O AVC aparece como a 2ª causa de morte no mundo. Entre suas sequelas, a maior se apresenta como a incapacidade neurológica, dependente de cuidados de reabilitação.
A definição de Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma manifestação, muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de origem arterial: espasmo, isquemia, hemorragia, trombose.
O Acidente Vascular Cerebral é um derrame resultante da falta ou restrição de irrigação sanguínea ao cérebro, podendo provocar lesão celular e alterações nas funções neurológicas.
Os sinais clínicos desta patologia incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva, da linguagem, podendo variar de acordo com o local e extensão exata da lesão.
O AVC também é conhecido popularmente como derrame cerebral, pode ser de dois tipos:
1º Tipo: AVC Isquêmico
O AVC Isquêmico é causado por falta de circulação numa área do cérebro provocada por obstrução de uma ou mais artérias devido à vários fatores:
- Embolia
- Trombose
- Acúmulo de Gorduras
- Acúmulo de Lipídios
- Parte Interna da Parede das Artérias em Geral
- Pessoas mais Velhas
- Diabetes
- Colesterol Elevado
- Hipertensão Arterial
- Problemas Vasculares
- Fumantes
O tipo mais comum de AVC Isquêmico é o aterotrombótico e a sua principal causa é a aterosclerose, doença que causa a formação de placas nos vasos sanguíneos, levando à oclusão, e o cardioembólico no geral decorrente de doenças cardiovasculares, como arritmias cardíacas ou doenças da válvula cardíaca.
Existem três subtipos de AVC Isquêmico
Trombótico – ocorre quando se desenvolve no próprio local um processo patológico responsável pela obstrução do vaso, através da formação ou desenvolvimento de um coagulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais, este tipo representa 85% dos AVC.
Embólico – é o processo patológico onde ocorre a obstrução arterial por um corpo estranho (embolo) em circulação na corrente sanguínea que se desloca até as artérias cerebrais.
Cerca de 30% dos êmbolos são de origem cardíaca, da endocardite bacteriana e das complicações de cirurgia vascular ou de prótese valvular.
Lacunar – representa cerca de 10% de todos os AVC, ocorre à obstrução de pequenos vasos penetrantes no núcleo caudado, na capsula interna, no tálamo, na ponte e na substância branca da coroa radiada, produz pequenos enfartes com diâmetros variáveis entre três e quatro milímetros e 1,5 a 2 cm, que depois cativam, formando lacunas.
Os Sintomas no Caso do AVC Isquêmico são:
- Perda Repentina da Força Muscular e/ou da Visão
- Dormência na Face, Braço ou Perna
- Dificuldade de Comunicação Oral (fala arrastada) e de Compreensão
- Tonturas
- Formigamento num dos lados do corpo
- Alterações da Memória
2º Tipo: AVC Hemorrágico
O AVC Hemorrágico ocorre devido ao sangramento cerebral provocado pelo rompimento de uma artéria ou vaso sanguíneo.
E com relação a problemas de hipertensão arterial, problemas na coagulação do sangue ou traumatismos, geralmente acomete pessoas mais jovens e a evolução é mais grave.
O AVC Hemorrágico Cerebral tem os seguintes subtipos:
- Intracerebral – de maneira geral é causado pela pressão alta crônica.
- Subaracnóide – é causado por uma ruptura de um aneurisma ou hipertensão
- Parenquimatoso – quando ocorrem nos paramedianos da artéria basilar por isso afetam mais os gânglios da base, protuberância e o cerebelo.
Os Sintomas no caso do AVC Hemorrágico são:
- Dor de cabeça repentina
- Edema cerebral
- Aumento da pressão intracraniana
- Náuseas e vômitos
- Déficits neurológicos semelhantes aos provocados pelo acidente vascular isquêmico
Os fatores de risco aumentam a probabilidade de ocorrência de um acidente vascular cerebral, no entanto, muitos deles podem ser minimizados mudança nos estilos de vida ou até mesmo com o tratamento medico.
Os Fatores de Risco para AVC são os mesmos que provocam Ataques Cardíacos:
- Hipertensão Arterial
- Colesterol Elevado
- Fumo
- Diabetes
- Histórico Familiar
- Ingestão de Álcool
- Vida Sedentária
- Excesso de Peso
- Estresse
Outros Fatores que Aumentam o Risco
Alguns medicamentos anticoagulantes utilizados no tratamento do próprio acidente vascular cerebral isquêmico também podem aumentar o risco de acidente vascular hemorrágico.
Além desses fatores há ainda um componente genético importante: na determinação da pressão arterial, que por sua vez é o fator de risco mais importante.
Quanto maior for o número de fatores de risco identificados, maior será a probabilidade de este vir a ter um AVC.
Manifestações clínicas do AVC dependem da localização do processo isquêmico, do tamanho da área isquêmica, da natureza e funções da área atingida e da disponibilidade de um fluxo colateral.
As Sequelas mais Predominantes de um AVC
As principais sequelas de origem do AVC são os défices neurológicos que podem refletir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, dependendo da localização e do tamanho da lesão cerebral.
Também pode apresentar como sinais e sintomas perda do controle voluntário em relação aos movimentos motores, sendo a disfunção motora mais comum.
A hemiplegia, a hemiparesia ou fraqueza em um dos lados do corpo é outro sinal, assim ao nível das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e cognitiva/comportamental serão comprometidas.
Função Sensorial: raramente a sensibilidade está ausente do lado hemiplégico, mas comuns são as perdas proprioceptivas, que impacta diretamente nas habilidades motoras, também são comuns a perca do tacto superficial, dor e temperatura.
Os pacientes hemiplégicos podem ainda sofrer defeitos no campo visual, como cegueira da metade nasal de um dos olhos e da metade temporal do outro, dependendo do local da lesão.
Função e Comportamento Mental: em alguns pacientes ficam confusos ou não cooperantes, podendo ficar com a compreensão prejudicada, sofrer de perda de memória recente, perda da percepção corporal, negação de lhe pertencerem os membros afetados.
Função Perceptiva: pode provocar distúrbios na posição no espaço, incapacitando o paciente de programar uma sequência de movimentos, a incapacidade de reconhecer objetos familiares de uso pessoal, e de lhe dar uma função, esses fatores também depende do local e tamanho da lesão.
Função da Linguagem/Comunicação: quando o AVC tem origem de obstrução da artéria cerebral media no hemisfério esquerdo geralmente atinge essas funções.
Função motora: desequilíbrio posturais, espasticidade, padrão flexor do membro superior e padrão extensor do membro inferior, entre outros, são geralmente encontrado nestes casos.
As Alterações do Tônus após um AVC
O hemicorpo afetado apresenta hipotonia, o tônus muscular se torna muito fraco, por isso o paciente tem muita dificuldade para realizar qualquer movimento, durante as primeiras semanas.
A flacidez também é comum nos primeiros dias ou horas, isso leva a uma perda de padrão de movimento e consciência no hemicorpo afetado, e com dificuldade de movimento no lado não afetado.
Com a perda do mecanismo de controle postural, o paciente que sofre um AVC tem o hemicorpo afetado um déficit das posturas automáticas.
E devido a esse problema não conseguirá usar vários padrões normais de postura e de movimento, que lhe permitem fazer transferências, rolar, sentar-se, manter-se de pé, andar, realizar atividades da vida diária e outras atividades funcionais.
Como ocorre o processo de recuperação do AVC?
Na fase de recuperação do Acidente Vascular Cerebral, existem alguns quatro estagio descrito aqui pela a OMS:
- Estagio flácido – o mais incapacitante dos três, pois o paciente tem persistência da hipotonia, perda da função sensorial severa e perda motora geral.
- Estágio de recuperação – há uma evolução para um tônus normal, começa a apresentar movimento mais distal nos membros e com uma leve incapacidade.
- Estágio espástico – o paciente apresenta hipertonia, a recuperação da função motora com uma evolução para a espasticidade é bastante frequente, os movimentos proximais dos membros começa apresentar movimento, com o aumento do tónus muscular conduz à espasticidade dos músculos. Este tónus muscular é diferente em cada indivíduo, influenciando a qualidade do movimento, como podemos ver abaixo:
- Espasticidade severa – onde os movimentos são difíceis ou impossível de ser realizado devido à contração muscular contínua.
- Espasticidade moderada – de movimentos lentos realizados com muito esforço e quase sem coordenação.
- Espasticidade leve – onde a os movimentos grossos dos membros são possíveis, enquanto os movimentos finos da mão são difíceis.
O Método Pilates no Tratamento do AVC
Método Pilates é importante para o tratamento dos pacientes que tiveram um AVC pois possui inúmeros benefícios, dentre eles sua prática, que contribui para a recuperação dos movimentos, melhora na respiração, postura e coordenação motora, trabalhando o corpo e a mente.
Os exercícios feitos de forma correta dá oferecem aos pacientes não só inúmeros benefícios, mas também um prazer em fazer com o paciente ultrapasse seus próprios limites.
Dá segurança ao executar os exercícios de forma correta e faz com que o trabalho de equilíbrio e de conexão do corpo seja um forte aliado para realização de atividades de vida diária.
A avaliação desses pacientes deve ser feita para definir alguns objetivos de curto, médio e longo prazo, a mesma auxiliar na escolha dos exercícios, e também as direções do tratamento, levando em conta que o AVC é uma patologia neurológica, mas que reflete na incapacidade física é preciso aliar o conhecimento do repertorio do Método Pilates as limitações do paciente.
O controle de centro da força do corpo pode ser uma forma de iniciar o trabalho, chamado de Power House (centralização) que é um dos princípios do pilates, desempenha não só o papel de proteção de coluna, mas também de correção de má postura.
Casos de Reabilitação Utilizando o Método Pilates
A paciente K.C.V sexo feminino 40 anos, sofreu em AVC Isquêmico à esquerda, no dia 29/09/14, com sequelas de hemiplegia, perda da comunicação e linguagem, ombro direito congelado, padrão flexor do MSD e padrão extensor no MID.
Fez o tratamento com a fisioterapia convencional desde o hospital, no inicio no leito e depois em casa.
Ficou dez dias internada e foi encaminhada pelo médico para parar com a fisioterapia e começar fazer Pilates. Segundo a paciente, a sugestão de utilizar o Método no tratamento veio diretamente de seu médico.
A paciente inicia o tratamento com o Pilates após 8 meses da lesão, depois de sua avaliação, foram traçado os seguintes objetivos:
- Minimizar os Efeitos das Alterações de Tônus Muscular
- Ganho de Força Global
- Ganho de Amplitude de Movimento no MSD e MID e Manutenção das Demais Articulações
- Melhora da Consciência Corporal
- Melhora Alinhamento Postural
- Facilitação nas Trocas Posturais
- Melhora Equilíbrio Estático e Dinâmico
- Melhora da Marcha
- Melhorar a Função nas Atividades de Vida Diária
Foi desenvolvido um protocolo de aula para este caso em especifico, com alguns exercícios adaptados e outro do repertorio original do Pilates:
- Ponte no solo, evoluindo para ponte na bola, em seguida disco de rotação e depois propriocepção.
- Marmeid adaptada com bola suíça media e assistência do terapeuta, evoluído para barra torre no cadilac e depois na cadeira combo.
- Quadrupede com auxilio da bola suíça media, evoluindo para quadrupede sem auxilio, em seguida variação do gato, em seguida com dissociação de membros.
- Footwork com a prancha de salto, passando a usar a barra do reforme com auxilio do terapeuta segurando no pé do paciente (toes e heels).
- Running com auxilio do terapeuta em seguida evoluído para paciente fazendo o exercício ativo.
- Armas pull up and down evoluindo para uni-lateral.
- Arms push up and down assistido, evoluído para uni-lateral e lateral, depois com aumento da carga.
- Stretches Front unilateral no cadilac, evoluindo para spine stretch.
- Swan
- Swimming
- Extensão de coluna na bola
- Agachamento na bola
O protocolo foi seguido de acordo com o estabelecido e alguns exercícios adaptamos para as condições físicas e funcionais da paciente, evoluindo conforme o ajuste e utilizando o aumento de carga.
A mesma encontra praticando pilates regularmente há um ano e sete meses, e hoje tem uma maior independência dentro do studio e também em suas atividades de vida diária.
Vale ressaltar que por ser uma atividade física onde o desempenho do paciente esta diretamente ligada a um tratamento mais motivador e desafiador, o Método Pilates se mostra eficaz e prazeroso.
Os resultado acabam sendo muito satisfatórios tanto para o paciente que é a parte mais importante do tratamento, quanto para o terapeuta.
Concluindo…
O AVC é uma patologia muito limitante e é importante o conhecimento aprofundado sobre suas características e as suas consequências, pois só assim podemos desempenhar melhor o nosso papel durante as sessões ou aula.
Os princípios Método Pilates como a concentração, a centralização, fluidez, respiração, precisão e o controle, devem ser sempre treinados repetidamente e colocados em pratica, mesmo que seja difícil de serem atingidos por esses alunos em função das alterações no sistema nervoso central.
Para realmente mostrar a eficácia do tratamento é importante fazer uma boa avaliação, propor objetivos alcançáveis, pois só assim vamos realmente conseguir mostrar o nosso trabalho e a eficácia do Método Pilates.
foi bom ler porque agente adqueri mais conhecimento. bom teve avc isquemico mais graça a deus. estou recoperan do bem. fe em deus vou fiquei mudo . fiz fono;a minha voz. voltou.
Gostaria de indicação de Studio de Pilates com profissional especializado em AVC. Vocês indicam algum local em São Paulo?
Oi Michele, tudo bem?
Indicamos o Studio VOLL Pilates em Perdizes (São Paulo). 🙂
Localizado no endereço: Avenida Marques de São Vicente, 2.219 – Jardim das Perdizes. Prédio Office Time, sala 1204.
Contato: (11) 99847-7268 ou https://www.instagram.com/vollstudiosperdizes/
Meu filho teve avc hemorrágico
2019.desde então faz fisio,porém a mão e pé esquerdo ainda não teve melhora.
Me indicariam um exercício específico em pilates?
Olá, Erilene!
O ideal é que um profissional especializado faça a avaliação do seu filho, dessa forma será possível criar um planejamento com os exercícios mais adequados para ele 😊