A diástase é caracterizada pelo afastamento da linha média da musculatura reto abdominal e alongamento da linha alba. Essa alteração causa diminuição de tônus e força muscular e acaba gerando incapacidade no controle da pressão intra-abdominal proveniente das vísceras. 

Tem início durante a fase gestacional, em que, para acomodar o feto, o abdômen precisa se distender. É considerada uma disfunção muscular pois, após o trabalho de parto, o Core se encontra enfraquecido e com tônus diminuído.

Nota-se a necessidade de um trabalho global por conta de compensações em membros superiores e inferiores geradas tanto pela gestação, quanto pela fraqueza abdominal proveniente da diástase.

O que a diástase abdominal pode ocasionar?

Além da queixa estética, essa disfunção pode gerar dores lombares, enfraquecimento da região pélvica, pois a gestação causa um aumento de pressão abdominal que poderá sobrecarregar a musculatura pélvica, incontinência urinária, alteração no padrão respiratório, proveniente da gestação e na maior parte dos casos por rigidez diafragmática.

Também pode ocasionar em constipação intestinal e problemas posturais em coluna, ombro e quadril devido a compensações musculares.

Avaliação da diástase abdominal

Deitado em decúbito dorsal, peça para o paciente flexionar os joelhos sobre a maca e realizar um abdominal mantendo o tronco elevado para ser realizada a palpação da linha alba. 

A palpação deve ser feita em toda a extensão da linha alba, observando o distanciamento dos retos e a profundidade da região

O distanciamento da musculatura nos dará o diagnóstico da diástase, sendo considerada patológica acima de 3 cm. A profundidade mostrará a alteração da pressão intra-abdominal.

A importância da respiração

O mau funcionamento do diafragma ocasionará respiração apical e aumento da lordose lombar por conta do sistema de fáscia da região lombo pélvica. Em alguns pacientes precisaremos iniciar os exercícios, focando primeiramente na reorganização respiratória.

Durante o período gestacional, algumas mulheres adotam uma respiração com padrão mais rápido e com menor amplitude de movimento do diafragma. 

Essa disfunção respiratória pode continuar acontecendo mesmo após o parto, então devemos ficar atentos e sempre relembrar o ciclo respiratório durante os exercícios passados no tratamento.

Abdominais

O abdominal convencional tem em si um problema, o aumento da pressão intra-abdominal. Essa pressão atua de for

ma excessiva sobre o assoalho pélvico, podendo ocasionar prolapsos de órgãos como útero, bexiga, reto e também hérnias umbilicais. 

Durante o tratamento esse exercício fica suspenso, podendo trabalhar a região com outros movimentos que fortalecerão o abdômen. 

Após a mulher ter melhora da funcionalidade e da consciência corporal, os abdominais poderão ser incluídos na rotina de exercícios novamente.

Pilates e diástase abdominal

O Método Pilates já tem em si a ativação de toda a musculatura abdominal. Por isso, quando chega uma paciente com a queixa da diástase abdominal é de extrema importância que reforcem a necessidade dessa ativação, porém sem deixar de lado o trabalho global. 

Lembre-se, durante a gestação a mulher adota posturas confortáveis, mas que nem sempre estarão corretas ocasionando, então, compensações musculares e dores.

Os exercícios de Core são os mais indicados para trabalharmos e podemos iniciar com movimentos simples estáticos.

Séries de 6 a 8 movimentos com sustentação de 30 segundos ou dinâmicos visando fortalecer não só o reto abdominal, mas também transverso abdominal, oblíquo externo e interno, transverso do tórax e o diafragma.

6 exercícios de Pilates para melhorar a diástase abdominal

1. Ponte

Instruções: Deitado em decúbito dorsal com os joelhos flexionados, realize a contração abdominal e ativação do assoalho pélvico, inspire e durante a expiração eleve o quadril.

2. Ponte + abdução

Instruções: Deitado em decúbito dorsal com os joelhos flexionados e um elástico na região, realize a contração abdominal e ativação do assoalho pélvico, inspire e durante a expiração, eleve o quadril e abra o elástico ativando a musculatura externa da coxa.

3. Abdominal elevação de pernas

Instruções: Deitado em decúbito dorsal com o quadril flexionado a 90° e joelhos estendidos, realize a contração abdominal e ativação do assoalho pélvico, inspire e durante a expiração, eleve as pernas até que o quadril perca o contato com o solo.

4. Abdominal + rotação de tronco

Instruções: Sentado com os joelhos flexionados, contraia o assoalho pélvico e realize leve inclinação de tronco até ativação abdominal. Inspire e durante a expiração realize a rotação de tronco para um lado e depois para o outro.

5. Prancha

Instruções: Deitado em decúbito ventral com apoio nos pés e cotovelos, realize a contração abdominal e ativação do assoalho pélvico. Inspire e durante a expiração, eleve o tronco, quadril e joelhos até que perca o contato com o solo. 

Fique atento para que a paciente não perca o alinhamento do corpo e ativação abdominal e pélvica.

6. Agachamento

Instruções: Em pé com os pés alinhados, realize a contração abdominal e ativação do assoalho pélvico. Inspire e durante a expiração, faça a flexão de quadril e joelhos como se fosse agachar.

O intuito do agachamento é trabalhar a consciência abdominal durante o movimento, pois é um exercício que se realizado de forma incorreta irá aumentar a pressão abdominal.

Conclusão 

Além do trabalho abdominal, é de extrema importância que seja realizada uma avaliação global no paciente para identificar possíveis compensações. 

O tratamento da diástase trará benefícios como o fortalecimento dos músculos do abdômen, fortalecimento de assoalho pélvico, melhora postural, aumento da flexibilidade e maior controle respiratório. 

Os exercícios que fazem aumento da pressão intra-abdominal devem ser suspensos de início e incluídos após elevação da consciência corporal. Todo movimento é válido, desde que seja realizado de forma correta.