Em nosso texto anterior, pudemos entender um pouco dos inúmeros benefícios do Baby Pilates para a mãe, agora vamos descobrir como este método pode beneficiar os bebês.
Mas antes vamos reforçar o assunto com uma pergunta:
Você sabia que em 2014 foi publicado o Summary of international Guidelines for Physical Activity after Pregnancy ?!
Mostrando que as puérperas praticantes de atividade física têm benefícios quanto à melhora do humor e melhora do controle de peso. Houve também menor índice de depressão/ansiedade, e uma melhora da aptidão cardiorrespiratória.
Com base nisso, foi lançado uma Diretriz Internacional do Pós-parto que diz que a puérpera deve fazer caminhadas, exercícios aeróbicos, treinamento da musculatura do assoalho pélvico, e exercícios de fortalecimento e alongamento das cadeias musculares. Desta forma, cabe aos profissionais da saúde estimular e promover esta ação.
Estudos sobre Atividade Física no Pós Parto
Outros órgãos internacionais também estão de acordo, como o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), pois os estudos atuais mostram que o retorno à atividade física no pós-parto estão associadas a inúmeras vantagens, além das citadas anteriormente.
Esses estudos também relatam o controle e redução do peso, redução da pressão arterial e dos níveis de insulina, diminuição dos níveis de doenças crônicas, entre outras.
Com base nisso, ainda de forma não consensual, sugere-se que as mulheres retornem ou iniciem uma atividade física moderada a partir de seis semanas após o parto, mas sempre com autorização médica e com um acompanhamento de um profissional adequado, pois muitas alterações hormonais e adaptações anatômicas estão em processo de involução.
Em 2015, um estudo (Albright et Al, 2014) mostrou que cerca de 70% das mulheres após o parto não realizavam atividades físicas conforme as recomendações das diretrizes ACOG, 2003), e dentre as barreiras estavam falta de informação e incentivo, tempo e ocupação, e a ausência de uma pessoa para ficar com o bebê .
Método Baby Pilates
Diante de toda essa perspectiva abordada acima resolvemos montar o BABY PILATES.
Um método novo, que tem como proposta principal oferecer um exercício especializado para a puérpera, visando não só o tratamento das disfunções, mas também uma forma da promoção de saúde.
Por isso é importante que o profissional que o utiliza, respeite as mudanças fisiológicas deste período. Além disto, o principal diferencial deste método é que a mãe possa realizar o Pilates junto com o seu bebê, durante todos os exercícios.
Ademais, você sabia que os bebês também são beneficiados com este método?! Pois é, vamos descobrir agora alguns dos benefícios desta prática para eles.
O Baby Pilates é adaptado para receber crianças de 0 a 18 meses de idade, porém, essa faixa etária abrange uma grande variedade de habilidades motoras que o bebê vai adquirindo.
Ele passa de uma posição horizontal, com movimentos reflexos e totalmente dependente, a um ser mais independente, com movimentos voluntários e coordenados e adquire uma posição vertical, movendo-se contra a gravidade.
Por isso, torna-se fundamental o conhecimento acerca do Desenvolvimento Neuropsicomotor do bebê.
Segundo Diament, o Desenvolvimento motor é o conjunto de características em constante evolução que permite que um bebê que possui atividade motora reflexa ao nascimento, evolua para a motricidade voluntaria e realize movimentos complexos e coordenados.
Sabendo como a criança com desenvolvimento motor típico evolui, o instrutor pode planejar as aulas de Baby Pilates para aquela mãe e seu bebê de acordo com o marco do desenvolvimento em que o bebê se encontra e assim tornar o ambiente adequado e propicio para aquela criança se desenvolver.
Com objetos e exercícios adequados a cada faixa etária do bebê é possível estimular seu desenvolvimento em diversos aspectos como: sensorial, psíquico, motor e emocional.
Aula de Baby Pilates em cada Trimestre
Com isso, vamos ao conhecimento de alguns marcos principais e suas possibilidades de aplicabilidade na aula de Baby Pilates.
Primeiro Trimestre –
Até o 3º mês: é o período em que o padrão flexor da criança vai diminuído e sua musculatura de extensão vai sendo ativada.
Na posição prona, adquire sustentação cervical, com bom apoio dos antebraços e em supino, mantem a cabeça a linhada e leva as mãos à linha média.
Neste trimestre há uma grande simbiose mãe-bebê e o uso de carregadores ergonômicos durante a maior parte as atividades torna-se essencial.
A criança que está no carregador continua em contato com a mãe, sente seu cheiro e sua temperatura, este é o local ideal para ela ficar.
Além disso, dessa forma ela de poder vivenciar todos os movimentos que a mãe está fazendo durante os exercícios, fazendo com que seu sistema vestibular seja bem estimulado.
Segundo Trimestre –
4º ao 6º mês: é o período em que a criança começa a explorar mais o chão e transita entre as posições de prono e supino. É um trimestre em que as reações posturais estão em grande desenvolvimento.
A criança começa a rolar, segura os joelhos, os pés e leva à boca, pivoteia, manuseia objetos… É um momento em que a criança passa a ter mais interesse em explorar o ambiente e as texturas que estão ao seu redor.
Temos que lembrar que tudo para a criança é novidade e que o simples fato de olhar um ambiente novo, olhar a mãe fazendo atividades, observar e sentir o tapetinho em que ele foi colocado já traz grande aprendizado.
Nesta fase então, podem ser exploradas durante as aulas tanto os exercícios com o bebê ainda no carregador ergonômico como também exercícios em que o bebê é colocado no solo durante a execução.
Podem ser trabalhadas as reações de equilíbrio sentado e utilizados movimentos que auxiliem na ativação da musculatura do tronco.
Terceiro Trimestre –
7º ao 9º mês: período de grande exploração em que os decúbitos dorsal e ventral são transitórios e o rolar já possui dissociação de cinturas.
A criança potencializa sua desenvoltura na posição sentada, começa a engatinhar, passa para as posições ajoelhada e semi-ajoelhada, segura-se em móveis e fica de pé. É um trimestre em que a criança ganha uma grande mobilidade e locomoção.
Portanto, para esta fase o ambiente deve ser motivador para a locomoção e exploração da criança. Objetos com diversas texturas e formação excelentes para um trabalho motor mais fino e para estimulação sensorial.
Quarto trimestre –
10º ao 12º mês: neste trimestre a criança está totalmente ativa e já atingiu a postura vertical bípede.
Percorre os moveis com a marcha lateral, próximo ao 12º mês pode estar dando passinhos, porém com a base alargada, ou andando sozinho (em média os bebês andam sozinhos por volta de 1 ano e 3 meses), mas preferem engatinhar, pois conseguem se locomover de forma mais ágil.
Tem uma maior motricidade fina das mãos e o dedo indicador sai em busca dos buraquinhos da tomada!! Por isso, temos que deixar o ambiente o mais seguro possível.
A cognição da criança está mais desenvolvida e podemos incluí-las nos exercícios como forma de brincadeira.
Vale lembrar que o instrutor estará lidando, à princípio, com crianças com desenvolvimento motor típico, cuja forma ideal de aprendizado é um ambiente propicio para que ela seja livre e crie sua brincadeira.
Ou seja, o ambiente do Studio de Pilates adaptado para o Baby Pilates deve despertar na criança interesse e motivação para explorar e se desenvolver.
Concluindo…
Sabendo como se desencadeia o desenvolvimento típico de bebê, além de preparar melhor as aulas, o instrutor também estará mais apto a reconhecer o desenvolvimento atípico do bebê, percebendo alguma alteração nos principais marcos do trimestre em que a criança se encontra.
Com isso ele pode encaminhar a criança para avaliação do pediatra ou fisioterapeuta – que tenha domínio na área – para uma intervenção mais direcionada.
O exercício no período puerperal traz enormes benefícios para mãe, e quando ele pode ser realizado junto com o bebê esses benefícios estendem-se para toda a família.
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*Texto elaborado pelas Fisioterapeutas Danielle Kühni e Jéssica Brito.
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