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O paciente chega para a avaliação com a seguinte frase: “Tenho dor embaixo do pé, sinto dor no calcanhar e no meio do pé quando caminho” e no mesmo momento, nós iremos associar isso à Fascite Plantar.

Após análise dos sintomas e exame físico detalhado, provavelmente chegaremos à conclusão de que estamos certos. Isso, porque a Fascite Plantar é uma das patologias dolorosas que mais acometem o pé.

Segundo pesquisa de 2003, aproximadamente uma em cada dez pessoas terá dor calcânea ao longo da vida e afeta principalmente pessoas a partir dos 40 anos.

Sendo assim, algum dia iremos nos deparar com o paciente nessa situação no estúdio de Pilates. Vamos, então, conhecer melhor o mecanismo patológico e suas consequências, para podermos, assim, reconhecer e tratar da melhor forma a quem nos procura.

O que é a Fascite Plantar?

A Fascite Plantar é uma síndrome dolorosa em região subcalcânea, provocada por inflamação da fáscia plantar, e descrita erroneamente como esporão do calcâneo.

A fáscia se estende pela região do calcanhar e a cronicidade da fascite associada à sobrecarga continuada pode levar ao esporão, mas eles não são a mesma coisa.

O esporão é uma calcificação, localizada comumente em região de inserção tendínea e não é, necessariamente, doloroso, ao contrário da fascite que tem como característica principal a sensibilidade e a dor.

Essa patologia foi descrita inicialmente em 1812, e até hoje não tem etiologia totalmente esclarecida, podendo ser associada a diferentes fatores intrínsecos e extrínsecos.

Fisiopatologia

A fáscia é um tecido bem fibroso e pouco elástico.

Na fase de apoio da marcha, ao apoiar planta do pé, é gerada uma foça de tração na fáscia. Essa força é exercida repetidamente durante a caminhada e, dependendo da frequência e intensidade, pode provocar micro lesões e degeneração na origem da fáscia, junto ao calcanhar, desencadeando o processo inflamatório e gerando dor.

Em casos mais severos outras estruturas podem ser envolvidas, como o nervo medial do calcâneo e o nervo tibial posterior.

Sintomas

Como a Fascite Plantar é um processo inflamatório, os sintomas mais comuns estão associados aos sintomas de inflamação:

  • Dor e Queimação na Região do Calcanhar e Arco Plantar
  • Edema – presente ou não conforme Fase da Lesão
  • Sensibilidade à Palpação
  • Sensação de Rigidez

Mais especificamente o paciente com Fascite vai referir dor exacerbada na parte da manhã, ao levantar e iniciar a marcha, melhorando depois.

Também sentirá dor ao ficar em pé por longos períodos e alívio ao repouso breve (o repouso prolongado também pode provocar dor, pois a fáscia tende a se retrair quando não está sendo feito apoio do pé).

Além disso terá dor durante a prática de atividade física, principalmente as que envolvem impacto e dificuldade ao caminhar em função da sensibilidade local.

Fatores de Risco

Como citado anteriormente, a Fascite Plantar é provocada predominantemente por excesso de carga ou carga repetida sobre o calcâneo. Sendo assim, alguns fatores podem ser considerados de risco para o desenvolvimento dessa patologia.

Entre eles:

  1. Idade (acima de 40 anos)
  2. Tipo de Atividades de Vida Diária ou Atividade Física (estresse em calcâneo)
  3. Peso (obesidade aumenta carga em calcâneo)
  4. Alterações Morfológicas no Formato do Pé
  5. Tensão ou Processo de Tendinite em Tendão de Aquiles
  6. Fratura por Stress

Prevenção

De forma geral, o paciente deve manter o controle do peso corporal, adaptar a condição de trabalho, adequar o calçado utilizado, seja para trabalhar ou para praticar atividade física, e deve manter a saúde do músculo.

Mas como fazer isso?

Mantendo o equilíbrio da força, resistência e alongamento da musculatura, e nesse caso… alerta para os músculos da panturrilha!

Faz parte da prevenção ainda, o conhecimento sobre a patologia. A pessoa que entende um pouco sobre o processo de lesão pode ficar em alerta quando iniciar possíveis sintomas.

Como atingimos essa população?

Obviamente não conseguiremos educar a população “em massa”, mas a educação dos nossos pacientes com potencial para desenvolver os sintomas (e aí consideramos os fatores de risco) pode reduzir a chance de desenvolver a Fascite.

Principais causas da Fascite Plantar

Já comentamos que a etiologia da Fascite é multifatorial. As causas podem ser por fatores extrínsecos ou intrínsecos. A causa que acomete o maior percentual de pacientes é o esforço repetitivo (impacto) e sobrecarga da fáscia.

Esse impacto pode estar presente na rotina de trabalho, como, por exemplo, em trabalhadores que ficam muito tempo em pé ou caminham por longos períodos de tempo, ou também na rotina de exercícios como corredores de longa distância ou amadores.

Para ambas as situações o tipo de calçado tem grande influência para a exacerbação dos sintomas: estamos falando de sapatos com salto alto, calçados sem amortecimento ou com amortecimento inadequado.

Podemos associar, ainda, outros fatores: os intrínsecos, como fraqueza ou encurtamento dos músculos que executam a flexão plantar e os músculos adjacentes, além da morfologia do pé (pé cavo ou pé chato).

Quais tipos de Tratamento para a Fascite Plantar?

O tratamento é prioritariamente conservador, e costuma gerar bons resultados. O uso de analgésicos para dor e anti-inflamatórios para combater a inflamação pode ser receitado pelo médico.

A fisioterapia também traz benefícios importantes, até porque sabemos que os remédios tratam os sintomas, mas as intervenções mecânicas e funcionais tratam o problema.

Na fisioterapia são trabalhados os desequilíbrios encontrados na avaliação. Incluímos então:

  • Métodos de Eletroterapia e Crioterapia para Analgesia e Recuperação Tecidual – laser de baixa intensidade e ultrassom se tornam uma boa pedida.
  • Terapia Manual para Distensionamento e Relaxamento da Fáscia
  • Alongamentos – Atenção para os envolvidos: Fáscia plantar, Gastrocnêmios e Solear
  • Exercícios para Reforço Muscular e Exercícios para Correção da Marcha quando for o caso

Opa, alongamentos, exercícios e correção postural? E o Pilates? Ajuda? Claro, ajuda muito! Mas isso é assunto para o próximo tópico. Vamos voltar para as demais formas de tratamento.

Educação do Paciente

Isso mesmo, o “tema de casa” é importante parte do processo de recuperação. Devemos orientar os nossos pacientes quanto aos exercícios para fazer em casa, e a adequação da rotina diária quando isso estiver provocando a lesão.

Inclusive o repouso quando necessário, além de orientar a aplicar gelo, utilizar os calçados adequados e usar palmilhas ou órteses quando for o caso.

Terapias auxiliares são bem vindas, como a acupuntura e bandagens elásticas. E terapias médicas complementares também são utilizadas: aplicação de botox e infiltração de corticóides ou anestésicos.

Em último caso, se o tratamento conservador não surtir efeito, pode-se recorrer ao tratamento cirúrgico no qual é feita a fasciotomia plantar.

Método Pilates no tratamento da Fascite Plantar

Como destacamos anteriormente, sim, o Pilates pode ser utilizado como importante ferramenta no tratamento da Fascite Plantar. Já é sabido que o Método oferece um trabalho corporal global e não oferece risco de impacto como em outras modalidades esportivas.

A abordagem do método no tratamento inclui alongamentos, correção postural atentando aos membros inferiores no conjunto, fortalecimento na medida correta, sem excessos e ainda propriocepção, importante para o trabalho intrínseco da musculatura.

As superfícies instáveis dos acessórios do Pilates permitem esse trabalho, bem como os aparelhos auxiliam nos demais exercícios.

O Pilates na Fascite Plantar, assim como em qualquer situação, deve ser adequado conforme a individualidade de cada paciente. Algumas dicas importantes para o trabalho nesses casos:

  • Alongamentos da cadeia posterior são indispensáveis para a descompressão da região acometida e podem ser realizados em solo, com acessórios e nos aparelhos. Destacamos aqui os footworks (sempre adequando a carga).
  • Pode ser associado à sessão de Pilates, por meio de exercícios, o distensionamento de fáscia (com massageadores de pés, ou com bolinhas de propriocepção) e a decoaptação articular do tornozelo para alívio da compressão (princípio da tração, que pode ser feito com auxílio de molas).
  • A propriocepção deve ser incluída obrigatoriamente na sequência de exercícios, e aqui podemos trabalhar a descarga correta de peso sobre o pé, além do exercício de reforço.
  • Como estamos tratando e não somente condicionando o paciente, sempre devemos levar em consideração o fator dor. Nosso objetivo inicial é aliviar a dor, então precisamos explorar os exercícios que possam aliviar o desconforto e devemos adequar ou evitar todo e qualquer exercício que possa fazer o contrário, ou seja, gerar dor.
  • Ainda pensando no desconforto, talvez seja necessário “desrespeitar” a sequência clássica do método e alternar os exercícios de membros inferiores, membros superiores, abdome, coluna e postura, a fim de não sobrecarregar a articulação do tornozelo e o calcâneo em uma sequência direta de membros inferiores, por exemplo.

Muito bem. Nós, como instrutores de Pilates sabemos que o Método é super seguro e não traz riscos de lesão quando bem aplicado. Em se tratando de um quadro de lesão, de inflamação, de irritação, o nosso cuidado deve ser maior. O paciente que iniciar uma sessão conosco e ir embora com mais dor não vai voltar.

Para evitar a condição e além disso, para reverter esse quadro álgico do paciente é muito importante respeitar seus limites. Devemos iniciar com cargas leves, com pouca mola, com pouco desafio, e pensar em relaxar alongar, alongar e alongar!

  • Vale massagear a planta do pé ao final da sessão? Vale.
  • Vale usar bolinhas de propriocepção para distensionar a fáscia? Vale.
  • Vale pompagem e alongamento manual? Vale.
  • Por quê? Por estamos tratando o paciente e não somente o condicionando.
  • Mas e o desafio? E a independência do paciente no exercício? E o vencer suas próprias dificuldades nos exercícios, que é o mais legal para quem pratica Pilates? Calma.
  • Vamos proporcionar isso ao nosso paciente sim, mas no tempo certo, com progressão gradual. Nosso lema nesses casos deve ser: Devagar e Sempre!

Exercícios de Pilates Para a Fascite Plantar

1) Alongamento de Cadeia Posterior com Faixa Elástica

Objetivos: Alongar músculos da cadeia posterior dos membros inferiores.

Nível: Iniciante

Execução:

  1. Em decúbito dorsal, segurando as extremidades da faixa elástica nas mãos e com um dos pés encaixado no meio da faixa, abdômen contraído, cintura escapular alinhada.
  2. Inspirar, e ao expirar elevar a perna que está na faixa, flexionando o quadril, mantendo o pé em dorsiflexão até sentir o alongamento da porção posterior.
  3. Inspirar, e ao expirar retornar à posição inicial.
  4. Realizar sequência de quinze repetições para cada perna.

2) Footwork no Reformer

Objetivo: Fortalecer músculos intrínsecos dos pés e alongar complexo músculos-tendões da panturrilha

Nível: Iniciante

IMPORTANTE: Como estamos trabalhando com um paciente que tem a fáscia plantar irritada, não podemos ativar ela mais ainda, então atenção à carga das molas. Queremos alongar a fáscia e distensioná-la, utilize pouca mola com progressão lenta.

Execução:

  1. Posicionado em decúbito dorsal, com a ponta dos pés apoiadas na barra (dedos “em garra”), joelhos flexionados, braços ao longo do corpo, abdômen contraído e cintura escapular ajustada.
  2. Inspirar, e ao expirar empurrar a base móvel do Reformer estendendo os joelhoe s e quadril e, em seguida, levar o calcanhar à frente acionando músculos da panturrilha.
  3. Inspirar retornando à posição inicial e expirar repetindo o movimento.
  4. Realizar sequência de dez repetições.

3) Alongamento do Tendão (Tendon Stretch) na Chair

Objetivos: Alongar gastrocnêmios e Tendão de Aquiles

Nível: Iniciante

Execução:

  1. Em pé, de costas para a Chair, sobre o step da cadeira, apoie as mãos no assento e estenda os joelhos.
  2. Realize a flexão do tronco, elevando o step.
  3. Retorne a posição inicial.
  4. Realizar a sequência de dez repetições.

Indicação: Utilizar duas molas de resistência

Para trabalho de reforço muscular: O mesmo movimento pode ser realizado com o objetivo de reforçar a musculatura da panturrilha. Para isso, sugerimos substituir a expiração longa por uma expiração curta.

4) Monkey Cadillac

Objetivos: Alongamento de cadeia posterior

Nível: Iniciante

Execução:

  1. Em decúbito dorsal, com a cabeça sobre a borda da mesa do aparelho, mãos e pés posicionados na barra torre (mãos afastadas e pés juntos posicionados entre as mãos, apoiados pela ponta), abdômen contraído e escápulas alinhadas.
  2. Inspirar, e ao expirar empurrar a barra para cima, elevando o tronco, flexionando a coluna, e estendendo os joelhos.
  3. Inspirar na posição obtida e expirar retornando à posição inicial.
  4. Realizar a sequência de dez repetições.

Observação: Vamos relembrar que a resistência de mola abaixo da torre torna o exercício mais difícil, então o mais recomendado seria iniciar com a mola acima da barra torre e evoluir conforme condições do paciente.

5) Bridge com Fit Ball – Exercício em Solo

Objetivos: Trabalho de reforço muscular de gastrocnêmios e posteriores de coxa; trabalho intrínseco dos pés.

Nível: Intermediário

Este exercício não é mistério e é muito usado no nosso dia-a-dia. A proposta aqui então é apresentar uma sequência que proporciona não só o trabalho de força, mas um relaxamento para os pés também.

A sequência sugerida abaixo pode ser realizada na mesma sessão, ou pode ser progredida ao longo das sessões. Isso vai depender das condições do nosso paciente e de quais exercícios ele tolera realizar.

Execução

Inicial (relaxamento planta pé e trabalho de dedos):

  1. Posicionado em decúbito dorsal no chão, braços ao longo do corpo, abdômen contraído e planta dos pés na bola suíça, com joelhos flexionados e quadril apoiado no chão.
  2. Inspirar, e ao expirar apertar levemente a bola com os dedos dos pés.
  3. Repetir dez vezes.
  4. Continuar a sequência: inspirar, e ao expirar apertar os dedos na bola elevando o arco plantar do pé, mas mantendo os calcanhares na bola.
  5. Repetir dez vezes.

Intermediário (ponte):

  1. Posicionado em decúbito dorsal no chão, braços ao longo do corpo, abdômen contraído e planta dos pés na bola, joelhos flexionados e quadril no chão.
  2. Inspirar, e ao expirar elevar o quadril, estendendo-o e, articulando a coluna, seguir elevando a lombar e a dorsal finalizando o apoio nas escápulas.
  3. Inspirar, e ao expirar, retornar à posição inicial.
  4. Repetir dez vezes.

Final (ponte e trabalho de pés):

  1. Posicionado em decúbito dorsal no chão, braços ao longo do corpo, abdômen contraído e planta dos pés na bola, joelhos flexionados e quadril no chão.
  2. Inspirar, e ao expirar estender o quadril e, articulando a coluna, seguir elevando a lombar e a dorsal finalizando o apoio nas escápulas.
  3. Inspirar, e ao expirar, apertar a bola com os dedos dos pés, e então retornar à posição inicial.
  4. Repetir dez vezes.

Restrições de Exercícios para pacientes com Fascite Plantar

Estamos tratando uma síndrome dolorosa causada por impacto, certo? Então é muito importante evitar exercícios que gerem impacto no tornozelo e no calcâneo. Nada de saltos no jumpboard!

Além da questão do impacto, vamos lembrar que outra característica da Fascite é a tensão da fáscia, então devemos evitar estressar a musculatura em flexão plantar para não acentuar a tensão.

Devemos priorizar o alongamento dos músculos envolvidos (como gastrocnêmios e solear) e nos atentar para não realizar exercícios que ofereçam fortalecimento intenso dos mesmos.

Lembrando: não queremos estimular excessivamente o músculo. Para isso podemos, como já falamos anteriormente, usar molas com resistências leves ou somente o peso do próprio corpo.

Cuidados que devem ser tomados durante o tratamento

Como abordamos ao longo deste artigo, o uso do Pilates para reabilitação da Fascite Plantar é muito interessante, mas devem ser tomados os devidos cuidados. De forma geral, não é um bicho de sete cabeças, mas exige atenção aos detalhes.

Não devemos exagerar na carga proposta para o exercício até que o paciente tenha condições de executá-lo sem dor. Devemos ter em mente a progressão gradual porque precisamos eliminar a dor do paciente para, então, reforçar a musculatura através dos exercícios.

O paciente NÃO PODE fazer o exercício sentindo dor e o exercício NÃO PODE gerar mais dor. Cuidado aos estímulos que queremos dar!

Resumindo, devemos elaborar nossa sessão pensando na causa que levou o paciente a nos procurar, no que está causando a lesão. Se tivermos isso em mente o sucesso do nosso tratamento é garantido.

Conclusão

Os resultados do tratamento da Fascite Plantar são oscilatórios.

Somos uma das pontas do cabo de guerra e na outra ponta está a rotina do paciente, que o leva a colocar carga em excesso sobre o pé, e, muitas vezes, isso não pode ser evitado.

Devemos, portanto, puxar e puxar essa corda para o nosso lado e vencer essa batalha. E a batalha está garantida se fizermos uma avaliação detalhada, atentarmos às necessidades do paciente e usarmos o nosso conhecimento com sabedoria para designar os exercícios corretamente ao nosso paciente.

O paciente vai sair feliz do nosso estúdio, nós ficaremos felizes em ajudar quem nos procura e os benefícios do Pilates só irão crescer!


























Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

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