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Nos dois últimos artigos tratei de falar um pouco sobre essa relação de dança e Pilates. No primeiro falei sobre a “historiografia da dança e do Pilates” e no segundo artigo falei do “Centro de força da dança e a relação com o powerhouse do Pilates”.

Quem ainda não leu vale a pena conferir!

Nessa linha de pensamento proponho o terceiro tema, que gera uma reflexão bem especifica, sendo esse a “Preparação Corporal para a Dança”.

Proponho também que o tema “Preparação Corporal” aborde questões pertinentes sobre os diferencias das outras áreas do corpo, a necessidade de formação, a experiência na área da dança e o como se daria a preparação do corpo para quem dança.

Até hoje essa nomenclatura era exclusivamente usada, e autorizada, para o Educador Físico. A área concebia que a pré-consciência da preparação corporal é habilitação do Educador Físico, pois ele lida com atletas de alta performance, muito relacionada ao nível de esforço físico.

Contudo a Educação Física e a Dança são abordagens diferentes do corpo em movimento.

Aproveito aqui e menciono que a disciplina em Dança, oferecido na faculdade de Educação Física, não é de perto a mesma experiência concebida na graduação em Dança.

Novamente são abordagens diferentes na forma de se enxergar o corpo. Falo rasamente sobre a formação em Educação Física, pois minha formação é na Arte da Dança, área que irei abordar.

Quais são os diferenciais de outras áreas do corpo?Preparação-Corporal-para-Dança-3

Saliento que a dança sempre trabalhou e pesquisou o corpo a partir de uma refinada e diferenciada preparação corporal onde se procura explorar não só o nível do esforço físico e sua capacidade, mas como também outras camadas de nível de consciência.

Um exemplo dessas camadas é a chamada conscientização do pré-movimento (GODARD, 2002) para o movimento.

Por trabalhar não só as ações morfológica e mecânica do corpo o “artista do corpo” (bailarino/dançarino)  compreende o corpo humano em sua totalidade “mente e corpo”.

Procuramos compreender, principalmente, o complemento da relação entre emoção, estado presente, contexto social/político, ou seja, tudo aquilo que pode afetar a ação do que chamamos gesto expressivo, ou simplesmente da Arte, que vai além da compreensão da biomecânica.

O interesse na Preparação Corporal para Dança, particular desse universo, é fundamentalmente distinguir a função do Educador Físico e da Fisioterapia, pois como o mencionado propõe muitos diferenciais necessários e complementares para esse artista do corpo.

Até hoje a preparação corporal não foi assumida dessa maneira, negligenciada pela maioria dos artistas do corpo, principalmente os amadoristas.

A maioria das academias de dança também negligencia essa nomenclatura, pois muitas delas se preocupam principalmente com a “cópia e reprodução” do movimento dançante, na maioria inconsequente, para o alto rendimento da performance. Cenário que está mudando vagarosamente.

Impossível também falar de dança, ou qualquer relação com essa linguagem, que não envolva uma célula da realidade sobre nosso contexto social profissional.

Acredito que a grande “ignorância” do assunto se deve não só ao aluno, e esse contexto social, mas principalmente, dos próprios profissionais. Há de fato um universo de profissionais que não compreendem dança como profissão.

O erro começa ai.

Profissionais da DançaPreparação-Corporal-para-Dança-1

Novamente, antes de descrever sobre o tema, levanto a necessidade do profissional da Dança procurar ampliar seus conhecimentos e principalmente valorizar-se enquanto profissional diferenciado.

É necessário, em momentos de desvalor da arte, que nós profissionais da arte do corpo defendamos a credibilidade e elegibilidade que esse amplo conhecimento traz, incluindo a capacitação para lidar com o corpo do outro.

Hoje em dia qualquer pessoa pode ter a brilhante ideia de se auto titular profissional de dança.

Essa pessoa assume uma “turma” e negligência a formação acadêmica, ou a vasta experiência na área que também pode ser reconhecida como formação, variando de profissional para profissional.

O que vejo destes pseudo profissionais é apenas a rasa experiência estética e uma boa performance, nomeada como talento, ou só a “vontade” de ser profissional, ambos negligenciam o conhecimento.

Por não existir uma legislação competente, esse profissional atua em academias de dança e muitas vezes oferecem serviços de baixo custo literalmente diminuindo a necessidade de capacitação e experiência.

Nós profissionais que não devemos permitir isso!

A Dança compreende muito mais do que isso e a credibilidade desse profissional depende da nossa ação ativa contra a falta de conhecimento. A mesma seriedade que o fisioterapeuta atua é a mesma seriedade que devemos enxergar nossa profissão.

A partir disso também questiono a credibilidade do artista do corpo enquanto, e também, profissional do corpo. É dever do artista do corpo parar de ser passivo e impor o conhecimento diferenciado da área.

Expondo isso faço uma parte dessa luta!

Falei sobre esse breve contexto social e atual da Dança, e do profissional, pois para dialogar sobre a “Preparação Corporal” é necessário que ambos, interprete do corpo e professor, saibam da importância desse momento em suas aulas. Só um profissional gabaritado terá a devida noção do que estou falando.

3 Objetivos para Preparação Corporal para DançaPreparação-Corporal-para-Dança-4

Voltando a “Preparação Corporal pra Dança”, como o mencionado, o artista do corpo necessita de conhecimentos corporais específicos e distintos de outras áreas.

A proposta do estudo desse tema é sugerir uma composição do que seria a junção de ações necessárias para esse artista do corpo.

A partir de uma experiência pessoal com o Pilates percebi que meu corpo conseguiu estabelecer princípios preparatórios para o gesto expressivo.

Devido a isso compreendo que estabelecer três objetivos para essa preparação são fundamentais no auxilio da performance e caminho de ensino.

São eles: Sensibilização do corpo; aquecimento de ou com centro de força ativado; sequenciamento de movimentação próprio ou relacional de cada código de Dança.

1) Sensibilização do Corpo

Esse momento é crucial para a preparação do corpo, pois lida com o sistema sensório motor do corpo.

As massagens antecipadas ao movimento tonificado contribuem para uma camada que chamamos de “acordar” do corpo.

Uma bolinha de tênis sobre a região escapular, por exemplo, possibilita que esse bailarino solte as fáscias musculares, estimule o periósteo e trabalhe com as tensões da região.

Compreendemos que sensibilizar determinadas regiões do corpo engaja e estimula o corpo da dança em camadas mais profunda.

2) Aquecimento de Centro de Força – Pilates

Nesse momento é interessante para o bailarino estabelecer uma tonificação maior das musculaturas e trabalhar esse centro de força essencial para o bailarino.

Exercícios como The Hundred, Tiser, Shoulder Bridge ou Swimming são ideais para o aquecimento desse centro e fortalecimento de musculaturas dos membros inferiores, paravertebrais, mobilização da coluna e abdome.

Vinculado à respiração, todos os exercícios do Pilates contribuem não só para qualidade isométrica da ação muscular, mas como também, a capacitação da fluidez dos movimentos do bailarino.

Outro ponto importante do Pilates é que ele estabelece o trabalho muscular de tonificação junto a ação de alongamento das articulações.

Essa situação de tonificação adicionado a trabalhos de alongamentos DURANTE o exercício são essenciais para melhorar a performance.

3) Sequenciamento de Movimentação Próprio ou Relacional de cada Código de Dança

Aqui uma parte um pouco mais complexa, muito direcionada ao código especifica, podendo ser os fundamentos do Balé Clássico, Dança Árabe ou Contemporâneo.

Não é necessariamente estabelecer a dança, mas sim a ultima etapa de preparar o corpo para ela.

Concluindo…Preparação-Corporal-para-Dança-2

Na dança compreendemos que cada corpo é único e dele vai engajar uma preparação individual, pois lidamos com “Partituras” diferentes e como mencionado, conhecimentos muito específicos.

A dança nada mais é que a ação mecânica do corpo relacionado ao estado sensível de significados, pois a função desse artista do corpo é causar cinestesia inebriando o público.

E como se fazer sentir sem sentir?

Para isso nortear o entendimento das necessidades de preparação corporal para dança e refinar a modulação de tônus para pesquisa do gesto expressivo. Pesquisa sutil e que exige um trabalho com a totalização e harmonização do corpo.

Para quem quiser conhecer esse trabalho no corpo ministro aula sobre esse tema, de PCD – Preparação Corporal para Dança, no Centro Cultural Shangrila (www.centroculturalshangrila.com.br)

Até o próximo!


























Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

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