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Na prática, lidamos diariamente com pacientes que possuem alguma doença cardiovascular, uma das maiores causas de óbito no mundo. Dentre as cardiopatias mais comuns podemos citar a insuficiência cardíaca, arritmias, infarto, aterosclerose, doenças cardíacas congênitas, dentre outras.

Atualmente, já sabemos da grande importância da prática de atividades físicas para prevenção ou tratamento de doenças cardiovasculares. Entretanto, ainda há certo receio por parte dos profissionais da reabilitação e dos próprios pacientes na realização de exercícios físicos logo após cirurgias cardíacas ou, por exemplo, após um infarto. 

Neste artigo falaremos sobre como o Pilates para pacientes com transplante cardíaco pode ser aplicado durante a reabilitação. Vamos lá? 

Anatomia e Fisiologia do Sistema Cardiovascular

O sistema cardiovascular é responsável pela circulação sanguínea e transporte de nutrientes e oxigênio por todo o corpo. É constituído pelo coração e por vasos sanguíneos, divididos da seguinte forma:

  • Artérias: são responsáveis por transportar o sangue já oxigenado para o corpo. Possuem as paredes bem espessas e a capacidade de contração e relaxamento a cada batimento cardíaco. À medida que se ramificam, passam a ser denominadas arteríolas que se ramificam originando os capilares.
  • Veias: Transportam o sangue das diversas partes do corpo para o coração. Suas paredes são mais finas comparadas às artérias, fazendo com que a circulação do sangue seja de maneira lenta e com menor pressão. Devemos nos lembrar que as veias pulmonares são as únicas que transportam sangue oxigenado (ou arterial) para o coração. O restante das veias faz o transporte de sangue venoso, ou seja, rico em gás carbônico, do corpo para o coração.
  • Vasos capilares: São ramificações das artérias e veias que permitem a comunicação entre ambos os tipos de vasos sanguíneos. A parede extremamente fina permite a troca de nutrientes, gás carbônico e oxigênio entre os tecidos. Dessa forma o sangue rico em oxigênio é levado a todos os tecidos do corpo e o sangue venoso volta ao coração.
  • Coração: Localiza-se entre os pulmões e possui a função de bombeamento do sangue. Sua parede é constituída por um músculo denominado miocárdio, que é responsável pelas contrações do coração. 

Apresenta dois átrios e dois ventrículos. Para impedir o refluxo sanguíneo entre átrio e ventrículo existem duas válvulas, sendo a válvula mitral localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdos e a válvula tricúspide localizada entre o átrio e o ventrículo direitos. 

Para bombear o sangue para o corpo, o coração utiliza os movimentos da sístole e diástole. A sístole consiste no movimento de contração do músculo cardíaco, bombeando o sangue para o corpo e a diástole consiste no relaxamento do mesmo, no qual ocorre o enchimento dos átrios.

E como ocorre a circulação sanguínea?

O sangue venoso chega ao átrio direito, através da veia cava superior e veia cava inferior. Em seguida, segue para o ventrículo direito. Dali, o sangue é transportado até os pulmões através das artérias pulmonares. 

Já nos pulmões, ocorre o processo de troca gasosa, no qual o sangue venoso recebe o oxigênio proveniente da respiração pulmonar e se torna arterial.  

Após o processo de troca gasosa, o sangue arterial retorna através das veias pulmonares e chega ao coração pelo átrio esquerdo. Dali, o sangue segue até o ventrículo esquerdo e é bombeado para o corpo através da artéria aorta

Assim, todos os tecidos recebem o sangue oxigenado e o sangue retorna ao coração já rico em gás carbônico decorrente da troca gasosa.

Quando ocorre algum comprometimento anatômico ou no processo fisiológico do sistema cardiovascular, surgem determinadas patologias, como a insuficiência cardíaca, sobre a qual falaremos adiante para entender sobre a cirurgia de transplante cardíaco.

O que é a Insuficiência cardíaca (IC)?

A IC é uma patologia com alta taxa de mortalidade e caracterizada por dispneia e intolerância ao exercício físico, relacionado ao débito cardíaco insuficiente para suprir as demandas do corpo. O paciente com IC apresenta disfunção ventricular, alteração neuro-humoral e retenção hídrica.

Fisiopatologia da IC

Inicialmente ocorre uma lesão dos miócitos que pode ser de maneira aguda, como um infarto, ou crônica, como a hipertensão arterial sistêmica

A partir desse dano às células do miocárdio, inicia-se uma série de eventos neuro-humorais na tentativa de compensar a diminuição do débito cardíaco, porém o quadro não evolui de maneira positiva e passa a sobrecarregar o sistema cardiovascular. 

Isso compromete a fração de ejeção e consequentemente, leva a uma remodelação do ventrículo esquerdo, que perde sua forma elíptica e se torna esferóide.

Sinais e sintomas

Os achados clínicos são importantes para o diagnóstico da IC e incluem: ortopneia, dispneia, dor torácica, palpitação, desvio do ictus cordis para baixo e para a esquerda, presença de sopros cardíacos, aumento da pressão venosa jugular, edema em membros inferiores, estertores pulmonares, taquicardia, taquipneia, cianose entre outros.

Diagnóstico

É realizado através do exame ecocardiograma e da detecção de substâncias produzidas pelo coração. 

Além disso, é feito a anamnese com o paciente para colher seu histórico e queixas relacionadas à patologia.

Tratamento

Varia de acordo com o grau da patologia de cada paciente. Na maioria dos casos o tratamento é realizado com o uso contínuo de medicamentos que melhoram a contratilidade do coração, associados a diuréticos, anti-hipertensivos e remédios que controlam a descarga de adrenalina. 

Dependendo do grau da IC ou no caso do tratamento medicamentoso não apresentar melhoras, é analisada a possibilidade de um transplante cardíaco.

Quando deve ser realizado o transplante cardíaco?

Para decidir se um paciente deve passar por transplante cardíaco, são considerados vários fatores:

  • Fração de ejeção ventricular reduzida, a classe funcional III/IV (NYHA);
  • Elevação das catecolaminas séricas;
  • Hiponatremia;
  • Pressão capilar pulmonar elevada;
  • Índice cardíaco reduzido;
  • Arritmias ventriculares;
  • Consumo máximo de oxigênio (Vo2max) reduzido durante o exercício.

Durante a consulta médica inicial o objetivo é avaliar a gravidade da patologia e em seguida descartar a possibilidade de terapias opcionais como a revascularização do miocárdio e a substituição valvar. 

Além disso, é analisada a presença de contraindicações para o processo cirúrgico e estimado o prognóstico em curto prazo para saber o momento ideal de colocar o paciente na fila de espera para receber a doação do órgão.

Como evolui o quadro clínico após o transplante?

No processo de pós-operatório alguns cuidados devem ser tomados para evitar eventuais complicações que possam surgir. É feito o monitoramento cardíaco e respiratório constante para evitar comorbidades como:

  • Infecções;
  • Disfunção primária ou rejeição do enxerto;
  • Insuficiência renal;
  • Tamponamento cardíaco;
  • Sangramentos;
  • Convulsões ou choques.

Quando e como é realizada a reabilitação cardiovascular (RCV)?

A RCV é iniciada com o paciente no pós-operatório imediato e divide-se em quatro fases:

  • Fase 1: Corresponde ao período de internação hospitalar, no qual o paciente realiza, sob supervisão de um fisioterapeuta, exercícios de baixa intensidade. O objetivo é que o paciente tenha alta com as melhores condições físicas e psicológicas possíveis;
  • Fase 2: Inicia-se imediatamente após a alta hospitalar e dura em torno de 2 meses. Consiste na fase de maior progressão do treinamento físico e seu objetivo é contribuir para um retorno mais rápido, e com melhores condições, do paciente para suas atividades diárias e sociais.
  • Fase 3: O paciente terá maior aprimoramento no condicionamento físico através de exercícios supervisionados. Esta fase tem duração média entre 6 meses e 1 ano.
  • Fase 4: Na última fase do tratamento, o paciente é incentivado a manter uma rotina de exercícios de forma mais independente e sem supervisão, entretanto o acompanhamento clínico deve ser mantido.

Durante a fase ambulatorial, correspondente às fases 2 e 3, devem ser realizados exercícios aeróbicos, de fortalecimento muscular e de flexibilidade. Podem ser incluídos também exercícios de equilíbrio e coordenação motora, de acordo com a avaliação do profissional.

Pilates para pacientes com Transplante Cardíaco

Na RCV, é importante trabalhar a musculatura respiratória dos pacientes e vários estudos sugerem um incremento das pressões inspiratória e expiratória máximas após reabilitação, justamente por isso, o Pilates para pacientes com transplante cardíaco  é extremamente recomendado. 

Além disso, é comprovado melhora significativa na capacidade funcional, ventilação e pulso de oxigênio.

Durante a reabilitação, é necessário adaptar o Pilates para pacientes com transplante cardíaco, além de associá-lo a um treinamento aeróbico para melhora do VO2 e consequente aumento da resistência aos esforços. 

No caso específico do transplante orienta-se avaliar os sinais vitais do paciente antes de iniciar os exercícios e logo após o atendimento. Devemos avaliar a frequência cardíaca, pressão arterial, saturação de oxigênio além de aplicar a escala de percepção subjetiva de esforço.

Os exercícios de Pilates para pacientes com transplante cardíaco devem ser realizados de forma individualizada e com foco na disfunção. Como dito anteriormente, deve-se trabalhar com alongamentos, fortalecimento muscular, exercícios para mobilidade articular e o que mais se fizer necessário de acordo com a avaliação feita no paciente. 

Devemos nos atentar em corrigir o paciente durante os exercícios e incentivá-lo a praticar a respiração de forma correta.

Inicialmente, sugere-se a prática do Método nos aparelhos, pois assim, podemos utilizar as molas para facilitar o movimento. Caso o profissional opte por realizar a modalidade solo, devem ser realizados exercícios mais leves e sem desafios, observando a tolerância do paciente ao exercício.

Conclusão

Através deste artigo, podemos ver a importância da reabilitação cardiovascular para pacientes que passaram por transplante cardíaco. 

O Pilates para pacientes com transplante cardíaco, por ser um Método com exercícios que vão do básico ao avançado, consegue trabalhar em todas as fases da reabilitação do paciente. 

O que torna o Método ainda mais valioso é o fato de trabalhar o sistema respiratório que é de suma importância na reabilitação desse grupo especial.

Além disso, com o Pilates conseguimos tratar o corpo de forma global, atender o paciente de forma individualizada, com exercícios adaptados e no seu próprio ritmo, sem exageros e na medida certa. É como diria nosso mestre Joseph Pilates: O homem deveria estar ciente e refletir sobre um ensinamento grego: Nem muito pouco, nem em excesso”.

 

Referências

PLENTZ, Rodrigo della MÉa et al. Uso do método Pilates na fase ambulatorial do processo de reabilitação Cardiovascular.  Profisio: Fisioterapia Cardiovascular e Respiratória, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 9-29, nov. 2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/284448037_Uso_do_metodo_Pilates_na_fase_ambulatorial_do_processo_de_reabilitacao_cardiovascular. Acesso em: 16 abr. 2020.

Fiorelli AI, Coelho HB, Oliveira Junior JL, Oliveira AS. Insuficiência cardíaca e transplante cardíaco. Rev Med (São Paulo). 2008 abr.-jun.;87(2):105-20.

SILVA, Kássya Mycaela Paulino et al. Análise dos programas de reabilitação cardiopulmonar no transplante cardíaco. Fisioterapia Brasil, Caruaru, v. 13, n. 4, p. 299-308, julho/agosto, 2012.

SANTOS, Rodrigo Emanuel Viana dos et al. Transplante cardíaco: evolução nos cuidados de enfermagem no pós operatório. International Nursing Congress, Universidade Tiradentes, p. 1-4, maio 2017.


























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