Câncer na Atualidade
O desenvolvimento tecnológico e o avanço das pesquisas no campo da saúde têm contribuído tanto para o combate de doenças quanto para o aumento da sobrevida de pacientes com doenças crônicas, como o câncer.
No entanto, há de se preocupar não só com a ampliação dessa taxa de sobrevida, mas também com a qualidade de vida e preservação física desses pacientes em período de recuperação, reabilitação ou em período de tratamento e, até mesmo com a população, de uma forma geral, na redução dos riscos da doença.
Com base no documento World cancer report 2014 da International Agency for Research on Cancer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS), é inquestionável que o câncer é um problema de saúde pública.
Especialmente entre os países em desenvolvimento, onde é esperado que, nas próximas décadas, o impacto do câncer na população corresponda a 80% dos mais de 20 milhões de casos novos estimados para 2025.
A estimativa para o Brasil, segundo o INCA, no biênio 2016-2017, cerca de 600 mil casos novos de câncer. (PEDROSO; ARAÚJO; STEVANATO, 2005)
Segundo dados do INCA (2016) os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão, mama, intestino e próstata. Nos homens, os mais frequentes foram:
- Pulmão
- Próstata
- Intestino
- Estômago
- Fígado
Em mulheres, as maiores frequências encontradas foram:
- Mama
- Intestino
- Pulmão
- Colo do Útero
- Estômago
Muito embora a herança genética seja um fator de grande relevância, o sedentarismo e um estilo de vida irregular tem sido os principais contribuintes para o crescente número de casos de doenças crônicas, incluindo as cardiovasculares, o diabetes e o câncer, sendo que para o aumento da idade, maior o risco.
Cerca de um quarto a um terço dos casos da enfermidade apresenta relação com sobrepeso, obesidade e elevados percentuais de gordura abdominal (FRIEDENRICH et al. 2002).
Mas afinal, como prevenir?
Não é somente a alimentação adequada que previne o surgimento de câncer. Sabe-se que descontrole nos níveis de estrogênio e alguns outros hormônios podem contribuir para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
A prática de uma atividade física, como o Pilates, controla os níveis de estrogênio no sangue e equilibra os hormônios como um todo. A atividade física de maneira regular, prescrita corretamente está relacionada à redução dos riscos de câncer em até 30%, além de ser um efetivo mecanismo no controle de peso.
Nos casos de diagnóstico, estudos apontam o exercício físico como uma forma alternativa na preservação das funções fisiológicas e metabólicas, principalmente na preparação física e psicológica do indivíduo a enfrentar o tratamento. (BACURAU; COSTA ROSA, 1997; MOTA; PIMENTA, 2002; MATSUDO; MATSUDO, 1992).
Além de auxiliar no controle do peso, a prática do Método também auxilia no fortalecimento do sistema imunológico, reduz a resistência à insulina, otimiza o trânsito intestinal, diminuindo assim, o tempo de contato de substâncias promotoras de câncer com as células.
A fim de reduzir as taxas de desenvolvimento de câncer na população em geral, departamentos de saúde pública de vários países, institutos de pesquisas e organizações de combate ao câncer, têm incluído em seus guias recomendações sobre atividade física.
É sugerido o mínimo de 30 minutos à uma hora de atividade de intensidade moderada a vigorosa, de dois a cinco dias na semana. Vale lembrar que as atividades podem ser tanto exercícios regulares (um programa de treinamento, como atividades esportivas) ou atividades diárias (tais como trabalhos domésticos). (FRIENDENREICH; ORENSTEIN, 2002; BIANCHINI; KAAS; VAINIO, 2002)
Quem foi diagnosticado deve fazer Pilates?
Como já citamos anteriormente, há um grande o número de estudos na área do exercício e sua relação com a prevenção e auxílio no contra o câncer. Através do exercício preconiza-se que o organismo passe a aproveitar melhor a energia e os extratos metabólicos.
Isso provoca uma reação às ações dos carcinógenos, em função do aumento da eficácia do sistema imunológico, reduzindo assim a quantidade disponível para a absorção pelos possíveis tumores e oferecendo maior resistência às metástases. (BACURAU; COSTA ROSA, 1997)
O Pilates é de grande ajuda para quem já tem o diagnóstico de câncer e possui autorização médica para a prática.
É uma atividade física completa para pacientes, pois ajuda a regular o sono, alivia o estresse e a tensão, melhora vários aspectos emocionais e físicos, além de preservar a integridade funcional dos órgãos, prevenir ou minimizar as complicações causadas pelo tratamento.
Por ser dinâmico, com ampla variedade de exercícios desafiadores e recreativos, ainda faz com que o paciente interaja com os movimentos propostos e sinta-se capaz de realizar suas atividades rotineiras.
Há a indicação, em muitos estudos, de que a continuidade das atividades durante o tratamento contribui para o bem estar do paciente, além de auxiliar na redução dos efeitos colaterais da terapia e na reabilitação em alguns casos após intervenção cirúrgica (PRADO, 2001).
Um dos sintomas presente nos diferentes estágios do câncer é a fadiga, a qual é caracterizada por um excessivo desconforto e desgaste físico, podendo comprometer também o emocional e cognitivo. Em geral, a fadiga constatada nos pacientes com câncer é de caráter crônica.
Este estado de extremo cansaço contribui para uma constante perda de desempenho, resultando numa qualidade de vida baixa, antes, durante e após o tratamento da neoplasia (DIMEO et al. 2003). A atividade física tem se mostrado uma importante ferramenta no controle da fadiga com atuação direta no bem estar, a qualidade de vida do paciente.
Pilates da Reabilitação Pós Tratamento
O trabalho de respiração é fundamental para aumentar a capacidade respiratória dos pacientes, além do trabalho de posicionamento adequado da pelve, cintura, ombros e cabeça, necessário para o ganho de força, flexibilidade e melhora na postura do paciente.
O paciente com câncer busca na atividade física não apenas benefícios na mobilidade, mas a melhora na sua qualidade de vida. O exercício tem o poder de melhorar a autoestima, combatendo a tristeza, a ansiedade e a depressão!
Podemos destacar também que com o Pilates, após intervenções cirúrgicas têm fundamental importância na recuperação da mobilidade e amplitude de movimentos, prevenindo ou minimizando a atrofia de músculos e limitações articulares e na tentativa de redução da possibilidade do surgimento de linfedemas.
Durante as pesquisas, para elaborar este artigo, encontrei vários casos de mulheres que passaram por mastectomia, as quais relatam melhoria na mobilidade dos braços e ombros. A mesma resposta positiva em relação ao tratamento fora encontrada em indivíduos com diferentes tipos de câncer.
Concluindo…
O Método Pilates tem grande importância em todos os estágios de acompanhamento do indivíduo comum e/ou do paciente com diagnóstico de câncer.
Fazendo sessões de uma hora 1x ou 2x por semana, já é possível ver excelentes resultados com a prática do Pilates. Tanto os exercícios em solo quanto os realizados em aparelhos, oferecem os mesmos benefícios, e as duas modalidades podem ser praticadas por pacientes em tratamento oncológico.
Mas é importante lembrar que devem ser respeitados os limites e as capacidades físicas de cada um!
Por isso, é primordial que o médico seja consultado antes de iniciar essa ou qualquer outra atividade física, assim como procurar profissionais capacitados, para que o trabalho de reabilitação e prevenção tenha grande sucesso.
Referências Bibliográficas
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BACURAU, R. F. P.; COSTA ROSA, L. F. B. P. Efeitos do Exercício sobre a Incidência e Desenvolvimento do Câncer, Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 2, n. 11, p. 142-147, 1997.
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BIANCHINI, FRANCA, KAAKS, RUDOLF; VAINIO; HARRI .Weight Control and Physical Activity in Câncer Prevention. The International Association for the study of Obesity, v.3 p.5-8, 2002
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FRIEDENREICH, C. M. Review of Anthropometric Factos and Breast Cancer Risk. Calgary: Lippincott Williamns e Wilkins, 2002.
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FRIEDENREICH, C. M.; ORENSTEIN, M. R. Physical Activity and Cancer Prevention: Etiologic Evidence and Biological Mechanisms. American Society for Nutritional Sciences. v.132, 11 suppl: 3456S-3456S, 2002.
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INCA, Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/index.asp?ID=2. Acessado em 13/01/2018.
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MATSUDO, V.K.R; MATSUDO, S. M. M. Câncer e Exercício: Uma Revisão. Revista Brasileira da Ciência e Movimento, v.6. p.2, 1992.
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MOTA, D. D. C. F.; PIMENTA, C. A. M. Fadiga em Pacientes com Câncer Avançado: Avaliação e Intervenção. Revista Brasileira de Cancerologia. v.48. n.4, 2002.
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PEDROSO, W.; ARAÚJO, M.B.; STEVANATO, E. Atividade física na prevenção e na reabilitação do câncer. Motriz. v.11, n.3, p.155-160, set-dez, 2005.