O ombro é uma articulação esferoidal, não sustentadora e tem ampla mobilidade devido a sua morfologia anatômica, pois a cavidade glenóide apresenta-se com uma superfície de pouca coaptação com a cabeça do úmero.
Deste modo, a articulação, que é instável, conta com a ação dos tendões, músculos e com a cápsula articular para ganhar estabilidade sem perder sua grande amplitude.
Como mencionado acima, a articulação do ombro tem em sua estrutura a cápsula articular que é uma camada fibrosa frouxa que circunda a articulação. A parte superior desta cápsula reveste a fixação proximal da cabeça longa do bíceps braquial.
Já a parte inferior da cápsula é a região mais fraca visto que não é reforçada pelos músculos do manguito rotador, a saber: supra espinhal, infra espinhal, sub-escapular e redondo menor.
Este texto é a 1ª parte de duas, da série especial sobre Síndrome do Ombro Congelado. Esperamos que goste e que consiga aprender bastante sobre a síndrome!
Entendendo a Capsulite Adesiva
No caso da Capsulite Adesiva, ou comumente conhecida como Síndrome do Ombro Congelado, a cápsula articular fica comprometida devido a uma inflamação crônica o que resultará num espessamento e, consequentemente, ficará inelástica devido à fibrose.
Todos os movimentos são prejudicados devido a retração capsular, mas especialmente a rotação interna e externa, pois essa lesão ocorre primariamente na articulação glenoumeral e os músculos envolvidos encontram-se em um alto grau de espasmo.
Há uma tendência de acometimento de um ombro (geralmente o não dominante) e, posteriormente, o outro ombro também pode ser alvo da Síndrome do Ombro Congelado.
Trata-se de uma patologia bastante dolorosa em seu início, inclusive em repouso, e com perda gradual da amplitude de movimento, seja este feito de forma ativa ou passiva. A Síndrome do Ombro Congelado caracteriza-se por possuir uma lenta e longa evolução.
Como surge a Síndrome do Ombro Congelado
Um fator bastante discutido é a origem da patologia. Neste quesito podemos dividir a causa em dois segmentos: a capsulite adesiva primária e a capsulite adesiva secundária.
No primeiro, há indícios de ser decorrente de distúrbios hormonais (tireoide, diabetes mellitus), hérnia de disco cervical com comprometimento cérvico-braquial severo e problemas cardíacos (infarto do miocárdio) também estão entre os fatores desencadeantes da Síndrome do Ombro Congelado.
No segmento secundário, a origem traumática (luxação, queda, imobilização do ombro por longo período) sugere que a causa é decorrente de um trauma prévio na articulação.
Essa patologia atinge, em grande parte dos casos, as mulheres entre 40 e 60 anos de idade e o lado não dominante é o mais frequentemente afetado e, em alguns poucos casos, o ombro dominante também é afetado paralelamente ou após a recuperação total do ombro não dominante.
Não há uma prevalência racial na Síndrome do Ombro Congelado.
As fases e sintomas da Síndrome do Ombro Congelado
A capsulite adesiva possui três fases. A primeira fase é caracterizada pela intensa dor com início gradual da limitação articular. A dor é espontânea e aparece com mais intensidade à noite.
A posição de decúbito lateral com o peso do corpo por cima do ombro doloroso é bastante incômoda, fazendo com que muitos pacientes não durmam bem e mostrem-se irritados durante o dia.
A segunda fase da Síndrome do Ombro Congelado, caracteriza-se pela rigidez articular com severo impedimento da mobilidade, o que gera transtorno para o paciente ao tentar realizar as atividades do cotidiano como, por exemplo, pentear o cabelo.
Nesta fase, observa-se que o ombro fica limitado em todos os movimentos, porém a rotação externa e interna mostra-se significativamente mais comprometida e, os músculos de uma forma geral, tornam-se atrofiados pelo desuso.
A terceira fase da Síndrome do Ombro Congelado, é considerada a fase de recuperação, onde a dor e a limitação diminuem gradualmente e a articulação tende a voltar ao seu estágio normal.
Porém em alguns casos persiste certo grau de déficit não possibilitando a recuperação plena da articulação. A duração das fases varia, em média, em torno de seis meses para a primeira fase, oito meses para a segunda e um ano para a terceira fase.
Diagnóstico e causas da Síndrome do Ombro Congelado
Acredita-se que um tecido cicatricial, decorrente de uma inflamação, se forma em cima do fino tecido que é a cápsula gerando o espessamento da mesma.
O motivo dessa inflamação é desconhecido, mas esse espessamento faz com que a cápsula se retraia e gere todo o desconforto articular já mencionado.
O diagnóstico geralmente é feito através do exame clínico com a análise do histórico de patologias prévias e atuais do paciente e suas atividades funcionais, além de um rigoroso exame físico.
Com o objetivo de realizar o fator de exclusão e fazer o diagnóstico diferencial, solicita-se exames de raios-X, ultrassonografia e o exame de ressonância magnética da articulação do ombro.
Isso para descartar outras patologias que geram sintomas similares como a bursite, síndrome de conflito sub-acromial agudizado ou a tendinopatia calcificada. Esses sintomas, já citados nas fases da capsulite adesiva, são, em resumo, dor e severa rigidez articular.
Formas de tratamento da Síndrome do Ombro Congelado
Para a Síndrome do Ombro Congelado, os tratamentos podem ser divididos em métodos conservadores e métodos cirúrgicos.
No conservador, os tratamentos médicos são feitos com aplicações de medicação anti-inflamatória e também pode ser feita a aplicação de infiltração intra-articular e o bloqueio anestésico do nervo supra escapular (que inerva o supra e o infra espinhoso).
O tratamento com acupuntura e fisioterapia também entram como tratamento conservador sendo realizado por profissionais capacitados. No setor da fisioterapia, podemos incluir o Pilates como um método complementar do tratamento.
Para casos mais complexos e de difícil recuperação da Síndrome do Ombro Congelado utilizando o com o tratamento conservador, os procedimentos cirúrgicos podem ser considerados.
Nenhuma ação cirúrgica deve ser imposta sem antes não ter sido abordado o tratamento conservador. Geralmente a cirurgia é realizada num estágio onde exista mais rigidez.
O método usado com frequência para esses casos é a liberação tecidual via artroscopia. Após a liberação da cápsula, realiza-se uma manipulação articular. Após alguns dias, o paciente estará liberado para continuar as aulas de Pilates e ampliar o ganho articular e recuperar a força muscular.
Concluindo…
É importante conhecer todas as fases da capsulite adesiva para elaborar a melhor conduta nas aulas de Pilates. Respeitar os limites e mostrar ao aluno/paciente que a evolução será lenta mesmo com um tratamento intensivo e bem direcionado.
Além disso, também deixar claro que mesmo fazendo tudo que está ao alcance, há uma probabilidade da articulação não ter mais a amplitude que tinha antes. Em alguns casos, fica um déficit articular que não chega comprometer as atividades cotidianas.
No caso de atletas, deve-se entender o gestual desportivo que ele realiza e tentar chegar o mais próximo possível do desejado.
Mesmo após a recuperação da Síndrome do Ombro Congelado, deve-se entender que o cuidado é contínuo e, se possível, continuar realizando as aulas de Pilates para manter o equilíbrio corporal.
A 2ª parte, “Síndrome do Ombro Congelado: Usando Pilates na Reabilitação” será publicada no dia 11/02. Esperamos que goste!
Texto claro e direto. Gostei muito. É preciso discutir mais a biomecânica do ombro para que realmente o alcance do atendimento do aluno pelo Método Pilates seja realment eficiente e eficaz
Estou a um mês e meio com essa dor no ombro. Tomo injeção de tramal e profenide junto e não passa. Tenho 64 anos e não consigo passar em ortopedista no sus, só no clínico. Me ajude. Obrigada.
Bom dia !
Sei exatamente o que você está passando.
Estou na terceira fase.
Vivi um horror, e sei o que é depender do SUS.
Como você está hoje?
Se quiser pode me procurar no Facebook.
Deus te abençoe.
Estou há um ano e meio com essa síndrome.
Me trato com Ortopedista particular
e a evolução tem sido muito lenta.
Já usei Lyrica por muitos meses.
A dor atinge o braço, até o cotovelo, a clavícula, a escápula e reflete até o ouvido.
Durante a noite é terrível. À s vezes uso analgésico.
A mobilidade é super reduzida. Tudo isso no braço dominante.
Para meu desesper estou começando a sentir que o braço, não dominante, está começando a apresentar sintomas iniciais.
Att.,Carmen Valdozende Alheira
Oi Carmem!
Estou na terceira fase e sei perfeitamente o que tem vivido. Eu também tive no ombro dominante, no direito. Se quiser, pode me procurar no Facebook.
Bom dia !
Sei exatamente o que você está passando.
Estou na terceira fase.
Vivi um horror, e sei o que é depender do SUS.
Como você está hoje?
Se quiser pode me procurar no Facebook.
Deus te abençoe.
Muito bom. Adorei!!!!!
O texto estar completo, queria que aprender algums exercícios que podemos fazer em casa.
Boa tarde,desde de abril venho com dor no ombro direito, porém tive uma piora dessa dor e perdi os movimentos do braço e fui diagnósticada com simdrome do ombro congelado.
O médico me passou um injeção de Betatrinta e feldene 2 vezes ao dia
Estou bem melhor da dor, mas se movimento o braço ainda dói bastante. O que devo fazer para melhorar minha recuperação? Tenho 47 anos
Foi muito bom a informação a respeito do ombro congelado isso doi muito.
Tenho sofrido muito com esta dor. Preciso de recomendações. Agradeço.
Gostei do comentário, pois estou a seis meses com o ombro copngelado e estou preocupado em não levantar mais.