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O Pilates no período conhecido como puerpério (período que ocorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação) é muito importante porque como já conversamos anteriormente, durante a gestação ocorrem muitas e intensas alterações no corpo da mulher.

Entre elas estão àquela avalanche de hormônios, a relaxina, a progesterona e o estrogênio, que deixam os ligamentos mais frouxos.

O aumento do peso corporal e as adaptações posturais que ocorrem, não se corrigem espontaneamente assim que o bebê nasce, por isso devemos iniciar o trabalho postural o quanto antes.

O ganho de peso durante o puerpério, principalmente após as 24 semanas, tensiona a coluna e as articulações sacroilíacas, que estão sem estabilidade neste momento. Por isso a importância de no Pilates pós-parto trabalharmos o fortalecimento dessa musculatura estabilizadora, a fim de minimizarmos esses desconfortos.

O útero durante a gestação está em constante crescimento, e apesar de não pertencer ao sistema do músculo esquelético, o qual estamos habituados a trabalhar, é a principal causa de todas as alterações que ocorrem no corpo desta gestante.

Este é o assunto que vamos abordar nesta matéria: o estiramento da musculatura abdominal, ocasionando a separação dos feixes dos músculos retos abdominais ao longo da linha Alba (Diástase dos músculos retos abdominais – DMRA) durante o puerpério.

Musculatura do Abdômenpilates pós parto - a musculatura e o puerpério

Alterações na postura desta nova mamãe, como a anteversão pélvica, acompanhada ou não de hiperlordose lombar, ocasionam mudanças do ângulo de inserção desta musculatura abdominal e pélvica e influenciam diretamente na biomecânica postural, o que vai gerar um déficit na sustentação dos órgãos.

Sendo assim teremos um prejuízo no vetor de forças, aonde essa musculatura da parede anterior do abdômen irá diminuir a capacidade de contrair.

Por esse motivo devemos trabalhar durante toda a gestação a ativação da musculatura profunda do abdômen, que vai minimizar esses efeitos provocados por esse estiramento, e não devemos insistir na contração da musculatura dos retos abdominais, que perde uma de suas principais funções.

Normalmente esta condição ocorre inicialmente no segundo trimestre da gestação, com uma maior incidência nos últimos três meses, em decorrência do aumento do volume abdominal.

De um modo geral, na literatura, considera-se como uma diástase fisiológica, ou seja, uma separação que é necessária que aconteça para acomodar o bebê, uma separação de mais ou menos três cm, que seria aproximadamente, dois dedos.

Normalmente, a gestante apresentando essa separação dita como fisiológica, terá um retorno espontâneo, às condições que apresentava antes da gestação.

Esta DMRA não provoca dor, entretanto nossa principal preocupação com o período do puerpério na mulher que vem para os nossos cuidados, é a falta de estabilidade que isso ocasionou no corpo dela, o que consequentemente, pode gerar dores lombares.

Estudos mostram que a incidência maior é em mulheres com baixo tônus da musculatura abdominal, outros fatores que predispõem são: obesidade, gestações múltiplas, multiparidade, polihidrâmio (excesso de líquido amniótico), macrossomia fetal.

Pilates para Gestantes: Pós-Partopilates pós parto - a musculatura e o puerpério 3

Em minha prática clínica, tenho visto uma prevalência maior em mulheres que apresentam hiperfrouxidão ligamentar ou que tem a estrutura corporal menor (muito magras).

E a maioria delas que me procuram, não tiveram a orientação médica, simplesmente começaram a perceber dificuldades em alguns movimentos em que a musculatura abdominal era exigida e também o não entendimento do porque a barriguinha continua mesmo no período pós-parto depois de tanto tempo que nasceu o bebê.

O puerpério tem duração média de 6 a 8 semanas, nas quais as modificações ocorridas no corpo da mulher durante a gestação irão retornando, pouco a pouco, ao estado anterior à gravidez.

Esse período pode ser dividido em três estágios: pós-parto imediato (1º ao 10° dia após a parturição), pós-parto tardio (11° ao 45°) dia e pós-parto remoto (além dos 45 dias).

A nossa atuação como instrutores de Pilates, na maioria dos casos se inicia no pós-parto remoto, e na maioria das vezes depois de dois, três meses ou até um ano após o nascimento do bebê.

Alguns instrutores, já nem consideram um pós-parto, quando passa de um ano após o parto, porém se essa mulher não teve nenhum treinamento específico após o parto, precisamos continuar tendo cuidados, principalmente com a musculatura abdominal.

Independente do momento em que ela chegar ao nosso estúdio, devemos realizar o teste para avaliar se há a DMRA e, se tiver, mensurar o tamanho para posteriormente reavaliar e continuar ou não com a conduta adotada durante as aulas.

Como avaliar a Musculatura Abdominalpilates-pós-parto---a-musculatura-e-o-puerpério-4

Vou descrever agora a maneira para avaliar a musculatura abdominal dessa puérpera. Na posição supina com quadris e joelhos fletidos a 90º, pés apoiados e braços estendidos ao longo do corpo.

Nessa posição, solicitar a flexão anterior do tronco até que o ângulo superior da escápula estivesse fora do apoio. E assim vamos percorrendo ao longo da linha Alba colocando os dedos perpendicularmente entre as bordas mediais dos músculos reto abdominais.

Caso essa aluna não apresente uma DMRA podemos trabalhar as flexões de tronco, de acordo com a condição física de cada aluna.

Caso contrário, devemos evitar as flexões de tronco (abdominais tradicionais e rolamentos para trás) e devemos treinar muito a ativação da musculatura abdominal profunda (Power House), partindo de assoalho pélvico, transverso abdominal, oblíquos internos e retos abdominais.

Associado com a respiração, temos que pensar prioritariamente em reativar essa musculatura estabilizadora que se encontra bem fraca. Também devemos orientá – la para que faça isso em casa pelo menos 10 minutos por dia, assim como orientar para que vire de lado toda vez que se levantar, evitando a sobrecarga.

A partir da evolução desse controle e coordenação muscular, podemos adicionar inicialmente movimentos mais simples e que não exijam tanto de musculaturas mais globais.

Utilizaremos primeiro exercícios com cadeia cinética fechada, depois semi aberta, e as abertas ficarão mais para um momento em que ela já esteja bem melhor condicionada.

O tempo de evolução vai depender da condição física de cada uma, da extensão da DMRA e também da disciplina no dia a dia e nas aulas de pilates.

Concluindo…

Lembrem–se que aqui nesta matéria estou dando ênfase a uma das alterações que ocorrem no pós-parto, mas não deixem se considerar as outras mudanças posturais que ocorrem, realizando uma avaliação postural, funcional, e de tudo que possa interferir nas AVDs dessa sua aluna.

Posteriormente podemos conversar um pouco mais sobre isso aqui nas matérias do blog.

Ficou alguma dúvida? Escreva para mim nos comentários, irei adorar conversar com você!

Dica bônus: você já viu meu curso online sobre Pilates para gestantes? Falei bastante sobre pós parto por lá! Se quiser dar uma olhada, aqui está o link: http://pilatesgestantes.com.br/

linha-gestante

Patrícia de Andrade Valeriano

Fisioterapeuta e Instrutora de Pilates na WP Pilates & Saúde

Integrante do grupo das idealizadoras do Projeto Mamãe Saudável 

Responsável pelo curso de Pilates para Gestantes


























Grupo VOLL

Formação Completa em Pilates (Presencial)

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