O Diabetes Melito (DM) é uma doença de alta relevância. E desperta continuamente a preocupação das autoridades da saúde pública em decorrência da sua morbidade e mortalidade. Além dos consequentes elevados custos sociais e econômicos (1).
Já a Diabetes Melito Gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto (2).
O impacto do Diabetes Melito não será só no quadro clínico, mas também alterações funcionais em alguns órgãos e sistemas.
O que pode resultar em descontrole metabólico crônico. Ou seja, manter esse quadro de intolerância mesmo após o nascimento do bebê.
Sendo assim, nesse texto vamos explicar o que é a Diabetes Melito Gestacional. E apresentar como o Método irá ajudar na prevenção em gestantes que praticam.
O Diabetes Melito Gestacional
A incidência de DMG está aumentando em paralelo com o aumento do DM2. Tem acometido cerca de 3 a 8 % das gestantes, levando a importantes repercussões tanto para a mãe como para o bebê.
O quanto antes for dado o diagnóstico e iniciado o tratamento, menores serão os riscos de morbidade e mortalidade tanto materna como para o bebê.
Apesar de o nome induzir que a diabetes é seja causada pela gravidez, não podemos dizer que está totalmente correto.
Pois esse conceito apenas está se referindo à temporalidade do diagnóstico. Incluindo tanto os casos de distúrbio do metabolismo glicídicos não diagnosticados previamente à gestação como também aqueles deflagrados pela gravidez.
Entre eles estão os:
- Antecedentes pessoais: hipertensão arterial, obesidade, infecções urinárias de repetição, candidíase resistente a tratamentos usuais;
- Antecedentes familiares: história familiar de diabetes;
- Antecedentes obstétricos: diabetes em gestação anterior, multiparidade, abortamento habitual, polidrâmio, neonato grande para a idade gestacional (peso maior 4kg), óbito fetal nas últimas semanas de gestação, malformação fetal ou síndrome do desconforto respiratório neonatal;
- Gravidez atual: macrossomia fetal, polidrâmio, espessamento placentário ao exame ultrassonográfico.
Com certeza será indiscutível que a atuação de profissionais da área de saúde que atuem com atividade física, pode agregar à melhora da qualidade de vida dessas futuras mamães.
As atividades irão atuar com a elaboração e supervisão de programas de exercícios específicos com o objetivo de melhorar os índices glicêmicos.
O que acontece no corpo da gestante?
Como já sabemos durante a gestação ocorre um turbilhão de alterações endócrino-metabólicas que tem como objetivo suprir as necessidades maternas e fetais. E essas demandas exigem adaptações no organismo da gestante, pois se isso não acontecer podem trazer prejuízos para a mãe e o bebê.
Entre essas adaptações estão aquelas que exigem maior desempenho do pâncreas endócrino em comparação com o período anterior à gravidez, o que pode causar essa intolerância à glicose.
Sabemos que o Diabetes Melito Gestacional aumenta muito o risco de complicações clínicas e obstétricas. E outro fator importante também é que a mulher que foi portadora de DMG deve continuar monitorando essa intolerância nos próximos anos após a gestação, visando à prevenção do surgimento da Diabetes Melito tipo 2 (DM2).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, é considerado Diabetes Melito Gestacional quando os valores de glicemia em jejum forem maiores que 126 mg/dl, ou teste de tolerância de glicose com 75 g de glicose maior que 140 mg/dl na segunda hora.
Já os critérios do Ministério da Saúde do Brasil consideram a DMG os valores de glicemia em jejum maiores que 110 mg/dl e o teste de tolerância de glicose igual à OMS.
Como tratar e prevenir?
O ideal seria se essas mulheres pudessem avaliar a glicemia antes da gestação, assim já corrigiria antes mesmo de engravidarem.
Assim como eu sempre falo que é a melhor opção a preparação para a gestação, ou seja, os exames de rotina também são de extrema importância para se alcançar uma gestação saudável e sem complicações.
As formas de tratamento da Diabetes Melito Gestacional devem ser de maneira multiprofissional. Ou seja, obstetra, endocrinologista, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta ou educador físico, para que possam junto adotar as medidas necessárias para o controle glicêmico.
E como o Método Pilates pode ajudar?
Então vamos agora conversar sobre a nossa atuação como instrutores de Pilates. Como já citei anteriormente em outras matérias, o Método Pilates envolve exercícios lentos e controlados, associado à respiração e ativação de musculatura estabilizadora.
Diversas pesquisas relacionam os efeitos benéficos que os exercícios físicos têm sobre o controle da glicemia. Em virtude de uma melhor utilização da insulina na captação de glicose pelos tecidos.
Alguns estudos relacionaram o tipo e a intensidade de algumas atividades, e chegam à conclusão que uma atividade supervisionada por um profissional qualificado, parece ser mais eficaz na melhora dos níveis glicêmicos.
E o Pilates se encaixa perfeitamente, pois conseguimos escolher exercícios com a intensidade adequada, conforme a necessidade de cada gestante, deixando as mais seguras e confiantes. Além também da correção dos alinhamentos, durante a execução e a interrupção de algum movimento quando necessário.
Pensando assim, devemos orientar a essas gestantes a praticar Pilates de duas a três vezes por semana. E essa aluna deve também associar uma caminhada ou hidroginástica, além da dieta orientada por uma nutricionista.
Outro fator que nos leva a acreditarmos que o Pilates é um método seguro e com excelentes resultados para as gestantes portadoras de Diabetes Melito Gestacional, é o fato que os exercícios quando bem aplicados por um profissional qualificado, dificilmente terá uma intensidade muito alta, a ponto de aumentar a FC acima do recomendado.
Faltam estudos específicos para comprovar os reais benefícios do método com esse público em especial, mas como já sabemos os efeitos fisiológicos dos exercícios, sabemos o quanto vai contribuir.
Concluindo…
Portanto as aulas de Pilates com uma aluna portadora de Diabetes Melito Gestacional deve ter o cuidado redobrado com as isometrias, ou exercícios muito intensos.
É claro que como sempre devemos levar em consideração a condição física anterior dessa gestante. Mas não me canso de ressaltar que devemos dar prioridade à escolha de exercícios simples, e bem executado, com uma atenção especial aos alinhamentos posturais. Além de manter a frequência nas aulas, sem faltar, que é extremamente importante nesses casos.
Tenho certeza de que bons profissionais que buscam informações sobre as patologias de suas alunas, e se dedicam a individualizar a escolha do exercício ideal. Terão muito sucesso e levarão cada vez mais os benefícios do Método para um número maior de pessoas.
O grande segredo de uma aula de Pilates de qualidade é pensar antes de escolher um exercício para uma determinada aluna!
Espero que esse texto ajude vocês e deixe aqui nos comentários sua opinião!
Referências Bibliográficas:
1 – Fisioterapia Aplicada à Saúde da Mulher, Elza Baracho, Quinta Edição, Editora Guanabara Koogan, 2012.
2 – World Health Organizativo. Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus and its complications: report of a WHO consultation. Geneva: World Health Organization, 1999.
Patrícia de Andrade Valeriano
Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates na WP Pilates & Saúde
Integrante do grupo das idealizadoras do Projeto Mamãe Saudável
Gostei muito das informações do método pillates para gestantes. Porque sabemos que a gestante tem limitações de exercícios e sendo diabética as restrições são maiores então essas informações tem muito valor. Adorei e estou feliz em poder fazer esse curso da semana da coluna