A aula experimental é a expectativa compartilhada entre profissional e cliente sobre um serviço que se pretende conhecer/ser apresentado.
Mesmo essa experiência sendo permeada por poucas informações ainda acerca do cliente, devemos, como profissionais, encantá-lo ou surpreendê-lo quanto ao que poderá vivenciar durante todo o período que praticar o método Pilates em seu Studio.
A aula experimental se torna uma proposta de venda da qualidade, da competência, do diferencial que aquele instrutor ou sua equipe tem a oferecer.
É também a apresentação do uso do espaço do Studio, da possibilidade de associação com outros métodos de treinamento ou tratamentos de fisioterapia ou equipamentos, como por exemplo, esteira, bike e elíptico que se somam como mais possibilidades ofertadas aos clientes num plano de exercícios aeróbicos dentro do Studio.
A apresentação profissional também conta para influenciar positivamente o cliente.
Pontos principais do seu currículo podem ser ressaltados de maneira descontraída e leve para valorizar o investimento em estudos e experiência. Um instrutor também impressiona se mostra domínio na execução dos exercícios com a máxima fluidez e precisão e isso realmente depende de treinos.
Ao treinar, o instrutor também será capaz de interpretar as queixas, dúvidas e observações que o cliente relatar ao experimentar o estresse físico do exercício.
1º Contato – Uma Conversa Introdutória
Costuma-se, para a aula experimental, o cliente ser recebido pela recepcionista/secretária que o orientará a preencher um cadastro com seus dados pessoais, como:
- Nome Completo
- Idade
- Data de Nascimento
- Sexo
- Profissão
- Ocupação
- Endereço
- Dados para Contato (Celular, WhatsApp, Redes Sociais, Email)
Estas informações, em entrelinhas, podem nos revelar pontos importantes para formulação da aula experimental.
- Idade e Sexo – Há interesses/objetivos diferentes para as faixas etárias, estética, condicionamento e saúde entre homens e mulheres.
- Profissão/Ocupação – Profissão é diferente de ocupação. A ocupação profissional se torna mais importante saber para identificar as sobrecargas físicas e psíquicas envolvidas no modo de trabalho do cliente.
Como exemplo podemos citar os fisioterapeutas e educadores físicos, quando alguns assumem funções gerenciais/administrativas, predominantemente sentados ao computador, e outros trabalham com o método Pilates e assumem grandes períodos de tempo por dia em pé e demonstrando exercícios em posturas diversas.
As sobrecargas fisiológicas, mecânicas e psíquicas são diferentes e devem ser levadas em conta para a elaboração das aulas pensando-se em especificidade do treino ou tratamento/prevenção das lesões relacionadas a tais sobrecargas.
É imprescindível também uma conversa sucinta sobre a saúde geral ou no cadastro ter opções para marcar as patologias ou comorbidades mais frequentes.
Lembrando que este momento não se constitui numa anamnese, pois a aula precisa começar na prática, porém deve ser guiada pela segurança de saber o mínimo necessário sobre aquele cliente que vai se submeter a diversos estímulos e intensidades por 1 hora de exercícios.
Diagnósticos como cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes, trombose venosa profunda, pós-operatórios, pós-fraturas, pós-entorses, devem ser questionados, bem como gestação/amamentação e tratamentos gerais realizados no momento.
Alguns cadastros até incluem um termo de compromisso sobre riscos de atividades físicas ainda realizadas sem a avaliação ou consulta fisioterapêutica, como é o momento da aula experimental de Pilates.
As lesões músculo-esqueléticas crônicas ou as limitações de movimento relatadas pelos clientes devem ser pontos fortes para escolha de exercícios que afetem positivamente a reabilitação destas funções.
Aula Experimental – Treinamento dos Princípios do Pilates
A aula experimental geralmente dura 1 hora e é marcada em turmas pré-existentes ou até individualmente.
É fato então que este cliente deve ter uma atenção dirigida a princípios do método que os demais clientes do horário já conhecem e treinam. E mesmo que ele venha de experiências passadas com o método Pilates, convém apresentar-lhe novamente tais princípios necessários a execução pois cada profissional exibe uma competência diferente para ministrar suas aulas.
Esta conduta, inclusive, se torna o diferencial de muitos Studios como dizem os próprios clientes.
O principio elementar a se estimular é o controle da respiração, fluindo sincronizada com o exercício, profunda porém ritmada, ditando os tempos dos movimentos em suas contrações concêntricas e excêntricas e resistências contra a gravidade ou acessórios/cargas externas.
A respiração no Pilates deve estimular a expansão/contração das costelas/caixa torácica nos 3 planos, anterior, lateral e posterior. Há diversos exercícios e posturas para se treinar esta eficiência na respiração.
O reconhecimento das contrações envolvidas no power house é o ponto central da realização dos exercícios pelo método.
A ativação do transverso abdominal, o aplainamento dos retos abdominais, a sucção pelos oblíquos abdominais e períneo/músculos do assoalho pélvico, controlando a pressão intra-abdominal, na fase correta da sequência dos movimentos, revela a tão almejada estabilização central dada pelo Pilates como resultado principal.
Exercícios como pranchas em vários planos, pontes com variações, apoios unipodais e unilaterais, exercícios em 4 apoios, hiperextensões, constituem boas sugestões para este treino inicial do power house.
A concentração é a base para o controle refinado dos exercícios e estes 2 princípios, controle e concentração, são difíceis de se construir apenas num primeiro contato de aula.
A sequência de aulas é o que treinará no cliente a percepção/sensopercepção e o levará a uma maior consciência corporal, até que o cliente diminua ao máximo as compensações e vícios de movimento ainda presentes no início e chegue aos princípios de fluidez e precisão em movimentos em diversos planos, alavancas e intensidades.
É prudente que o instrutor de Pilates corrija ou adapte exercícios quando as compensações aparecerem ou as aceite em um nível mínimo quando elas ainda precisam aparecer para permitir o primeiro contato com o movimento bloqueado ou alterado na mecânica do cliente.
Isso exige um olhar experiente e um domínio da biomecânica por parte do instrutor, além de um vasto conhecimento prático sobre adaptações ou variações nos exercícios propostos personalizando-os aquele cliente.
Vale ressaltar a importância do treinamento do instrutor que deve se manter ativo treinando em si o método Pilates. Um instrutor bem treinado é ponto fundamental para a qualidade da aplicação do método.
Instruções e experiências de movimento também devem ser dadas sobre os princípios de crescimento axial/longitudinal para tronco, MMSS, MMII, em várias posturas e também o controle da coluna neutra, um ponto fundamental para o correto posicionamento da lombar durante a aula.
Variáveis Biomotoras e Outros Fatores Traduzidos em Exercícios
Na elaboração de uma aula de Pilates, vários fatores devem ser envolvidos e relacionados para a prescrição dos exercícios:
- Tipos e Tamanhos das Bases de Apoio
- Alavancas e Torques
- Planos de Movimento
- Eixo e ADM das Articulações
- Flexibilidade Muscular
- Mobilidade Articular
- Mudanças de Decúbito
- Ortostatismo
- Postura Sentada, Ajoelhada, Inclinada
- Associação de Segmentos Corporais
- Recrutamento em Cadeias Musculares
- Assistências e Resistências dadas pelos Acessórios
- Instabilidades criadas pela Postura ou Uso de Acessórios
- Equilíbrio de Forças entre os Lados
- Coordenação Intra e Intermuscular Envolvidas
- Noção Espacial
- Propriocepção e Tempo de Reação
- Simetria Postural
- Exercícios Simples, Combinados e Complexos
- Periodização em Séries e Repetições
- Tipos e Tempos de Contração
- Velocidades de Contração
- Tipos de Força
- Séries Progressivas e Séries Agrupadas
Todas essas variáveis irão aparecer no decorrer de muitas aulas de Pilates e é claro que não é possível demonstrar em 1 única aula todo este potencial a explorar no corpo humano.
Entretanto uma citação e explicação breve das principais variáveis pode ocorrer durante a aula e exercícios dirigidos para as mais relevantes aquele cliente também deve ocorrer.
As aulas experimentais de Pilates seguem o modelo geral das aulas, geralmente divididas em 2 partes:
1) MAT Pilates – Momento de exercícios de solo e acessórios, como um laboratório do movimento livre a observar e treinar para corrigir compensações.
2) Equipamentos – Momento de auxílio na execução de movimentos dado pelos apoios das superfícies e possibilidade de uso de cargas pelas molas ou design das máquinas.
Concluindo…
Diante de tantos fatores, vê-se a importância de atender o cliente pela primeira vez com mais responsabilidade sobre este momento que não deve ser encarado apenas como boa oportunidade de venda de serviço.
O bom atendimento se traduz pela empatia, acolhimento, segurança e competência passados pelo profissional e se completa pela estrutura oferecida em qualidade e variedade de equipamentos, acessórios e conforto do Studio.
muito boa a matéria mas os posts de cursos antes não entravam no meio da matéria, eu não me recordo , e fica muito chato. Sei que o blog precisa mas não teria como criar uma aba, algo para que os anúncios ficassem separados?