*Este conteúdo é científico e pode ser utilizado para pesquisas* Problemas no ombro estão entre as lesões mais frequentes do aparelho musculoesquelético, sendo a Síndrome do Manguito Rotador uma das mais comuns com prevalência de 7 a 40%, aumentado de acordo com a idade.
A Síndrome do Manguito Rotador representam um espectro de doenças que vão de uma tendinite aguda a uma lesão maciça comprometendo todos seus componentes. Contudo, os sintomas vão depender de qual é o estágio da ruptura.
Quer conhecer mais sobre essa patologia? Então continue lendo esta matéria e confira os testes específicos e 15 exercícios de Pilates para realizar durante o tratamento.
Revisitando a anatomia do ombro
A articulação do ombro é composta por três ossos: escápula, úmero e clavícula. Cada um desses ossos se interligam, formando articulações funcionais. Existem três articulações sinoviais e uma fisiológica.
As articulações sinoviais são a esternoclavicular, que liga o osso do esterno à clavícula; acromioclavicular, que liga o acrômio (proeminência óssea da escápula) à clavícula e a glenoumeral, que é a ligação da glenóide (outra parte da escápula) com o úmero.
A articulação fisiológica é a articulação escápulo torácica, considerada uma articulação não verdadeira, pois trata-se da ligação da escápula com o tórax (CICCONE, OLIVEIRA e HILDEBRAND, 2007).
A combinação dos movimentos das articulações, dos músculos e das estruturas ao redor no ombro permitem uma combinação de funções que levam a uma grande amplitude de movimento (CICCONE, OLIVEIRA e HILDEBRAND, 2007).
A articulação esternoclavicular liga o ombro ao tórax e possui três graus de movimento. Na outra extremidade, a clavícula se conecta a escápula pela articulação acromioclavicular, o que permite o movimento da escápula em três direções.
Os movimentos realizados pela escápula são elevação, depressão, protração (ou abdução) e retração (ou adução). Já a articulação glenoumeral é a mais móvel e menos estável, sendo responsável pelos movimentos de abdução e adução, flexão e extensão, e rotação interna e externa do ombro (CICCONE, OLIVEIRA e HILDEBRAND, 2007).
Além disso, existe uma cápsula que recobre o colo do úmero, responsável por permitir uma ampla mobilidade articular. Há também as bolsas ou bursas na articulação glenoumeral que permitem que alguns ligamentos deslizem abaixo do acrômio e servem como nutrientes para os músculos do manguito rotador (CICCONE, OLIVEIRA e HILDEBRAND, 2007).
Mas afinal, o que é o Manguito Rotador?
O Manguito Rotador é um grupo muscular formado por quatro músculos: supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor.
A função do manguito rotador é deprimir e fixar a cabeça do úmero contra a glenóide para permitir que o deltóide consiga se posicionar melhor para realizar a sua função, podendo realizar dupla função de mobilidade e estabilização dinâmica.
Além disso, suas fibras musculares encontram-se em grande proximidade da articulação e seus tendões se fundem à cápsula articular, sendo capazes de neutralizar as grandes forças de cisalhamento geradas pelos motores primários (CICCONE, OLIVEIRA e HILDEBRAND, 2007).
O músculo supraespinhal é responsável pelo rolamento superior da cabeça do úmero, e responsável por comprimir a cabeça do úmero contra a glenóide. O músculo subescapular estabiliza a região anterior e durante a abdução do ombro, produz tensão passiva. Já o músculo infraespinhal é um importante estabilizador posterior.
E a Síndrome do Manguito Rotador?
A Síndrome do Manguito Rotador pode acontecer a ruptura parcial ou total dos tendões. No caso da ruptura total, o tratamento cirúrgico é o mais indicado, porém é necessário observar alguns fatores de acordo com a indicação médica.
No caso do rompimento parcial, o tratamento pode ser conservador, por ser uma patologia bem recorrente e estar associada à idade, embora em alguns casos pode ser uma patologia assintomática.
Neste caso, os músculos supraespinhal e subescapular são os mais frequentemente rompidos. Já os músculos infraespinhal e redondo menor rompem com menos frequência.
Existem fatores extrínsecos e intrínsecos para a Síndrome do Manguito Rotador. Os fatores extrínsecos são: estreitamento do espaço subacromial; anormalidades do arco coracoacromial; alterações do posicionamento escapular; microtraumas de repetição. Já um fator intrínseco importante é a hipovascularização articular.
Quais testes específicos podem ser usados?
Além da avaliação convencional, onde se observa amplitude de movimento, dor, força muscular, presença de pontos de gatilho e tensão muscular, e observação dos exames clínicos do paciente, também podem ser realizados testes específicos caso o seu paciente não possua algum exame definitivo que auxilie no diagnóstico funcional.
Teste do alcance de Apley
Solicitar que o aluno alcance o ombro contralateral, a escápula contralateral pela parte superior e inferior. Torna-se positivo se dor.
Teste do arco doloroso
Solicitar abdução do ombro. Acima de 70° é positivo se dor. Avalia o tendão do supraespinhal e as articulações acromioclavicular e coracoacromial.
Teste de Jobe
Solicitar que o indivíduo permaneça com posição prono do antebraço, polegares voltados para baixo. Realizar uma força para baixo, enquanto a pessoa realiza força contrária a sua. Positivo se dor ou não conseguir fazer. Este teste avalia o tendão do supraespinhal.
Teste de Gerber
Solicitar a rotação interna do ombro e solicitar que a pessoa realize uma força contra a força aplicada por você. Positivo se dor. Este teste determina comprometimento do músculo subescapular.
Teste de Patte
Solicitar que o indivíduo realize rotação externa contra uma força aplicada por você. Positivo se dor. Este teste verifica integridade do músculo infraespinhal.
Teste Hawkins-Kennedy
Outro teste que pode ser utilizado para avaliar o músculo supraespinhal, neste caso realizando rotação interna. Torna-se positivo se dor.
15 Exercícios de Pilates para Síndrome do Manguito Rotador
1. Adução com Magic Circle em DD no Mat
Solicitar que o aluno segure o Magic Circle com as duas mãos, pressionando para dentro enquanto mantém os cotovelos apoiados no Mat.
2. Rotação externa com Miniband em DD no Mat
Solicitar que o aluno coloque a Miniband ao redor das mãos, com os cotovelos apoiados no Mat e encostados no corpo, deve realizar a rotação alternadamente, sem que o cotovelo desencoste do corpo.
3. Abdução com faixa elástica em DD no Mat
Solicitar que o aluno realize a extensão de cotovelo, segurando a faixa no alto. Pedir que abduza o braço, tracionando a faixa alternadamente.
4. Leg Pull Back no Mat
Com as mãos apoiadas no solo em posição supina, solicite que seu aluno retire o quadril do Mat. Pode-se flexionar um membro inferior se quiser trabalhar também esta região.
5. Arms pull up and down no Cadillac
Solicite que o aluno fique de costas para a barra torre, sentada, segurando a barra com antebraço em supinação, cotovelos dobrados a 90°. A pessoa deve fazer extensão de ombro juntamente com flexão de cotovelo.
Lembre-se: A mola deve estar na posição superior da barra para reforço muscular.
6. Arms push up and down no Cadillac
Este movimento é contrário ao arms pull up and down. Solicite que o aluno fique de costas para a barra torre, sentada, segurando a barra com antebraço em pronação, cotovelos dobrados a 90°. A pessoa deve fazer flexão de ombro juntamente com extensão de cotovelo.
Lembre-se: A mola deve estar na posição inferior da barra para reforço muscular.
7. Hug a Tree no Cadillac
Solicite que o aluno fique em pé no Cadillac, de costas para as molas. Enquanto segura as molas, a pessoa deve fazer movimento de adução, como se de fato “abraçasse” uma árvore.
8. Arms open no cadillac
Solicite que o aluno fique em pé no Cadillac, de frente para as molas. Enquanto segura as molas, a pessoa deve fazer movimento de abdução com os braços, estufando o tórax.
9. Arms Bíceps no Cadillac
Solicite que o aluno fique em pé no Cadillac, de frente para as molas. Enquanto segura as molas, a pessoa deve fletir os cotovelos. Lembrar que as molas devem estar na parte de baixo da barra para ganhar reforço muscular.
10. Arms; Up and Down no Reformer
Solicite que o aluno deite em DD, segurando as alças de mão com os joelhos dobrados no ar. A pessoa deve começar o exercício com cotovelos estendidos, MsSs à 90°. Solicite a extensão de ombro, puxando as alças.
O carrinho irá se movimentar neste momento, por isso oriente e coloque o número de molas necessários para que a resistência seja tolerável.
11. Arms Tríceps no Reformer
Solicite que o indivíduo deite em DD, segurando as alças de mão, com os joelhos dobrados no ar. A pessoa deve começar o exercício com cotovelos fletidos e apoiados no carrinho. Solicite a extensão de cotovelos, puxando as alças.
12. Arms Circles no reformer
Solicite que o aluno deite em DD, segurando as alças de mão com os joelhos dobrados no ar. A pessoa deve começar o exercício com cotovelos estendidos, MsSs à 90°. Solicite a abdução de ombro, seguida de adução e flexão de ombro novamente, realizando um círculo com os braços.
13. Pushing Straps no Reformer
Solicite que o indivíduo fique sentado sobre a box, segurando as alças de mão, de costas para as mesmas, com os braços em posição neutra. Solicitar flexão de ombro até 90°. Retornar para a posição inicial.
14. Shoulder Up and Down na Chair
Solicite que a pessoa fique com ambos os pés nos pedais da Chair, e mãos apoiadas na barra. A pessoa deve elevar os ombros e deprimir em seguida.
Cuidado: o número de molas facilita a subida da pessoa, porém, esta deve estar em controle do movimento para não subir muito rapidamente a acabar por se machucar.
15. Swan Front alternado na Chair
Solicite que a pessoa fique em DV na Chair, com as mãos apoiadas no pedal. Solicitar que o aluno suba o tronco para posterior, girando apenas para um lado, realizando o exercício alternadamente.
Conclusão
Portanto, conclui-se que a Síndrome do Manguito Rotador é muito comum, e afeta um grande número de indivíduos, focando-se em idosos e pessoas que pratiquem atividades de esforço repetitivo.
O indivíduo assintomático ou com um grau leve de ruptura das estruturas do Manguito Rotador pode realizar o tratamento conservador e o Pilates é um excelente Método para estas pessoas, devendo focar no ganho de resistência e força muscular de todos os grupos musculares dos membros superiores, e em todas as suas amplitudes de movimento.
Referências:
CICCONE, C.C.de.; OLIVEIRA, M.A.D.de.; HILDEBRAND, A.S. Revisão bibliográfica da anatomia de ombro e da Capsulite adesiva para futura abordagem na terapia manual de Maitland. Repositório, v. 1, n. 1, 2007.