Quem nunca teve dor na lombar? Atualmente a lombalgia é uma queixa frequente em alunos e pacientes que procuram os Studios de Pilates.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 80% da população tem, ou terá em algum momento da vida, esse tipo de dor. No Brasil, 50 milhões de pessoas apresentam por ano a tal queixa, mas a maioria dos episódios não é incapacitante.
E com o aumento na incidência da lombalgia na população em geral, pensamos em um guia que vai te ajudar a entender melhor todos os detalhes sobre a lombalgia, além de contribuir para o tratamento de seus alunos.
Nesse texto vamos apresentar dados e explicações sobre a lombalgia, os mitos e verdades, além de explicações de como o Pilates pode ser aplicado e dicas de exercícios para ser aplicados em suas aulas com os alunos que sofrem com isso.
Sumário
- A lombalgia
- Tipos de Lombalgia
- Como tratar a lombalgia?
- Como o Pilates reduz as dores lombares?
- Dicas de exercício para sua aula de Pilates
- Mitos e verdades sobre a lombalgia
- Conclusão
A lombalgia
Antes de tudo, vale frisar que a lombalgia, não é uma doença, mas sim um sintoma. Ela é usualmente definida como dor localizada abaixo da margem das últimas costelas e acima das linhas glúteas inferiores, com ou sem dor nos membros inferiores.
Segundo a Pesquisa Nacional da Saúde, feita pelo IBGE em parceria com o Ministérios da Saúde, 15 a 20% dos adultos tem lombalgia, sendo que desse número a maioria, (90%), é considerada inespecífica, ou seja, não está relacionado diretamente a nenhum caso clínico e pode ocorrer em todas as faixas etárias.
Apesar de o número de doenças da coluna vertebral ser muito amplo, a lombalgia está mais comumente associada às posturas e movimentos corporais inadequados durante as atividades de vida diárias e às condições do trabalho que são capazes de produzir impacto de forma prejudicial à coluna.
Incidência
Apesar da diversidade de origens da lombalgia, a sua incidência é maior em:
- Pessoas sedentárias,
- Sobrepeso;
- Trabalhadores que exercem tarefas com grande sobrecarga física (muitas vezes em posturas incorretas);
- Indivíduos que permanecem longos períodos em uma mesma posição, como sentados ou na posição de pé,
- Indivíduos com pouca mobilidade corporal (encurtamentos musculares) que acabam causando limitações na maioria dos movimentos diários e sobrecargas exageradas sobre a coluna.
Classificação
De acordo com a duração, a lombalgia pode ser aguda (início súbito e duração menor do que seis semanas), subaguda (duração de seis a 12 semanas), crônica (duração maior do que 12 semanas) e recorrente (reaparece após períodos da acalmia), podendo ser considerada específica, quando relacionada à alguma patologia, inespecífica ou ocupacional.
Tipos de lombalgia
Lombalgia especifica e inespecífica
Quando específicas as lombalgias podem estar associadas, ou não, à dores ciáticas (lombociatalgia) que são as dores irradiadas para glúteo, coxa, perna e/ou pé.
A lombalgia também pode estar relacionada às disfunções em diversas estruturas e seus locais de origem podem ser: disco intervertebral, articulação facetária, articulação sacroilíaca, músculos, fáscias, ossos, nervos e meninges.
E algumas das patologias que podem estar relacionadas à dor lombar são a hérnia de disco, osteoartrose, síndrome miofascial, espondilolistese, espondilite anquilosante, artrite reumatoide, fibrose, aracnoidite, tumor e infecção. Lembrando que somente 10% das lombalgias têm causa específica de doença determinada.
Já a lombalgia mais comum ou lombalgia inespecífica representa grande parte da dor referida pela população. Ela é chamada de inespecífica, pois não está claro o que realmente está causando a dor, podemos dizer que não há nenhuma patologia específica que possa ser identificada como a causa da dor.
Lizer, Perez e Sacata (2012), definem essa lombalgia como um desequilíbrio do nosso corpo:
“O corpo humano tem um centro gravitacional no qual mantém o equilíbrio entre músculos e ossos para manter a integridade das estruturas, protegendo-as contra traumatismos, independentemente da posição de pé, sentada ou deitada.
Na lombalgia inespecífica geralmente ocorre desequilíbrio entre a carga funcional, que é o esforço requerido para atividades do trabalho e da vida diária, e a capacidade do sistema, que é o potencial de execução para essas atividades.
Esse tipo de lombalgia caracteriza-se pela ausência de alteração estrutural, o sistema está sobrecarregado somente, ou seja, não há redução do espaço do disco, compressão de raízes nervosas, lesão óssea ou articular, escoliose ou lordose acentuada que possam levar à dor na coluna. ”
A flacidez muscular e a falta de condicionamento físico podem gerar dores fortes e transitórias. Estas ocorrências geralmente estão relacionadas à sobrecarga e esforços que geram contraturas, distensão e inflamação local.
Para uma musculatura mal condicionada, o acúmulo de ácido lático gerado pelo excesso de estresse mecânico e a falta de preparo físico podem “travar” as costas do indivíduo após o movimento excessivo ou até mesmo deitado em repouso. Esse tipo de lombalgia pode ser tratado com sucesso através do Método Pilates, seus benefícios em relação às lombalgias inespecíficas estão comprovados e bem estabelecido na literatura científica.
Lombalgia Ocupacional
Atividades que exigem muito tempo sentados ou em pé, carregamento de carga excessiva, vibração ou posturas não ergonômicas podem estar relacionadas à lombalgia nos casos em que o preparo físico ou o peso corporal do paciente não sejam ideais.
As lombalgias ocupacionais costumam ser crônicas, podendo restringir desde o trabalho, o lazer, as atividades diárias, o sono, a locomoção e até mesmo os cuidados pessoais devido à dor constante.
A limitação física e a mudança dos hábitos diários podem resultar em um sentimento de perda que impacta o humor e o estado mental, podendo levar a alterações psíquicas, como irritação, depressão e ansiedade, muito comuns nos quadros de lombalgia.
Por isso é sempre importante realizar uma anamnese e avaliação física em seu aluno/paciente, para identificar hábitos que possam estar prejudicando a saúde da coluna. Pois o dia-a-dia de cada aluno diz muito sobre a condição dolorosa que a pessoa está passando.
Como tratar a lombalgia?
Os tratamentos para lombalgia variam de acordo com as causas e o grau da condição clínica do paciente. Usualmente o tratamento inicial é conservador, utilizando-se repouso, medicação analgésica e anti-inflamatória, e fisioterapia focada para analgesia.
Segundo Junior, Goldenfum, Siena (2010), os alicerces para o tratamento da lombalgia são terapia medicamentosa, a fisioterapia e a reeducação dos pacientes. Vale lembrar que é muito importante sempre tratar a dor lombar, independente se for um episódio, pois isso ajuda a prevenir a se tornar crônica. Os autores também comentam sobre o tratamento na fase aguda da lombalgia:
“Depois de afastadas as causas específicas, o tratamento deve ser centrado no controle sintomático da dor para propiciar a recuperação funcional no período mais breve possível. O repouso na fase aguda é eficaz, porém nos casos de Lombalgia ocupacional não ser prolongado, devido à ação deletéria da inatividade sobre o aparelho locomotor. ”
Quanto as atividades físicas, os mesmos autores afirmam que é comprovado a eficácia, pois reduz eficazmente a dor, tanto a antecipada, quanto a induzida. Afirmando que não há dúvidas quanto às influências positivas do exercício físico.
Passada a fase aguda, sugere-se reforço muscular orientado, com o objetivo de se prevenir o avanço da degeneração discal e dividir a carga vertebral com a musculatura adjacente.
E é nesse caso o Método Pilates pode ser utilizado como ferramenta no tratamento da dor e das fraquezas que causam a lombalgia. Entretanto, procure sempre um médico para realizar uma boa avaliação antes do quadro clínico antes de iniciar qualquer tratamento.
Por que o Pilates reduz as dores lombares?
Independentemente de sua causa, a dor lombar está normalmente associada à incapacidade de estabilizar a coluna lombar. Isso ocorre devido à falta de controle dos músculos profundos do tronco, em especial os multífidos lombares e o transverso do abdômen.
Segundo Fábio França (2008), estudos recentes comprovam a eficácia da estabilização segmentar lombar como tratamento para a lombalgia, sendo menos lesiva por ser realizada em posição neutra. Pesquisas sugerem que sem a ativação correta dos estabilizadores profundos do tronco, as recidivas do quadro álgico são notadas com muita frequência.
Com os exercícios de Pilates conseguimos fortalecer a musculatura estabilizadora da coluna lombar, multífidos e transverso do abdômen. Dessa forma podemos reestabelecer o equilíbrio da coluna em relação ao seu centro de massa e criando uma base de músculos fortes que protegerão à coluna durante as atividades laborais.
Como já dito, mas vale reforças, é muito importante que você como profissional realize uma avaliação completa antes de serem iniciadas as aulas. Além disso temos que garantir que o paciente não esteja em crise ou sinta dor durante a execução dos exercícios. Por isso afirmo que a atuação do fisioterapeuta, profissional da reabilitação, é essencial.
Dicas de exercício para sua aula de Pilates
Mobilização com overball
Objetivo do exercício: Mobilizar a coluna lombar e pelve.
Instruções:
1-Em decúbito dorsal, com pés apoiados no solo, quadril e joelhos flexionados. Coloque a overball murcha entre a lombar e o glúteo, sob a região do sacro.
2-Inspire, e na expiração realize os movimentos de retro e anteversão pélvica, alternadamente. Pode-se realizar também o movimento do relógio com a pelve nos sentidos horário e anti-horário.
Mobilização da coluna torácica na meia lua
Objetivo do exercício: Mobilizar a coluna torácica, fortalecimento de flexores da coluna.
Instruções:
1- Aluno posicionado sentado com pés apoiados no solo, joelhões e quadril fletidos, com a coluna em extensão apoiada sobre a meia lua.
2- Na expiração, flexionar a colunao sem perder o contato da lombar com a meia lua.
Leg Pull Front
Objetivo do exercício: Dissociação coxo-femoral e estabilização da coluna lombar e pelve. Fortalecimento dos extensores do quadril e coluna.
Instruções:
1- Em quatro apoios, com cotovelos e joelhos estendidos posicione uma bola sobre a região abdominal.
2- Estenda o quadril direito sem hiperextensão e retorne à posição inicial. Flexione o quadril esquerdo e retorne à posição inicial. Repita os movimentos alternadamente.
Cuidados: Durante a execução do exercício o centro de força deve permanecer acionado, a pelve deve ser mantida na posição neutra e a lombar estabilizada, sem movimento. Quando já estiver com o controle muscular melhor, execute sem o apoio sobre a bola.
Back Extension
Objetivo do exercício: Fortalecer os músculos extensores da coluna e do quadril; mobilizar a coluna vertebral.
Instruções:
1-Em pé, mantenha a coluna e o quadril fletidos tendo apoio da região pélvica e abdominal sobre o Barrel. Mantenha as mãos na nuca.
2- Apoiar os pés na parte de baixo do espaldar.
3- Na expiração realizar a extensão da coluna e quadril e, na inspiração, retornar à posição inicial.
Com a evolução do aluno, podemos dificultar o exercício colocando os pés na barra do espaldar. Ainda, se pode dificultar o movimento ao realizar com cotovelos estendidos e membros superiores no prolongamento do corpo. Ainda, pode-se utilizar acessórios como o bastão, a bola e o magic circle.
Hundred
Objetivo do exercício: Fortalecimento dos flexores da coluna.
Instruções:
1- Aluno em decúbito dorsal com joelhos e quadris flexionados e pés apoiados no solo.
2- Realizar durante a expiração a flexão da coluna elevando os membros superiores do solo. Com a evolução, se pode começar a realizar os bombeamentos de membros superiores acompanhando a inspiração e expiração, mantendo a coluna fletida em isometria.
3- Quando o aluno adquirir maior força e controle pode-se realizar o exercício sem o contato dos pés com o solo, mantendo quadril e joelhos fletidos a 90 graus.
Front Splits no Cadillac
Objetivo do exercício: Alongamento de extensores do quadril e flexores do joelho.
Instruções:
1- Aluno posicionado em pé sobre o Cadillac de frente para o trapézio com um dos membros inferiores apoiado sobre a parte superior trapézio. Mantenha quadril flexionado e joelho estendido.
2- Na expiração deslocar o corpo à, estendendo o quadril do membro inferior de apoio, sem que o calcanhar perca o contato com o solo.
Mitos e verdades sobre a lombalgia
Quando o assunto é lombalgia, existem muitas informações que rondam o assunto. Por isso selecionamos algumas das principais para falar sobre os mitos e verdades para vocês esclarecerem para seus alunos quando perguntarem.
A dor da lombalgia só ocorre na região das costas.
MITO
Por nosso corpo ser inteiro interligado por nervos a dor na lombar pode refletir em outras partes do corpo, como nas pernas e até no pé. Isso ocorre, pois, todos os nervos de membros inferiores ‘saem’ da região lombar.
Dor por mais de três meses já é considerada crônica.
MITO
Para se tornar uma dor crônica ela precisa estar ocorrendo há mais de 6 meses, além do que a pessoa já deve estar passando por tratamento. Caso não haja melhora, é preciso uma avaliação médica para dizer que ela é crônica.
Nem sempre a dor na coluna lombar é lombalgia.
VERDADE
Dor nas costas, dor na região lombar, não são necessariamente lombalgia. Isso porque esse sintoma pode ser de outros problemas de saúde e não necessariamente dessa patologia.
O excesso de peso é uma das principais causas.
VERDADE
O excesso de peso é sim uma das principais causas da lombalgia, isso porque o sobrepeso sobrecarrega os músculos da região lombar por aumentar a pressão. Porém esse não é o único motivo e pode ser uma junção de diversos motivos que gerem dor.
O tratamento da dor pode ser resolvido em pouco tempo.
MITO
O tratamento da lombalgia não se resume há atividades físicas e remédios, é um trabalho de mudança de hábitos, por isso pode ser mais difícil. Pode parecer que as dores na região lombar que são agudas sejam fáceis de tratar, porém as crônicas exigem atenção especial para não acabar prejudicando a qualidade de vida.
A atividade física não é indicada na fase aguda.
VERDADE
Na fase aguda é indicado que o paciente se mantenha em repouso e evite aulas ou qualquer esforço físico. Uma dica é se manter na posição fetal, ela é a mais indicada para aliviar a dor.
Ficar muito tempo sentado em frente ao computador pode desencadear o distúrbio.
VERDADE
Não é novidade que a postura pode desencadear diversos problemas, principalmente a lombalgia. E geralmente quando ficamos sentados por um período de tempo muito longo na frente do computador nossa postura tende a ser pior. Por isso lembre-se de ficar sempre atento a como está sentado e alongar de vem em quando.
Salto alto prejudica a coluna e pode gerar lombalgia.
VERDADE
Ficar em cima de saltos altos exige mais esforço da coluna para manter o equilíbrio, por isso o seu uso constante pode desenvolver uma lombalgia. Porém não se esqueça, os sapatos sem salto também podem gerar dor, uma vez que exige que se trabalhe o músculo da perna.
Colchão duro evita dor nas costas.
MITO
A ideia é que o colchão seja firma, não duro. Ele tem que ser adequado para manter sua coluna alinhada, então nem muito duro, nem muito mole.
Concluisão
É importante que sempre que houver alguma dor ou desvio na postura do nosso paciente, trabalhar os problemas para não deixar que eles evoluam, cuidar de uma lombalgia é o primeiro passo para que não evolua.
O ideal é procurar o médico antes e ao procurar um Studio de Pilates tomar o cuidado de verificar se o local possui profissionais capacitados com experiência no método e em tratar a patologia.
Devemos sempre realizar uma avaliação postural detalhada e desenvolver um plano de tratamento eficaz.
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Referencias
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http://www.scielo.br/pdf/rba/v62n6/v62n6a08.pdf
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http://www.scielo.br/pdf/ramb/v56n5/v56n5a22.pdf
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https://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/57561/pilates-como-terapeutica-para-lombalgias
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http://patologiadacoluna.com.br/lombalgia/
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http://dofit.com.br/dor-lombar-o-que-a-literatura-sugere-como-tratamento-eou-prevencao/
Muito bom!
Excelente matéria
Houve um conflito de conteúdo nas partes em que tu diz na classificação: “crônica (duração maior do que 12 semanas)” , e quando diz “Dor por mais de três meses já é considerada crônica.
MITO – Para se tornar uma dor crônica ela precisa estar ocorrendo há mais de 6 meses”.
Me desculpe se entendi errado.
Poderia esclarecer isso?
Muito grato! Excelente matéria! 🙂
Ótima dicas adorei
Ótima dicas adorei
Gostei da matéria, muito bom as explicações
Ilustrador e enriquecedor