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O Método Pilates é um programa de treinamento físico e mental que considera o corpo e a mente como uma unidade. Além de dedicar-se a explorar o potencial de mudança do corpo humano (Aparicio, 2005). E quando se trata de gestação e pós-parto essas mudanças são evidentes.

Atualmente, a maior barreira para uma recém-mãe voltar a participar de um programa de exercício regular, é a falta de disponibilidade de outras pessoas (babá, avós, tios, padrinhos) cuidarem de seu bebê em seus primeiros meses de vida.

No pré–parto, as mães se tornam mais dedicadas e comparecem as sessões regularmente de Pilates para gestante. Porém quando o bebê nasce, tudo se torna novo e é mais difícil de conciliar sua rotina de exercícios anteriormente seguida à risca, ainda que seja um desejo da mãe.

Estudos científicos aprovam que mulheres que são ativas na gestação tendem a se manter ativas no pós-parto (Surita,2014). Por esse motivo, depois que o bebê nasce, introduzir a prática de exercícios na rotina das mulheres é ainda mais desafiador. Diante do tempo demandado com cuidados com seu filho.

Portanto, quando a sessão de Pilates para mães é voltada para o esse público, permite a alternativa de levar o bebê para a sua sessão. Além de facilitar o retorno da mãe ao seu Studio.

Nesse texto vamos explorar um pouco mais essa área, vamos lá?

Como é a sessão de Pilates para mães?Pilates-para-mães-1

O Método Pilates para mães é aplicado no período pós-gestacional com adaptações dos exercícios do Pilates clássico e contemporâneo.

Essas adaptações são feitas para que os exercícios sejam feitos junto com o bebê, respeitando em sua execução sempre seus princípios e limites que esta fase tão especial exige.

É interessante que a sessão não seja realizada com os mesmos exercícios que ela praticava no pré-parto. Uma vez que os objetivos agora não são todos os mesmos.

Além disso a aula de Pilates para mães tem que ser feita de forma exclusiva. Pois os bebês necessitam de um ambiente específico para esta prática (como música diferenciada, brinquedos, almofada de amamentação e outros acessórios).

Por isso também não deve ser realizada junto com pacientes que tenham outros objetivos em sessões coletivas.

Basicamente, a sessão de Pilates para mães se divide em três partes:

  • A interação mãe-bebê: com exercícios em forma de aquecimento. Mais dinâmicos que permitem que a mãe brinque com o bebê e interaja com ele mais ativamente.
  • Acalmar o bebê: onde ele já está mais cansado e as atividades sobre a bola suíça são uma boa alternativa.
  • Ênfase na mãe: quando o bebê consegue muitas vezes dormir ou se tranquilizar. Ao ponto de a praticante conseguir fazer os exercícios livremente e as vezes com níveis de dificuldade mais elevados.

Não necessariamente que devemos seguir esta ordem de atendimento, pois a cada dia, a criança pode reagir de uma maneira. A criatividade do instrutor neste momento deve aflorar.

Saber lidar com as possibilidades e imprevistos com esse público é essencial. Além de claro, saber o que está fazendo, pois você precisa passar muita segurança para a mãe.

Porque voltar a praticar no puerpério?Pilates-para-mães

Sabemos que o período pós-parto possui certas particularidades de alterações musculares sofridas pela mulher durante a gestação (Souza, 2011).

É de extrema importância que seja levado em consideração na prescrição dos exercícios para uma paciente pós-parto a presença de:

Diástase abdominal

O afastamento da musculatura do reto abdominal a partir da linha alba. Processo natural que acontece na gestação para que a parede abdominal possa se estender e acomodar o feto (Thornton,1993; Endacott, 2007).

Laceração

Trauma muscular espontâneo da musculatura perineal. Acontece para que a passagem do bebê aconteça naturalmente. Esse tipo de alteração é menos traumático para a mãe e de melhor recuperação.

Episotomia

Procedimento de secção do músculo transverso superficial do períneo e bulbocarvernoso (Cunningham, 2000). Procedimento invasivo que pode levar a maiores complicação como infecções, além de produzir desconforto e dor para a mãe.

Alterações na musculatura glútea

Como a síndrome do piriforme, essa contratura é muito comum durante a gestação. As alterações na musculatura glútea pode desencadear-se após o parto, e deve ser tratada corretamente para sua não evolução.

Alterações de períneo

Essas alterações podem levam à incontinências urinárias advindas da gestação ou não (Leroy,2016). Pelo enfraquecimento do músculo períneo, propiciando a uma musculatura flácida e instável.

Alterações lombares

Isso é muito comum, devido a posição em hiperextensão que a gestação impõe à lombar. Muitas vezes quando a gestante não apresenta uma mobilidade pélvica, de lombar e de sacro as conhecidas e típicas lombalgias e disfunções sacro ilíacas aparecem.

Alterações dos membros inferiores

Essas alterações ocorrem devido a deficiência do retorno venoso, e enfraquecimento da musculatura de tríceps sural é comum nesse período, gerando inchaços e dores.

Essas alterações levam um tempo específico a serem normalizadas naturalmente pós-parto. Mas podemos ajudá-las com a introdução do Método Pilates para mães logo no primeiro mês pós-gestação.

Com a prática em curto prazo, (a partir de 30 dias se parto normal ou 45 dias se parto cesariana) essas alterações provocadas pela gestação e parto podem retornar, se não ao normal, o mais próximo do normal com a realização do Método Pilates.

Quais exercícios prescrever?Pilates-para-mães-2

Os exercícios podem ser realizados no solo e nos aparelhos e possibilitam a mamãe a voltar à sua forma e fortalecer as musculaturas afetadas.

Além de interagir com seu bebê, podendo até estimulá-lo em suas fases do crescimento mês-a-mês, como o rolar, sentar, manter o puppy com controle de cervical e dar estímulos sensoriais, o que torna o Pilates para mães, indiretamente benéfico para a criança.

É importante que os exercícios enfatizem o cuidado com a flexão de tronco. Que deve ser evitada, devido ao aumento da pressão intra-abdominal e a protrusão visceral que ele proporciona.

Sendo substituída pelas pranchas em seus diferentes níveis de dificuldade e pela expiração forçada com contração de transverso do abdômen.

Até que, a mãe consiga realizar a flexão sem protrusão abdominal, ao fim normalmente, de oito semanas pós-parto.

A sessão também deve abordar a melhora do condicionamento físico da mãe, importante passo em sua recuperação cardiopulmonar. Além de propiciar o trabalho de corpo e mente reduzindo os níveis de stress, muito presente nesta fase de surpresas emocionais para a nova mamãe.

Estar próximo ao bebê pode também prevenir ou ajudar casos de depressão pós-parto, facilitando o vínculo entre a mãe e o bebê (Pelaez-Nogueras et all, 1996).

Acessórios propícios para a práticaPilates-para-mães-3

Para aproximar o vínculo mãe-filho, contamos com o uso auxiliar do wrap sling. Um acessório, que consiste em uma faixa de tecido elástico específico para a prática.

Ele possibilita que a mãe amarre o bebê em seu corpo e realize os exercícios com a sobrecarga do peso dele, nos agachamentos, elevações pélvicas e fortalecimentos de membros superiores, por exemplo, dentre inúmeros outros exercícios.

O uso do sling é muito abordado atualmente neste público alvo em específico, pois o contato tátil, os movimentos, a batida do coração e a respiração da mãe permitem um acolhimento como o do útero, assim o bebê consegue se tranquilizar com o posicionamento (Ludington-Hoe,1996).

Para os pais é prático, fácil e melhora a vinculação, interação, comunicação, observação e aprendizado da linguagem corporal da criança (Ludington-Hoe,1996).

É interessante observar nas pacientes-mães, a postura antálgica e em flexão de tronco que elas apresentam ao segurar o bebê. Ao trocar e ao amamentar, além de outras patologias que ela possa apresentar.

ConcluindoPilates-para-mães-5

A introdução do bebê, na sessão de Pilates para mães, é um método inovador e que têm trazido cada vez mais público aos Studios de Pilates no Brasil todo.

É imprescindível que os profissionais que trabalham nessa área estejam atualizados. E tenham uma formação adequada, pois se trata de uma população que exige muita atenção e responsabilidade do instrutor.

Gostou do texto? Tem alguma aluna mamãe que acabou de sair do período de gestação? Deixe aqui seu comentário!

Referências:
Aparicio E; Pérez J. O autêntico método Pilates: a arte do controle. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005. Tradução magda Lopes.
Souza, E. L. B. L. de; FIGUEIREDO, E. M. de; BARACHO, S. M. Disfunções Musculoesqueléticas na Gestação. In: FERREIRA, C. H. J. Fisioterapia na saúde da mulher. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
Surita. Fernanda Garanhani. do Nascimento, Simony Lira. Silva, João Luiz Pinto e. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.36 no.12 Rio de Janeiro Dec. 2014, Physical exercise during pregnancy.
Thornton SL, Thornton SJ. Management of gross divarication of the recti abdominis in pregnancy and labour. Physiotherapy 1993; 79: 457-8.
Endacott, J. Pilates para grávidas: exercícios simples e seguros para antes e depois do parto. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2007.
Cunningham FG, ManDonald PC, Gant NF, Leveno KJ, Gilstrap LC, Hankins GDV, et al. Williams obstetrícia. 18ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. Conduta no trabalho de parto e parto normal; cap. 16, p. 309-25.
Leroy LS, Lúcio A, Lopes MHBM. Risk factors for postpartum urinary incontinence. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(2):200-207. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/ S0080-623420160000200004.
Whiteford B, Polden M. Exercícios pós-natais: um programa de seis meses para a boa forma da mãe e do bebê. São Paulo, Maltese; 1992. p.1-79.
Pelaez-Nogueras M, Field TM, Hossain Z, Pickens J. (1996). Depressed mothers’ touching increases infants’ positive affect and attention in still-face interactions. Child Development, 67, 1780-92.
Ludington-Hoe SM, Swinth JY. (1996). Developmental aspects of kangaroo care. Journal of Obstetric, Gynecologic, and Neonatal Nursing, 25, 691-703.


























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