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No artigo anterior expliquei o que são as cadeias musculares e a importância de pensarmos em toda a cadeia, mesmo quando tratamos algo aparentemente simples.

A proposta aqui é trabalhar as cadeias musculares de forma global. Lembre-se: este trabalho é um procedimento preventivo e terapêutico, através da organização do sistema locomotor em grupos e cadeias, que permite uma visão unificada do corpo em situações de análise da postura.

Precisamos sempre analisar a postura dos nossos alunos, não só na avaliação postural.

Sei que algumas pessoas dão aula para mais de 2 pessoas por horário, o que torna um pouco mais complicada essa tarefa, mas gostaria de reforçar a sua importância.

E também dizer que é possível fazer uma avaliação dinâmica do seu cliente nos primeiros minutos da aula, mesmo com ele já fazendo algum exercício de alongamento. É só observar os padrões de compensação que ele(a) te traz naquele dia.

Hoje vamos nos aprofundar nas diferentes cadeias musculares e quais são os grupos musculares responsáveis por cada uma de suas funções. Vamos lá? Boa leitura!

Os trilhos anatômicos de Myers

Thomas Myers descreve em seu livro os Trilhos Anatômicos, ou Rotas Musculares (RM), como sendo um “conjunto de músculos consecutivos em um mesmo plano de profundidade anatômica com um trajeto reto ou um pouco em curva e unidos por conexão direta (fáscia, tecido conjuntivo) e/ou indireta (considerada mecânica – estrutura óssea)”.

Segundo ele, essas RM são linhas de tensão que transmitem força e movimento ao esqueleto ósseo e capazes de produzir alterações articulares e, sendo assim, alterações posturais. É importante saber que quando uma RM trabalha, a antagonista é inibida.

De acordo com Myers, existem 11 RM, veja a seguir.

Rota muscular superficial anterior

Objetivo: evitar que o corpo caia para trás, disputa forças com a RM superficial posterior;
Movimentos que realizam: dorsiflexão, extensão do joelho, flexão de quadril, tronco e cabeça.

  • Dorso superior do pé;
  • Extensores dos dedos e do hálux;
  • Tibial anterior;
  • Tendão subpatelar;
  • Retofemoral;
  • Espinha ilíaca ântero-inferior (conexão mecânica com o quadril);
  • Reto abdominal;
  • Fáscia esternocondral;
  • Esternocleidomastóideo (Econ) Direito e Esquerdo.

Rota muscular superficial posterior

Objetivo: evitar que o corpo caia para frente, disputa forças com a RM superficial anterior;
Movimentos que realizam: extensão da coluna cervical, torácica e lombar, extensão do quadril, flexão do joelho e plantiflexão.

  • Fáscia plantar;
  • Flexor dos dedos dos pés;
  • Gastrocnêmeo e Sóleo;
  • Isquiotibiais;
  • Ligamento sacrotuberoso;
  • Fáscia Toracolombar (FTL);
  • Eretores espinhais
  • Músculos subociptais;
  • Músculo occipital (termina na região supraorbital).

Rotação muscular profunda anterior

Objetivo: é a base de todas as rotações musculares. Esses músculos possuem maior resistência. Seus movimentos são estáticos e essa rota tem a finalidade de sustentação e estabilização das partes do corpo para que as outras rotas trabalhem dinamicamente.

  • Flexores longos dos dedos dos pés;
  • Tibial posterior;
  • Fáscia poplítea;
  • Adutores – curto, longo e magno;
  • Assoalho pélvico;
  • Obturador interno;
  • Iliopsoas;
  • Quadrado lombar;
  • Ligamento longitudinal anterior da coluna;
  • Transverso abdominal;
  • Diafragma;
  • Pericárdio;
  • Pleura;
  • Longo anterior da cabeça;
  • Infra e supra hioideo;
  • Escalenos;
  • Pterigoideo medial;
  • Masseter;
  • Temporal.

Rotação muscular lateral

Objetivo: em sua função posterior, equilibra forças com a rota lateral contrária e faz alinhamento no plano frontal, evitando que o indivíduo caia para os lados;
Movimentos que realizam: flexão lateral da coluna cervical, torácica e lombar, abdução do quadril, flexão de joelho, extensão de joelho, eversão do pé.

  • Fibular curto e longo;
  • Ligamento anterior da cabeça da fíbula;
  • Trato iliotibial;
  • Glúteo médio e máximo;
  • Oblíquos (interno e externo);
  • Intercostais (interno e externo);
  • Econ;
  • Esplênio da cabeça e do pescoço.

Rotação muscular funcional anterior

Objetivo: fazer um “x” na parte anterior do tronco, equilibrar forças com a rota antagônica e também a função postural;
Movimentos que realizam: aproximação de ombro com quadril oposto, rotação anterior + flexão da coluna. Sempre trabalha em conjunto com a rota funcional posterior oposta, também potencializa alguns movimentos esportivos.‏

  • Peitoral maior;
  • Reto abdominal;
  • Oblíquo externo;
  • Adutor longo contralateral.

Rotação muscular funcional posterior

Objetivo: fazer um “x” na parte posterior do tronco, equilibrar forças com a rota antagônica, função postural;
Movimentos que realizam: une o membro superior ao inferior contralateral posteriormente; rotação posterior + extensão da coluna.

  • Grande dorsal;
  • Fáscia sacral;
  • Glúteo máximo;
  • Vasto lateral;
  • Tendão subpatelar.

‏Rotação muscular espiral

Objetivo: função postural – em situações de desequilíbrio, essa rota auxilia independente do plano. Equilibra forças com a rota espiral oposta;
Movimentos que realizam: faz rotações e torções da coluna, potencializa movimentos esportivos e auxilia a marcha.

  • Esplênio da cabeça e do pescoço;
  • Rombóide maior e menor;
  • Serrátil posterior ou superior e anterior;
  • Oblíquos externo e interno;
  • TFL;
  • Trato iliotibial;
  • Tibial anterior;
  • Planta do pé;
  • Faz a conexão com fibular longo;
  • Sobe pelo bíceps femoral;
  • Ligamento sacrotuberoso;
  • FTL;
  • Eretores espinhais;
  • E termina na Crista Occipital.

Rotação muscular profunda anterior do braço

Objetivo: tem função postural e equilibra função com a rota posterior profunda do membro superior;
Movimentos que realizam: seus movimentos não envolvem uma só rota, faz flexão dos ombros acima de 90º. O excesso de tensão dessa rota pode levar a protrusão vertical permanente de ombros.

  • Peitoral menor;
  • Bíceps braquial;
  • Periósteo do rádio;
  • Região tenar e músculo tenar.

Rotação muscular superficial anterior do braço

Objetivo: equilibrar forças com a antagônica;
Movimentos que realizam: protrusão horizontal, o excesso de tensão também gera uma postura permanente nesta posição.

  • Peitoral maior;
  • Grande dorsal;
  • Septo intermuscular medial;
  • Flexores de punho e dedos.

Rotação muscular profunda posterior do braço

Objetivo: estabilização de ombro, tem também função postural e equilibra forças com a antagônica;
Movimentos que realizam: rotação interna e externa de ombros e tração escapular.

  • Elevador da escápula;
  • Rombóide maior e menor;
  • Supra espinhoso;
  • Infra espinhoso;
  • Subescapular;
  • Redondo menor;
  • Tríceps braquial;
  • Periósteo da ulna;
  • Músculo hipotênar.

Rotação muscular superficial posterior do braço

Objetivo: equilibrar forças com a rota antagônica. Tem função postural.

  • Todas as porções do músculo trapézio;
  • Deltóide;
  • Septo intermuscular lateral;
  • Extensores de punho e dedos.

Como você já pôde notar, alguns músculos fazem parte de mais de uma Rotação Muscular. Por isso, é importante dar atenção para várias rotas quando se precisa trabalhar um determinado músculo.

Algumas rotas trabalham em conjunto, como as espirais e funcionais, não tendo como isolar uma só rota durante os movimentos.

As cadeias musculares segundo Phillippe Souchard

O criador do método de Reeducação Postural Global (RPG), Phillippe Souchard, também acreditava nas cadeias musculares, responsáveis por manter o indivíduo em equilíbrio.

Segundo ele, são cinco cadeias: respiratória, posterior, ântero-medial do quadril, anterior do braço e ântero-medial do ombro, as quais são constituídas por grupos musculares específicos.

Cadeia respiratória
Comprometimentos desta cadeia:

  • Protração dos ombros;
  • Tórax inspiratório;
  • Protração da cabeça;
  • E aumento da lordose lombar.

Compreende os músculos escalenos:

  • Peitoral maior;
  • Peitoral menor;
  • Intercostais;
  • Diafragma e seu tendão.

Cadeia posterior
Comprometimentos desta cadeia:

  • Protração da cabeça;
  • Desequilíbrios das curvas vertebrais;
  • Coxofemoral aberto;
  • Alterações do joelho e calcâneo (varo ou valgo);
  • Ângulo tíbio-társico aberto ou fechado;
  • Músculos espinhais;
  • Glúteo máximo
  • Isquiotibiais;
  • Poplíteo;
  • Tríceps sural;
  • E os da planta do pé.

Cadeia Ântero-medial do quadril
Comprometimentos desta cadeia:

  • Aumento da lordose lombar;
  • Flexão de quadril;
  • Rotação medial;
  • Adução do quadril;
  • Joelhos valgos;
  • Iliopsoas;
  • Adutores pubianos (pectíneo, adutor curto, adutor longo, grácil e porção anterior do adutor maior).

Cadeia anterior do braço
Comprometimentos desta cadeia:

  • Ombros elevados;
  • Cotovelo fletido;
  • Pronação de antebraço;
  • Flexão de punhos e dedos;
  • Suspensores do braço do antebraço;
  • Da mão e dos dedos;
  • Trapézio superior;
  • Deltoide médio;
  • Coracobraquial;
  • Bíceps;
  • Braquiorradial;
  • Pronador redondo;
  • Palmares;
  • Flexores dos dedos;
  • E os músculos da região tênar e hipotênar.

Cadeia ântero-medial do ombro
A perda de flexibilidade desta cadeia ocasiona adução e rotação medial do braço.

Comprometimento desta cadeia:

  • Adução e rotação medial dos ombros;
  • Subescapular;
  • Coracobraquial;
  • Peitoral maior;
  • Prolonga-se pela cadeia anterior do braço.

As cadeias musculares de acordo com o método GDScadeias musculares 4

O método GDS (Godelieve Denys Struyf) foi criado e desenvolvido nas décadas de 60 e 70, pela fisioterapeuta e osteopata belga Godelieve Denys Struyf e visa uma leitura precisa do gesto, da postura e das formas do corpo, em busca de um atendimento individualizado.

As cadeias musculares e articulares deste método trabalham com o conceito de que a nossa atitude postural e a forma do nosso corpo deriva de múltiplos fatores, desde a genética até o comportamento e o aspecto psicológico de cada um.

Este método defende 6 cadeias musculares, definidas como famílias de músculos, que dão ao corpo a possibilidade de se expressar, e a cada uma dessas famílias corresponde uma tipologia comportamental.

Quando esta família está sob muita tensão, ela pode “aprisionar” o corpo em uma determinada tipologia, dificultando sua adaptabilidade mecânica e comportamental e tornando-se, então, fonte de sofrimento. Neste momento, configuram-se no corpo cadeias de tensão musculares”.

A proposta do método GDS é determinar o padrão tensionado de forma precisa e encontrar o melhor tratamento para desfazer essa “prisão muscular”, possibilitando o ajuste osteo-articular, a reestruturação da função e a reorganização corporal, como resultado do aprendizado do gesto correto e justo.

Cadeia Ântero Mediana (AM)

A atividade preferencial da cadeia AM está associada à afetividade, ao sensorial, à necessidade de ser amado. Essa cadeia é responsável pelo bom posicionamento de D8 e da ancoragem do corpo. Ela tem um papel fundamental na construção do ego e da consciência corporal, devido à necessidade de toque.

Cadeia Póstero-mediana (PM)

A atividade preferencial da cadeia PM está associada à necessidade de ação, de realização e de desempenho, levando a uma atitude em propulsão para a frente. A cadeia PM tem um papel primordial na manutenção da verticalidade, freando a queda do corpo para frente.

Cadeia Ântero Lateral (AL)

A atividade preferencial da cadeia AL está associada a um modo relacional preferencialmente introvertido, caracterizado por uma seleção diante das trocas com o meio.

Essa cadeia favorece a adução, a flexão e a rotação interna da raiz dos membros, gerando uma atitude de recolhimento e podendo, no excesso, chegar a achatar o corpo no próprio eixo.

Cadeias Posteroanterior (PA) e Anteroposterior (AP)

As três atitudes são subtensionadas muscularmente por uma mesma motivação: a necessidade de ser, da construção da individualidade e da busca do ideal em todos os níveis.

Dois encadeamentos músculo aponeuróticos sub tensionam gerando essas três atitudes que, no seu funcionamento fisiológico, devem alternar suas respectivas atividades para manter o ritmo respiratório, manter o equilíbrio das massas, o eixo vertical e o centro de gravidade.

As cadeias PA entram em atividade na fase inspiratória e as cadeias AP, na expiratória. Quando essas duas cadeias perdem a sua alternância fisiológica é gerada a atitude PA-AP.

Cadeia Posterolateral (PL)

A atividade preferencial da cadeia PL está associada a um modo relacional preferencialmente extrovertido, caracterizado pela necessidade de entrar em comunicação. Essa cadeia favorece a abdução e a rotação externa das raízes dos membros, gerando uma atitude arqueada e desdobrada.

Cadeia Posteromediana (PM)

A atividade preferencial da cadeia PM está associada à necessidade de ação, de realização e de desempenho, levando a uma atitude em propulsão para a frente. A cadeia PM tem um papel primordial na manutenção da verticalidade, freando a queda do corpo para frente.

Conclusão

Como visto acima, existem diferentes formas de se entender o que são as cadeias musculares e como elas trabalham.

Algumas cadeias citadas estão envolvidas com métodos específicos de tratamento, como o RPG e o método GDS, mas gostaria que você analisasse apenas as cadeias propostas e pensasse em como você pode aplicar esse conceito no seu dia a dia.

Você pode adotar em seu Studio a melhor cadeia que lhe convier, ou a que você achar mais adequada para a situação do aluno. Espero ter esclarecido um pouco mais sobre esse tema.

‏Você tem alguma sugestão sobre temas? Ou quer que eu aborde algo específico no próximo artigo? Deixe sua sugestão nos comentários!

Referências bibliográficas

Myers, T.W. Trilhos anatômicos, ed.Manole, São Paulo, 2003.
http://apgds.com.br/metodo/
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/84233/186082.pdf?sequence=1


























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