Os idosos fazem parte de um grupo muito peculiar de alunos. Estão muitas vezes acometidos por doenças crônicas que interferem na sua mobilidade, em suas AVD´s (Atividades da Vida Diária) e no bem-estar emocional. Porém são pessoas cheias de história para contar e que amam conversar. Por esse e outros motivos, preparar aulas de Pilates para idosos é sinônimo de conforto, longevidade e empatia.
Outro ponto essencial são as adaptações necessárias para que a aula possa fluir e atingir os objetivos propostos. E isso envolve execução, adaptação, quantidade e tempo de execução de exercícios, além de uma abordagem mais individualizada.
Pois é, instrutores: conversar! Um contador espera ter um bom ouvinte. Mas alguns podem estar se perguntando: “Como deixar meu idoso falar em uma aula que exige vários princípios?”
Vou te contar um segredo: ouvir é a chave de qualquer tratamento de sucesso, seja para idosos ou não. Ouvir requer atenção plena, ou seja, estar presente e super atento ao que nos é dito.
Você presta mais atenção aos detalhes, faz conexões entre uma conversa e outra, o que te leva a ser mais assertivo em seu plano de tratamento, além de atingir os objetivos estipulados entre você e seus alunos.
Quer aprender a realizar uma aula de Pilates para idosos com autoconfiança e deixando esse público cada vez mais à vontade em seu studio? Então continue a leitura porque, neste texto, te ensino como aplicar práticas simples, porém eficazes!
O princípio das aulas de Pilates para idosos
Hoje em dia nota-se uma certa impaciência em ouvir o público da terceira idade. Nesses “momentos de prosa” é que você descobre os porquês das “dores misteriosas”, da parte emocional que influencia a física, consegue confiança do seu paciente e mostra a ele o que, de fato, pode melhorar a cada pequeno problema que eles vão apontando ao longo do caminho.
Outro fator importante é a quantidade de exercícios que efetivamente conseguimos dar em nossas aulas. No começo, se o idoso for sedentário, ele fará pouco e com lentidão. Isso é normal e esperado. Eles precisam se habituar à nova rotina e ao Método que é exigente em certos aspectos.
Muitas vezes a família vai questionar que está muito devagar e que os exercícios parecem fáceis. Não se renda a isso. Sabemos que movimentos são construídos e não se pode pular a base. Até porque, as aulas de Pilates para idosos foram pensadas especialmente para esse público!
Como planejar as aulas de Pilates para os idosos?
Respeite as limitações
Você, instrutor, também precisa se conter: “Quero dar uma ponte, mas meu idoso não consegue levantar o bumbum do chão!” Primeiro de tudo, construa a mobilidade da coluna e a ativação do powerhouse. Trabalhe a consciência corporal e note como vai ser mais fácil a execução do exercício.
Tenha sempre em mente a construção do movimento. Use os preps, as respirações, a consciência, a boa postura e a harmonia entre esses elementos para que a execução seja eficiente no que se propõe. Não menospreze os exercícios dito fáceis, pois esses são a base de todos os outros.
Esteja sempre atento a boa postura na hora da execução, a respiração conjugada, a ativação da musculatura certa. Isso vai depender exclusivamente dos seus comandos serem objetivos e certeiros.
Quanto ao tipo de abordagem a esse paciente, crie laços individuais, no sentido de realmente estar atento às queixas e não menosprezar nenhum relato desse público.
Durante o planejamento das aulas de Pilates para os idosos, selecione exercícios efetivos e adequados para aquele aluno e promova uma socialização entre o grupo.
Tenha paciência em esperar a execução do movimento, ouça quando quiserem conversar e trabalhe o lado emocional, propondo pequenas meditações no fim da aula ou qualquer outra atividade que proporcione um alívio mental.
Comunicação humanizada
Outro aspecto importante é a comunicação: chame sempre pelo nome. Fale devagar usando uma linguagem simples e objetiva, evitando jargões
Fica aqui uma observação: para idosos que procuram o Método como atividade física, e que não possuem nenhuma comorbidade, as práticas seguem as mesmas. Muitas vezes não encontraremos as barreiras físicas, mas as emocionais existirão, e para isso a dica do ouvir “vale ouro”.
Então vai aí a minha sugestão:
Se você atende particular, separe de 5 a 10 minutos no início da aula para que o idoso conte como foi os dias anteriores e se tem alguma queixa.
Em geral, quando chegamos para atender e já reclamam de dor, pergunte o que fez de bom ontem e a resposta será alguma peripécia: “fiz nada não, minha filha. Só limpei a varanda”. Por isso, podemos introduzir o aquecimento ou sua conduta de escolha de início de aula. Mas se notar necessidade de somente ouvir, faça! Isso só trará benefícios para ambos os lados.
Se você atende em grupo, terá que fazer isso no período de aquecimento da sua aula. E se seu idoso começar a falar sobre assuntos muito particulares, chegue perto e peça que conversem em um momento mais reservado. Não deixe que se exponham tanto.
Durante a parte principal da aula, aplique exercícios direcionados a ele, mas “dose a mão” para não o deixar frustrado, caso o aluno não consiga realizar o que foi proposto. E isso vale para qualquer aula: proponha sempre o exercício dizendo: “vamos tentar este aqui?”
Conclusão
Quando somos instrutores e fazemos planejamento das aulas de Pilates para idosos, crianças ou pessoas com diversas patologias, é necessário conhecimento, atendimento humanizado e empatia, colocando-se no lugar desse público, entendendo suas necessidades e aplicando diferentes técnicas que tragam resultados efetivos durante o período de tratamento.
Por isso, sempre elogie, corrija com cordialidade e tente não usar o “não”. Escolha frases como “precisamos prestar mais atenção nessa parte”. Ao fim da aula, reconheça o esforço de todos e faça suas observações particulares: “nossa, a concentração de vocês hoje estava nota 1000” ou o oposto, “hoje exageramos na conversa, hein!?”.
Existem muitos pontos a serem observados e trabalhados com essa população, mas os abordados nesse artigo são a base para que o seu atendimento tenha qualidade e seja eficaz.
Para isso, é necessário ter “bom jogo de cintura” para atender qualquer paciente que surja. Com práticas simples, é possível trazer resultados rápidos, precisos, sempre estimulando a força corporal e o equilíbrio entre corpo e mente dos seus alunos.