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Você sabia que, no Brasil, a dor cervical atinge cerca de 18% da população geral? E a estimativa é que 55% da população possa sentir os sintomas no decorrer da sua vida.

Por isso, é muito provável que algum de seus alunos já tenha se referido à dor cervical.

Atualmente, a cervicalgia é muito presente, principalmente por conta da má postura adquirida durante o trabalho, ao dormir, ao dirigir, fatores emocionais e até mesmo o uso incorreto do celular, no qual as pessoas levam a cabeça para a frente e a inclinam para baixo, em direção ao aparelho.

O que muitos não sabem é que a cabeça de um adulto pesa em torno de 5 a 8 Kg e, ao curvar a cabeça para frente por longos períodos, podem ocorrer danos irreversíveis na coluna cervical como atrofias, desgastes e rupturas, gerando uma má qualidade de vida.

Pilates para a cervicalgia Como o Método auxilia no tratamento

De acordo com um estudo realizado pelo americano Dr. Kenneth Hansraj, conforme o grau de inclinação vai de 0º a 60º, o peso da cabeça pode variar, gerando uma pressão sobre a coluna que pode chegar aos 27,2 kg, ocasionando a dor no pescoço chamada cervicalgia.

Quer conhecer tudo sobre as aulas de Pilates para a cervicalgia? Continue lendo esta matéria!

A cervicalgia

A cervicalgia é caracterizada por dores que acometem a região cervical da coluna e a região posterior do pescoço, também causa rigidez muscular e ocasiona, desde pequenos desconfortos, até dores intensas e incapacitantes.

Os pacientes com cervicalgia podem apresentar dor na face posterior do pescoço, ou até mesmo uma dor irradiada para os ombros, acometendo os músculos trapézio, supra espinhoso, rombóide e escaleno. Em alguns casos pode ser referida na face inferior da mandíbula levando a dor de dente e cefaléia.

Os músculos do pescoço são responsáveis pelo suporte de peso e mobilidade da cabeça, porém, quando tensionados por algum tipo de sobrecarga, ocorre a diminuição do fluxo sanguíneo local, ocasionando dor e incômodo.

Estes sintomas acometem 30% dos homens e 43% das mulheres e, com o avanço da idade, se torna mais presente, ocorrendo em até 50% da população com idade superior a 45 anos.

O frequente diagnóstico da cervicalgia pode gerar um grande problema de saúde pública, já que em muitos casos a dependência de medicamentos, a depressão, o isolamento social, as dificuldades no trabalho e as alterações emocionais podem provocar uma mudança drástica no dia a dia deste paciente, ocasionando uma má qualidade de vida.

A coluna cervical

A coluna cervical é formada por 7 vértebras de características próprias. A Atlas (C1) é a primeira e a Áxis (C2) é a segunda. Elas se diferem de todas as outras vértebras, pois são nelas que ocorrem um maior movimento de rotação.

A vértebra C1 é responsável por suportar o peso da cabeça. Possui forma de anel, um grosso arco anterior e um fino arco posterior com duas massas proeminentes, não possui corpo vertebral e se articula com a base do crânio através da articulação atlanto occipital, sendo responsável por grande parte do movimento sagital da coluna cervical.

Já a vértebra C2 se encontra abaixo da Atlas e possui uma proeminência que surge através de seu corpo vertebral, chamada processo odontóide, que se projeta entre o forame do Atlas.

Este mecanismo forma um pivô sobre o qual a articulação atlantoaxial consegue efetuar movimentos de rotação do crânio. Entre essas duas vértebras não existem discos intervertebral e sim ligamentos que permitem a rotação entre os dois ossos.

As demais vértebras cervicais, da C3 até a C7, possuem um formato homogêneo, um corpo vertebral anterior e um arco neural posterior no que se diferenciam das vértebras torácicas e lombares por apresentarem o forame transverso, através do qual passa a artéria vertebral. Os processos espinhosos mais proeminentes que podem ser palpáveis são C2 e C7.

As lesões ocorrem com maior frequência nas últimas vértebras, ou seja, C5, C6 e C7, pois suportam maior carga, o que favorece maior atrito e maior desgaste entre elas.

Os músculos responsáveis pela estabilização da coluna cervical são:

  • Músculo esternocleidomastoideo;
  • Escalenos (anterior/ médio e posterior);
  • Flexor longo da cabeça;
  • Reto anterior da cabeça;
  • Reto lateral da cabeça.

Já os movimentos fisiológicos da coluna cervical são:

  • Flexão e extensão no plano sagital;
  • Flexão ou inclinação lateral no plano frontal;
  • Rotação no plano transversal.

Principais causas da Cervicalgia

As causas mais comuns são:

Muitos trabalhadores estão sob estresse no dia a dia, passam horas em frente ao computador e não fazem pausas no trabalho, até mesmo utilizam mobiliários não ergométricos, que levam a sobrecarga dos músculos do pescoço e, como consequência, passam a sofrer com a cervicalgia crônica.

Outros fatores que podem levar o paciente à vir apresentar desconforto:

  • Acidente queda que resultam no estiramento dos ligamentos e músculos;
  • Degeneração do disco;
  • Hérnia de disco cervical;
  • Disfunções da articulação têmporo-mandibular (ATM);
  • Estresse emocional;
  • Cefaleia;
  • Tumor, infecções, inflamações, trauma ou compressão contínua e intermitente da raiz nervosa.

A climatização também é um fator agravante, pois em ambientes de trabalho com temperatura mais baixa o organismo tende a acelerar o aparecimento de lesões, já que, devido à vasoconstrição periférica os tecidos e músculos são poucos irrigados levando a um estado de dor e tensão.

O diagnóstico da Cervicalgia

O diagnóstico é realizado através de uma anamnese detalhada em uma consulta médica. Em seguida, é definida a necessidade de exames laboratoriais e exames de imagem (RX, Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética), estudos eletrofisiológicos e termométricos.

O examinador também pode realizar alguns testes para confirmar a cervicalgia.

Teste de tração

Ao posicionar o paciente sentado, o examinador deve colocar uma mão aberta sobre o queixo do paciente e a outra mão na região occipital. Na sequência, deve realizar uma tração progressiva da cabeça e manter por 40 segundos.

Caso o paciente relate um alívio da dor ou diminuição dos sintomas do membro afetado, o teste é positivo para cervicalgia, já que o teste possibilitou diminuir a compressão das raízes nervosas e tensão das estruturas acometidas.

Teste de compressão

Com o paciente sentado confortavelmente, o examinador deve apoiar as palmas das mãos na região superior de sua cabeça do paciente e exercer uma força para baixo pressionando levemente a cabeça e o pescoço.

Caso o paciente relate, durante a compressão, a irradiação do membro superior ou dor no membro afetado o teste é positivo para compressão da raiz nervosa cervical.

Teste de valsalva

Com o paciente sentado, peça para ele realizar uma manobra de valsalva segurando a respiração e fazendo força para ativar o intestino.

Caso haja aumento da pressão intratecal e piora da dor, o resultado é positivo para o diagnóstico de lesões expansivas como hérnia de disco cervical e osteófitos no canal vertebral cervical.

Manobra de Spurling

O paciente deve estar sentado de costas para o examinador que deverá apoiar as palmas das mãos na região superior da cabeça do paciente e solicitar a realização de uma flexão lateral da cabeça para os dois lados e, em seguida, aplicar uma força para baixo.

O teste é positivo se o paciente relatar piora da dor, pois indica que houve compressão sobre a raiz nervosa.

A partir do diagnóstico, é possível verificar quais são as melhores e mais adequadas opções para seguir com o tratamento.

Como tratar a Cervicalgia?

Algumas possibilidades de tratamento para a cervicalgia são: 

  • Medicamentos (analgésicos, opióides, antiinflamatórios e relaxantes musculares);
  • Fisioterapia convencional;
  • Termoterapia;
  • Crioterapia;
  • Eletroterapia (TENS, ondas curtas, infravermelho, ultra-som);
  • Acupuntura.

Em traumas mecânicos, onde a lesão ocorre com maior intensidade, é necessário o uso do colar cervical para manter o pescoço na posição neutra, diminuindo a mobilidade, tensão muscular e a sobrecarga articular, evitando a exacerbação dos sintomas.

Em casos mais graves é indicada cirurgia caso o paciente apresente evidência de compressão da medula ou tumor.

O Método Pilates também é indicado para tratar quadros de cervicalgia, sejam eles agudos ou crônicos e tem como objetivo promover o relaxamento muscular, a correção postural, a diminuição e o combate à dor.

O Método Pilates para a Cervicalgia

Os princípios do Método Pilates são um grande aliado para o alívio das dores cervicais. Além de auxiliar na mobilidade da coluna cervical e minimizar os sintomas ocasionados pela má postura, também visam melhorar a prática dos movimentos associados com a respiração, ajudando na prevenção e evitando recidivas de algias.

Durante os exercícios de Pilates para a cervicalgia é importante trabalhar a respiração associada com a ativação do Power House, promovendo a tonificação dos músculos necessários para dar suporte adequado à coluna a fim de restabelecer o alinhamento do corpo como um todo, garantindo flexibilidade da coluna vertebral, consciência corporal e consequentemente a correção postural.

Um aluno que realiza exercícios projetando o queixo para frente, provavelmente, deve estar com dificuldades para ativar o core. Por isso é necessário orientá-lo, já nas aulas iniciais, para realizar o movimento corretamente, já que, devido à dor, essa musculatura pode estar inibida.

Ao realizar os primeiros exercícios de Pilates para a cervicalgia focados no movimento e no alongamento dos músculos afetados, ocorre a melhora da função nervosa e vascular do pescoço e, consequentemente, a diminuição do desconforto e rapidez na recuperação.

Já nos movimentos no solo, é possível trabalhar a estabilização e a consciência destes músculos afetados, de maneira que os sintomas causados pela cervicalgia diminuam ao longo das semanas.

Realizar exercícios de Pilates para a cervicalgia nos aparelhos, da mesma maneira vamos ter como foco a diminuição sintomática e controle muscular. O Método Pilates irá auxiliar a conhecer os limites perante o desconforto e também atuará diretamente na reabilitação.

Os principais exercícios de Pilates para a cervicalgia, dentro do repertório original do Pilates, são o Supine Scapular Séries e Book Openning. Durante a realização dos exercícios podemos acrescentar alguns equipamentos que irão complementar na prática: a Bola Murcha, a Overball, o Rolo no Occipital e o Magic Circle.    

Aparelhos e acessórios de Pilates são fundamentais para se ter no Studio, sem eles é praticamente impossível desenvolver um tratamento adequado para os pacientes.

O Pilates para a cervicalgia se mostra bastante eficaz. Afinal, uma boa postura e o alongamento muscular do corpo como um todo, promove a tonificação muscular da região cervical e abdominal.

Exercícios de Pilates para a cervicalgia

Para garantir a boa execução dos exercícios e evitar lesões, é importante que o paciente respire profundamente e ative o Power House durante a execução de todos os exercícios.

É possível executar alguns movimentos de Pilates para a cervicalgia utilizando a Mini Ball:

  1. Na posição supina, mantendo a coluna ereta, o aluno deve realizar uma flexão de joelhos e manter os pés alinhados com o quadril. Segurando uma mini ball, peça que ele movimente um braço para o alto enquanto gira a cabeça para o outro lado. Neste exercício é possível perceber a movimentação que acontece entre as escápulas, ombros e pescoço.
  2. O aluno deve estar em quatro apoios e mover um braço por baixo do outro apoiando sobre o rolo. Em seguida é necessário girar a cabeça e o tronco para a lateral, como se fosse “ouvir” o chão. Serão 10 repetições de cada lado e o paciente irá sentir leveza na região dos ombros e escápulas.
  3. Em posição prona, o aluno irá apoiar a testa sobre uma bolinha murcha. Mantendo a cabeça e a coluna alinhadas, peça que ele posicione as mãos na mesma direção dos ombros e realize movimentos com a cabeça para frente e para trás e de um lado para o outro, garantindo melhor mobilidade cervical.
  4. Após se sentar contra uma parede, o aluno deve posicionar uma mini ball na região da coluna torácica e outra na parte posterior da cabeça, mantendo a coluna alinhada. Depois, peça que ele respire profundamente e, durante a expansão das costelas, pressione levemente a mini ball e realize movimentos com a cabeça para cima, para baixo. É necessário repetir o movimento algumas vezes e com a cabeça para a lateral.
  5. Em pé e de costas para uma parede, peça que o aluno encoste a cervical sobre uma bola murcha e realize uma leve pressão, trazendo o queixo para baixo e para cima.
  6. Depois de estimular os músculos cervicais, é necessário estimular o relaxamento muscular. Na posição supina, o paciente pode utilizar a bola murcha embaixo da cervical e mover lentamente a cabeça sobre ela para um lado e para o outro depois de realizar movimentos em círculos.

Outros acessórios que podem ser utilizados para realizar os exercícios de Pilates para a cervicalgia são o Magic Circle e as faixas elásticas.

Lembre-se que o posicionamento é muito importante durante os exercícios, a cabeça deve ser projetada para trás e o queixo deve estar como se empurrasse a mandíbula para baixo.

Durante a realização dos exercícios de Pilates para a cervicalgia, a coluna cervical deve manter sua curvatura natural, manter a cabeça centralizada em relação a coluna e ombros relaxados e alinhados. Em casos em que o paciente apresenta hipertensão, é recomendada a utilização de colchonetes ou almofadas para que ele se adapte melhor ao posicionamento.

Restrições de exercícios de Pilates

Se o aluno estiver com a musculatura muito tensa, não é recomendado que ele realize alongamento passivo tentando aproximar a cabeça ao ombro. O ideal é fazer exercícios de Pilates para a cervicalgia com movimentos ativos e, assim, relaxar e aos poucos ganhar maior amplitude de movimento.

Ao posicionar o paciente na posição prona no solo, ele deve ser orientado para manter um alinhamento neutro e não realizar retificação da cervical, assim a musculatura cervical irá se manter relaxada prevenindo lesões.

Em alguns exercícios são executadas a flexão, rotação, extensão ou flexão lateral de coluna e a cabeça deve sempre acompanhar os movimentos da coluna torácica, caso contrário a cervical estará propensa a possíveis lesões.

A seguir você conhecerá a lista de alguns exercícios que não devem ser aplicados em pacientes com cervicalgia:

Tower

Pilates para a cervicalgia Como o Método auxilia no tratamento - Tower

Este exercício tem como objetivo fortalecer o músculo glúteo máximo/médio e mínimo, alongar os isquiotibiais e a coluna lombar. É indicado para retificação da coluna torácica e lombar e deve ser evitado em pacientes com cervicalgia porque, ao realizá-lo, o paciente pode descarregar todo peso do corpo na região cervical, o que levará a dor.

Shoulder Bridge

Ao realizar a ponte subindo até a altura do pescoço haverá uma sobrecarga sobre a cervical agravando a sintomatologia do paciente com cervicalgia. Este exercício é indicado para patologias que causam hipomobilidade ou retificação da coluna vertebral, exceto em casos de tensão cervical.

Roll Over

Pilates para a cervicalgia Como o Método auxilia no tratamento - Roll Over

Este exercício é aplicado em pacientes com hipercifose torácica e alguns casos de hérnia de disco. Tem como objetivo alongar a musculatura paravertebral e fortalecer a cadeia anterior e posterior. Não deve ser aplicado em pacientes com cervicalgia devido a sobrecarga excessiva sobre a cervical.

O objetivo fundamental para os pacientes durante a sessão de Pilates para a cervicalgia é a descompressão e não a compressão. O sucesso da reabilitação depende tanto do instrutor quanto do paciente!!

Quais cuidados devem ser tomados durante o Pilates para a cervicalgia?

O paciente deve estar ciente que a má postura pode piorar seu quadro clínico. Por isso, para manter uma boa postura e evitar recidivas da cervicalgia, é necessário que o paciente mantenha os cuidados e orientações feitas pelo instrutor. É importante manter um programa de exercícios de Pilates para a cervicalgia visando a manutenção de força, a flexibilidade, a mobilidade e o relaxamento muscular.

Não bastam apenas os exercícios para uma boa reabilitação. O instrutor deve orientar seu paciente com alguns cuidados no dia a dia para evitar possíveis lesões. Alguns deles são:

  • Modificar as atividades do dia a dia que geram dor e desconforto;
  • Ao trabalhar sentado em frente ao computador, é preciso manter a cabeça e a coluna alinhadas, os pés bem apoiados no chão e os olhos no mesmo nível do computador. Também é importante realizar pausas de 15 minutos e o instrutor pode repassar alguns exercícios de alongamento para o paciente realizar durante essas pausas;
  • Na hora de dormir o paciente deve utilizar um travesseiro que mantenha o pescoço alinhado. Também é preciso evitar dormir de barriga para baixo, já que, nessa posição, a cabeça tende a girar para a lateral e ocasionar um torcicolo;
  • Ao dirigir também deve-se ter atenção com a coluna. É preciso posicionar corretamente o banco, o encosto para a cabeça e manter uma distância saudável entre o banco e o volante
  • Seja no trabalho ou em casa, é importante evitar levantar pesos que sobrecarregam a cervical. Caso seja necessário, o ideal é pedir ajuda para alguém.

Conclusão

O Método Pilates é benéfico para o corpo e para a mente, fazendo com que haja melhora na consciência corporal, diminuição das dores na cervical e relaxamento muscular. Além da respiração durante os exercícios, a ativação do core também é necessária, principalmente para a estabilização do tronco, que fortalece a coluna, previne lesões e melhora a qualidade de vida.

Durante as sessões de  Pilates para a cervicalgia, o Studio deve ter profissionais qualificados que farão com que a reabilitação seja ainda mais positiva e ideal para este paciente.


























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