“Vim experimentar porque o médico me mandou fazer Pilates!” Esta é uma frase que escutamos frequentemente nos nossos estúdios. Devido às vantagens reconhecidas do Método, cada vez mais pessoas são aconselhadas pelo médico a praticar Pilates.
De fato, o Pilates pode ajudar em inúmeros casos:
- A correção da coluna e dos problemas de postura;
- O aumento de força e flexibilidade;
- A melhoria da consciência e controle corporal;
- O aumento da resistência física e mental;
- A melhora da concentração;
- A diminuição do atrito nas articulações;
- O alívio das dores musculares causadas por desequilíbrios;
- A prevenção de lesões;
- O fortalecimento dos músculos do Core (todos os músculos que existem desde o diafragma até ao assoalho pélvico);
- A melhora da capacidade respiratória e cardiovascular
- Aumento do bem-estar e autoestima.
São alguns dos benefícios que advêm da prática regular deste tipo de exercício.
As características do Método Pilates que apresentamos acima permitem-lhe acrescentar vantagens a todos os praticantes, sendo especialmente benéfico para indivíduos com patologias de coluna.
Bem como para determinado tipo de populações especiais, nomeadamente as grávidas e os idosos, que hoje são o objeto do nosso artigo.
Quer saber quais são os benefícios que o Pilates pode trazer para a a população sênior? Então continue lendo este artigo!
A Universalidade do Método Pilates
Na sua gênese, quando Joseph Pilates desenvolveu o Método, pretendeu essencialmente criar uma ginástica universal que pudesse ser praticada por todos.
Ora, à medida que o ser humano envelhece vai naturalmente perdendo habilidades motoras e aptidões físicas. Esta diminuição das capacidades vem muitas vezes associada a patologias inerentes à idade.
Tendencialmente a população sênior apresenta problemas a nível ósseo e articular, associados a dores crônicas, problemas cardíacos e respiratórios, falta de força geral – que se reflete na saúde da coluna vertebral, problemas de equilíbrio e mobilidade e uma baixa autoestima.
Por conseguinte, é perfeitamente normal que a frase com que iniciamos o nosso artigo seja proferida por pessoas idosas. Mas será que o Método Pilates é aconselhável para toda a gente? Ou melhor, será que todas as pessoas poderão praticar Pilates?
A resposta a esta pergunta é claramente negativa. Na verdade, há cinco tipos de pessoas que não o devem fazer, nomeadamente crianças abaixo da puberdade, pessoas com cancro, indivíduos com esclerose múltipla de nível III, pessoas com fibromialgia ou pessoas com algum tipo de processo vírico.
Como pudemos constatar, nada impede os idosos de praticar Pilates. No entanto, e antes de desenvolvermos este tema, convém que façamos uma ressalva importante.
Cada modalidade tem sua individualidade
É fundamental que quem prescreve exercício ou quem aconselha determinado tipo de exercício, saiba o que está a fazer ou saiba o que está a prescrever. Não é igual indicar a um paciente que faça yoga, Pilates ou hidroginástica.
Cada tipo de exercício tem as suas especificidades e benefícios e é importante que quem prescreve tenha conhecimento das mesmas. O yoga ou a hidroginástica, e pegamos nestas duas modalidades como mero indicativo, não são adequadas a qualquer pessoa.
No caso do Pilates, e excluindo as populações dos cinco tipos referidos anteriormente, todos podem praticar, adequando sempre a aula às particularidades de cada um.
Esta é uma das características da universalidade do Método, que é pensado para todos mas adaptando a cada um. Esta reflexão conduz-nos a um outro ponto importante. A verdade é que assistimos a uma massificação do Pilates.
Hoje em dia, tudo é Pilates e em todo o lado se pode fazer Pilates. Todavia sabemos que cada corpo é um corpo, com o seu patrimônio subjacente, por isso uma aula de Pilates deverá ser dada numa perspetiva de um para um.
Respeitando uma lógica que se prende diretamente com a evolução do corpo de cada um, procurando corrigir debilidades passadas ou presentes e prevenir debilidades futuras.
Neste sentido, não parece a melhor opção colocar um conjunto heterogêneo de pessoas num espaço e passar os mesmos exercícios a toda a gente, muito menos se estivermos perante pessoas de idade mais avançada.
Teremos oportunidade de analisar em seguida, de que modo o Método Pilates poderá trazer benefícios a este tipo de população.
Atenção redobrada no Pilates Sênior
Já tivemos oportunidade de referir anteriormente que o corpo humano vai perdendo habilidades, quer a nível de reflexos, motor ou mesmo a nível de estruturas ósseas.
Esta realidade faz com que as pessoas idosas tenham naturalmente carências no que respeita a mobilidade, equilíbrio, ossos e articulações, assim como problemas de coluna ou patologias que são suscetíveis de se desenvolverem ao longo dos anos.
Por conseguinte, entende-se facilmente que a população sênior necessite um particular cuidado e espera-se que o Profissional de Pilates tenha com eles redobrada atenção e sensibilidade.
O que poderemos fazer então com este tipo de pessoas? Que aula lhes poderemos dar? Estas são as questões que de um modo breve e muito geral, procuraremos responder.
Dicas para aulas de Pilates Sênior
Uma aula de Pilates tem sempre dois momentos bem definidos. No início trabalharemos com o aluno no reformer e no matwork e, posteriormente, usaremos os outros apparatus para trabalhar debilidades específicas ou para fazer evoluir a pessoa.
A título de curiosidade, a primeira parte da aula designa-se vulgarmente como “esqueleto” e o conjunto dos restantes acessórios formam aquilo que chamamos de “sistema”.
Como estamos perante um aluno sênior, podemos usar com eles exercícios de Pré-Pilates que servirão para dar mobilidade ao corpo da pessoa, fazendo-a ganhar consciência, força e flexibilidade, tanto a nível muscular como articular.
Não sendo exercícios tipicamente de Pilates, podemos contudo usá-los durante a aula com os objetivos referidos anteriormente. Para que melhor se possa entender, este tipo de exercícios funcionam como um simulador de condução.
Não sendo ainda uma experiência real ao volante de um automóvel, permite a quem está no simulador ter um primeiro contacto e aprender algumas técnicas que depois poderá usar quando abandonar o simulador.
Programe exercícios específicos
Estes exercícios são dotados de bastante simplicidade, o que não invalida que o aluno sinta claramente o trabalho no seu próprio corpo. Em bom rigor, há pessoas com tantas debilidades que passaremos grande parte da aula a realizar este tipo de exercícios.
É de vital importância não procurar evoluir a pessoa para exercícios mais complexos e exigentes, muito mais tratando-se de população sênior, sem que a mesma esteja preparada para tal.
Este cuidado irá permitir-nos evitar lesões que não deverão acontecer numa aula de Pilates sênior pensada com lógica. Ora, o raciocínio explicado anteriormente deverá aplicar-se durante toda a aula.
Assim, é importante identificar, com clareza e objetividade, que exercícios do “esqueleto” poderá ou não fazer um aluno sênior no princípio. Joseph Pilates dizia que “a mudança acontece através do movimento e o movimento cura”.
É exatamente através do movimento que o professor deverá perceber quais os exercícios que o corpo do aluno está preparado para fazer e quais aqueles que deverá eliminar do programa da aula.
Note-se que eliminar exercícios não implica que a pessoa nunca mais os faça. Para que os exercícios excluídos possam ser executados pelo aluno no futuro, o professor deverá desenhar um “sistema” adequado.
Tendo em vista modificar, reabilitar ou corrigir o corpo de cada pessoa ou a trabalhar a debilidade de algum movimento, a falta de força ou flexibilidade na execução desse mesmo movimento.
Utilizando acessórios nas aulas de Pilates Sênior
Os profissionais que trabalham seguindo a verdadeira filosofia do Método, procuram sempre montar o “sistema” respeitando a todo o tempo as patologias ou morfologias de cada um.
Como referência, nomearemos em seguida alguns acessórios que poderemos usar com a população idosa durante as aulas de Pilates sênior. Caso a pessoa se apresente com problemas de tronco inferior, poderemos trabalhar usando a Barra 2/4, Banda Elástica, Electric Chair, Molas de Pernas, Espaldar, entre outros.
Por outro lado, se o problema for de tronco superior, podemos usar o Magic Circle, Banda Elástica, Wunda Chair, Molas de Braços, Roll Back Bar ou mesmo Push Through Bar.
Estes são apenas alguns exemplos para que se entenda claramente que existe um grande leque de exercícios, que podem ser realizados em diversos aparelhos, e que trazem vantagens reais na correção e prevenção de patologias ou debilidades.
Concluindo…
Optamos por abordar de modo muito superficial como o Método Pilates poderá ajudar na reabilitação e prevenção de patologias na população sênior, tendo em vista o cumprimento da finalidade do Método que será fazer regressar a pessoa à postura total em pé de forma evoluída.
Independentemente dos benefícios do Pilates que procuramos transmitir, não invalida que a pessoa possa (e deva) praticar outro tipo de exercício ou atividade que melhore a sua condição física e saúde.
Na verdade, é um fenômeno bastante comum que a pessoa, após começar a frequentar as aulas, sinta maior vontade e aptidão para praticar exercício físico. Não obstante, o Pilates não é um método milagroso que cura todas as doenças ou patologias.
Não raras vezes, o aluno sênior poderá necessitar de algum tipo de fisioterapia, consoante as suas debilidades, que poderá ser realizado antes de começar com as aulas ou enquanto tratamento complementar das mesmas.
Por último, importa referir que a pessoa ou os familiares deverão procurar um profissional qualificado, conhecedor do Método, que possa ser uma solução e não parte do problema. Na verdade, tratar da saúde dos outros é uma responsabilidade muito grande!