Atualmente fala-se muito em Pilates para condicionamento físico, para quem busca uma forma de mudar os hábitos de vida ou até para o tratamento de dores.
Pilates é um método de atividade física que utiliza o peso do próprio corpo e a resistência de molas para sua execução.
A técnica é uma forma de condicionamento global, que visa reeducar o movimento, promovendo equilíbrio entre corpo e mente.
Vamos conhecer mais sobre essa técnica e entender o que é o Pilates Clínico? Continue lendo!
História do Método Pilates
O método foi criado por Joseph Hubert Pilates, que nasceu em 1880, na Alemanha.
Joseph tinha a saúde debilitada, sofria de raquitismo, febre reumática e asma e, para lutar contra isso, decidiu se especializar em anatomia, fisiologia, cultura física, mergulho, esqui e ginástica.
Sua finalidade era tornar-se mais forte fisicamente. Durante a 1ª Guerra Mundial, Pilates foi mandado para um campo de concentração na Ilha de Lancaster.
Lá, Joseph aprimorou seus conhecimentos sobre condicionamento físico, usando seus colegas como cobaias. No início utilizava um programa de exercícios realizados no solo.
Depois começou a utilizar as molas das camas, que promoviam resistência e recuperavam a força e a flexibilidade, restabelecendo o tônus muscular mais rapidamente e aumentando o condicionamento daqueles mais debilitados.
O reconhecimento da técnica inovadora de Joseph veio quando uma epidemia de gripe assolou os campos de concentração, acometendo milhares de pessoas.
Porém, os internos do mesmo campo de Pilates e que praticavam seus exercícios escaparam da gripe. Mais tarde, criou os equipamentos específicos utilizados na realização do método.
Método Pilates nos Estados Unidos
Em 1926, Joseph foi para Nova Iorque, onde montou seu primeiro estúdio, que funciona até hoje. O reconhecimento internacional da técnica só aconteceu em 1980, 13 anos após sua morte.
No início disseminou-se o método quase que exclusivamente entre atletas e dançarinos, que utilizavam a técnica para melhorar o desempenho em suas atividades.
Hoje o método é utilizado no mundo todo por um grupo diversificado, incluindo fisioterapeutas, atletas e dançarinos, assim como pessoas em busca de uma atividade física.
Cada vez mais aumenta a busca por uma melhor qualidade de vida entre todos os gêneros e idades.
Cada vez mais tem-se enfatizado a importância de exercícios contínuos para a promoção de saúde. E o Pilates encaixa-se perfeitamente nessas características.
O que é Pilates Clínico?
O Pilates Clínico é um importante recurso terapêutico utilizado por fisioterapeutas, proporcionando reabilitação e prevenção de lesões.
Com o passar dos anos, novos estudos foram realizados e observou-se que, além de condicionamento físico, o método Pilates poderia ser aplicado, também, para:
- Tratamento de patologias do sistema musculoesquelético;
- Reabilitação de patologias neurológicas (como o Parkinson e a fibromialgia), por exemplo, no sentindo de reduzir riscos de quedas e melhorar a qualidade de vida em idosos.
Nessa variação do método, os princípios do método original devem ser igualmente seguidos.
E, para a utilização desse método, é essencial que se conheçam suas aplicações, forma de utilização e contraindicações, a fim de fornecer a técnica de forma adequada.
Diferenças entre Pilates e Pilates Clínico
Como já exposto acima, hoje são conhecidas duas formas de Pilates: o Pilates original e o Pilates Clínico.
O primeiro método utiliza de forma fidedigna os preceitos do método Pilates criado por Joseph.
Já o segundo, acrescenta experiências vividas ao longo desses anos, resultando em variações, adaptações e inclusão de acessórios.
Além disso, podemos diferenciá-los, também, na prática. No Pilates original, temos como foco o condicionamento físico.
Os exercícios são mais vigorosos, mantendo a pelve em retroversão, quase chegando a uma retificação lombar. Os movimentos são realizados em grandes amplitudes e preconiza-se uma contração máxima do Power House.
O Pilates Clínico, em contrapartida, utiliza um raciocínio clinico para a seleção dos movimentos. A pelve é mantida em posição neutra, a fim de aproximar-se o máximo possível das curvas fisiológicas.
A contração do Power House é moderada. Em primeiro lugar trabalha-se o controle do complexo lombo-pélvico-quadril, para só então aumentar a amplitude do movimento.
Os movimentos são realizados com qualidade, dosando os limites do paciente. Primeiro reabilita-se a dor, para depois progredir para a prevenção de recidivas.
Os instrutores do Pilates original podem ser educadores físicos ou fisioterapeutas. Já os instrutores do Pilates Clínico são exclusivamente fisioterapeutas.
Principais patologias dentro do Studio de Pilates
As principais patologias encontradas em um studio são:
- Lombalgia
- Cervicalgia
- Desvios posturais (escoliose, hipercifose torácica, hiperlordose lombar)
- Hérnia discal
- Patologias reumáticas (artrite, artrose)
- Doenças neurológicas (Parkinson, AVE, fibromialgia)
- Pós-operatórios (quadril, joelho);
- Dentre ouras.
Exercícios de Pilates Clínico na Lombalgia
A lombalgia é uma patologia muito conhecida da população e podemos dizer isso mundialmente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 65 a 80% das pessoas apresenta ou vai apresentar dor lombar alguma vez na vida.
Essa patologia apresenta-se como uma condição dolorosa e incapacitante funcionalmente.
Os músculos funcionam como importantes protetores das estruturas passivas da coluna (discos, ligamentos, cápsulas).
Quando hipotônicos por desuso, quando há a fadiga por movimentos repetitivos, quando o individuo fica por tempos prolongados na mesma posição, há uma sobrecarga dessas estruturas passivas, ocasionando a dor.
Os principais músculos encarregados de fazer essa proteção são os músculos da parede abdominal (reto do abdômen, transverso do abdômen e oblíquos interno e externo), os multífidos, os glúteos e flexores, extensores, adutores e abdutores de quadril.
Além disso, uma boa flexibilidade da cadeia posterior contribui para uma boa função lombar.
Sendo assim, os movimentos devem apresentar uma combinação de força e flexibilidade, visando manter e desenvolver o equilíbrio muscular e contribuindo para a estabilização da região lombar.
Os exercícios de Pilates Clínico para a lombalgia devem incluir:
- Respiração com ativação dos multífidos e do transverso do abdômen;
- Exercícios estabilizadores da coluna e do quadril;
- Exercícios de consciência corporal;
- Exercícios de mobilidade segmentar da coluna;
- Fortalecimento das musculaturas do assoalho pélvico;
- Alongamentos ativos e/ou passivos dos grupos musculares mais sobrecarregados.
O tratamento da lombalgia com o método Pilates apresenta grande eficácia, reduzindo a intensidade da dor, apresentando melhora na qualidade do sono, melhora da capacidade funcional, com conseqüente melhora da qualidade de vida.
Exercícios de Pilates Clínico na Hérnia Discal
As patologias da coluna lombar são caracterizadas por sintomas clínicos e dentre esses sintomas encontra-se a hérnia discal.
O disco intervertebral, como o nome sugere, está localizado entre os corpos vertebrais. Caracteriza-se por um coxin cartilaginoso, responsável pela absorção de impacto e dissipação de carga.
Alguns eventos da vida, como sedentarismo, sobrepeso, sobrecarga funcional, envelhecimento, dentre outros, provocam uma desidratação do disco, levando a patologias discais.
A hérnia é o deslocamento do núcleo pulposo do disco para os espaços intervertebrais. Pode ser desenvolvida por processo degenerativo, como o envelhecimento, por exemplo.
Ou devido a algum esforço ou trauma. Os locais mais freqüentes de herniação são a região cervical e a região lombar, por regiões de movimentos mais livres.
Porém, dentre essas duas, a hérnia lombar ainda é a de maior incidência.
Incidência da Patologia
A prevalência dessa patologia é maior em adultos com idade entre 30 e 50 anos, podendo aparecer também em jovens e idosos, porém com menor freqüência. E, com menor freqüência ainda, em crianças.
Existem três tipos de hérnia, a protusa, a extrusa e a seqüestrada. no primeiro caso, há um deslocamento do centro do disco em direção ao canal medular, mas sem ruptura das fibras do disco.
Nesse caso, há compressão e dor. Na hérnia extrusa, há o rompimento das fibras do disco, mas sem extravasamento para o canal medular.
Aqui, tem compressão e a dor é mais intensa e mais prolongada do que no primeiro caso.
No caso da seqüestrada, ocorre o rompimento de fibras com extravasamento do núcleo pulposo para o canal vertebral. Há a compressão, a dor é ainda mais intensa, tem inflamação importante e alteração dos quadros sensitivo e motor.
Os exercícios de Pilates na hérnia discal são efetivos no sentindo de fortalecer e alongar as musculaturas envolvidas, aumentando o espaço intervertebral, descomprimindo e possibilitando uma redução da hérnia.
Além disso, o fortalecimento muscular também promove uma maior estabilização da coluna e uma proteção maior dos discos, evitando, inclusive, possíveis recidivas.
O método é indicado no tratamento desta patologia por não apresentarem impacto, pelo fato dos exercícios apresentarem uma progressão de acordo com a capacidade do indivíduo.
Além disso, os aparelhos auxiliam na execução dos movimentos, possibilitando menor sobrecarga na região.
Concluindo…
Desde sua criação, o método Pilates sofreu algumas alterações, permitindo que fosse adequado a todos os tipos de usuários.
Seja com a finalidade de condicionamento físico ou com a finalidade de reabilitação, existe espaço pra qualquer um.
Com a adaptação ao método Clínico, ampliaram-se as possibilidades de tratamento.
Como visto ao longo do texto, o Pilates Clínico se mostrou muito eficaz no tratamento da lombalgia e da hérnia discal, promovendo maior estabilização da coluna.
Assim como maior fortalecimento e alongamento das musculaturas envolvidas nessas patologias, diminuindo os desequilíbrios posturais.
Além de promover a diminuição do quadro doloroso, melhorando a capacidade funcional, permitindo a independência nas atividades de vida diária, melhorando o bem-estar. E, consequentemente, melhorando a qualidade de vida.