Para entender melhor sobre as dores cervicais, precisamos antes de tudo falar sobre a região da coluna afetada e como ela é responsável por tudo isso.
A coluna vertebral é a região que se estende do crânio até a pelve e é responsável pela proteção da medula espinhal, pelo suporte do peso corporal e, principalmente, pela postura e locomoção.
A região superior da coluna, também conhecida como Cervical é composta por sete vértebras que se caracterizam por possuir um corpo vertebral pequeno, com exceção da primeira.
Dentre as vértebras cervicais, temos o Atlas (a primeira) que tem como diferenciação o fato de não possuir corpo vertebral; e, o Axis (a segunda), que tem como característica principal o processo odontóide, que permite a sua articulação com a primeira vértebra.
Outro ponto importante da coluna cervical que recebe atenção é a sétima vértebra cervical, a famosa C7 ou vértebra proeminente, a qual se diferencia por possuir um processo espinhoso mais longo e mais proeminente.
Importância da Região Cervical
Além da parte óssea, temos também a questão muscular da região cervical que é, sem dúvida, o local de maior acúmulo de tensão e concentração de dores.
Além do envolvimento direto com o pescoço, a musculatura dessa região também está intimamente ligada à Articulação Têmporo Mandibular e aos membros superiores, podendo, muitas vezes, causar dores cervicais irradiadas, em caso de tensão excessiva.
É sabido que a cabeça estando mal posicionada em relação ao pescoço causará diversas alterações, que podem influenciar em fatores como:
- Postura
- Sono
- Posicionamento correto para realizar atividades de vida diária
- Mastigação
- Realização de Exercícios
- Entre Outros
A boa postura e o controle da região cervical é realizado pela musculatura superficial e profunda que, obviamente, devem estar em harmonia na hora de realizar movimentos, sejam eles cotidianos ou de alguma atividade física especifica.
Para tanto, é necessário que essa musculatura esteja devidamente trabalhada e, principalmente, que o paciente tenha consciência e domínio sobre ela.
Isso para que consiga gerar contrações musculares corretas a todo momento e para que eduque tanto a musculatura quanto o sistema nervoso de como é a ação correta de cada músculo e em quais ações este deve participar de forma mais ativa.
Cervicalgia
Cada vez mais pessoas sofrem com a chamada Cervicalgia, ou seja, apresentam dores na região posterior do pescoço que pode ser localizada ou irradiada para a nuca e até mesmo para os membros superiores, as famosas dores cervicais.
Geralmente, os quadros de cervicalgia se apresentam com dor, rigidez, tensão e limitação de movimento, podendo piorar ao longo do dia e ocasionar até mesmo dores de cabeça, a chamada cefaléia tensional.
Seja por má postura, pelo uso excessivo de smartphones e computadores ou até mesmo por alguma disfunção específica, sabe-se que esse tipo de dor limita os movimentos funcionais e influencia diretamente no bem estar diário das pessoas.
Em termos práticos, as dores cervicais podem trazer desde um simples incômodo na região do pescoço até um afastamento do trabalho.
Alguns dados de órgãos ligados à saúde mostram que duas em cada três pessoas já tiveram ou tem algum desconforto, dor ou disfunção na região cervical da coluna vertebral.
E, obviamente, esses casos aumentam e aumentarão de forma acelerada nos próximos anos, pois temos uma população cada vez mais restrita em termos de movimento, com cargas de trabalho cada vez mais altas, posturas sustentadas por períodos cada vez mais longos e com cada vez menos tempo para a realização de uma atividade física correta e específica para o seu caso.
Uma musculatura bem trabalhada e que desempenhe adequadamente sua função é extremamente importante para que uma região de grande mobilidade, como a cervical, exerça seus movimentos de forma satisfatória e não acarrete danos que prejudiquem a qualidade dessas ações.
Além da questão muscular, os desconfortos na cervical também podem gerar alteração no posicionamento de vértebras e processos irritativos também nas terminações nervosas, o que causaria uma irradiação dessa dor para os ombros, cabeça e até mesmo para a face.
Enfim, as dores cervicais possuem etiologia multifatorial e, obviamente, é importante que o paciente procure o profissional adequado e especializado para o quadro.
Por todos esses fatores, é necessário que haja uma estabilização da musculatura cervical, o que ocasionará movimentos corretos, evitará movimentos compensatórios e trará melhor qualidade de vida ao paciente.
Uma musculatura bem trabalhada e estável terá desde resistência até uma propriocepção refinada, o que influenciará na qualidade dos movimentos deste sujeito.
Estando a musculatura estabilizada e fortalecida haverá tanto a prevenção de distúrbios cervicais quanto o tratamento e/ou diminuição dos danos das disfunções já existentes.
Método Pilates como Tratamento para as Dores Cervicais
Dentre as diversas formas de promover alívio e intervir nestes casos, aparece no cenário das dores cervicais o Pilates, que além de um método de condicionamento físico também é um ótimo aliado para a reabilitação.
O método visa a realização de movimentos que minimizem a ativação desnecessária da musculatura, que no caso da cervical costuma estar em tensão constante.
O trabalho de estabilização muscular alcançado através do método criado pelo alemão Joseph Pilates, beneficiará o praticante com uma musculatura mais fortalecida e capaz de suportar cargas e gerar movimentos de forma correta e controlada, além de reduzir a tensão dos tecidos adjacentes e proteger a região cervical, a fim de evitar danos articulares e teciduais.
Ou seja, a utilização dos princípios essenciais do método leva o praticante a realizar o exercício de forma mais “limpa”, utilizando um padrão motor mais adequado e saudável ao mesmo tempo que diminui a participação de musculaturas acessórias que estariam atuando para suprir um déficit de ativação dos músculos principais.
Exercícios que promovam o relaxamento e alongamento da musculatura necessária beneficiarão e muito o paciente, em um primeiro momento, que posteriormente terá seu trabalho no Pilates concentrado no fortalecimento da musculatura correta e do corpo como um todo, para que todas as partes do seu corpo trabalhem em harmonia e sem padrões de compensação.
Nesse sentido, é de extrema importância que o profissional do Pilates tenha completo conhecimento e consciência de toda biomecânica da região cervical, escapular e do ombro, bem como da musculatura e dos princípios do método.
Devendo também conhecer as possíveis e diversas causas da cervicalgia, as principais disfunções que acometem a região e como direcionar exercícios específicos para aquele paciente em questão.
Com o Pilates o praticante se beneficiará com a prevenção à futuras lesões e com o alívio de dores cervicais crônicas, havendo também um estímulo maior à circulação, ao condicionamento físico, à amplitude articular, ao alongamento, à consciência corporal, à educação respiratória, ao alinhamento postural e à coordenação motora, ganhos estes que podem ser alcançados tanto em aulas de MAT quanto em aparelhos.
Caberá ao profissional avaliar e programar o melhor protocolo de intervenção para cada tipo de paciente, respeitando suas limitações e dores, mas também enfatizando o ganho de todos os fatores anteriormente citados.
Por ser um método extremamente completo, o Pilates consegue, através da ativação do Powerhouse e da educação respiratória gerar estabilidade corporal de uma forma geral.
Sendo assim, inicialmente, para intervir em um paciente com dores cervicais, é adequado que seja dada preferência a exercícios de relaxamento da região cervical e que de forma contínua e gradativa comece a haver a ativação.
Ativação essa não só da musculatura cervical, mas também um trabalho com enfoque direcionado à musculatura da cintura escapular e membros superiores, para que assim se inicie e se mantenha uma harmônica relação entre o trabalho muscular e a execução dos movimentos.
Obviamente, não basta apenas que o profissional saiba intervir e programar sessões de Pilates para que a intervenção tenha sucesso.
Antes de tudo, é primordial e imprescindível que seja feita uma avaliação minuciosa do paciente em questão para que haja uma busca, ou ao menos uma tentativa de busca, da possível causa daquela determinada dor ou, ainda, a identificação dos fatores e posturas que estão piorando e cronificando o caso do paciente.
Após o início da intervenção, é de extrema importância que o corpo seja trabalhado de forma global, mas que a região cervical não seja esquecida ou minimizada durante os exercícios.
Conforme o paciente vai alcançando a melhora, a estabilidade, a postura correta e o fortalecimento e alongamento muscular, é natural que os exercícios irão sendo modificados e que o nível de dificuldade aumente.
Porém, é importante que o instrutor esteja atento até mesmo em exercícios como o Footwork no Reformer, por exemplo, para que se mantenha sempre o bom alinhamento e bom trabalho da região cervical, que afinal, foi o motivo pelo qual o praticante chegou até nós.
Concluindo…
Além das sessões, é válido que o instrutor oriente o praticante sobre o trabalho da musculatura, o ensine e o eduque quanto aos movimentos corretos e, principalmente, quanto aos indesejáveis.
Tudo isso para que assim, a pessoa consiga levar o Pilates como uma forma de bem-estar durante as 24 horas do seu dia e não apenas durante o tempo em que estiver realizando os exercícios propriamente ditos.
Orientar sobre posturas, respiração, movimentação e compensações também faz parte do trabalho continuado do instrutor.
Dessa forma, além de melhorar o quadro do praticante o instrutor também estará valorizando o método com o qual trabalha e demonstrando à população em geral o quão ele é importante e eficaz.
A intervenção através do Pilates nas dores cervicais é abundantemente efetiva e restauradora, pois os exercícios trarão diversos benefícios ao praticante, além de, aos poucos, restaurar a mobilidade e o bom trabalho da região.
Isso será diretamente proporcional ao alívio de dores, tensões, hiperativações de alguns músculos e que trará uma melhora significativa nas atividades diárias como trabalhar, realizar afazeres domésticos, dormir, atividades de lazer e potencializará o bem estar e a manutenção da saúde e da qualidade de vida de uma forma global.
Me interessa mande end. tel. evalor