Muitas pessoas me perguntam coisas como: o que é Pilates? Para que serve? Quais são os princípios? E o que é a Contrologia? É comum existir essa dúvida já que o Método, foi chamado pelo seu criador de Contrologia.
Cada vez mais, as pessoas que se interessam pelo Pilates apresentam estes questionamentos logo nos primeiros contatos com o Método.
E lá vamos nós, professores e instrutores listarmos todos os pormenores do Pilates, todos os benefícios existentes, os conceitos e exemplificarmos celebridades que, como a Xuxa, exercitam o corpo através do Método.
Também existem situações em que a pessoa mesmo traz um caso de um amigo, conhecido ou parente que sanou uma dor específica após iniciar as aulas de Pilates.
Mas o que faz do método algo tão inovador e benéfico?
São determinados exercícios que o tornam eficientes? Ou seriam as molas dos aparelhos que fazem a diferença no resultado final?
Posso responder que: ambos.
O repertório é importante, as molas nos aparelhos fazem diferença pelo tipo de força elástica utilizada, porém, digo, sem sombra de dúvidas, que o que faz do Método algo tão inovador e cheio de benefícios em relação as demais atividade são os princípios do Pilates:
- Concentração
- Centralização
- Fluidez
- Respiração
- Precisão
- Controle
São esses os princípios que fazem do Método Pilates ou Contrologia, como vimos, o que ele sempre foi e o que ainda é hoje, um exemplo de atividade física para a qualidade de vida.
O Pilates contemporâneo
Quando ensino à um aluno do curso ou Studio determinado exercício, passo o número de repetições a serem executadas. Existem vezes que em seguida a pessoa me questiona: posso fazer mais? Ou menos repetições?
Sempre defendi a ideia de que podemos fazer tudo no Pilates, desde que os princípios sejam mantidos. O que importa é a qualidade na execução e não a quantidade de exercícios realizados.
Vale salientar que para estimular as adaptações desejadas, seja flexibilidade, potência, força, hipertrofia ou resistência muscular localizada é necessário adaptar os exercícios em volume e intensidade para que se torne fisiologicamente possível alcançar tais resultados sempre mantendo a manutenção dos princípios.
Gostaria de reforçar que a ênfase desde artigo é no Pilates contemporâneo ou moderno, até porque, no Pilates Clássico, existe um repertório a ser seguido, um número de repetições pré-estabelecidas.
Tomei a liberdade e fiz uma espécie de organograma do que acredito ser o conceito Pilates em sua essência, não somente os princípios isolados, mas todos eles atuando em conjunto.
Conhecendo a Contrologia
Os princípios foram criados com base na “Contrologia”, que era como o Joseph Pilates, criador do conceito, chamada o seu método de atividade física e reabilitação. Por definição é a arte do controle e equilíbrio mente-corpo.1
A Contrologia fala sobre focar na atividade em questão, prestar atenção no que está acontecendo com o corpo ao mesmo tempo percebendo tudo que exige-se dele.
A centralização, chamada de powerhouse, compreende os músculos da região central do corpo, tanto anteriormente, lateralmente e posteriormente.
Para todos os exercícios de Pilates é necessário um suporte e controle do tronco em conjunto com movimentos dinâmicos das extremidades, o que nos mostra a importância de estabilizar centro para ter movimentos distais mais seguros e estáveis.
A fluidez dita o ritmo do exercício com qualidade. Procura-se criar um padrão de movimento que seja “limpo”, bonito e harmônico, evitando movimentos mecânicos associados.²
O Pilates e a respiração
A respiração é primordial e deve ser feita sempre inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Joseph acreditava que não respirávamos de maneira correta, e em todos os seus exercícios à respiração acontece em associação ao movimento, com isso todo o sangue estaria melhor oxigenado durante a prática da atividade.
A precisão e o controle são responsáveis pela qualidade do movimento, fecham os círculos e nos provam que os outros princípios estão atuando em conjunto e que o conceito de Contrologia está acontecendo. “A precisão deve ser mantida para evitar o risco de lesão”2.
E não só isso, mas para obtermos os benefícios do método Pilates em sua totalidade. A beleza do movimento associada a nossa correta postura adotada durante o exercício, nos mostra que estamos mantendo precisamente as estruturas corpóreas em seu devido lugar. E por isso Pilates já dizia “não muito e não muito pouco”, mas posso dizer que o suficiente dentro do que seu corpo pode fazer naquele momento.
Então, o que é Pilates?
Escrevo sobre tudo isso, pois estamos em constante aperfeiçoamento com a técnica. Não digo com relação aos princípios, que para mim, são a essência do método, mas a todo repertório que utilizamos durantes as aulas.
Por esse motivo não cabe a dúvida: Será que se eu passar este determinado exercício será Pilates? Será que posso passar este exercício que não está no repertório aprendido por mim?
Acredito que cada um de nós, professores ou instrutores, podemos nós sentir livres para “criar” exercícios, “brincar” com os padrões respiratórios e com o número de repetições solicitadas à nossos alunos desde que mantenhamos uma lógica em relação aos objetivos esperados.
Para tanto, precisamos dominar a técnica e nunca esquecer que os princípios são de fundamental importância para que os resultados apareçam, e melhor, que as lesões não ocorram ou ainda sejam também tratadas.
Quando alguém inicia a prática do método, não devemos exigir que ele consiga seguir todos os princípios naquele momento.
Todos precisamos de tempo para assimilar essas novas informações e o próprio corpo precisa de tempo para se adequar a esses novos estímulos que estão chegando. Procure ensinar os princípios aos poucos, e estimulando o aluno sempre.
Converse e explique que é normal não conseguir manter todos os princípios integrados logo na primeira aula, e que ao longo do tempo será natural executá-los.
Concluindo…
Uma vez que os princípios forem incorporados a prática do Pilates fica plena e conseguimos perceber todos os benefícios oriundos dela. E não só na prática da mesma, mas a realização de outras atividades praticadas, tanto físicas quanto psíquicas, também acabam por receber todos os benefícios provenientes da “Contrologia”.
Por fim, se você quer que seu cliente retenha todos os bons pormenores que este conceito pode proporcionar, se atenha bem aos princípios. Como fazer para ensiná-los corretamente; Procurar perceber como e se o aluno está absorvendo toda a informação.
Não foque somente em um determinado repertório aprendido, fique livre para criar, mas não esquecendo da essência do Método, que são seus princípios norteadores.
Com isso, bons princípios, ou melhor, bom Pilates!
Espero que tenha gostado do artigo, comente e não esqueça de compartilhar!
Olá Karla! Gostei muito do seu texto, parabéns!
Trabalho com Pilates Clássico a quase 20 anos e gostaria de fazer algumas observações.
Atualmente, os profissionais que seguem a Linha Clássica não dão suas aulas exatamente como Joseph Pilates fazia, isso é uma ideia equivocada, que muitas pessoas ainda acreditam! Sim, nós levamos em consideração os conhecimentos atuais, e conceitos como a “Pelve Neutra” já faz parte de uma aula clássica! A linha clássica é a que mais se aproxima do trabalho original de Joseph, mas nós não ficamos parados no tempo, nós atualizamos o que foi necessário, mas sem perder a essência e as características do Método, preservando também os exercícios criados, que são muitos, por isso não temos a necessidade de “criar” exercícios novos.
Quanto ao número de repetições, não é “um” número específico, depende muito de cada exercício. Por exemplo: o “The hundred” é formado por 10 respirações profundas junto com 100 movimentos de braços, porém numa primeira aula começamos com 3 ou 4 respirações para 30 ou 40 movimentos de braços e o aluno evolui no tempo dele até chegar nos 100. O “Roll up” de 5 a 8 repetições, o “CorkSchew” de 3 a 5 círculos para cada sentido e assim por diante.
Espero ter ajudado! Um grande abraço!
Adriana Trotta
Olá Adriana, primeiramente fico feliz que tenha gostado da matéria, ainda mais vindo de uma pessoa com tanta experiência na área. Mesmo não sendo o foco do artigo abordar o método Pilates em sua forma clássica, agradeço as considerações e as explicações a respeito desses pontos citados por você. Super válido para enfatizar que independente da forma que for aplicado precisamos respeitar o aluno / paciente e seus limites, seja com relação as alterações biomecânicas que precisemos realizar ou quanto ao número de repetições que solicitaremos a eles.
Mais uma vez obrigada!