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As doenças cardiovasculares são as principais causas de morbimortalidade em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

Um terço dessas mortes ocorre precocemente em adultos de idade entre 35 e 64 anos.

Diante deste cenário, as pesquisas atuais têm se concentrado em definir as causas desse desencadeamento de doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares.

Os fatores genéticos, metabólicos e estilo de vida, principalmente relacionadas à atividade física e hábitos alimentares, tem sido as causas mais pesquisadas.

Doenças Cardiovasculares e Fatores de RiscoDoenças-Cardiovasculares-2

Neste contexto, são considerados como principais fatores de risco de doenças cardiovasculares:

  • Histórico familiar de doença arterial coronariana prematura – familiar de primeiro grau do sexo masculino que apresentou a doença com menos 55 anos e do sexo feminino com menos de 65 anos
  • Sexo masculino com idade acima de 45 anos e mulheres com idade acima de 55 anos
  • Tabagismo
  • Hipercolesterolêmica – LDL-c elevada
  • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) – pressão diastólica acima de 90 mmHg e sistólica acima de 140 mmHg
  • Diabetes Mellitus (DM) tipo 2
  • Obesidade – índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m2 ou mais
  • Gordura abdominal – medida pela circunferência da cintura, os pontos de corte adotados são: mulheres com mais de 80,0 cm e homens com circunferência maior que 94,0 cm
  • Sedentarismo
  • Hábitos alimentares ruins
  • Estresse psicossocial

Adicionalmente a estes fatores de risco existem os cardio metabólicos, que implicam no desenvolvimento de DM tipo 2 e de doenças cardiovasculares (DCV), devido a um conjunto de fatores de risco modificáveis.

Nesse sentido, muitos estudos têm indicado o sedentarismo como um dos principais fatores de risco que podem contribuir para o desencadeamento de distúrbios metabólicos e DCV.

Por outro lado, a literatura demonstra que a prática regular de exercícios físicos é fator relevante na prevenção primária e atua como suporte terapêutico de doenças crônicas.

Além disso, existem fortes evidências de que um estilo de vida ativo pode reduzir a incidência de morte prematura e diminuir o risco de doenças cardiovasculares.

Conforme o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, os indivíduos fisicamente ativos e/ou treinados tendem a apresentar menor incidência de doenças crônico-degenerativas, explicável por uma série de benefícios fisiológicos e psicológicos, decorrentes da prática regular da atividade física.

A prática da atividade física tem diversos benefícios, sendo alguns deles:

  1. Aumento da atividade simpática potencializando a ação lipolítica no tecido adiposo – em especial na região abdominal
  2. Aumento da sensibilidade à insulina
  3. Redução da pressão arterial
  4. Auxílio na manutenção da massa magra, quando associada a reeducação alimentar
  5. Redução na circulação de lípides na corrente sanguínea
  6. Entre outros

O Método Pilates tem potencial de prevenir fatores de risco cardio metabólicos, já que concilia exercícios posturais e de concentração, com foco na musculatura das costas e abdominal.

Junges (2015), descreve que pesquisas tem demonstrado que o Pilates é eficaz em reduzir o volume adiposo intra-abdominal, o qual é metabolicamente ativo, ocasionando inflamação crônica de baixo grau, elevação do fluxo de ácidos graxos livres e aumento das taxas de LDL-c no plasma sanguíneo.

Todas estas alterações, podem gerar sobrecarga em órgão vitais como: fígado, pâncreas e músculo esquelético.

Condicionamento Físico por meio do Método PilatesDoenças-Cardiovasculares-8

Um programa de condicionamento físico convencional pode ser composto por exercícios de caráter aeróbico, que enfatizam a ação de grandes grupamentos musculares e são capazes de elevar o consumo de oxigênio acima dos níveis de repouso ou seja, tem o sistema cardiorrespiratório como determinante.

E também pode ser composto por exercícios de caráter resistido, os quais trabalham a contração muscular com o objetivo de oferecer aos músculos capacidade para suportar o esforço contínuo contra uma resistência externa.

Um exemplo de atividade física que envolve exercícios resistidos é o Método Pilates.

Atualmente, o Pilates vem se consolidando como um exercício físico com elevado número de adeptos em diversos países.

Nos Estados Unidos, por exemplo, é uma das principais atividades físicas, com aproximadamente 10,5 milhões de praticantes, não apenas para correção postural, como também para prevenção dos fatores de risco para DCV e doenças metabólicas (JUNGES; JACONDINO; GOTTLIEB, 2015).

Barreto (2005) e Sabia; Santos; Ribeiro (2004), descrevem os efeitos da reeducação alimentar e do exercício físico isoladamente, ou de ambos combinados, sobre a perda de peso corporal.

Nestes estudos fica claro que a dieta tem um papel mais marcante na redução do peso corporal, porém o exercício pode gerar vantagens a longo prazo, que podem ser muito benéficas, principalmente ao paciente ou aluno obeso.

Os exercícios de condicionamento físico, estão intimamente relacionados com a manutenção ou obtenção da aptidão física, a qual está intimamente ligada com a preservação das boas condições de saúde, e ela pode ser adquirida também com a prática do Pilates.

Alguns fatores determinam a aptidão física de uma pessoa, como por exemplo: força, composição corporal, resistência cardiorrespiratória e flexibilidade.

Dessa forma, é importante que o profissional tenha conhecimento e trabalhe adequadamente com cada um destes componentes.

Força

É a capacidade de exercer tensão muscular contra uma resistência, superando, sustentando ou cedendo a mesma envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos.

Composição Corporal

É considerada um componente da aptidão física relacionada à saúde, devido às relações existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas.

Resistência Cardiorrespiratória

É a capacidade do sistema cardiovascular e do aparelho respiratório permitir a realização de esforços físicos de intensidade moderada, por períodos de longa duração.

É uma capacidade dos sistemas circulatório e respiratório para se ajustar e se recuperar dos esforços do corpo em exercício.

Flexibilidade

Considerada como um importante componente da aptidão física, relacionada à saúde e ao desempenho atlético.

Baixos índices de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, algias, níveis de lesões, diminuição da vascularização local e aumento de tensões neuromusculares.

Este fator tem variação conforme a idade, gênero e padrão de exercício regular.

Quando pensamos no Método Pilates e em todos os ensinamentos que Joseph Pilates deixou para nós, percebemos que o Método pode modificar de forma eficiente cada uma delas e, com isso, interferir nos níveis de saúde de seus praticantes e melhorar sua qualidade de vida.

Diminuição nos Fatores de Risco e Método PilatesDoenças-Cardiovasculares-4

Como já citamos anteriormente, o principal fator de risco para DCV é o sedentarismo, cada vez mais pacientes e alunos que procuram nossos estúdios com indicação médica, a fim de praticar uma atividade física e melhorar os parâmetros clínicos e, principalmente, melhorar a qualidade de vida.

O início de uma atividade física regular, normalmente não se apresenta como tarefa muito fácil.

O stress do dia a dia, associados à má alimentação e muitas vezes a um sono não reparador, fazem com que aumente a desistência na realização da atividade.

Borges (2006) e Cooper (1982), relatam que prática de atividades físicas, propiciam alívio do estresse ou tensão, devido a um aumento da taxa de um conjunto de hormônios denominados endorfinas que agem sobre o sistema nervoso.

Sendo assim, a qualidade do sono melhora, a reação emocional com relação às situações de estresse se alteram, as dores musculares decorrentes da rotina agitada do dia a dia apresentam alívio, além dos benefícios estéticos, como redução da circunferência abdominal, fortalecimento e tonificação da musculatura global, entre outros.

Exercícios monótonos ou muito extenuantes também são fatores importantes para o abandono das atividades físicas, mais um ponto positivo para o Pilates!

Quando o profissional domina o Método e sabe adequar a atividade ao seu aluno/paciente, a chance de melhora é muito grande e a desistência diminui consideravelmente.

Hipertensão Arterial Sistêmica

Doenças-Cardiovasculares-1

Outro fator de risco de doenças cardiovasculares muito comum é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), pesquisas afirmam que a prática do Pilates favorece a redução nos níveis de pressão diastólica e sistólica.

Alguns autores afirmam que esta redução está ligada às técnicas de respiração, as quais resultam no relaxamento do organismo e, como consequência, há a redução na pressão arterial.

Além disso, a prática de atividade física de resistência e força, nesse caso o Pilates, potencializa a força de ejeção do sangue na parede vascular, ocasionando uma vasodilatação arterial. Como se fossem poucos os benefícios, ainda temos a redução na atividade simpática, melhorando também os tônus musculares.

Em uma revisão sistemática, concluiu-se que o Pilates já está consolidado como atividade física eficaz na redução da porcentagem de gordura corporal e da relação cintura/quadril.

Apesar de não ser considerada uma atividade aeróbica por completo, o Pilates, tem efeito benéfico sobre as variáveis antropométricas, pois produz um gasto energético considerável, com consequente alteração no metabolismo celular.

Pode ser considerado um exercício de força e resistência, com capacidade para reduzir o volume de tecido adiposo abdominal e visceral, as quais são ricas em triglicerídeos. Com isso, observamos efeitos positivos na aptidão física, como citamos anteriormente e na composição corporal.

É importante ressaltar que exercícios físicos como o Pilates estimulam alterações fisiológicas, principalmente na regulação da glicemia e na deposição de gordura abdominal, refletindo-se no aumento da sensibilidade à insulina, que atua no controle glicêmico, síntese proteica e na regulação da estocagem de gordura.

Com relação às dislipidemias, as quais são outros fatores de risco para doenças cardio metabólicas, o Pilates pode contribuir para uma melhora da metabolização dos carboidratos e da oxidação de gorduras, reduzindo os níveis de lipídeos circulantes e intramusculares, melhorando a sensibilidade à insulina, prevenindo assim, o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 e da hipertensão.

Concluindo…Doenças-Cardiovasculares-5

Com tudo isso, podemos concluir que para uma prevenção adequada das doenças cardiovasculares faz-se necessário a estratificação do risco e real controle dos fatores de risco.

Várias diretrizes foram publicadas na tentativa de se prevenir de doenças cardiovasculares e devem ser seguidas. É essencial que haja o controle da pressão arterial e do colesterol de forma agressiva.

O tabagismo também deve ser combatido de forma enérgica, pois como já sabemos, ele está relacionado a diversas patologias.

A prevenção e o tratamento do excesso de peso, da síndrome metabólica e do DM, por intermédio de alimentação adequada e exercício físico, também têm papel extremamente importante.

Vamos mais além, atividade física, alimentação saudável, abstenção ao fumo e combate ao excesso de peso devem ser ensinados na escola como estratégia preventiva de saúde pública.

Acredito que o Método Pilates, como atividade física regular, possa ser reconhecido como forma de reduzir os riscos de diversos problemas, aumentando a capacidade funcional, e consequentemente, melhorando a qualidade de vida.

Pylro, et al (2005), afirma que participar de atividade corporais de forma regular tem sido aconselhado por profissionais da área da saúde, pois tem como benefícios o bem-estar físico, psíquico e social, além de prevenir, controlar e curar doenças cardiovasculares.

O Pilates é um método de condicionamento físico que integra o corpo e a mente, restaura o corpo, elimina as dores musculares, amplia a capacidade de executar movimentos, aumentando o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal.

 

Referências Bibliográficas
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