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O ombro é uma articulação esferoidal, não sustentadora e tem ampla mobilidade devido a sua morfologia anatômica, pois a cavidade glenóide apresenta-se com uma superfície de pouca coaptação com a cabeça do úmero.

Deste modo, a articulação, que é instável, conta com a ação dos tendões, músculos e com a cápsula articular para ganhar estabilidade sem perder sua grande amplitude.

Como mencionado acima, a articulação do ombro tem em sua estrutura a cápsula articular que é uma camada fibrosa frouxa que circunda a articulação. A parte superior desta cápsula reveste a fixação proximal da cabeça longa do bíceps braquial.

Já a parte inferior da cápsula é a região mais fraca visto que não é reforçada pelos músculos do manguito rotador, a saber: supra espinhal, infra espinhal, sub-escapular e redondo menor.

Este texto é a 2ª parte de um especial sobre a Síndrome do Ombro Congelado. A 1ª parte, “Síndrome do Ombro Congelado: Entendendo a Patologia” você pode conferir clicando aqui. Esperamos que goste do texto!

Como o Pilates pode ajudar na Síndrome do Ombro Congelado

No Pilates, as aulas podem ser realizadas todos os dias visto que não há contra indicação, exceto quando o quadro álgico for incapacitante.

Não estando num quadro álgico incapacitante, sugere-se um tratamento intensivo com a realização de exercícios que deverão estar de acordo com os aspectos clínicos da fase em que a Síndrome do Ombro Congelado se encontra.

Mas é importante saber que mesmo com um tratamento intensivo e focado nos objetivos, a recuperação é muito lenta, devendo o profissional passar essa informação para o aluno evitando, no mesmo, mais ansiedade e irritabilidade.

O objetivo das aulas de Pilates é, via de regra, melhorar a funcionalidade do paciente.

Pode ser interessante a aplicação de compressas frias na primeira fase (que é a fase mais dolorosa) e compressas mornas na segunda e terceira fase (que são as fases com mais rigidez) antes das aulas para melhor desenvolvimento dos exercícios solicitados e também após para eliminar possíveis dores pelo esforço exigido.

Também pode ser adicionado o recurso da terapia manual antes das aulas para promover a decoaptação articular e o relaxamento das estruturas envolvidas.

O fortalecimento dever ser feito respeitando a questão álgica e os limites do paciente no que diz respeito a confiança e a resistência dele nos exercícios.

Prevenção de Novas Lesões

É importante manter-se focado também na prevenção de novas lesões e nos vícios posturais decorrentes das compensações por dor e incapacidade funcional.

Além de todos os objetivos citados, o Pilates também ajudará a manter o corpo ativo, trabalhando a conexão mente e corpo sendo ajustada ao benefício de proporcionar ao aluno a elevação do seu bem-estar e ao aumento da consciência corporal.

Se a aula for em grupo de dois ou três alunos, ainda haverá o fator de socialização o que contribuirá para a redução do estresse emocional. Manter o corpo e mente ativos é fundamental visto que a patologia levará meses até a recuperação.

O prognóstico da Síndrome do Ombro Congelado é de recuperação lenta, por volta de dois anos. Raramente o paciente será acometido pela mesma patologia no mesmo ombro.

No entanto, a Síndrome do Ombro Congelado pode desenvolver-se no outro ombro. Por isso, o trabalho preventivo é extremamente importante tanto em pacientes que tenham algum fator de risco, já mencionado anteriormente, ou para os que já tiveram em algum ombro.

Daí a importância de realizar uma avaliação detalhada com pesquisa do histórico de doenças previamente já tratadas ou ainda existentes.

Avaliação no Pilates

A avaliação no Pilates deve ser um processo contínuo para que o tratamento seja realizado adequadamente e, dessa forma, o resultado caminhe na direção da evolução positiva do quadro geral do paciente.

Deve-se ter sempre em mente a anatomia, a fisiologia e a biomecânica não só do ombro, mas de todo o corpo. Em relação a Síndrome do Ombro Congelado, a região principal do tratamento (ombro), é importante lembrar da rica estrutura muscular que está envolvida.

Os músculos diretamente envolvidos são: trapézio, romboide maior e menor, serrátil anterior, elevador da escápula, grande dorsal, peitoral maior e menor, coracobraquial e os músculos que formam o manguito rotador (supra espinhoso, infra espinhoso, redondo menor e subescapular).

Tendo em mente esses músculos e suas respectivas ações, os exercícios propostos no Pilates devem obedecer aos limites álgicos do paciente, mas sempre deve-se elaborar movimentos funcionais onde o alongamento, a decoaptação e o fortalecimento serão graduados de acordo com o ritmo de cada um.

Estabelecer uma avaliação inicial permitirá a análise para futuras reavaliações, sem esquecer o corpo em sua totalidade, visto que as conexões das cadeias musculares são expressivas e de conhecida importância para o importante e complexo tratamento das patologias.

Exercícios indicados na Primeira Fase da Patologia

Os exercícios propostos são variados, podendo ser realizados em todos os aparelhos e também no solo com o auxílio dos acessórios como, por exemplo, círculo mágico, faixas elásticas e toning ball, ressaltando os exercícios irão depender da fase em que a patologia se encontra.

Durante a primeira fase é importante realizar movimentos suaves e progressivos, sem muita carga, apenas dando ênfase à mobilidade articular, respeitando o nível de dor. Podemos solicitar que o aluno movimente a barra torre sem molas para frente, para o alto e para trás.

Neste último movimento, será realizada a força de decoaptação articular, o que é muito interessante na Síndrome do Ombro Congelado. Esse alongamento é bastante prazeroso uma vez que o aluno consegue soltar a musculatura da coluna, membros superiores e membros inferiores.

Exercícios no Cadillac

A mobilidade da coluna não deve ser esquecida e, paralelamente a isso, podemos trabalhar o relaxamento do ombro ao descer e subir com a barra roll down do Cadillac.

É feito com o aluno sentado com as pernas esticadas, um pé em cada barra de apoio do aparelho e segurando a barra roll down com as duas mãos. Solicita-se ao aluno que ele desça soltando o ar, contraindo o abdômen e mantendo os ombros relaxados.

Para subir, segue-se o mesmo princípio, porém no final do movimento, pede-se um alongamento da cadeia muscular posterior levando a barra roll down para frente. Esse exercício eleva bastante a consciência corporal do aluno beneficiando não só a articulação em questão, mas o corpo todo.

Exercícios no Barrell

Realizando exercícios compostos, o aluno/paciente poderá trabalhar o ombro sem sobrecarrega-lo, direcionando para o power house a força maior.

Nessa proposta, podemos solicitar o exercício do “cavalo/horse” no Barrel segurando o círculo mágico para fortalecer a musculatura dos membros superiores ao mesmo tempo em que fortalece os adutores do quadril e assoalho pélvico.

Exercícios no Reformer

Já no Reformer, podemos solicitar o fortalecimento do bíceps e tríceps braquial com as alças. O paciente posiciona-se em pé ao lado do aparelho e puxa a alça seguindo todos os princípios de respiração, contração do Power House e concentração.

No mesmo aparelho, pode-se realizar o alongamento da cadeia muscular posterior, ao mesmo tempo em que fortalece o ombro com uma tensão de mola pequena.

O paciente posiciona-se com os pés juntos e inclina o corpo, apoiando as mãos no carrinho e empurra o carrinho para frente.

 

Caso o quadro álgico não permita essa mobilidade e força de reação do carrinho, há a opção do paciente sentar no carrinho do Reformer, com as penas cruzadas e posicionar as mãos na barra de apoio. Solicita-se que ele empurre o carrinho para trás mantendo os braços bem esticados.

No solo, pode-se solicitar que o aluno/paciente segure uma faixa elástica de tensão leve e esta ficará em um dos pilares do Cadillac para que o aluno puxe-a fazendo uma abdução de 90°, seguida por uma extensão com os braços esticados, fortalecendo todo o complexo do ombro, além de corrigir a postura.

Um detalhe importante nesse exercício é a posição do punho, onde o mesmo tende a flexionar gerando uma tensão insatisfatória nos extensores do carpo.

Apesar de ser um exercício objetivando o fortalecimento dos músculos rombóides maior e menor e fibras posteriores do deltoide e grande dorsal, devemos lembrar ao aluno a importância do abdômen contraído para a correta manutenção da postura.

 

Exercícios indicados na Segunda Fase da Patologia

Na segunda fase da patologia, onde a dor apresenta-se mais branda, podemos solicitar exercícios com uma carga moderada nos aparelhos e no solo com os acessórios.

Nesta fase, o bloqueio articular estará no seu auge, o que pode impedir a realização de exercícios com muita amplitude de movimento, tendo o profissional que considerar manipulações passivas antes e após as aulas.

Exercícios no Cadillac

Um exemplo de exercício no aparelho Cadillac pode ser a elevação do tronco para fortalecer o abdômen com as mãos na barra torre para a elevação da mesma. Esse exercício vai ser bastante desafiador e estimulante para o aluno.

Outro exercício no Cadillac será a decoaptação articular. O aluno subirá no aparelho e segurará as alças fuzzy com os pés apoiados na barra de apoio do aparelho.

Será solicitado ao aluno que solte uma das alças, levando o seu corpo para trás com uma rotação de tronco e o braço que estará solto fará um movimento de extensão e abdução, enquanto que o outro braço permanecerá na alça fuzzy sendo tracionado pelo peso do próprio corpo do aluno.

Exercícios no Reformer

No Reformer, podemos solicitar a remada segurando as alças com uma leve inclinação da coluna para trás no intuito de fortalecer também o abdômen. O aluno pode apoiar os pés no encosto da cabeça para melhor posicionamento.

Ainda no Reformer, o paciente pode realizar a rotação interna e externa dos ombros utilizando as alças. Este deve ficar posicionado em pé, manter o cotovelo próximo às costelas e realizar os movimentos com o mínimo de compensação possível. Aqui entra o importante papel do profissional para corrigir eventuais erros posturais.

Exercícios na Chair

É muito importante o alongamento de todas as cadeias musculares para que o ombro obtenha os benefícios da flexibilidade e do alinhamento corporal, garantindo uma correta postura que pode ter sido alterada em virtude de compensações posturais devido a dor na primeira fase da patologia.

Assim podemos solicitar que o aluno realize alongamento da cadeia posterior na Chair empurrando os pedais para baixo com tensão de mola leve para evitar a ação de reação exacerbada.

Exercícios indicados na Terceira Fase da Patologia

A terceira, e última fase, é a que mais possibilitará o desenvolvimento de exercícios mais elaborados devido a diminuição da dor e ao ganho da amplitude dos movimentos.

É a fase da recuperação articular e que, como todas as outras, é uma fase muito importante. Porém, nesta fase pode-se enfatizar todos os aspectos do tratamento.

Pois é sabido que há um percentual de pacientes em que a recuperação da amplitude de movimento não é total e, sendo assim, é fundamental estimular o máximo de desempenho para fugir dessa estatística.

Exercícios no Cadillac

Alguns exercícios no Cadillac como a elevação lateral segurando a barra roll down com um dos braços é um ótimo treino, tanto de mobilidade quanto de força.

 

Exercícios no Reformer

No Reformer, podemos solicitar o mesmo fortalecimento lateral do tronco, porém em pé com a inclinação da coluna e o braço que está segurando a alça passando por cima da cabeça.

Vale relembrar que a inclinação do tronco requer cuidado e solicitar ao paciente a contração correta do abdômen vai ser importante.

Além de eventual correção na direção do movimento, pois os alunos tendem a compensar a fraqueza muscular fazendo uma rotação de tronco podendo, com a falta de contração abdominal, criar uma força de cisalhamento nos discos intervertebrais.

Exercícios no Solo

No solo, podemos utilizar o recurso da faixa elástica para ganhar força muscular em diversos movimentos como, por exemplo, flexão e extensão do ombro.

Ressaltando que estes exercícios devem ser feitos sempre seguindo os princípios do Pilates para que a metodologia não se perca e para trazer ao meio acadêmico e científico os resultados obtidos.

Ao final da aula o profissional pode solicitar alguns alongamentos para relaxar a musculatura e que pode ser ensinado para o paciente fazer em casa.

Ainda na aula, podemos finalizar a sessão com o alongamento da musculatura dorsal e posterior de ombro com o auxílio do rolo proprioceptivo. Para reabilitar a Síndrome do Ombro Congelado.

Também é interessante que o paciente autorize o profissional para que este tire fotos desde o início do tratamento e, assim, ambos poderão visualizar a evolução de tempos em tempos e, a depender do caso, pode ser feito um estudo minucioso para transformar em artigo científico.

 

Exercícios contraindicados para Síndrome do Ombro Congelado

Pouso são os exercícios contra indicados no Pilates, mas vale lembrar que o estudo do gesto em caso do aluno ser um atleta, a análise das atividades cotidianas e a função que ele ocupa no trabalho vai determinar o ritmo e as opções de exercícios.

Um exercício que se torna contra indicado no tratamento da Síndrome do Ombro Congelado é a prancha (“Plank”), visto que vai contra o princípio da decoaptação articular do ombro.

Durante o exercício da prancha a força de reação do solo é alta, pois o peso corporal eleva-se significativamente nessa região, pressionando o úmero contra a cavidade glenóide, tensionando ainda mais a cápsula e toda a estrutura circundante.

Em geral, exercícios que provoquem essa pressão de coaptação devem ser evitados na reabilitação da Síndrome do Ombro Congelado. Daí a importância do olhar clínico do fisioterapeuta estar sempre atento para movimentos que contrariem as regras de mobilidade articular.

Concluindo…

É importante conhecer todas as fases da Síndrome do Ombro Congelado para elaborar a melhor conduta nas aulas de Pilates. Respeitar os limites e mostrar ao aluno/paciente que a evolução será lenta mesmo com um tratamento intensivo e bem direcionado.

Além disso, também deixar claro que mesmo fazendo tudo que está ao alcance, há uma probabilidade da articulação não ter mais a amplitude que tinha antes. Em alguns casos de Síndrome do Ombro Congelado, fica um déficit articular que não chega comprometer as atividades cotidianas.


























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