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Você já percebeu como as patologias do quadril são frequentes e limitantes em nossos alunos? Por isso, precisamos compreender a fundo esses problemas e aprender como trabalhá-las.

Se queremos que nosso aluno consiga realizar movimentos funcionais, evitar lesões e ter uma boa vida sem limitações, sem dúvida alguma, ele precisa ter um quadril saudável. Quando esse não é o caso, cabe a nós, profissionais do movimento, reabilitar o paciente.

Pensando nisso, separei algumas dicas e exercícios práticos para o tratamento de patologias do quadril. Está curioso para saber mais? Então continue lendo esta matéria!

Anatomia do quadril

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O quadril é uma articulação importantíssima para os movimentos de membros inferiores. Sendo do tipo esférico, ele é formado pela junção da cabeça do fêmur com a cavidade do acetábulo.

Ele possui três eixos e graus de liberdade diferentes, compreenda um pouquinho de cada um:

  • Eixo lateral: está no plano sagital, no qual ocorrem movimentos de extensão e flexão.
  • Eixo ântero-posterior: está no plano frontal, passando pelo centro do quadril, e está relacionado aos movimentos de abdução e adução.
  • Eixo vertical: é o eixo onde ocorrem movimentos de rotação medial e lateral e de circundução.

Quais musculaturas movimentam o complexo articular?

Para realizar os movimentos do quadril precisamos de diversas musculaturas. Com todas elas funcionando perfeitamente, o movimento é fluido e funcional, porém, qualquer desequilíbrio pode gerar problemas.

Os principais flexores do quadril são:

  • Psoas;
  • Ilíaco;
  • Sartório;
  • Reto Femoral;
  • Tensor da Fáscia Lata. 

Para conseguir realizar o movimento de flexão dessa articulação, todas essas musculaturas ficam localizadas na parte ântero-lateral do membro inferior.

Claro que eles não trabalham sozinhos e recebem auxílio de alguns músculos adutores na hora da flexão. Musculaturas como pectíneo, adutor longo, curto e fibras anteriores do glúteo mínimo e médio fazem parte desse processo.

Já o movimento de extensão de quadril é realizado pelo glúteo máximo, fibras posteriores do glúteo médio e mínimo, porção longa do bíceps femoral, semitendinoso, semimembranoso e porção extensora do adutor magno.

Continuando, temos os abdutores de quadril, entre eles está o glúteo máximo, em especial suas fibras superiores e laterais. A abdução é a menor ação realizada por essa musculatura. Também atuam no processo:

  • Glúteo médio;
  • Glúteo mínimo;
  • Tensor da fáscia lata;
  • Sartório;
  • Obturador interno e externo.

Por fim, as musculaturas envolvidas no movimento de rotação interna. São eles:

  • Glúteo mínimo;
  • Tensor da fáscia lata;
  • Fibras anteriores do glúteo médio;
  • Semitendinoso.

Mas por que eu listei todas essas musculaturas que afetam o quadril? Para entendermos um pouquinho melhor de onde vem as patologias. 

Sabendo quais músculos estão envolvidos no movimento é mais fácil identificar a origem do problema e também, é importante lembrar de todas as musculaturas durante um processo de reabilitação.

4 Principais patologias do quadril

Impacto Femoroacetabular (I.F.A.)

Provavelmente, essa é uma das patologias do quadril mais encontradas nos Studios. Essa condição acontece devido à uma alteração no formato das estruturas do quadril, gerando maior impacto entre elas.

Em quadris normais, sem qualquer alteração, o fêmur não bate no acetábulo durante a movimentação. E essa é a grande diferença entre uma pessoa sofrendo de Impacto Femoroacetabular e alguém “normal”.

As alterações podem vir acompanhadas de outras patologias ou ocasionar problemas mais graves, como lesões nas estruturas da articulação e cartilagens. 

O primeiro problema causado pela deformação é um impacto excessivo entre o fêmur e o acetábulo, que pode gerar bastante dor no paciente.

Essa patologia é bastante comum em atletas que praticam atividades exigindo flexão e rotação de quadril, por exemplo, corredores e lutadores de artes marciais. Mas as deformidades não são exclusivas desse grupo e podem afetar praticamente qualquer um.

Alguns pacientes podem desenvolvê-la depois de traumas e lesões na região, enquanto outros acabam com o impacto por conta de patologias que existiram na infância. As causas são muitas, exigindo um tratamento individualizado para seu paciente de acordo com suas necessidades.

Os pacientes que apresentam Impacto Femoroacetabular não são acometidos por dores contínuas, mas sim “fisgadas” que acontecem em certos movimentos. Como a dor é rápida, muitos não dão a devida importância à patologia e demoram para buscar tratamento.

Entretanto, a dor pode levar o paciente a limitar seus movimentos, percebendo quais deles causam o desconforto e passando a evitar a posição.

Tipos de deformidade

Existem dois tipos de deformidades que podem levar ao Impacto Femoroacetabular, tipo cam e tipo pincer.

  • Tipo cam: geralmente, encontra-se essa deformidade em homens. Nas deformidades desse tipo, a alteração acontece na cabeça do fêmur. O impacto do tipo cam pode acontecer cedo na vida do paciente e permanecer assintomático até que mudanças decorrentes da idade tragam o sintoma de dor.
  • Tipo pincer: essa já é mais encontrada em mulheres. Agora não é mais o fêmur, mas sim o colo do acetábulo que sofre uma alteração e começa a cobrir exageradamente a cabeça do fêmur.

Muitas vezes também encontramos o impacto de tipo misto em nossos pacientes. Nesses casos, as alterações na articulação possuem algumas características de cada tipo.

Tratamento de pacientes com Impacto Femoroacetabular

O paciente com essa patologia sente dor especialmente em movimentos de grandes amplitudes. Sempre falo como é importante reverter a limitação de amplitude de movimento num processo de reabilitação, e isso é verdade.

Mas, ainda mais importante, é respeitar a dor do aluno. Se ele sente dor ao realizar um movimento em grande amplitude, vamos limitar as amplitudes de movimento numa fase inicial de tratamento.

Para escolher da maneira certa o que limitar a princípio, você deve avaliar com cuidado o estado da inflamação. Aos poucos, seu aluno ficará mais confortável com os movimentos e você poderá aumentar a amplitude, tudo gradualmente.

Lesão do Lábrum

É super frequente o Impacto Femoroacetabular provocar uma Lesão no Lábrum, fibrocartilagem essencial para um bom movimento do quadril. Porém, preste atenção, nem sempre a lesão veio desse impacto e das deformidades!

Algumas vezes o paciente sofre lesão devido a um outro trauma ou por conta de desgastes repetidos na articulação. As lesões que ocorreram devido ao Impacto Femoroacetabular muitas vezes levam a uma Artrose e, geralmente, são consideradas evolutivas.

O lábrum é uma das principais causas de dor na Síndrome do Impacto Femoroacetabular. Ele é uma região bastante enervada e suas fibras são estimuladas pelo impacto das estruturas do quadril.

Em deformidades do tipo pincer, o lábrum fica prensado entre as estruturas do fêmur e do acetábulo na posição onde ocorre o impacto. Uma consequência comum do problema é a calcificação do lábrum, aumentando o impacto.

Bursite Trocantérica

Recebo bastantes perguntas sobre a Bursite Trocantérica. Ela também é uma das principais patologias do quadril e causa bem comum de dor, mas tome cuidado para não confundir a bursite com tendinite!

Geralmente a tendinite afeta a região do glúteo médio e é uma inflamação nos tendões do local. Já a bursite inflama uma Bursa, pequena “bolsa” de líquido que amortece o impacto entre as estruturas da articulação. A dor da bursite afeta a região lateral e anterior do quadril.

Entretanto, existem casos onde não é possível identificar se a inflamação é uma bursite ou uma tendinite. Então, chamamos o problema de trocanterite, por acontecer na região do trocânter.

O comum é que os sintomas da bursite piorem durante a noite fazendo com que a pessoa tenha dificuldade de deitar e dormir do lado inflamado.

Um grupo de risco para sofrer de trocanterite são os corredores. Quem trabalha com treinamento desses atletas precisa ter muito cuidado e investir tempo na prevenção da inflamação.

Dificuldades do paciente com Bursite Trocantérica

A bursite gera dor, então, obviamente, o paciente terá dificuldade para realizar alguns movimentos. Subir escadas será um desafio em especial.

Porém, eu não posso proibir meu paciente de subir as escadas! Imagina como seria a vida de uma pessoa que mora no terceiro andar do prédio que não pode subir à pé os andares? Limitações, em geral, são impossíveis de serem colocadas completamente em prática.

Ao invés de manter as limitações criadas pela dor, o profissional deve criar maneiras de aliviar a dor e fortalecer musculaturas do quadril para realizar o movimento. Se nossa intenção é reabilitar o paciente, ele também deve estar pronto para se mover.

Cuidado! Algumas vezes confundimos a Síndrome do Piriforme com Bursite Trocantérica. Na Síndrome do Piriforme a dor é refletida para o trocânter, mas não é causada pela inflamação da Bursa, portanto, o tratamento possui um foco diferente.

Artrose

A artrose é considerada uma doença crônica e degenerativa que acontece quando existe um desgaste da cartilagem do quadril. Como a cartilagem tem a função de suavizar os movimentos, sua perda causa dor e desconforto no paciente.

O desgaste é gradual, começando por uma sutil diminuição em sua espessura até que a cartilagem desapareça completamente deixando um grande atrito entre os ossos.

Sua origem pode estar em fraturas e traumas, outras patologias do quadril (como o Impacto Femoroacetabular) ou até predisposição genética do paciente. É bastante comum não conseguir identificar sua origem, mas alguns grupos de risco, como idosos e obesos, são bastante afetados.

Como identificar as patologias do quadril?

A avaliação física do paciente define o sucesso ou fracasso de qualquer reabilitação. Além de nos ajudar a identificar exatamente qual patologia afeta o corpo, ela também nos mostra quais movimentos estão limitados e musculaturas mais tensionadas.

Na bursite e na tendinite, o primeiro movimento que a pessoa perde é a rotação interna. Então, podemos começar por aí, com um teste de rotação interna de quadril. Compare os dois lados do corpo da pessoa, vendo se existe diferença entre os movimentos.

Também compare o movimento de rotação interna e externa do quadril do seu paciente. Caso ele sinta dor ou tenha dificuldades para realizar a rotação interna, você provavelmente está com um caso de bursite ou tendinite.

Depois de avaliar os movimentos, você pode começar a identificar as musculaturas tensionadas. Um músculo que fica bastante tensionado é o tensor da fascia lata e você consegue analisar isso através de apalpação.

Aproveite para conferir se tem algum ponto-gatilho nesta região. Encontrou algum? Então, faça uma liberação miofascial ou libere por dígito pressão até o aluno sentir alívio na dor. 

Ah! Lembre-se de conferir se o Psoas está tensionado, ele é uma musculatura importante para a movimentação do quadril.

Nunca esqueça de avaliar o quadrado lombar. Vejo muita gente avaliando somente o lado do quadrado onde o paciente sente dor no quadril, mas quem disse que o quadrado só se tenciona do lado do movimento?

Faça o teste rapidinho: quando a pessoa está em decúbito dorsal, dê a instrução para levar uma perna. Confira que o quadrado lombar também tenciona de maneira contralateral.

Por fim, confira se existe tensão no piriforme e no glúteo médio. Se a pessoa estiver com dor na região do piriforme é possível que exista uma Síndrome do Piriforme, já a dor no glúteo médio é sinal de uma tendinite nessa musculatura.

Dicas de exercícios para reabilitar patologias do quadril

Chegou a hora de recomendar alguns exercícios! Lembrem-se sempre, a dor que surgiu da falta de movimento só pode ser curada com movimento. Então, não tenha medo de aplicar exercício para seu aluno, se ele não está sentindo dor, com certeza, pode fazer.

Exercício para mobilidade de quadril e ativação de glúteo

A mobilidade muitas vezes é perdida quando a pessoa sofre de alguma das patologias do quadril. É normal que a dor force o indivíduo a limitar seus movimentos, fazendo com que o quadril perca sua principal necessidade.

A importância da mobilidade vai além do tratamento das patologias. Quem tem um quadril com falta desse atributo pode acabar com dores na coluna devido às ações de cadeias musculares cruzadas.

O glúteo é uma musculatura essencial para realizarmos movimentos com o quadril. Desta forma, profissional algum pode esquecer de incluir trabalhos com essa musculatura. 

Aproveite para conferir alguns exercícios de ativação de glúteo e mobilidade de quadril nos vídeos abaixo.

Exercícios para glúteo

Ao aplicar exercícios para o glúteo, precisamos lembrar de trabalhar todas as movimentações que o glúteo ajuda a realizar no quadril: rotação externa, extensão e abdução. Por exemplo, o movimento que apresento no vídeo abaixo é bastante útil para esse fim.

Cuidado! Esse exercício não é recomendado para pacientes em fase pós-operatória.

Exercícios para pós-operatório

Muitas pessoas têm dúvida sobre trabalhar com pacientes em pós-operatório. Pacientes que fizeram alguma intervenção cirúrgica para resolver suas patologias do quadril estão em uma situação delicada.

Para escolher quais são os exercícios mais indicados, é necessário levar em consideração acima de tudo a recomendação médica. Também precisamos limitar um pouco os movimentos de acordo com a dor e capacidades individuais do aluno.

No vídeo abaixo, dou alguns exemplos de exercícios que podemos usar com esses pacientes. Confira!

E se o aluno estiver com dor?

Keyner, meu aluno está com dor e não consigo fazer exercício de quadril com ele!

Não se preocupe, não é só o quadril que precisa ser trabalhado durante a reabilitação. Como já falei anteriormente, a dorsal precisa de exercícios para evitar tencionar o quadril.

A torácica também gera compensações e precisamos fazer um bom trabalho de mobilidade nessa região. Quem faz trabalhos de mobilidade torácica com o aluno e acha que não está adiantando deve prestar atenção nos planos de movimentos da torácica.

Os exercícios para mobilidade torácica devem contemplar movimentos nos planos frontal, sagital e transversal. Não tenha medo de realizar movimentos com seus alunos, é só isso que será capaz de ajudá-los.

Conclusão

O quadril é um complexo articular essencial para bons movimentos. Entretanto, qualquer um pode sofrer de patologias nessa área e ter seus movimentos limitados. 

Por isso, o profissional deve compreender bem cada uma das patologias do quadril para escolher os melhores exercícios para tratá-las.

Existe uma grande variedade de exercícios que podemos utilizar na reabilitação das patologias do quadril. Para decidir qual é o ideal, tudo depende de uma boa avaliação e compreensão dos problemas de desequilíbrios do seu paciente.

Os exercícios mostrados neste artigo não são um guia, muito longe disso. Eles são ideias e recomendações que cada um deve aplicar levando em consideração as características individuais do paciente.

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