Hoje vamos falar de um exercício muito conhecido e queridinho dos instrutores e praticantes do Método Pilates: O The Hundred.
Esse é um exercício original criado pelo grande mestre Joseph Pilates. Sendo assim é um exercício clássico presente no repertório de muitos Studios de Pilates. E adaptado pelo mundo contemporâneo para atender as necessidades de todos os praticantes.
O The Hundred é o exercício número 1 do repertório dos 34 exercícios criados por Joseph Pilates e descrito na obra “Pilates’ Return to Life Through Contrology”.
Mas você já parou para pensar na Fisiologia envolvida neste exercício? Nesse texto vamos analisar toda a fisiologia e benefícios que está ligado a esse exercício.
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Fisiologia do Exercício
Atualmente se percebe nos Studios de Pilates que há muita preocupação com os resultados do exercício na questão de ganho de força, flexibilidade, melhora da postura e estética corporal, redução das dores, reabilitação de patologias, cuidados específicos quanto á biomecânica do movimento.
No entanto, pouco se atenta para as respostas sistêmicas ocasionadas pelo exercício. Respostas agudas e crônicas que influenciam diretamente na saúde em geral e podem contribuir muito na restauração da saúde, e cuidados com patologias sistêmicas como Diabetes e Hipertensão.
Neste texto vamos discutir o exercício The Hundred e a fisiologia que o envolve.
Mas o que é a Fisiologia do Exercício?
A Fisiologia do exercício é o estudo da adaptação aguda e crônica ocasionada pelas condições do exercício, conforme seus estímulos e respostas geradas.
É uma área de conhecimento científico que estuda as adaptações fisiológicas ao estresse do exercício. Pois sim, o exercício é um estresse ao nosso organismo, que, no entanto, pode gerar respostas positivas ou negativas.
Logo, conhecer a fisiologia de cada exercício prescrito é de extrema importância já que em determinados casos a resposta obtida pelo exercício, de acordo com a condição do indivíduo, pode implicar em efeitos negativos ao praticante.
Então, vamos ao exercício…
O The Hundred
Primeiramente, antes de tudo, vamos relembrar como executar este exercício corretamente conforme descrito no livro “Pilates’ Return to Life Through Contrology”.
Imagem acima ilustra as fases 1, 2 , 3 e 4 respectivamente que serão descritas abaixo.
Instruções
Fase 1
- Posicionar conforme a ilustração
- Deite-se com o corpo descansando sobre a esteira ou o chão
- Mantenha os membros superiores ao longo do corpo com cotovelos estendidos.
- Mantenha os quadris aduzidos e os joelhos bem estendidos.
- Mantenha a flexão plantar do tornozelo.
Fase 2
- Inspire devagar
- Levante ambos os pés, flexionando o quadril aproximadamente 5 centímetros acima da esteira ou do chão
- Flexione a coluna cervical e torácica mantendo os olhos focados nos dedos
- Flexione os ombros cerca de 6 a 8 centímetros acima das coxas
Fase 3
- Expire lentamente
- Estender e flexionar os ombros em movimentos curtos sincronizados coma respiração. Sendo 5 cliclos de flexo-extensão em cada fase da respiração.
- Começe com apenas 20 clicos de bombeamentos de membro superiores e vá gradualmente aumentando de 5 em 5, até que sejam atingidos um toral de 100 bombeamentos realizados em 10 respirações completas.
Fase 4
- Relaxe completamente e retorne à posição inicial.
Análise da Fisiologia do The Hundred
Agora que você já conhece o The Hundred e como ele deve ser executado, vamos falar sobre o que está por trás deste movimento.
Ou seja, que estímulos estão sendo dados ao seu corpo e que respostas fisiológicas você obterá deste exercício. Confira:
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Respiração The Hundred
Esta respiração utiliza o padrão diafragmático, ou seja, através do controle principal do músculo diafragma. A respiração, no entanto, prioriza o grande volume de ar corrente, otimizando as trocas gasosas, obtendo melhor perfusão e oxigenação dos tecidos.
Além disso, o movimento rítmico dos membros superiores associado a respiração irá aumentar a frequência cardíaca. Tudo isso devido à um estímulo reflexo que ocorre quando se exercita com movimentos de membros superiores.
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Movimentos The Hundred
Neste exercício o tronco permanece em flexão exigindo a contração isométrica dos músculos do tronco. Assim como dos membros inferiores que permanece em flexão do quadril, extensão dos joelhos e plantiflexão dos tornozelos em isometria contra a tendência da gravidade.
Esse fato, de manutenção da postura isométrica contribui para o aumento da pressão sanguínea. O que pode ser contra-indicado em alunos com histórico de hipertensão e para gestantes.
Isso ocorre devido a uma vasoconstrição que gera maior pressão nos vasos dos músculos envolvidos. O que consequentemente eleva a pressão arterial, além de também dificultar o retorno venoso.
Já os movimentos rítmicos dos membros superiores irão ocasionar a vasodilatação dos vasos sanguíneos, o aumento da frequência cardíaca e do débito cardíaco que também levará ao aumento da pressão arterial.
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Execução The Hundred
A execução deste exercício leva em torno de 60 segundos. Desta forma, é um exercício de característica anaeróbia utilizando o sistema energético ATP-CP e LA (Anaeróbio Lático).
O sistema ATP-CP é ativado nos primeiros 10 segundos de exercício.
A fosfocreatina é armazenada no músculo e é a fonte de energia disponível mais rápida para ser utilizada, no entanto equivale a pouca energia, sendo esgotada rapidamente.
Após esgotar a fosfocreatina, é ativado o sistema Anaeróbio Lático que sustenta a produção de energia em até aproximadamente 3 minutos. Sua principal fonte de combustível são os carboidratos.
Este sistema produz o famoso ácido lático, produto metabólico responsável pelas dorzinhas musculares pós exercício.
Cuidados Especiais
Diversas variáveis fisiológicas sofrem alterações durante o exercício como a frequência respiratória (FR), (), frequência cardíaca (FC), débito cardíaco (DB), pressão arterial (PA) .
No caso do exercício The Hundred, estas alterações são evidentes e devem ser levadas em consideração ao prescrever este exercício para indivíduos com comprometimento cardiorespiratório, e/ou hipertensos já que as respostas agudas deste exercício geram um grande estresse ao sistema cardiovascular.
Concluindo…
Além de conhecer o exercício e dominar a técnica, também é essencial que se conheça a fisiologia que envolve cada exercício. Independentemente de ser Pilates, funcional ou musculação, o exercício e suas respostas fisiológicas são ditas individualmente de acordo com cada estímulo.
Logo, o conhecimento a respeito da fisiologia do exercício aplicada ao Método Pilates, tem muito a contribuir ao embasamento científico do Método. Corroborando com a ampliação de possibilidades e benefícios do Pilates às diversas populações especiais.
Fazendo com que as ações desenvolvidas pelos profissionais do Método Pilates sejam cada vez mais reconhecidas e norteiem a prescrição do exercício.
E então, gostou deste texto? Deixe seu comentário!
Conhecimento de grande importância. Adorei
Gratidão Conchita ?
Adorei o artigo, principalmente por abordar a fisiologia do exercício no Pilates. Parabéns!
Portanto gostaria de mais artigos assim.
Olá Cláudia, em breve teremos mais artigos relacionando a fisiologia do exercício e o pilates. Gratidão ?
Adoro fisiologia do exercício,muito bom artigo,gostaria de mais artigos.Obrigada
Olá Maria Helena, em breve teremos mais artigos relacionando a fisiologia do exercício e o pilates. Gratidão ?
Texto esclarecedor, que faz a ligação da teoria com a prática, excelente!!
Parabéns!!!
Obrigada!
Aprendi contigo e usei hoje, com a técnica do bombeamento para estimular a circulação, no aquecimento da minha aula prática a Kami gostou e comentou. Aprendizagem pra vida toda ? obrigado Andréia.
Amei. Sou professor de yoga e bailarino e não havia tido uma explicação tão sucinta sobre um exercício como tive agora.
sim gostei do texto ,acho muito importante que o profissional tenha conhecimento da fisiologia do exercicio .para poder indicar com segurança cada exercicio.Conhecer as condiçôes fisicas do seu paciente,aluno ,é de extrema importancia também.clau