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Nos textos passados vimos o que devemos saber sobre a puérpera para aplicar o Baby Pilates. Se você perdeu algum dos textos ou não viu, basta clicar aqui para conferir.

Agora faremos um texto sobre o que o fisioterapeuta que pretende aplicar o Baby Pilates precisa saber sobre o bebê.

O bebê é uma peça fundamental no Baby Pilates, que é composto pela díade mãe e bebê. Apesar de não ser uma forma de tratamento para alterações e disfunções da criança, o profissional que irá trabalhar com essa população precisa minimamente saber sobre alguns marcos motores da criança.

Além dos benefícios do vínculo mãe-bebê, os carregadores ergonômicos e os benefícios, contraindicações e atenção que se deve ter com o bebê durante a aula. Esses serão os temas abordados neste texto!

Marcos Motores do Desenvolvimento

É importante que o profissional saiba sobre os marcos motores da criança para que possa adaptar a aula à fase em que o lactente se encontra.

Como sabemos, o Baby Pilates acompanha bebês até 18 meses de idade e toda essa faixa etária abrange uma variedade de habilidades sensório-motoras que a criança irá adquirir.

Ela passa da posição horizontal, com movimentos reflexos, totalmente dependente da mãe, para uma posição vertical, mais independente e com movimentação voluntária. Por isso, devemos saber em que momento do desenvolvimento a criança se encontra. Veja alguns exemplos abaixo:

Até 3 Meses

O bebê com até 3 meses de idade ainda se encontra muito dependente da mãe, com amamentação exclusiva e muitas vezes com muita necessidade de colo. Além disso, ainda não fica sentado, está ganhando o controle cervical e não tem grande mobilidade no chão quando colocado deitado no chão.

Por isso, a aula para a mãe de bebês nessa idade deve levar em consideração os pontos acima, ou seja, de preferência exercícios com o bebê no carregador ou deitadinho ao lado da mãe para que trabalhe o bom controle de cabeça e apoio de membros superiores, por exemplo.

De 4 a 6 Meses

Nesta fase o bebê já está explorando mais o ambiente, passa mais tempo acordado, consegue ver melhor e interage bem!

Nessa faixa a criança também tem um bom controle de cervical e tronco e em breve começará a ficar sentada e está aprendendo e aprimorando o rolar. Com isso, durante as aulas esse bebê já pode explorar mais o chão enquanto sua mãe faz as atividades ou participar de atividades que exijam um maior controle de tronco dele.

De 7 a 9 Meses

Durante essa fase o bebê adquire muita independência: começa a sentar sozinho, pode engatinhar e pode também se puxar para ficar em pé, e com isso o profissional deve ficar atendo aos riscos de acidentes.

O ambiente deve ser motivador para a locomoção e exploração da criança e os exercícios podem conter bastante a interação da mãe com o bebê, já que muitas vezes essa é a fase da angústia da separação, em que o bebê se percebe como ser diferente da mãe e muitas vezes coincide também com a volta da mãe ao trabalho.

De 9 em Diante

Neste trimestre a criança está totalmente ativa e já atingiu a postura bípede.

Os exercícios com a mãe podem acontecer de forma lúdica para incluir o seu bebê. Exercícios com o bebê no colo/carregador podem se tornar menos frequente e durar menos tempo durante a aula, porém ainda serão aceitos.

Sabendo como a criança com desenvolvimento motor típico evolui, o instrutor pode planejar as aulas para aquela mãe e seu bebê de acordo com o marco do desenvolvimento em que o bebê se encontra e assim tornar o ambiente adequado e propício para aquela criança se desenvolver.

Vale lembrar que o Baby Pilates não é indicado como tratamento exclusivo nos casos de atraso do DNPM do bebê. Nestes casos, o instrutor deve orientar a mãe ao serviço de terapia de média complexidade indicado para a criança (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia…) e encaminhá-los ao pediatra.

Vínculo Mãe-Bebê

As aulas do Baby Pilates proporcionam um ambiente favorável à “prática” da exterogestação, momento de transição do bebê para a vida extra-uterina.

Durante as aulas, principalmente nos primeiros meses, os exercícios são adaptados para que as mães os realizem com seus bebês no colo, utilizando carregadores ergonômicos, para favorecer e fortalecer o vínculo do binômio mãe-bebê, além de também favorecer a possibilidade de amamentação durante a prática do exercício.

O favorecimento do vínculo entre mãe e bebê, a possibilidade de amamentação e a interação social no puerpério são fatores que reduzem o risco de depressão pós-parto nas mulheres, condição que pode atingir de 10 a 15% das puérperas e pode gerar repercussões negativas no desenvolvimento cognitivo e social no primeiro ano de vida da criança.

Carregadores Ergonômicos

Carregadores são suportes utilizados pelos pais ou adultos responsáveis para carregar os bebês.

O carregador surgiu da grande necessidade de contato que os bebês tem com a mãe e a necessidade de proteção devido à sua imaturidade.

Para ser considerado ergonômico, o carregador deve promover uma boa congruência da articulação coxofemoral, realizando um suporte que vai de joelho a joelho, sem sobrecargas ao períneo e também bom apoio a coluna vertebral do bebê.

Benefícios do Baby Pilates para o Bebê

O principal benefício do exercício integrado mãe-bebê é o estímulo ao vínculo e ao afeto, que promovem bases mais sólidas para um bom desenvolvimento do bebê.

As aulas são momentos de intensa troca entre o bebê e a mãe, troca de olhares, de gestos e de palavras… proporcionam momentos de grande riqueza emocional para o bebê, que será refletida em vários sistemas, como sensorial, cognitivo, motor e psíquico.

Outro grande benefício é o estímulo ao desenvolvimento do bebê em seus diversos aspectos:

  • Vestibular
  • Auditivo
  • Visual
  • Sinestésico
  • Motor
  • Psíquico e Emocional – referentes a cada exercício realizado

Contraindicações

A maior das contraindicações seria expor o bebê a um exercício que seu corpo e sua biomecânica ainda não estão aptos para executar, por isso o conhecimento de cada fase do desenvolvimento se faz importante.

Como falado anteriormente, o Baby Pilates também é contraindicado para bebês que apresentam um curso atípico do seu desenvolvimento neuropsicomotor.

Eles devem ser encaminhados para terapia especializada, porém isso não torna uma contraindicação absoluta, pois, caso o instrutor tenha especialidade em neuropediatria, ele poderá trabalhar em concordância ao tratamento que está sendo executado. O mesmo vale para doenças neurológicas.

Concluindo…

A atenção com o bebê deve ser contínua, antes e durante a aula do Baby Pilates.

Através da observação o instrutor pode perceber se o exercício está adequado para a faixa estaria do bebê, se está sendo prazeroso ou se está deixando o bebê irritado, além de todas as percepções e atenções também com a puérpera.

O instrutor deve procurar saber há quanto tempo o bebê se alimentou para evitar exercícios que possam provocar retorno do conteúdo gástrico, e também procurar saber sobre a hora do último soninho do bebê e como foi a noite de sono de ambos, para direcionar a aula para um contexto mais relaxante ou não.

Este texto foi elaborado pela Fisioterapeuta Jessica Brito, que é especialista na parte dos Bebês e foi a convidada da 4ª Live sobre Baby Pilates no Facebook.

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