A gravidez é um evento muito significativo na vida de uma mulher e é durante este período que elas vivenciam mudanças nos sistemas esquelético, circulatório e reprodutivo. Apesar de mudanças fisiológicas, como alterações posturais e flutuações hormonais serem naturais, algumas delas, como o ganho de peso, podem acabar acarretando problemas no sistema músculo-esquelético.
Acerca dos problemas no sistema músculo-esquelético uma queixa principal comum das gestantes é a lombalgia, que pode ser causada em decorrência da excreção do hormônio relaxina, pela placenta, que tem como função o relaxamento dos ligamentos pélvicos e ligamentos da coluna, podendo desencadear uma dor lombar.
Diante disto, estudos atuais apoiam o início do exercício para mulheres sedentárias durante a gravidez, em que observou-se que a prática de exercício físico bem direcionada e de intensidade moderada na 20ª semana de gestação não acarreta riscos à mãe ou ao feto, sendo também uma forma não farmacológica para o alívio das dores.
Além disso, iniciar um programa de exercícios durante a gestação reduz o risco de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e proporciona controle de peso.
O Método Pilates durante a gravidez
A prática do Método Pilates se popularizou entre as gestantes por ser um exercício com objetivo de alcançar a harmonia muscular, fortalecendo e lhes dando elasticidade, combinando a estabilização do tronco e da pélvis, coordenação, propriocepção e melhora da postura, por meio de exercícios de baixo impacto, alongamentos globais e treino de força, que se alinham ao controle da respiração, ao fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e do transverso abdominal.
Relacionado diretamente com a gravidez, o Método Pilates tem como objetivo a diminuição da dor, esforço na hora do parto e melhora da qualidade de vida.
Existem alguns outros benefícios pouco citados sobre a prática do Método Pilates na gestação e vamos mostrar agora!
Dor no trabalho de parto
A prática do Método Pilates auxilia nas dores das gestantes, como a lombalgia, por exemplo. Autores como Sonmenzer e Yildirim destacaram o Pilates como uma opção promissora para o tratamento da dor lombo pélvica relacionada à gravidez.
Porém existem estudos recentes, como o de Ghandali, Diaz e Aktan, que relacionaram a prática do Método à diminuição da dor especificamente durante o trabalho de parto e a diminuição de uso de analgesia peridural.
Satisfação com o parto
Ghandali, Diaz e Aktan também citam como um benefício a satisfação com o trabalho de parto, com base na Escala Mackey de Avaliação da Satisfação no Parto, que inclui 22 questões em 4 subescalas: o satisfação da mãe com seu desempenho, com o desempenho das parteiras, com o status do bebê e satisfação com a experiência do trabalho de parto e nascimento.
Trabalho de parto
Em relação ao trabalho de parto as conclusões de Diaz, baseados nos dados coletados por ele, afirmam que a prática do Pilates na gravidez acarreta uma melhoria nos parâmetros de parto, como mais partos normais e menos episiotomias, além de uma diminuição no tempo do trabalho de parto, citado por Mazzarino.
Os riscos de incontinência urinária na gravidez
O estudo realizado por Urer relata que houve uma melhora significativa em casos de incontinência urinária de esforço, tendo assim o Pilates como uma prática física que ajuda a controlar os fatores de riscos como: índice de massa corporal (IMC) e o ganho de peso.
Este resultado corrobora com os estudos de Kim e Aktan, que também destacam a eficácia do Método no controle de peso, além da redução de lipídios sanguíneos, insulina e a proteína C reativa.
Segurança e viabilidade durante a gravidez
Além de tudo isso, a prática do Método Pilates durante a gravidez foi indicada como segura e viável por ser embasada em exercícios aeróbicos e de condicionamento de força, que além de baixa pressão, desenvolve força e flexibilidade ao longo do corpo.
Ainda dentro do Método, existe a técnica de respiração diafragmática que ajuda a mãe a se preparar para o parto, onde também ajuda na ativação dos músculos estabilizadores profundos, principalmente o transverso do abdome em relação à pelve, o que melhora a força da pelve e do tronco. Não trazendo riscos nem à mãe e nem ao bebê.
Conclusão
Podemos concluir que além dos benefícios já conhecidos, a prática do Método é eficaz e seguro para ser praticado na gravidez sendo sugerido, inclusive, que haja orientações para a prática durante os pré-natais.
Trazendo a diminuição da dor durante o trabalho de parto, diminuindo as chances de episiotomia, aumentando a satisfação com o parto, diminuição de peso e incontinência urinária.
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Excelente matéria, passando essas informações agora para algumas amigas gestantes