A fibromialgia é uma das doenças reumatológicas mais frequentes, cuja característica principal é a dor musculoesquelética difusa e crônica. (POLLAC et al ., 2010)
Os pacientes normalmente apresentam sensação de fadiga, sono não reparador, rigidez muscular matinal, parestesias, e alterações de humor, afetando principalmente a qualidade de vida desses indivíduos. (CURY, A & VIEIRA, H , 2016)
A sua etiopatogenia permanece desconhecida e o acometimento ocorre principalmente no gênero feminino entre 35 e 50 anos.
Alguns mecanismos como a hiperexcitabilidade no nível da coluna vertebral ou do sistema nervoso cerebral, alterada percepção da dor e alteração somatosensorial tem sido hipotetizado e de fato, demonstrado em alguns pacientes.
Diagnóstico da Fibromialgia
A sintomatologia é diversa e os exames laboratoriais geralmente apresentam-se normais. Isso contribui para um retardo no diagnóstico e, consequentemente, para uma maior associação aos fatores de natureza psicogênica ou psicossomática.
Portanto, é uma síndrome primariamente pesquisada e tratada por reumatologistas principalmente por envolver um quadro crônico de dor musculoesquelética, mas frequentemente, estes pacientes requerem um acompanhamento multidisciplinar com o objetivo de alcançar uma abordagem ampla e mais completa de seus sintomas e comorbidades. (POLLAC et al.,2010).
Sendo assim, o diagnóstico é essencialmente clínico conforme proposto pelo Colégio Americano de Reumatologia e se dá pelos seguintes critérios: 1° presença de dor musculoesquelética crônica e difusa e, 2° baixo limiar de dor em 11 dos 18 pontos anatômicos específicos chamados tender points. (CURY, A & VIEIRA, H , 2016)
O tratamento tem como objetivo principal o controle da dor e a melhora da qualidade de vida. Os pacientes com fibromialgia devem ser orientados a realizarem exercícios musculoesqueléticos pelo menos duas vezes por semana.
Os programas individualizados de exercícios aeróbicos podem trazer benefícios e devem ser orientados a realizar exercícios moderadamente intensos (60%-75% da frequência cardíaca máxima) duas a três vezes por semana.
Atingindo a intensidade ajustada para a idade, o ponto de resistência leve, não o ponto da dor, evitando, desta forma, a dor induzida pelo exercício. Isso é especialmente importante no subgrupo de indivíduos com hipermobilidade articular. (POLLAC et al. , 2010)
O treinamento deve ter início em um nível logo abaixo da capacidade aeróbica do paciente e progredir em frequência, duração ou intensidade assim que seu nível de força e condicionamento aumentar.
Os alongamentos são indicados e o fortalecimento muscular com intensidade moderada também podem ser realizados para os pacientes com fibromialgia desde que sejam executados adequadamente em sem exacerbação da dor. (CURY , A & VIEIRA, H , 2016)
Além disso, a terapia cognitivo-comportamental é benéfica para alguns pacientes de fibromialgia. O suporte psicoterápico também pode ser utilizado no tratamento, dependendo das necessidades de cada paciente. (POLLAC et al ., 2010)
Estudos sobre o Método Pilates na Fibromialgia
Embora o Pilates seja adotado em programas de treinamento para pessoas saudáveis, o método tem sido sugerido como uma modalidade terapêutica para diversas desordens musculoesqueléticas. (GUNAY et al.,2009)
Os objetivos gerais do Método Pilates para pacientes com Fibromialgia é melhorar a flexibilidade corporal, com ênfase no fortalecimento do core (músculos profundos da coluna, assoalho pélvico e abdômen), melhora da postura, coordenação da respiração associada ao movimento, equilíbrio dinâmico e melhora das habilidades funcionais.
Entretanto, devemos minimizar o recrutamento muscular desnecessário, pois pode causar fadiga, instabilidade e prejudicada recuperação após exercício físico.
No estudo de JOHNSON et al (2007), relataram melhora do equilíbrio dinâmico comparado com o grupo controle após 10 sessões de Pilates. Concluíram que o Pilates pode melhorar a postura prejudicada e o equilíbrio dos pacientes com fibromialgia, porque a meta da técnica é corrigir a postura corporal através do trabalho muscular global.
Segundo GUNAY et al (2009), em seu estudo houve melhora do equilíbrio, postura, alívio das dores e melhora da função física e qualidade de vida no Grupo Pilates em relação ao Grupo Relaxamento/Alongamento após 12 semanas de tratamento.
Portanto, existem algumas hipóteses que podem explicar o aumento do limiar da dor em pessoas ativas quando comparadas com sedentárias. No maior estudo realizado em humanos, a analgesia foi induzida pela liberação de opioides.
Contudo verificaram que se regularmente praticado, um exercício da mesma intensidade e duração libera exponencialmente mais endorfinas em indivíduos ativos. (GUNAY et al., 2009)
O hormônio do crescimento (GH) também participa na modulação da dor. Sua secreção depende diretamente da carga e frequência do exercício praticado. Estudos com indivíduos saudáveis mostra que a perda do sono reduz a concentração de GH e pode causar dor similar a dor difusa característica em pacientes com fibromialgia.
No estudo de AVILA, et al (2016), no Grupo Pilates houve melhora significativa na intensidade da dor e no número de regiões dolorosas, ao passo que não houve diferenças estatísticas para as variáveis de depressão e ansiedade tanto no Grupo Pilates como no Grupo Controle.
Em contrapartida, no estudo de Ekici et al (2016) avaliaram os efeitos do Pilates comparando com a massagem na dor, ansiedade e qualidade de vida de mulheres fibromiálgicas. Tanto os exercícios do Pilates quanto as massagens foram realizadas 3x por semana durante 4 semanas.
Após este período os autores concluíram que ambas intervenções foram efetivas na melhora do limiar de dor das mulheres com fibromialgia, contudo, a ansiedade foi menor e a satisfação maior no grupo que realizou os exercícios do Pilates.
Adicionalmente, Aguiar et al (2016), realizaram a pesquisa com 20 mulheres com fibromialgia e foram 15 sessões de Pilates com duração de 60 minutos cada. Verificaram melhora significativa na qualidade do sono, depressão, ansiedade, rigidez, fadiga muscular e dor após o programa.
Observou- se que depois do tratamento as pacientes tiveram melhora significativa da dor. No entanto esses resultados condizem com os estudos de hidrocinesioterapia e hidroginástica realizados por Morgana et al.
Em sua pesquisa, mostram resultados semelhantes. Provavelmente estes benefícios ocorreram devido aos efeitos fisiológicos do exercício físico, pois promove o bem estar principalmente devido a liberação de hormônios como a endorfina e a serotonina.
Quando a endorfina é produzida em resposta as atividades físicas, além do alívio da dor, ela favorece o relaxamento, sensação de prazer, bem estar e disposição física e mental. A serotonina pode produzir efeito analgésico que está relacionado com o controle do humor, comportamentos emocionais, ciclo do sono e controle da respiração. (Aguiar et al., 2016)
Concluindo…
Há muitas razões pelas quais o uso do Pilates pode ser efetivo para condicionamento ou reabilitação de um cliente com Fibromialgia. O método proporciona baixo impacto e se concentra não apenas na força e estabilidade do centro de força, mas no uso de respiração e trabalho respiratório.
Portanto, alguns estudos mostram que trabalhar a respiração, durante o movimento do corpo, pode aumentar o relaxamento dos músculos e, assim, evitar tensões indevidas.
A ênfase do Pilates na conexão da mente com o corpo também pode ser um grande benefício. A capacidade dos pacientes de participar de um programa de exercícios a partir da qual não há exacerbação de sintomas pode melhorar significativamente o seu senso de bem-estar.
Do ponto de vista musculoesquelético, também permite a melhoria da mobilidade articular.
Os pacientes serão mais beneficiados com programas personalizados no Pilates. O foco deve ser nos exercícios de alongamentos suaves e no trabalho de estabilização do centro de força para a estabilização da cintura pélvica e trabalho da cintura escapular.
Desta forma, conclui-se que o Método Pilates pode ser uma alternativa terapêutica segura para pacientes com Fibromialgia.
Portanto, os exercícios podem favorecer a melhora da qualidade do sono, alívio das dores musculares, melhora da postura, redução da fadiga muscular assim como aumentar a capacidade funcional para realizar suas atividades de vida diária da melhor forma possível.
No entanto, são sugeridos mais estudos científicos que possam avaliar o efeito terapêutico do método para esse público.
Referencias Bibliográficas
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EKICI et al. Effects of active/passive interventions on pain, anxiety, and quality of life in women with fibromyalgia: Randomized controlled pilot trial. Rev Women Health. v.57, n1,p.88-107, 2016.
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CURY.A, VIEIRA.H. Relato de Caso: Efeitos do método Pilates na fibromialgia . Fisioter Bras.v.17, n.3,p.256-60,2016.
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POLLAC et al. Consenso Brasileiro do tratamento da Fibromialgia.Rev Bras Reumatol. v.50 n.1, p.56-66, 2010.
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JONES, et al .Fibromyalgia is associated with impaired balance e falls. J Clin Rheumatol v.15, p.16-21,2009.
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JOHNSON et al. The effects of Pilates –based exercise on dynamic balance in healthy adults. J Bodyw Mov Ther v.11, p.238-42, 2007 .
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AGUIAR et al. Benefícios do Método Pilates em mulheres com Fibromialgia. J ConScientiae Saúde. V.15, n.3, p.440-447,2016.
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GUNAY et al. Effect of Pilates training on people with fibromyalgia syndrome: A pilot study. Arch Phys Med Rehabil. V.90, n.12,p.1983-8, 2009.
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