O Pilates chegou no Brasil nos anos 90 trazendo para os fisioterapeutas, educadores físicos, profissionais da dança entre outros, um instrumento de cinesiologia importante e extremamente eficaz, além de ser uma nova opção de carreira dentro da profissão: ser instrutor de Pilates.
Com diversos exercícios, desenvolvido pelo idealizador Joseph Pilates, o método trouxe alternativas para o fortalecimento, flexibilidade, treinos de coordenação motora e equilíbrio aos nossos pacientes e alunos. Entretanto precisamos nos perguntar uma coisa: Você sabe qual o objetivo do exercício que você passa para o seu cliente?
O que mais vejo são Instrutores passando exercícios aleatoriamente aos alunos, sem um objetivo definido, sem uma meta a ser alcançada. São movimentos por movimentos.
Isso está certo?
Não creio ser totalmente errado (afinal, o exercício por si só traz benefícios), mas entendo que podemos fazer melhor do que isso. Nós podemos melhorar a qualidade da nossa aula e otimizar os resultados com os alunos se tivermos uma organização melhor.
Nesse artigo vamos desenvolver sobre esse assunto e dar dicas para você instrutor de Pilates traçar objetivos e ajudar seus alunos e clientes a obterem os resultados esperados.
Biomecânica, Anatomia e o Método Pilates
Com cerca de 650 músculos, 203 ossos e inúmeras articulações, o corpo humano precisa ser primeiro entendido para que tenhamos tranquilidade e possamos orientar o exercício correto para nosso cliente.
Neste momento os estudos da anatomia e da biomecânica são essenciais para que possamos entender o movimento que estamos propondo com tranquilidade.
O Pilates possui em sua essência a globalidade, ou seja, a execução de exercícios em mais de uma articulação, ativando mais de um grupamento muscular. Por este motivo, a análise biomecânica pode acabar dando um pouco mais de trabalho. E ao mesmo tempo o que deve trazer diversos benefícios para nossos clientes, também pode algumas vezes trazer prejuízos, caso cada movimento não seja analisado da forma correta.
Sei que o livro de anatomia e o de biomecânica estão guardados em cima do armário dentro daquela caixa junto com material da faculdade, mas esses livros são partes essenciais da sua atividade profissional. Então tire a poeira deles e coloque-os na sua cabeceira. Somente eles poderão te ajudar a definir qual músculo está sendo trabalhado em cada um dos exercícios.
Sim, estamos falando de um assunto “batido” e “chato”, mas sinto lhe informar querido(a) Instrutor, que isso é a essência de tudo, concorda?
Então, a minha primeira dica é: Entenda de fato toda a biomecânica que envolvem os exercícios dentro do Método Pilates.
Como o instrutor de Pilates pode traçar objetivos
A procura por Studio de Pilates aumentou muito nos últimos anos e junto com esse aumento de procura vem algumas dificuldades. Uma delas é como ensinar e conduzir seus alunos aos resultados esperados por eles ao começarem as aulas.
Perguntas que talvez você tenha sempre em mente e que te são um problema:
- “Como administrar a aula de 60 alunos?”
- “Cuido sozinho(a) do Studio e não me sobra tempo para pensar nos objetivos de cada aula individualmente!”
Olha só, você não está sozinho nessa! Já ouvi dezenas de Instrutores falarem a mesma coisa e por isso quero te dar algumas dicas que irão te ajudar.
Primeira coisa, quando um aluno busca aulas de Pilates, eles estão buscando, na maioria das vezes, um objetivo especifico, então cabe a você instrutor identificar qual é para que se possa trabalhar da melhor forma com seu aluno.
Em segundo lugar, você irá fazer um planejamento de aulas com base nos objetivos traçados.
A maneira que eu encontrei de planejar foi utilizando um sistema de pilates, porque é automatizado, vejo de qualquer lugar e o principal – TEREI TUDO ARMAZENADO. Com isso vou criando um banco de dados dos meus alunos.
Contudo, se você não quer ter um sistema (prefere a moda antiga), você vai separar uma ficha de prescrição de exercícios de cada aluno, com:
- DADOS PESSOAIS
- OBJETIVOS
- CONDUTAS
- QUANTIDADE DE SESSÕES SEMANAIS
Em Dados Pessoais, obviamente, vão os dados do aluno;
Em Objetivos, os teus e os do aluno, por exemplo: diminuir a dor lombar, melhorar a postura sentada.
Em Condutas, os procedimentos que você precisa priorizar com ele, por exemplo: Fortalecimento de músculos do power house, alongamento de isquiotibiais.
Em Quantidade de Sessões, você anota o volume pra saber dosar o ritmo de cada aula.
“O que mais tenho que fazer?”
No começo de cada dia você vai separar todas as fichas (isso não vai te tomar 1 minuto) e você irá basear a aula com base nas anotações.
O legal é que você não vai ter que ficar escrevendo na ficha, pois você vai conduzir a aula de acordo com os objetivos e condutas traçados!
Então, a partir disso, você sair de um mecanismo automático de exercícios para exercícios com propósitos definidos.
Ou seja: Agora você sabe porque passar ou não um Spine Stretch. Quando ou não fazer um SemiCircle no Reformer.
E lembra da biomecânica que eu citei no começo? É justamente agora que ela fará todo sentido para você!
Imagine comigo que você tem na sua anotação: dor lombar crônica, encurtamento de cadeia posterior e fraqueza de abdominais. Ok?
Seu papel agora é pensar nos mais de 600 movimentos de Pilates que irão enfatizar e/ou colaborar mais que os outros no alcande dos meus objetivos.
Pode parecer algo simples o que estou falando (e de fato é!), mas em pesquisa realizada pelo Grupo VOLL, mais de 80% dos Instrutores não tem anotações de seus alunos e passam exercícios aleatoriamente em cada uma das aulas.
Comece a fazer isso e você perceberá a diferença de suas aulas!
Seus alunos irão perceber!
A partir dissocabe a você, instrutor de Pilates, analisar qual a melhor forma de levar seu aluno até o seu objetivo. Por isso é hora de abrir seus livros e ir atrás dos conteúdos necessários. Pode parecer clichê, mas estudar e estudar é uma dica muito boa para saber ainda mais da necessidade do seu aluno e ajudar da melhor forma.
São mais de 30 mil Studios de Pilates no Brasil. Como se destacar? Somente com excelência na prestação do serviço.
Em outras palavras: Somente dando resultados.
Porém é importante lembrar que a biomecânica não se limita ao nosso corpo, pois além dele também utilizamos os equipamentos do método Pilates na hora dos exercícios e vai aí mais uma pergunta: Você sabe como funciona a mecânica dos equipamentos de Pilates? Entende todas as possibilidades dos vetores?
O principal, você tem praticado para sentir no corpo realmente como funciona?
Continue lendo para saber mais sobre isso.
Pilates com equipamentos
Como funciona a mecânica dos equipamentos de Pilates? Não só o nosso corpo, mas, também os equipamentos de Pilates possuem vetores de força, resistências e alavancas que precisam ser conhecidas para que possamos montar o equipamento da forma correta, aproveitar ao máximo o que eles tem a oferecer. Isso tudo porque os nossos clientes são diferentes entre si.
Por exemplo, clientes retilíneos e longilíneos não podem ser atendidos com o mesmo ajuste nos equipamentos. Um paciente com dor lombar com certeza precisa de uma mola diferentes de alguém saudável.
Novamente, pode parecer clichê, mas…
Explore seus aparelhos, mexa em todos as possibilidades e principalmente experimente. Somente conhecendo tudo que seu equipamento pode te oferecer você saberá a melhor forma de utiliza-lo.
Então o desafio está lançado! Olhe cada um dos movimentos, estude a biomecânica, estude os equipamentos, adquira um sistema ou tenha uma ficha e sempre se pergunte:
“Para que serve esse exercício?”
Concluindo…
Por fim, espero que esse texto ajude você, instrutor de Pilates, a traçar objetivos e junto com seus alunos chegar até seus objetivos, e que isso o incentive a sempre continuar praticando e buscando novas metas.
Conta para a gente como você monta uma aula!