O processo de envelhecimento populacional é um fenômeno mundial acompanhado por uma série de alterações fisicoemocionais como declínio da massa mineral óssea, da massa e força musculares, da flexibilidade e do equilíbrio.
Estas alterações representam um grau de morbidade e impacto na qualidade de vida e capacidade funcional dos indivíduos, com a osteoporose como destaque, principalmente em mulheres na pós menopausa.
Destaca-se também como fator de morbidade para os indivíduos o estilo de vida cada vez mais sedentário que o meio urbano e as novas tecnologias trazem, substituindo os esforços físicos habituais das AVDs por confortos gerados pelas inovações.
A funcionalidade é uma característica intrínseca ao ser humano, o que permitiu desenvolver-se e vencer todos os obstáculos vividos durante a evolução, e esta não pode ser perdida ou prejudicada. Perdas na capacidade funcional remetem diretamente a um estado de sobrecarga, sofrimento e lesão.
Os estudos relatam que o exercício físico se destaca como meio de intervenção que poderia aumentar a força muscular e a massa óssea por restaurar e desenvolver a funcionalidade.
O Método Pilates constitui um sistema de exercícios funcionais e inteligentes, que integram as cadeias musculares profundas (posturais) com as cadeias musculares dinâmicas (mobilidade) em exercícios de ativação global, controlando amplitudes e planos de movimento, sinergismo, equilíbrio de forças, respiração, coordenação e consciência corporal.
Pós Menopausa e Osteoporose
Mudanças hormonais na menopausa, sobretudo nos 5 primeiros anos, evidenciam a osteoporose e suas consequentes fraturas como responsável por grande parte da incapacidade em idosos e com enorme prevalência na população mundial, sobretudo em mulheres. Podemos citar:
- Queda na Produção de Estrogênio
- Alterações na Absorção de Cálcio
- Aumento na Reabsorção Óssea
- Perda Óssea Acelerada
- Diminuição da Força Muscular Global
O maior problema da osteoporose é, sem dúvida, as fraturas, que ocorrem principalmente, em coluna vertebral, colo de fêmur e rádio proximal.
As fraturas osteoporóticas ocorrem por causa de problemas estruturais do osso (formação e remodelação óssea, resistência da rede trabecular), mas também devido à quedas e movimentos de sobrecarga inadequada. A diminuição do número de fibras musculares e da massa muscular resulta no declínio da força muscular global e pode comprometer o equilíbrio.
A fraqueza muscular do idoso pode comprometer ainda mais a saúde óssea pela pobreza de estímulos de tração e compressão sobre os ossos pela contração muscular quando o indivíduo vai perdendo sua capacidade funcional e aumentando o sedentarismo, o que pode acontecer na pós menopausa.
É também a ativação do movimento e a força muscular preservada que favorecem a deposição de cálcio e formação óssea equilibrada, diminuindo o risco de queda e consequentemente a possibilidade de fraturas.
A diminuição da resistência óssea associada ao envelhecimento e consequente aumento do risco de fratura de baixo impacto representam, portanto, um problema importante e crescente a ser prevenido.
Benefícios da Atividade Física para Saúde dos Ossos
É notável que uma série de fatores afeta a remodelação óssea, incluindo hormônios sistêmicos, concentração de cálcio e atividade física.
A atividade física é reconhecida como uma ferramenta terapêutica com potencial de mudanças tanto do ponto de vista físico como do psicológico no processo de envelhecimento na pós menopausa. Estudos relatam que o efeito do exercício de ganho de força sobre os ossos parece influenciar a microarquitetura óssea, a elasticidade e a resistência.
Sabe-se que as forças de tração e compressão exercidas sobre o osso durante a contração muscular é um estímulo essencial à remodelação óssea contínua e por isso programas de treino de força são altamente indicados para indivíduos em idade madura na pós menopausa, ou idosos.
Nesse contexto, o exercício físico pode contribuir no processo de ganho/manutenção de massa óssea, sendo importante no campo da prevenção ou do tratamento/controle.
Entre os benefícios do exercício físico para prevenção e/ou como parte do tratamento da osteopenia e da osteoporose, destacam-se:
- Aumento da Densidade Óssea
- Hipertrofia das Trabéculas Ósseas
- Aumento da Atividade dos Osteoblastos
- Aumento da Densidade do Colágeno
- Incremento de Incorporação de Cálcio no Osso
Portanto, exercício é parte essencial no tratamento da osteoporose. Mas ainda há controvérsias a respeito de qual modalidade, intensidade e frequência de exercício seriam mais indicadas para pacientes com osteoporose.
Mudanças na Capacidade Funcional com Envelhecimento
A capacidade funcional de um indivíduo é definida como a habilidade física para manter uma vida independente e autônoma, com potencial para realizar plenamente as tarefas ou ações rotineiras e vencer os imprevistos ou situações de sobrecarga ocasionais.
O processo de envelhecimento é acompanhado por alterações em importantes componentes da capacidade funcional, como a redução da força muscular, da flexibilidade e do equilíbrio, mais relevantes em mulheres na pós menopausa.
A perda da massa do músculo, ou sarcopenia, e, consequentemente, da força muscular, é a principal responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo.
O exercício físico regular pode aprimorar a força muscular, melhorando a densidade óssea, o equilíbrio dinâmico e estado funcional global, minimizando ou até mesmo revertendo estes efeitos.
A força dos membros inferiores diminui mais rapidamente com a idade do que a dos membros superiores, prejudicando o desempenho de certas ações e atividades da vida diária, tais como levantar de uma cadeira, apanhar um objeto do chão, caminhar e subir escadas, carregar pesos, além da redução da mobilidade e velocidade em tarefas domésticas.
Com o envelhecimento, há perda da flexibilidade, em geral associada a alterações bioquímicas e mecânicas na unidade musculoesquelética, que comprometem a amplitude de movimento, reduzindo a mobilidade nos diferentes segmentos, comprometendo as atividades diárias dos idosos.
A deficiência estrogênica, consequente à falência ovariana que ocorre na pós menopausa, é fator de risco para as modificações musculoesqueléticas dessa faixa etária da mulher. Essas alterações afetam a qualidade de vida e aumentam o risco de quedas e fraturas.
O processo do envelhecimento também compromete a capacidade do sistema nervoso central de processar os sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal, assim como reduz a capacidade de modificação dos reflexos adaptativos.
Efeitos sobre Capacidade Funcional e Qualidade Óssea
Estudos investigam se os exercícios físicos baseados no Método Pilates proporcionam melhora da capacidade funcional (flexibilidade, força muscular e equílibrio) e da qualidade de vida e diminuição de reabsorção óssea em mulheres pós menopausa ou idosas através de marcadores bioquímicos de remodelação óssea.
Uma vez que a expectativa de vida está aumentando em todo o mundo e o número de idosos também, a osteoporose tende a alcançar números alarmantes e as mulheres são o maior grupo de risco, devido à diminuição dos hormônios reprodutivos na menopausa.
Apesar dos benefícios dos exercícios físicos para a saúde óssea, o risco e a importância de acidentes e lesões não devem ser negligenciados. Ademais, os exercícios devem atingir outros parâmetros relacionados à ocorrência de quedas, tais como equilíbrio, força muscular e flexibilidade.
O Método Pilates, por suas características próprias de controle, tolerância e adaptação para a capacidade funcional do indivíduo, mostra-se como um sistema de exercícios seguro e eficiente.
É um método que visa trabalhar de forma dinâmica a força, a flexibilidade e a estabilização em exercícios com contrações isotônicas concêntricas e excêntricas e, também, isométricas, além do equilíbrio corporal que é imposto ao praticante para manutenção das posturas em que os exercícios devem ser realizados.
Diversos estudos na literatura justificam a aplicação do Método Pilates para vários benefícios na saúde do indivíduo, sobretudo do idoso, como aumento da flexibilidade e força, modificação na composição corporal, melhor percepção de saúde, melhora na mobilidade da coluna vertebral e das articulações gerais e ainda da propriocepção, equilíbrio e coordenação.
É próprio do método também atuar com a ativação e fortalecimento da musculatura mais profunda, os músculos posturais, para controle e correção das compensações e desalinhamentos que vão sobrecarregando o sistema musculoesquelético e causando desgastes e lesões.
A qualidade de vida é uma construção que engloba vários conceitos, como funcionalidade, estado de saúde, percepções, condições de saúde, comportamento, felicidade, estilo de vida e sintomas de doenças.
Um estudo que avaliou a interferência do Método Pilates na qualidade de vida dos indivíduos utilizou o questionário SF-36 e obteve resultados notáveis na capacidade funcional, nos aspectos físicos, emocionais e quanto à vitalidade, avaliação emocional e funcional.
Esses resultados corroboram com a melhora da capacidade funcional observada nos indivíduos que praticam Pilates, por meio da avaliação da flexibilidade, força e equilíbrio. De qualquer forma, os resultados acima relatados indicam um papel positivo do Método Pilates sobre a qualidade de vida de quem pratica na pós menopausa.
Indica-se o questionário SF-36 de avaliação de qualidade de vida como um instrumento de simples aplicação em estúdios para reavaliação dos parâmetros de melhoria nos clientes ao longo do programa de Pilates.
Concluindo…
Assim, o Método Pilates é um instrumento preventivo e corretivo, pois promove fortalecimento muscular, melhora do equilíbrio, aumento da flexibilidade, melhora da postura, controle motor e consciência corporal.
Por estes parâmetros, fica evidente a melhora da capacidade funcional, com resposta positiva pelo treinamento, indicando os benefícios do Método Pilates.
Tais parâmetros poderiam auxiliar na prevenção de quedas, fraturas, lesão musculoarticular, constituindo-se em uma ferramenta valiosa para a saúde óssea, particularmente em idosos e sobretudo em mulheres e já a partir da pós menopausa.
Ainda há controvérsias a respeito de qual modalidade, intensidade e frequência de exercícios seriam mais indicados para pacientes com osteoporose, por isso pesquisas continuam sendo feitas.