 

O exercício físico é considerado um fator, entre tantos, que auxiliam o sistema imunológico, e por consequência uma vida saudável, principalmente por prevenir o excesso de peso e as doenças crônicas não transmissíveis (diabetes e hipertensão, por exemplo).

Entretanto, a resposta imunológica proveniente do exercício está relacionada a fatores como: regularidade, intensidade, duração e tipo de esforço aplicado. Podendo até ser prejudicial ao praticante dependendo do treino!

Exercícios físico praticados de forma moderada, estimulam as células imunes – com características antiinflamatórias – e também proporcionam um aumento da concentração de leucócitos circulantes nos vasos sanguíneos (permanecendo alto, com um pico de 30-120 min após a atividade física), que pode persistir por até 24h após a prática de exercícios.

Já as atividades prolongadas (após 90 minutos) ou de alta intensidade, sem o descanso adequado (48h para atividades aeróbicas intensas), podem ocasionar a diminuição das células imunes, abrindo aí uma janela para doenças infecciosas. 

Portanto, quando um indivíduo faz um treino sem acompanhamento ele pode provocar um estresse do seu organismo muito grande, gerando uma diminuição das células imunes. Nesse contexto, não se aplica a frase “quanto mais melhor”, afinal,  até o exercício físico existe restrições e contraindicações.

Contudo, o que sabemos hoje é que a prática regular de atividade física proporciona:

  • Diminuição da mortalidade por pneumonia e gripe;
  • Melhorias na função cardiorrespiratória;
  • Melhora a resposta à vacina;
  • Aumenta o metabolismo de glicose, lipídios e insulina. 

Não sabemos ao certo como a atividade física melhora a imunidade para combater especificamente ao Coronavírus, mas temos evidências dos seus benefícios no combate e redução de sintomas de outras doenças respiratórias infecciosas.

Efeitos causados pela Covid-19

A Covid-19 é um novo coronavírus não visto em humanos até o final de 2019, porém os patógenos virais de coronavírus são uma família considerável de vírus que causam desde resfriados simples até doenças mais graves como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

Semelhante ao SARS-CoV, o novo coronavírus usa uma glicoproteína estrutural para infectar as nossas células, ele depende dessa infecção para se multiplicar e sobreviver. A proteína que esse vírus se multiplica mais facilmente está presente nas vias cardíaca, pulmonar, renal, intestinal e células vasculares. 

Por isso, ele pode alterar vários sistemas do nosso corpo podendo ocasionar graves consequências. A severidade da doença está relacionada com as substâncias inflamatórias já presentes no nosso organismo.

Uma recente pesquisa realizada online com quase 4 mil indivíduos com suspeita ou confirmação do coronavírus teve o objetivo de observar sequelas pós-Covid-19

A pesquisa sugere sintomas que se apresentam até 7 meses após o surgimento da primeira manifestação. Sendo que, em casos onde houve a necessidade de internação hospitalar em unidade de terapia intensiva, o surgimento de sequelas heterogêneas pós-infecção, muitas vezes, afetam múltiplos sistemas orgânicos, debilitando ainda mais o paciente.

Os primeiros sintomas mais comumente relatados foram: fadiga, tosse seca, falta de ar, dores de cabeça, dores musculares, aperto no peito e dor de garganta. 

Nesta mesma pesquisa, os sintomas que persistiram após 6 meses da infecção foram:

  • Fadiga;
  • Mal-estar após esforço;
  • Disfunção cognitiva (“névoa do cérebro”);
  • Sensações neurológicas: nevralgias, fraqueza, frio, sensação de choque elétrico, paralisia facial, pressão e dormência;
  • Dores de cabeça;
  • Problemas de memória;
  • Insônia;
  • Dores musculares;
  • Palpitações;
  • Falta de ar;
  • Problemas de tontura e equilíbrio;
  • Problemas de fala e linguagem. 

Os pacientes experimentaram sintomas multissistêmicos por mais de 7 meses, resultando em um impacto significativo em suas vidas.

Alguns estudos também sugerem que pacientes infectados têm propensão a desenvolver alterações cardíacas pós-Covid-19, além de todos esses sintomas apresentados após infecção. E isso levanta um sinal de alerta para nós,  profissionais do movimento, ao receber um aluno que teve complicações durante a fase aguda da doença.

Em pacientes que precisam de tratamento em unidade de terapia intensiva, as sequelas são mais crônicas, causando: fraqueza, perda de função, perda da qualidade de vida, diminuição da resistência, diminuição da função pulmonar (padrão restritivo) e diminuição da força muscular inspiratória, com piora da capacidade funcional. Sequelas estas que podem perdurar por até 2 anos.

O que a literatura nos diz em pacientes que precisam de internação em UTI e uso de ventilação mecânica (por qualquer outra doença) é que os prejuízos funcionais estão diretamente ligados ao tempo de permanência desse paciente, sete dias de repouso no leito já podem reduzir a força muscular em 30%, com perda adicional de 20% da força restante a cada semana.

Assim, já se espera que os pacientes infectados pela Covid-19 irão sofrer consequências musculoesqueléticas pelo processo inflamatório agravadas pela perda de massa muscular do imobilismo, gerando incapacidades motoras que ainda não sabemos.

O que podemos perceber é o quanto essa doença foi subestimada no seu início, quanto mais estudos são realizados e aprofundados, mais conhecimento obtemos para tratá-la de maneira correta. É preciso olhar atento para esse aluno, afinal, cada indivíduo responde de uma maneira ao vírus.

Quais cuidados devem ser tomados?

Para iniciar um programa de Pilates em alunos pós-Covid-19 é imprescindível que este tenha recebido alta médica e fisioterápica. Além disso, serão necessárias adequações na ficha de anamnese  para incluir a pergunta se a pessoa teve contato com a Covid e se ainda apresenta sintomas.

Normalmente, as prioridades que deverão ser trabalhadas serão força, flexibilidade (sem grandes amplitudes) e equilíbrio em poucas séries por repetições e com intervalos grandes entre as séries. Recomenda-se uma progressão lenta para que não haja a sensação de dor e desestimular a participação do aluno.

Não se esqueça de observar se o seu aluno está hiperventilando em exercícios de intensidade menores durante o treino e de utilizar a escala de percepção subjetiva de esforço (escala de Borg) ao final de todas as aulas, para identificar a dificuldade e o progresso do seu aluno.

Ademais, se esse aluno teve problemas respiratórios graves, é provável que o tórax e abdômen estejam muito fatigados pós-Covid-19.

Segundo um folheto feito pela OMS, é necessário parar a atividade física se o seu aluno sentir náusea ou sensação de enjoo, tonturas, grave falta de ar e aperto no peito.

6 Exercícios de Pilates para alunos pós-Covid-19

1. One Leg Circle

Variação 1: com pouca amplitude, manter outra perna flexionada.

Variação 2: utilizar elásticos ou Magic Circle.

2. Side Kick

Side-Kick-exercicios-pos-covid-19

Variação 1: realizar com a perna indo para frente e para trás.

Variação 2: no reformer com molas bem leves

3. Mermaid

Variação 1: pode ser realizado no Mat com elásticos.

Variação 2: na chair (sem trabalho de força, somente mobilidade).

4. Arms Series

Arms-Series-exercicios-pos-covid-19

Variação 1: colocar alças na mola, virar de costas para o aparelho e trabalhar peitoral.

Variação 2: prender as molas em baixo e trabalhar bíceps.

5. Squat

Variação 1: colocar pesos nos braços e treinar bíceps simultaneamente.

Variação 2: realizar o movimento com amplitude menor e apoio de 1 perna.

6. Swan Front

Swan-Front-exercicio-pos-covid-19

Variação: realizar esse exercício no Mat com a bola suíça.

Conclusão

A vantagem do Pilates diante outras atividades físicas para a recuperação de pacientes pós-Covid-19 é a questão do acompanhamento da respiração em cada movimento, a consciência corporal e o fato do Método treinar a concentração do indivíduo durante uma sessão bem realizada e devidamente acompanhada pelo instrutor.

No entanto, por se tratar de uma doença nova, ainda é necessário muito estudo e pesquisa para que possamos fechar uma reabilitação, um programa de treino, cada vez mais direcionado e específico para cada aluno. 

Desta forma, cabe a nós realizar uma avaliação assertiva e cuidar dos sintomas que mais incomodam o nosso aluno pós-Covid-19 e para isso, é muito importante que o instrutor esteja sempre interessado e atualizado a cada descoberta.

 

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