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Muitos alunos procuram o Pilates porque sentem dor no joelho. O mecanismo de lesão pode ser desconhecido, excesso de treino (overuse) – comum em bailarinos e corredores – ou até mesmo sedentarismo.

Nós, instrutores, devemos nos atentar para alguns cuidados básicos para não aumentar ainda mais a dor do aluno durante ou após a aula de Pilates.

Primeiramente, o instrutor deve ter um bom conhecimento de anatomia e biomecânica da articulação do joelho.

Relembrando

O joelho é composto pelos ossos do fêmur, tíbia e patela.

É uma articulação sinovial do tipo dobradiça (porque permite movimentos de flexo-extensão), cujo estabilidade é dada pelos ligamentos (cruzados anterior e posterior, colaterais mediais e laterais), além da cápsula articular.

É composto por dois meniscos: o medial, que é frequentemente acometido com lesões por ser mais fixo comparado ao menisco lateral; além dos movimentos de flexo-extensão, quando em flexão também realiza a rotação interna e externa.

O Método Pilates é frequentemente indicado para as dores no joelho.

Entre os benefícios, os exercícios promovem fortalecimento e alongamento, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, alinhamento e o controle do centro – e todos estes benefícios contribuem para o aumento da estabilidade articular.

O Pilates na reabilitação

Por ser uma prática de exercícios físicos e alongamento que utiliza o peso do corpo na sua execução, o Pilates melhora a respiração, diminui o stress, desenvolve a consciência e o equilíbrio corporal. É um processo de reeducação dos movimentos que propõe trabalhar o corpo todo, trazendo a estabilização muscular e mental.

Os movimentos realizados no Método proporcionam um alongamento e fortificação que podem parecer simples, mas agem no corpo de forma integrada e individualizada.

Realizar exercícios de pouco impacto, com poucas repetições geram resultados eficazes e assim os músculos e articulações sofrem menos desgastes, por esses e outros motivos é o Pilates na reabilitação de atletas é um ótimo caminho.

Muitos profissionais e instrutores de Pilates se perguntam se podem utilizar o método em um indivíduo com dor  no joelho.

O Pilates pode ajudar de forma eficaz todos aqueles que estão sofrendo em crise de dor, porém, esse trabalho deve ser muito cuidadoso e adequado para que não haja um agravamento no quadro inflamatório.

Ele deve ser tratado sempre em sessões de Pilates para reabilitação, onde o profissional saiba adequadamente como tratar o paciente. No entanto alguns cuidados devem ser lei ao montar uma aula para um aluno com patologia:

  1. Os movimentos devem ter uma amplitude pequena no primeiro momento. A primeira, segunda e terceira repetição pode apresentar um pouco de dor, mas ela deve diminuir e desaparecer conforme o corpo se movimenta. Caso a dor esteja aumentando, o movimento deve ser trocado ou adaptado.
  2. Sempre devemos orientar o paciente para avisar o profissional caso a região afetada esteja incomodando ou a dor esteja piorando.

Outra parte fundamental na hora de tratar um paciente com dor no joelho é deve olhar para o corpo como um todo de forma biopsicossocial. Há pessoas que possuem lesão na articulação, por exemplo, mas que a causa é uma falta de mobilidade do quadril e que, por conexão das cadeias musculares, acabam tencionando a musculatura do ombro.

O Método para a dor no joelho

Alguns alunos de Joseph Pilates procuraram seu Método após sofrerem com dor no joelho – como Kathy Grant, Ron Fletcher e Lolita San Miguel.

Para Lolita, por exemplo, Joseph pediu que usasse uma bota de ferro durante as aulas de MAT, adaptando os exercícios de acordo com a necessidade de cada aluno.

Pesquisas comprovam que o fortalecimento do Power House aumenta a estabilidade das articulações apendiculares, como o joelho.

Contudo, além de fortalecer o centro, não devemos esquecer de enfatizar a mobilidade e a estabilidade das articulações não acometidas com dor, como os quadris e tornozelos.

Lembre-se: o Método é global.

Exercícios indicados

Outro cuidado que devemos ter é o da escolha apropriada dos exercícios, conhecendo suas contraindicações, assim como avaliar o aluno durante a execução dos movimentos.

Abaixo foram listados alguns erros que podem ocorrer na prática:

  • Evitar o valgo dinâmico, principalmente em mulheres e durante os exercícios unilaterais, como o Going up na chair (foto abaixo).
  • PILATES-NAS-DORES-DO-JOELHOAlguns alunos sentirão aumento da dor nos exercícios ajoelhados. É válido adaptar para outra postura e não deixar o aluno sentir dor durante a aula. A dor também pode aparecer no dia seguinte e não estar associada à dor muscular tardia.
  • Progressão de contração: Os exercícios devem seguir uma progressão do mais fácil para o mais complexo, da alavanca de resistência menor para maior. A contração excêntrica gera mais força, também mais microlesões musculares, dor muscular tardia e algumas vezes, o aumento da dor na região do joelho.
  • Prefira exercícios em cadeia cinética fechada (CCF). Além de ser funcional, os exercícios em CCF promovem estabilidade articular pois, durante o exercício, são ativados grupos musculares maiores, além do movimento ser biarticular ou poliarticular, o que distribui a compressão articular.

‏Conclusão

Como vimos nesse artigo, tratar de um paciente que chega no Studio com dores no joelho não é uma tarefa fácil.

Assim como qualquer outra lesão, precisamos nos atentar com as características da dor do aluno e passar uma série de exercícios que respeite seus limites.

A avaliação antes do tratamento é parte fundamental desse processo, ele vai te guiar para saber qual é a melhor abordagem de acordo com a condição física do aluno.

E por fim, sempre se capacite! Leia artigos científicos, participe de workshops, conferências, Meeting, encontros de Pilates, e o que mais puder. Conhecimento nunca é demais, nos torna profissionais diferenciados no mercado e nosso aluno agradece!

Até a próxima matéria sobre o método Pilates na condromalácia patelar.

Ft. Érika Batista especialista em traumato-ortopedia e mestranda em ciências da reabilitação.


























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