O Método Pilates foi desenvolvido por Joseph Hubertus Pilates (1880-1967) durante a Primeira Guerra Mundial e baseou-se em seis princípios:
1) Concentração – A execução dos exercícios deve ser realizada com muita atenção. Durante a realização dos exercícios, pense em quais músculos estão executando o movimento, isso ajudará o sistema nervoso central a enviar um maior número de impulsos nervosos para o movimento.
2) Respiração – O Método Pilates prioriza a circulação do sangue puro, portanto essa pureza é resultado de uma respiração adequada para o exercício, oxigenando o sangue e promovendo a liberação de gases nocivos.
3) Controle – A execução de movimentos deve ser controlada completamente pela mente do praticante do Método Pilates, quando os movimentos não são controlados pela mente, esses acabam sendo um conjunto de exercícios sem objetivos.
4) Fluidez de Movimento – Os movimentos devem ser realizados de forma harmônica, sendo contínuos e ritmados. Joseph Pilates mencionava que seu Método promovia um movimento fluido a partir do centro de força para fora.
5) Precisão – A execução dos exercícios devem ser coordenados, para que se possam realizar movimentos sempre corretos e assim assumir o controle do corpo.
6) Centro de Força – Joseph Pilates chamou o centro de força de “PowerHouse”, o qual é constituído pelo abdômen, parte inferior das costas e os glúteos.
Os exercícios do Método Pilates na gestação possuem como objetivo o fortalecimento do powerhouse, proporcionando dessa forma a estabilização do tronco e permitindo que o corpo esteja em crescimento axial durante a execução dos movimentos.
Quando a postura está correta e o powerhouse forte, provavelmente não irá haver dor na região lombar.
Este Método proporciona diversos benefícios, entre eles o aumento da força muscular, flexibilidade, controle, consciência e percepção do movimento, preconizando a harmonia das relações musculares, a melhora de quadros álgicos e a manutenção do controle postural, características essenciais para a prevenção de lesões.
Devido essa variedade de benefícios, o Método Pilates na gestação vem sendo cada vez mais utilizado durante esse período.
Benefícios do Método Pilates na Gestação
A prática do Método Pilates na gestação proporciona melhora do condicionamento físico, ocorre a sensação de bem estar, diminui a presença de dores e desconfortos musculares e aumenta o autoestima da mamãe.
Esse exercício também é amplamente utilizado por gestantes por ser uma atividade de baixo impacto, que estimula o sistema respiratório e foca no fortalecimento e alongamento de músculos essenciais para o momento do parto.
Isso pois o abdômen mais forte auxilia para empurrar o bebê e o relaxamento de musculatura de assoalho pélvico facilita a passagem pelo canal vaginal.
Benefícios do Método Pilates na gestação também são vistos no puerpério, pois irá facilitar a recuperação após o parto.
Mas para que tudo ocorra da melhor maneira possível, a gestante deve realizar o Método Pilates caso já o praticava antes da gestação, pois expor ela a uma nova atividade durante esse período seria arriscado, uma vez que ela nunca realizou este tipo de exercício.
Portanto o melhor a ser feito é a gestante continuar a prática de exercício que realizava antes da gestação.
Caso a gestante já realizava o Método Pilates antes da gestação a escolha do exercício deve ser específica para cada período da idade gestacional, assim como deve ter a presença de um profissional capacitado que atenda a futura mamãe com a devida atenção e observe cada sinal que ela possa manifestar.
Trimestres da Gestação
O recém nascido é considerado termo quando a idade gestacional está entre 37 e 42 semanas, antes desse período o recém nascido é considerado pré termo a após esse período pós termo. Dessa forma a gestação é dividida em três trimestres.
1º Trimestre
1º semana até a 13º semana: Ocorre a implantação do óvulo fertilizado no útero da mamãe.
Neste período não ocorrem alterações físicas e surgem os primeiros sintomas de gravidez cerca de 7 a 10 dias após a implantação do óvulo, como náuseas, vômitos e alterações emocionais.
Neste 1º trimestre existe o risco de 20% de ocorrer aborto, porém não existem evidências que a realização de exercícios neste período cause o aborto.
2º Trimestre
14º semana até a 27º semana.
Nesta fase ocorre o aumento da barriga e a gestante começa a sentir os primeiros movimentos fetais em torno da 21º semana. Já não tem mais náuseas e se sente com mais disposição.
Neste período pode ocorrer a pré eclâmpsia (apresentação de pressão arterial alta) e diabetes gestacional.
3º Trimestre
28º semana até a 40º semana.
Nesta fase não se sabe ao certo o que pode ocorrer, pois pode haver melhora ou piora de sintomas, como dores, vômitos e enjoos.
Porém em muitos casos aparecem os maiores desconfortos, como por exemplo, dificuldade em encontrar posição confortável para dormir, aumento da micção, falta de ar, inchaço de membros inferiores e desconforto na região lombar.
Método Pilates em cada Trimestre
No 1º trimestre de gestação a maioria dos exercícios podem ser realizados – e até mesmo o tão temido exercício abdominal é liberado nesta fase.
Mas tenha cuidado, o que interessa para a gestante é o fortalecimento do músculo transverso abdominal e mesmo assim esse fortalecimento deve ser realizado com muita cautela.
No 2º trimestre deve-se ter cuidado com com exercícios em decúbito dorsal, pois esses são permitidos somente até a 16º semana de gestação e mesmo assim com muito cuidado.
Após esse período nessa posição ocorre à compressão da veia cava inferior ocorrendo diminuição do fluxo sanguíneo. No entanto, a gestante não sente dor dessa compressão, então não sabe o que está acontecendo, podendo causar um desmaio.
Caso isso ocorra deve-se posicionar a gestante em decúbito lateral principalmente do lado esquerdo. Nesse momento você deve pensar que o Pilates na gestação ficou limitado, pois muitos exercícios são na posição supina.
Porém o Método é incrível e podemos adaptar muitos exercícios em decúbito lateral ou até mesmo na posição em decúbito dorsal inclinada de 30º ou mais, onde é posicionado atrás da gestante uma almofada em cunha por exemplo, assim a gravidade não irá atuar sobre a veia cava inferior.
Nesta fase podemos focar em exercícios respiratórios, exercícios de mobilização de membros superiores, fortalecimento de membros inferiores no cadillac em decúbito lateral ou decúbito dorsal com a inclinação e exercícios em quatro apoios como o cat stretch e leg pull front – variação.
No 3º trimestre é interessante trabalhar exercícios respiratórios, pois com o aumento da barriga a expansão de costelas estará diminuída, portanto deve-se estimular bastante a expansão e fechamento de costelas.
Nesta fase é importante utilizar a parede como aliada, pois podemos trabalhar diversos exercícios em ortostase com o apoio da parede, por exemplo bridge e single leg stretch. Muitas pessoas devem estar tentando imaginar como esses exercícios são realizados, mas é muito simples, utilizem a parede como se fosse o MAT.
É importante lembrar que a liberação para prática de exercício após o parto é realizada pelo médico que acompanhou a gestante, mas o período para que o retorno ocorra deve ser após 30 dias caso o parto tenha sido por cesariana e tudo tenha ocorrido da maneira esperada, ou 20 dias caso o parto tenha sido normal.
Cuidados durante a Prática do Método Pilates na Gestação
- Deve-se lembrar que estamos cuidando de duas pessoas ou mais neste momento, portanto toda cautela é válida.
- É importante a gestante não realizar a manobra de valsalva, pois irá provocar uma sequência de respostas hemodinâmicas, onde haverá um aumento da pressão intratorácica. Isso consequentemente leva a uma compressão dos vasos sanguíneos, havendo como resultado uma diminuição do retorno venoso, que não será benéfico para a gestante.
- Evitar a realização de exercícios unipodais, pois poderá haver o desequilíbrio da gestante, ocasionando em uma queda.
- Não realizar contrações isométricas máximas.
- Utilizar a posição em decúbito ventral até quando a gestante tolerar.
- Cuidar com exercícios de descarga de peso, pois esse deve estar bem distribuído para evitar sobrecarga nas articulações, podendo ocasionar inflamação e dor.
- E não realizar exercícios de suspensão e invertidas, pois não trará nenhum benefício neste momento para a gestante e também estará colocando em risco sua paciente
Fique atento caso a gestante apresente alguns dos sinais e sintomas a seguir, caso apresente a prática de exercício deve ser interrompida:
- Sangramento Vaginal
- Perda de Líquido Amniótico
- Temperatura Oral acima de 38º
- Dor de Cabeça
- Dor no Peito
- Tontura
Concluindo…
No momento em que começamos atender uma gestante, é muito importante lembrarmos que somos responsáveis por duas ou mais pessoas, portanto devemos dobrar os cuidados, estar atentos a qualquer sinal que a gestante demonstre e estar cientes dos exercícios que estamos solicitando que essa paciente realize.
Dessa maneira os exercícios do Método Pilates na gestação serão modificados conforme o período.
Com o passar dos meses a barriga da mamãe cresce, ela pode começar a sentir desconfortos e dores musculares devido à modificação da postura, sobrecarga nas articulações e aumento do peso, sendo assim os exercícios irão respeitar os limitações agora impostas pelo corpo da gestante.
Como relatado anteriormente é muito importante a realização de exercícios durante a gestação, porém esta deve ser realizada com um profissional que esteja apto para atender as gestantes, pois muitas modificações estão ocorrendo no corpo e muitos cuidados devem ser tomados.
Também é de extrema importância que o profissional que esteja prescrevendo os exercícios para a gestante tenha contato com o médico obstetra dela, para assim haver troca de informações e esclarecimento de ambas as partes quanto à saúde da gestante.
Portanto você profissional que irá atender a gestante com o Método Pilates, adeque a sua sessão conforme os trimestres da gestação da mamãe, respeitando cada etapa e adaptando os exercícios conforme a idade gestacional.
Dessa forma sua paciente se sentirá segura com você e com certeza o Método Pilates na gestação irá proporcionar diversos benefícios para ela e para o bebê.
Referências Bibliográficas
-
CÂMARA, C; ALMEIDA, M.I; ROSA, J.L.S. Benefícios e cuidados, método Pilates durante a gestação. Fisioterapia Ser. V. 10, n. 3, p. 1251 – 154, 2015.
-
IBANHES, K.Q. Pilates durante o período gestacional. Disponível em: http://www.encontrophorte.com.br/material_download/curso08/curso08.pdf. Acesso em: 6 fev. 2018.
-
KAWAGUCHI, L.Y; NASCIMENTO, A.C; LIMA, M.S; FRIGO, L; PAULA JÚNIOR, A.R; TIERRA – CRIOLLO, C.J, et al. Caracterização da variabilidade de frequência cardíaca e sensibilidade do barorreflexo em indivíduos sedentários e atletas do sexo masculino. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 13, n. 4, p. 231 – 236, 2007.
-
KOLYNIAK, I.E.G.G; CAVALCANTI, S.M.B; AOKI, M.S. Avaliação isocinética da musculatura envolvida na flexão e extensão do tronco: efeito do método Pilates. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. V. 10, n. 6, p. 487-490, 2004.
-
LINDQUIST, A. Noninvasive methods to study autonomic nervous control of
-
circulation. The Scandinavian Physiological Society. 1990.
-
MACHADO, C. G.; et. al . O método Pilates na Diminuição da Dor Lombar em Gestantes. Disponível em: <http://www.fmb.edu.br/revista/edicoes/vol_3_num_1/METODO_PILATES_DIMINUICAO_DOR_LOBAR_GESTANTES.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2015.
-
PIRES, D.C; SÁ, C.K.C. Pilates: notas sobre aspectos históricos, princípios, técnicas e aplicações. Revista Digital – Buenos Aires. V. 10, n. 90, 2005.
-
SACCO, I.C.N; ANDRADE, M.S; SOUZA, P.S; NISIYAMA, M; CANTUÁRIA, A.L; MAEDA, F.Y.I; PIKEL, M. Método pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural – Estudos de caso. Revista Brassileira de Ciência e Movimento. V. 13, n. 4, p. 65-78, 2005.
-
SALGADO, M; MAHADO, S. Curso de formação. Pilates: uma visão atual na área da saúde. Metacorpus Studio Pilates. 2012
-
SMITH, M.L; BEIGHTOL, L.A; FRITSCH-YELLE, J.M; ELLENBOGEN, K.A; PORTER, T.R; ECKBERG, D.L. Valsalva’s maneuver revisited: a quantitative method yielding insights into human autonomic control. American Journal of Physiology. 1996.