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Muitas vezes aparecem nas clínicas e Studios de Pilates casos de torção ou instabilidade de tornozelo, recomendados pelo médico para trabalho de fortalecimento muscular e propriocepção. A maior incidência de torção, ruptura de ligamentos e instabilidade ligamentar vem de atletas de alto rendimento, porém, no cotidiano, em uma simples “pisada errada” acabamos causando uma entorse de tornozelo (torção), lesão muito frequente na qual os ligamentos se estiram até se romper.

Por ser a lesão mais comum em esportistas, representa 25% de todas as queixas ortopédicas. Cerca de 90% das entorses ocorre pela inversão forçada do tornozelo, movimento forçado do tornozelo e do pé para dentro, em direção á linha média do corpo.

A lesão mais comum é a ruptura parcial ou total dos ligamentos e da cápsula articular do tornozelo, conhecido como complexo ligamentar lateral. Dentro desta estrutura, o ligamento mais frequentemente lesionado é o Talofibular Anterior (LTFA).

Existem três ligamentos que formam o complexo ligamentar lateral do tornozelo.

  1. Ligamento Talofibular Anterior (LTFA)
  2. Calcâneo Fibular (LCF)
  3. Talofibular Posterior (LTFP)

Os mais importantes e envolvidos na entorse são os ligamentos talofibular anterior e ligamento calcâneofibular. Raramente ocorre ruptura do ligamento talofibular posterior.

Algumas outras estruturas estão presentes e fazem parte da estabilização do tornozelo, mas são mais raramente acometidas, sendo elas: os ligamentos talofibular anterior e posterior, o retinaculo inferior, o ligamento cervical e o ligamento talocalcaneano.

O que pode ser lesado em uma Entorse de Tornozelo?

O mecanismo de torção e suas forças envolvidas em uma entorse de tornozelo podem produzir uma fratura de tornozelo ou lesões da cartilagem de revestimento da articulação.

O hematoma gerado após a entorse (sangramento) e o edema (inchaço), são comuns após qualquer grau de lesão.

O sangramento que ocorre dentro da articulação é chamado de Derrame Articular, o que pode levar à inflamação crônica dos tecidos moles do tornozelo, conhecida também como Sinovite.

Além do derrame articular, a lesão da parede interna da cápsula articular pode formar uma cicatriz que se localiza na parte interior da articulação do tornozelo, podendo interpor-se entre os ossos, o que causa ao aluno/paciente dor e sensação de instabilidade.

Sintomas após Entorse de Tornozelo

Após ocorrido o trauma, os sintomas iniciais são:

  1. Dor
  2. Inchaço
  3. Hematoma

Os sintomas da entorse de tornozelo podem afetar os dois lados da articulação, dependendo de quais as estruturas foram acometidas.

A dor intensa e a impossibilidade de firmar o pé no chão ou de apoiar o peso no pé após uma entorse, requer avaliação médica imediata para descartar fraturas ósseas e diagnosticar possíveis fraturas ligamentares.

Atualmente, mais de 80% das lesões evoluem com resultados satisfatórios após o tratamento conservador. Porém, 20% dos paciente referem dor residual e lesões associadas que impossibilitam a realização de suas atividades físicas e atividades de vida diárias.

Classificação

Considerando as lesões do complexo lateral, podemos classificar as lesões de tornozelo em três graus.

  • Grau 01 (Lesão Leve): Estiramento e ruptura de algumas fibras internas e ligamentos. Causa dor e inchaço discreto. Tornozelo mecanicamente estável.
  • Grau 02 (Lesão Moderada): Ocorre ruptura parcial dos ligamentos. Causa dor, hematoma e inchaço. Tornozelo com moderada instabilidade anterior.
  • Grau 03 (Lesão Grave): Ocorre ruptura completa dos ligamentos. Causa dos intensa, hematoma e grande inchaço. Tornozelo instável e com grande incapacidade funcional.

Tratamento para Entorse de Tornozelo

Para a entorse de tornozelo de Grau 01 o ortopedista costuma indicar uma tala gessada ou uma bota imobilizadora, para serem utilizadas durante 1 ou 2 semanas.

Lesões de grau leve podem ser tratadas funcionalmente com imobilização elástica. Recomenda-se repouso, gelo, anti-inflamatórios e elevação do tornozelo para aliviar os sintomas da lesão. O Pilates e a Fisioterapia aceleram a reabilitação a partir da 2ª ou 3ª semana após a lesão.

Nas entorses de Grau 02, o tratamento é semelhante para entorses de Grau 01, prolongando o tempo de imobilização por 3 semanas. Por ser uma lesão moderada, o tempo de cicatrização, recuperação e reabilitação é mais prolongado.

O Pilates e a Fisioterapia tem importante papel para resultados funcionais no paciente. Pode-se iniciar o Pilates a partir da 4ª semana após a lesão.

Em entorses de Grau 03, o tempo de imobilização pode chegar a até 4 semanas. O período de cicatrização, recuperação e reabilitação é longo.

O tratamento cirúrgico é reservado para casos selecionados em atletas e lesões com grande instabilidade e abertura de pinça articular. Recomenda-se que o paciente/aluno tenha liberação e atestado do médico antes de iniciar suas atividades no Pilates.

Reabilitação Funcional após Entorse de Tornozelo

A reabilitação funcional é dividida em três fases, sendo elas:

1ª Fase: Repouso, elevação do membro, crioterapia (aplicação de gelo), anti-inflamatórios e imobilização elástica. Esta fase irá durar até a melhora da dor e diminuição do inchaço, ocorrendo geralmente dentro de 2 semanas.

2ª Fase: Fisioterapia para melhorar o movimento do tornozelo, aumentando força e estabilidade dos músculos do membro inferior. Inicia-se o apoio do pé no chão e o treino de marcha.

3ª Fase: Treinamento de força e propriocepção. É na 3ª fase da reabilitação que entramos com o Método Pilates. Existem exercícios seguros e específicos para serem aplicados durante a fase de reabilitação e fortalecimento do tornozelo. Se nosso paciente/aluno se sentir seguro, podemos iniciar a reintrodução das atividades laborais e esportivas.

Pilates na Reabilitação do Tornozelo

Para que nosso paciente/aluno volte a praticar todas suas AVD’s (atividades de vida diárias), devemos trabalhar o reforço muscular, estabilidade ligamentar e equilíbrio.

Para essas valências físicas, o Método Pilates se apresenta como um grande aliado para reabilitar a lesão.

Devemos enfatizar na reabilitação funcional e amplitude de movimento do tornozelo, restauração da força a partir do fortalecimento muscular e treinamento de propriocepção para melhora do equilíbrio.

Todas as fases de reabilitação devem ser trabalhadas de forma eficiente e segura, garantindo ao paciente/aluno que sua lesão não piore e/ou evolua para um estágio crônico.

Durante a sessão, devemos enfatizar ao aluno/paciente que primeiramente iremos trabalhar para diminuir a dor, e após com movimentos ativos, evoluindo para a movimentação com carga.

Exercícios de Pilates para Entorse de Tornozelo

Podemos utilizar exercícios de Solo, Equipamento ou Bolas para trabalhar a reabilitação funcional do tornozelo de nosso paciente/aluno.

É preciso pensar no paciente como um todo, trabalhando não só a articulação do tornozelo, mas todo o corpo.

O músculo Glúteo Médio é de extrema importância para a entorse de tornozelo porque estabiliza a Pelve, e deve ser trabalhado.

1) Tower (Variação Running)

Exercício realizado no Cadillac.

O objetivo deste exercício é fortalecer (fase concêntrica) tríceps sural e (fase excêntrica) tibial anterior, fibular longo e curto, alongar cadeia posterior do membro inferior, mobilizar o tornozelo, estimular a coordenação motora e promover mobilização neural.

É indicado para pacientes/alunos com entorse de tornozelo.

Lembre seu paciente de que o pé deve ser mantido sempre em dorsiflexão, importante para que o fortalecimento do tornozelo seja efetivo.

2) Footwork Toes

Exercício realizado no Reformer.

O objetivo deste exercício é a estabilização da cintura pélvica, mobilização da articulação dos quadris, joelhos e tornozelos, com foco no alinhamento do tronco, membros inferiores, tornozelos e pés. Fundamental na reeducação motora.

Fortalecimento de quadríceps femoral e tríceps sural (gastrocnêmio cabeça medial e lateral e sóleo), além da musculatura do Power House.

Auxilie seu paciente/aluno para que o mesmo mantenha os pés em flexão plantar durante toda a fase do movimento.

3) Footwork Double Leg Pumps

Exercício realizado na Chair.

O objetivo do exercício é a estabilização da cintura pélvica, manutenção da contração dos abdominais profundos e assoalho pélvico. Promoção da sinergia entre os estabilizadores do tronco e músculos do quadril. Fortalece os músculos quadríceps femoral e tríceps sural.

Alongamento de tibial anterior, controle escapular e alongamento axial. É indicado para pacientes pós-cirúrgicos de joelho, quadril e tornozelo.

Instrua seu paciente/aluno para que o mesmo sente-se em alongamento axial, apoiando o antepé em flexão plantar no step.

Durante a realização da extensão dos joelhos e quadril, solicite ao aluno para que mantenha os pés em flexão plantar, enfatizando assim o fortalecimento e propriocepção da articulação do tornozelo.

Concluindo…

Independente do grau de lesão do seu paciente/aluno, é importe que você, instrutor entenda a fisiopatologia da lesão e saiba como trata-la de forma segura e eficiente. Todo tratamento varia de acordo com o grau de lesão do seu paciente.

Antes de iniciar o tratamento, realize uma anamnese completa, e solicite ao paciente que se possível traga todos os exames realizados. Assim, você instrutor terá uma melhor base para iniciar seu tratamento de entorse de tornozelo.

O objetivo de todo o processo de tratamento é que o paciente recupere toda a mobilidade da articulação, a força e o equilíbrio.

Lembre-se de que cada paciente irá reagir de uma forma diferente e em tempos diferentes. Mantenha em dia as fichas de progressão e avaliação do seu aluno.

Você pode indicar ao seu aluno que pode trabalhar alguns exercícios de plantiflexão e dorsiflexão em casa, para ajudar na eficácia e rapidez do tratamento. Lembre-o de que os exercícios devem ser realizados de forma consciente e segura!


























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